Ministério da Cultura e Museu de Arte Moderna de São Paulo apresentam:
Santídio Pereira: paisagens férteis é uma exposição individual de um jovem artista promissor. Com mais de trinta obras, a maior parte delas em grande formato, a mostra enfatiza os trabalhos recentes do artista, em especial as paisagens e as plantas. A seleção de obras feita pelo curador-chefe do MAM, Cauê Alves, inclui gravuras, pinturas e objetos em madeira. Além disso, Santídio Pereira elaborou um trabalho novo, um canteiro com capim que, tal como seus papéis, é cheio de vitalidade.
O presente catálogo conta com texto do curador e uma entrevista dele com Santídio Pereira em que são abordados a formação do artista e seu processo de trabalho. Trata-se de uma oportunidade rica para sabermos mais sobre a trajetória do artista e o modo como ele pensa e constrói sua obra.
O Museu de Arte Moderna de São Paulo, além de organizar exposições de sua coleção, promove periodicamente mostras temporárias de artistas jovens e consagrados. Historicamente, o MAM é uma instituição próxima dos artistas, especialmente pela presença recorrente deles nas mostras do museu. Ao mesmo tempo, o museu tem provocado memórias marcantes na vida dos seus diversos frequentadores. Seja pela sua programação, seja pelas montagens inovadoras ou pela sua linha editorial.
Além de referência em arte moderna, o MAM é uma instituição conhecida por exibir arte contemporânea, não só durante as primeiras edições das Bienais de São Paulo, que organizou nos anos 1950 e início dos anos 1960, mas também nas edições do Panorama da Arte Brasileira e em outros espaços dentro e fora de sua sede, inclusive no Projeto Parede, na Sala de Vidro e no Jardim de Esculturas.
A mostra Santídio Pereira: paisagens férteis contribui para que o MAM mantenha sua relevância cultural por meio de diálogos com todos os públicos. A exposição traz um frescor e, ao mesmo tempo, é acolhedora e afetuosa. Assim, o MAM São Paulo, mais que cumprir sua missão de incentivar e difundir a arte contemporânea brasileira, fortalece sua identidade como um museu experimental, democrático e inclusivo.
Elizabeth Machado é presidente da Diretoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
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Cauê Alves.
Curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Santídio Pereira nasceu no interior do Piauí, no nordeste do Brasil, em 1996, numa área caracterizada pelo ecossistema semiárido. Nesse período, tal como em décadas anteriores, houve fluxos migratórios para o sudeste do país. Embora a região seja comumente descrita por suas condições climáticas com temperaturas elevadas e chuvas escassas, o povoado em que o artista nasceu, Curral Comprido, no município de Isaías Coelho, está em suas lembranças como um lugar de chuvas fortes, especialmente no inverno. Nessa época, a paisagem é tomada pelo capim-do-pendão-roxo, como é conhecida, na região, a espécie de origem do sul da África, com nome científico Melinis repens.
As lembranças do artista, além de se manifestarem em seus desenhos, materializam-se no canteiro de capim construído por ele no espaço expositivo. Trata-se de um índice da vida, uma espécie de origem do mundo. Sua forma circular, como se fosse um umbigo gigante, aponta para a natureza cíclica da vida. O capim é o início do processo de nascimento, crescimento e renovação. É o começo de uma cadeia alimentar em que ocorre a transferência de energia por diferentes espécies. Os herbívoros alimentam-se do capim e são consumidos por carnívoros. Além de estar na origem da carne, do leite, do couro e do sebo, o capim é responsável por alimentar os cavalos, meio de transporte importante, ainda, na região.
A experiência de Santídio Pereira, como ele mesmo observa, é diferente daquela do retirante apresentado na obra literária de Graciliano Ramos, em Vidas secas, da década de 1930, marcada pelas lutas e falta de perspectiva diante da escassez de chuva e da pobreza. Santídio Pereira, ao contrário, aponta para a multiplicidade de caatingas (baixões, chapadas, malhadas, passagem molhada), para a riqueza da região, em vez de enfatizar o solo como infértil. Seu trabalho também não se aproxima das pinturas de Cândido Portinari, em que migrantes nordestinos, fugindo da seca rumo aos centros urbanos, são representados de modo edificante, como exemplos que podem nos instruir sobre as questões sociais e humanas enfrentadas pela população durante a estiagem. Santídio Pereira se recorda dos diferentes tipos de chuva e das transformações da flora, conforme as estações do ano. As folhas e flores, em períodos mais úmidos, são abundantes, e os verdes, intensos. Sua obra é de uma vitalidade extraordinária; ela enfrenta o lugar-comum do Piauí como árido e inóspito, ao apresentar uma atmosfera alegre, prazerosa e com cores vibrantes.
Legenda técnica:Capim-do-pendão-roxo
(Melinis repens) na natureza
Piauí, 2024
Legenda técnica:Sem título, 2018
xilogravura impressa em papel arroz chinês Wenzhou
185 x 165 cm
Coleção Andrea e José Olympio Pereira
Em vez de retratar um ambiente árido, desolado, com a terra seca, rachada e com animais mortos, a gravura e pintura recentes de Santídio Pereira elegem a vegetação como motivo central. As plantas, em geral, surgem isoladas de seu bioma de origem. Elas flutuam, não como ideias, mas como se estivessem acima das circunstâncias geográficas e meteorológicas. Construídas a partir da memória, suas imagens possuem aspectos exuberantes, estão plenas, muitas vezes em época de floração. Mas se afastam do gênero da natureza-morta. Elas não são lembranças sobre a efemeridade da vida, mas elogios à força vital das plantas. A linguagem gráfica de Santídio Pereira é direta, sem excessos ou dramas, mas recusa a objetividade cientificista. Aos poucos, o artista foi simplificando seu vocabulário, recorrendo a poucos recursos, mas para chegar ao elementar, usou diversas nuances de luzes e sutilezas cromáticas.
Na sua série de pássaros de 2017 e 2018, eram frequentes as sobreposições de cores. O artista recorreu a várias camadas quase transparentes, uma por cima da outra, em que plantas se somavam a pássaros. Aos poucos, principalmente desde 2022, ele foi reduzindo as sobreposições, e o que era fundo se tornou figura. Folhas azuis, amarelas, vermelhas ou rosa vieram para o primeiro plano e tornaram-se protagonistas da gravura. O que antes era apenas parte da composição, preparação para uma imagem que seria aplicada por cima, se tornou tema central e, aos poucos, ganhou uma série de variações. Conforme o estudo que o artista fez de variadas espécies da caatinga (mandacaru, xique-xique) ou da mata atlântica (em especial, das bromélias), seus desenhos foram se tornando massas de cor. Uma mesma matriz pode gerar impressões de diferentes tons, mas Santídio Pereira faz com que cada impressão e cada gravura seja diferente da outra, com tiragem única.
Legenda técnica:Sem título, 2019
xilogravura impressa em papel japonês kozo
95 x 100 cm
Coleção Michelle Novak
Legenda técnica:Sem título, 2019
xilogravura impressa em papel japonês kozo
95 x 100 cm
Coleção particular
Muitas de suas primeiras gravuras traziam o preto. Algumas tinham cores sobrepostas, mas, nos trabalhos recentes, o preto é raro. As cores na obra de Santídio Pereira, em geral, são solares; elas emanam uma luz intensa e forte. Suas cores, misturadas a partir das tintas de ofsete usadas em grandes gráficas, não se restringem à representação do mundo, ou seja, não apontam para uma correspondência direta com o percebido. Uma flor que pode ser azul ou verde, já que seu compromisso é a correspondência entre suas lembranças e sensações que quer imprimir. O artista se aproxima do decorativo, mas sem buscar regras universais ou o lugar-comum; ao contrário, ele se baseia em suas experiências subjetivas e não habituais. Quanto mais íntimas e singulares são suas intenções, mais elas reverberam nos outros.
Em seu fazer, a referência a uma espécie de planta específica, que está disponível aos seus olhos, não se opõe à imaginação, ou seja, à mentalização de algo que não está presente. É como se ele interpretasse o que viu e o que lembra do que viu, mas de modo diferente, novo, já que vai além do que se passou e do que se recorda.
Legenda técnica:Sem título, 2022
guache sobre papel Arches 300 g/m²
79 x 70 cm
Coleção particular
Em suas gravuras de paisagens, mais que usar as ferramentas tradicionais da gravura, como a goiva para as incisões sobre a madeira ou compensado, Santídio Pereira usa recursos da marcenaria, em especial o recorte da madeira e o posterior encaixe dela na hora da impressão. O que possibilita uma série enorme de variações e combinações.
Legenda técnica:Sem título, 2023
xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
168 x 117,5 cm
Coleção Diane e Jim Connelly
Legenda técnica:Sem título, 2023
xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
168 x 117,5 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2023
xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
168 x 117,5 cm
Coleção Renata Amaral Tadeu de Soares
Em suas paisagens, a linha é suave e fluida. Santídio Pereira aproxima as montanhas do horizonte e umas das outras, sem recorrer ao desenho tradicional. As linhas que surgem entre duas placas são linhas que marcam o encontro, e não exatamente a incisão na madeira. O contorno branco surge do encaixe, local em que a tinta não chega. Em vez de um desenho feito com o gesto e o movimento da mão, a linha indica uma aproximação, um encaixe e um diálogo com o que está próximo. A linha marca uma distância e, ao mesmo tempo, une diferentes tons. É como se cada montanha respondesse ao sol com seu próprio timbre, e o branco ao redor fosse uma espécie de brilho, uma qualidade intangível da atmosfera.
A amplidão é também um elogio à natureza e ao mundo gigante para se conhecer. Se as paisagens de Alberto da Veiga Guignard, nos anos 1950 e início dos 1960, costumam trazer névoas e mistérios, como se tudo estivesse suspenso ou em transformação, as vistas de Santídio Pereira são precisas e cristalinas, mas não deixam de apresentar algo fantasioso. Sejam as paisagens com tons quentes ou mais frios, elas são nítidas, como se nossos olhos pudessem vê-las completamente, sem ilusionismos. Mas, sob essa clareza, há algo de incerto, já que a luz unifica as montanhas e o horizonte. Não se trata de uma luz impressionista que reflete ou atravessa os objetos, mas de uma luz que emana das próprias montanhas. É como se a claridade viesse do interior delas, mas sem qualquer conotação espiritual. As paisagens são planas, e a ambiguidade surge quando o céu pouco contrasta com a cordilheira; ele aparece como continuidade tranquila, com nuances coerentes, com praticamente a mesma cor das montanhas, em vez de se comportar como um pano de fundo.
A paisagem brasileira foi elemento central nas investigações de vários artistas, desde os viajantes e colonizadores dos séculos XVII, XVIII e XIX até pintores modernos. O artista, paisagista e cientista amador Roberto Burle Marx está entre os grandes investigadores da paisagem. Ao longo de sua trajetória, trabalhou com plantas do cerrado, amazônicas e do sertão nordestino, valorizando espécies nativas pouco trabalhadas até então. Assim como para Burle Marx, Santídio Pereira não aborda a paisagem e as espécies brasileiras como exóticas. Ao se afastar do olhar estereotipado sobre o Brasil e sua flora, a paisagem é vivida por ele como necessidade humana imprescindível para nossa existência.
Cadernos de estudos
O interesse de Santídio Pereira pela botânica é evidente, assim como pela sua terra natal. Além de organizar uma residência artística e oficinas que visam colaborar com a formação dos habitantes do povoado em que nasceu, ele faz viagens, espécies de expedições. Nelas, ele busca a aproximação com a paisagem natural e visões para a prática do desenho. Sua postura diante da natureza não é a de um predador ou daquele que apenas retira a imagem que interessa. Tampouco se comporta como o turista que faz uma fotografia e parte para o próximo destino, como um explorador descompromissado. Em vez de apenas sugar a informação relevante, o modo como o artista se coloca diante do mundo se dá a partir de trocas, de afetos e de experiências significativas.
Santídio no ateliê
Se alguns esboços, anotações gráficas, são feitos em seus pequenos cadernos, os trabalhos finais são bem maiores. A escala dos trabalhos de Santídio Pereira é a do corpo humano. Impressas sem o uso de prensa, o artista se debruça sobre cada gravura usando ferramentas, como colheres, para que a tinta se fixe no papel. Muitas de suas obras são gigantes, e isso faz com que nosso contato com elas não seja apenas com os olhos, mas com o corpo todo. Os grandes formatos, além de indicar essa vontade de superar o desafio físico e manual, apontam para uma ambição de figurar o mundo numa escala mais próxima possível do 1 x 1, sem reduzir as imagens a miniaturas.
Legenda técnica:Sem título, 2023
xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
248 x 108 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Desenho de estudo para o canteiro de capim-do-pendão-roxo, apresentado na exposição do MAM São Paulo
2024
De um tempo para cá, Santídio Pereira vem mostrando também trabalhos em madeira. Em vez de trabalhos impressos ou pintados em papel, a própria matriz é tratada como um objeto. As madeiras possuem uma presença física e um peso maior que os papéis. Diferentes espécies de plantas são cortadas em seus formatos orgânicos, sem um anteparo ou fundo, pintadas e fixadas direto na parede. As peças são bem-acabadas e ficam entre a escultura e a matriz da xilogravura, por isso o artista prefere o termo objeto, que é amplo o suficiente para abarcar a pintura, o desenho e até aspectos da instalação. Esses objetos são também carregados de memória, tanto no sentido de tornar presente aquilo que não está próximo, como por possivelmente terem dado origem a xilogravuras.
Santídio Pereira é um artista jovem, com um olhar atento e sensibilidade rara. A qualidade de sua obra também está ligada ao modo espontâneo e verdadeiro de ele se relacionar com o mundo. Sua história de vida é uma exceção, e a visibilidade que seu trabalho alcançou é atípica no meio da arte. Ele soube relacionar sua liberdade com aquilo que era, de fato, necessário para ele, apostando na invenção, mas sem renunciar ao trabalho ou abandonar suas origens. Nesse sentido, sua obra é também originária, ela recorre a referências do Piauí, assim como à tradição da gravura e pintura modernas, para projetar horizontes fecundos e paisagens férteis.
14 de dezembro de 2023, ateliê de Santídio Pereira, São Paulo, Brasil.
Cauê Alves: Vamos começar a falar de suas memórias. Como você começou a se interessar por arte? Conte um pouco da sua trajetória, da sua formação e estudos.
Santídio Pereira: Os fazeres artísticos aparecem na minha vida sobretudo a partir do momento em que cheguei em São Paulo. Antes disso, eu tinha uma relação com algo que poderia ser entendido como arte. Mas eu não tinha consciência de que isso poderia ser entendido como arte. Era uma coisa bonita, lá na Caatinga, onde eu nasci. Quando estava chovendo muito, muito, na Caatinga, no inverno, quando a enchente alagava o baixão, e a água quase encostava nas casas. Quando chovia muito, eu tinha um costume para parar de chover: pegava um graveto, desenhava um círculo na terra vermelha, no barro vermelho, puxava algumas linhas e fazia um olho de sol; fazia um sol para parar de chover e fazer sol. Isso, assim, é o primeiro desenho que fiz na minha vida, se eu for pensar. É minha primeira relação com desenho mesmo.
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Cauê : Então você começou desenhando na terra, antes de ser no papel?
Santídio : Um desenho na vida. Fiz um desenho porque as pessoas falavam: “Faça um olho de sol, que o sol vem. E aí vai parar de chover”.
Cauê : E adiantou?
Santídio : Parou de chover; já tinha chovido muito, de qualquer modo, ia parar de chover, mas eu era criança, então acreditei muito que foi o meu olho de sol. Deve ter história sobre isso, é um costume lá no Nordeste.
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Cauê : Quando você chegou em São Paulo, foi fácil a adaptação? Onde você iniciou seus estudos?
Santídio : Assim que cheguei do Piauí, minha mãe me colocou num lugar chamado Instituto Acaia, que é a ONG da Elisa Bracher aqui em São Paulo. E foi no Acaia que eu tive o primeiro contato com o que entendo como procedimentos artísticos. Por exemplo, com oito anos, comecei a fazer marcenaria. E, nas aulas de marcenaria, como eu tinha saudade do Piauí, saudade das memórias da infância, as aulas de marcenaria com o professor [Ênio] Alex me ajudaram a ter o Piauí perto de mim, novamente.
Eu queria ter um cavalinho perto de mim, que estava no Piauí. E o Alex me ensinava a materializar esse cavalo na madeira. Então, eu fazia o desenho de um cavalo junto com o Alex, recortávamos e tínhamos um cavalo. Para mim, o cavalo que eu fazia com sete, oito anos de idade no Acaia era tão verdadeiro quanto o cavalo que eu tinha deixado no Piauí, de tal forma que supria a saudade que eu tinha daquilo que eu havia deixado no Piauí. A marcenaria começou assim, para suprir a saudade, para colocar no mundo o que eu tinha ausência. Então eu, com oito anos, eu acho, consegui materializar muitas memórias.
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Depois fiz aulas de desenho com a Andressa. Foi de tal forma que eu olhava uma garrafa, uma planta, qualquer coisa que estivesse na minha frente, exceto o ser humano, porque não sou bom de retrato, nem era. E me senti muito feliz. Parei de fazer marcenaria, parei de fazer tudo e fiquei louco por desenho. Foi muito satisfatório mesmo, eu era uma criança ainda.
Aí chegou um tempo em que percebi que o desenho não me satisfazia tanto quanto as oficinas de marcenaria. Eu não queria desenhar o que estava na minha frente; eu não queria desenhar aquilo com que tinha contato. Eu queria desenhar o que eu não tinha, o que eu tinha ausência. Eu queria colocar no mundo o que eu tinha ausência, não o que estava perto de mim. O desenho de observação não dava conta dessa parte simbólica do desenho. Chegou um tempo em que começou a não fazer sentido para mim. Um dia, o Alex me falou: “Santídio, que tal você conhecer uma outra oficina? Vamos, tem um professor chamado Fabrício Lopez, tem o grupo Xiloceasa, vamos lá, vou apresentar você”.
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Comecei a fazer as aulas de gravura. Comecei só fazendo xilo. Aí, sim, lá eu desenhava, tentava desenhar a partir da memória. Fazia um desenho, gravava esse desenho. Quando imprimia, era uma outra coisa, mas era uma coisa satisfatória. Uma coisa pesada, que tinha gravidade para mim. Primeiro você faz um desenho, você grava, depois você imprime. Tem uma mudança muito grande do início até o momento da impressão. O seu desenho muda, tudo fica invertido, entram as massas, os brancos, os pretos, o resultado é muito bom. Eu gostei de fazer gravura, então, eu falei: “Quero entrar no grupo Xiloceasa”, um grupo montado pelo Fabrício que tinha um certo prestígio na instituição, eles iam para feiras, vendiam as gravuras deles.
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Cauê : Já havia o desejo de se profissionalizar, de escolher o que você queria fazer da vida?
Santídio : Não, absolutamente nenhum! Era mais pelo sentido de pertencimento a algo. Eu queria pertencer àquele grupo que tinha prestígio no Acaia. Entrei no Xiloceasa com uns dez, onze anos. Quando entrei, o Fabrício claramente sabia que eu era um aluno dedicado. Tinha um processo para entrar no Xiloceasa. Eu já entrei direto, porque ele sabia que eu fazia as aulas de desenho e sabia que eu era um aluno bom de marcenaria. Aí eu tive que fazer aulas de tipografia e de gravura, além de fazer as aulas de história da gravura. Para entrar no grupo Xiloceasa, para ganhar essa bolsa, você tinha que fazer isso. Só que, assim que eu entrei no grupo, pararam de dar bolsa, o que não era problema nenhum, porque minha mãe sempre trabalhou, sustentou os filhos, eu não passava necessidade em casa, nada do tipo.
Quando pararam de dar essa bolsa, os alunos que faziam história da gravura deixaram de ir para as aulas. E eu estava já criando uma intimidade ali com o Fabrício, então comecei a fazer as aulas de história da gravura sozinho com ele. A gente estava estudando o ukiyo-e na época, como a gravura chegou na Europa, qual era a função da gravura, antes da chegada… que era alinhada à gráfica, à imprensa, essa coisa de reproduzir a imagem.
Fiquei um ano estudando com ele, só eu e ele, na sala, tomando café, lendo, olhando, lendo os livros da Madalena Hashimoto, fiquei muito amigo do Fabrício. Imagina, um ano, ele e eu estudando toda terça à noite. Ele chamou a Madalena Hashimoto, que tinha escrito os dois livros grandes que eu tinha folheado, tinha lido. Ele chamou a Madalena, ela conversou com a gente nas aulas, depois, de algum modo, ele conseguiu algumas gravuras japonesas originais e levou para eu ver.
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Em seguida, comecei a participar de feiras, das feiras que o Xiloceasa ia. Era na Feira Plana, Tijuana… O que eu levava, vendia. Fui entendendo que minhas memórias, de certo modo, não eram só minhas, mas era uma memória coletiva, a partir do momento em que alguém se reconhecia naquela memória. E isso me deixava alegre. Mais que vender, era uma pessoa se reconhecendo naquilo. Nessa época, o Fabrício estava ensinando a gente a se inscrever em editais. Quem quisesse poderia ir lá aprender. Eu me inscrevi no edital da Bienal de Gravura de Santo André, quando eu tinha treze, quinze anos, e ganhei o prêmio! Eles compraram o meu trabalho, deve estar no acervo até hoje lá. Quando ganhei esse prêmio, deu um prestígio.
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Comecei a me inscrever em tudo que era edital. Tinha dezesseis anos e me inscrevi no edital de Praia Grande. Era um meio muito legal de começar a entrar em alguns lugares, eu me inscrevi no Arte Londrina 4, inclusive, você estava na curadoria, e também entrei. Eu me inscrevi em vários. Eventualmente, eu passava, não ganhava nada, às vezes, ganhava alguma coisa.
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Foi nesse momento que comecei também a fazer umas gravuras coloridas e umas sobreposições, porque o Fabrício ensinou a fazer sobreposição de cores, matriz perdida, gravura PB, todos os procedimentos da gravura, da xilogravura… Então comecei a usar, mais que os outros, alguns procedimentos que envolviam a cor, porque fui entendendo que a cor na gravura estava mais alinhada àquilo que eu desejava. Eu não desejava uma memória em preto e branco; eu desejava uma memória colorida.
Com dezoito anos, necessariamente, eu precisaria sair do Acaia. Quando você completa essa idade, você tem que sair. Então foi preciso um trabalho. Eu estava trabalhando na feira; dos quinze aos dezoito anos, eu trabalhei na feira, vendendo fruta no Ceasa, sábado e domingo. O fato de trabalhar no Ceasa sábado e domingo foi muito bom para mim. Minha mãe não exigia dinheiro em casa, então eu ia para o Reserva Cultural, para o Cine Sesc, ia para vários cinemas em São Paulo, exposições. Meus irmãos iam jogar bola; eu ia a exposições, assistia a filmes diferentes.
Cauê : Você continuou trabalhando com gravura depois que saiu do Acaia?
Santídio : Eu ia para o Acaia no fim de semana, acho que era aberto para mim, eu continuava fazendo gravura. O Xiloceasa já tinha quase se desfeito, todo mundo já tinha completado dezoito anos. E foi nessa época que resolvi imprimir tudo o que eu tinha feito de gravura, fiz uma tiragem de tudo, assinei com a orientação do Fabrício, como se fosse quase um TCC. Quando completei dezoito anos, levei tudo o que eu tinha feito debaixo do braço.
Cauê : Qual era a tiragem das gravuras naquela época?
Santídio : Geralmente era de cinco. Algumas de que eu gostava mais, eu fazia tiragem de dez. Fiz as impressões e tenho até hoje o resultado disso. E fiz isso em 2015, eu acho.
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Cauê : Conte como você se virou depois disso. Você continuou a trabalhar no Ceasa e fazia o curso de história da arte do Rodrigo Naves…
Santídio Pereira e Vilma Eid
Santídio de braços abertos
Cauê : E foi a partir dele que você conheceu a Galeria Estação.
Santídio : Sim. Quando terminei esse trabalho, ia terminar o curso também, então o Rodrigo falou: “Santídio, eu ouvi dizer que você faz umas gravuras e tal, você não quer trazer para eu ver?” Tinha uma pasta no Acaia, fiz uma seleção, um portfólio das que eu gostava mais, levei para ele. Aí, ele falou: “Abra aí, tire as cadeiras”. Coloquei tudo no chão, espalhei várias gravuras, ele subiu ali naquele mezzanino, olhou e falou: “Você é um artista mesmo. Poxa, você é um artista”, ele falou para mim. Foi a primeira vez que alguém falou que eu era um artista, eu acho.
Depois, ele falou: “Você quer mostrar para alguém? Quer mostrar numa galeria, esses trabalhos?” Eu falei: “Quero!” Ele subiu, ligou para a Vilma Eid e falou: “Estou mandando os trabalhos de um garoto aí para você ver”. Chamou o motoboy. Trinta minutos depois, veio o motoboy, pegou e levou para a Vilma. E ela também gostou.
Cauê : E como foi sua primeira exposição individual?
Santídio : Algum tempo depois, dividi um ateliê com a Guga Szabzon, durante um ano e pouco. A Guga era uma amiga, ela me ligou e falou: “Tem um cara que quer incentivar a arte jovem no Brasil, ele pediu para eu indicar alguém, indiquei você”. O André tinha um negócio chamado Acervo CSC. Ele viu todos os trabalhos que eu tinha feito, viu os novos trabalhos grandes que eu estava fazendo, uns pássaros, uns cavalos grandes, de 2,20 m. Com o dinheiro do Ceasa, eu comprava papel; tinha parado de ir ao cinema, tinha enjoado de cinema, estava comprando papel, tinta, comprando algumas coisas e ampliando a escala. Eu estava saindo do Acaia, mas ainda estava lá no fim de semana. Aí o André foi lá e falou: “Santídio, e exposição? Se tiver uma exposição, eu posso providenciar todas as molduras das obras, eu pago, você me dá umas obras, eu vendo, a gente capta para emoldurar as que vão para a exposição. Se tiver uma exposição, eu me responsabilizo por tudo que está emoldurado”.
Liguei para o Rodrigo e falei: “O André veio aqui, gostou, falou que se tiver uma exposição, ele vai emoldurar tudo”. O Rodrigo respondeu: “Se tiver exposição, Santídio, eu faço a curadoria e faço o texto para você”. Acho que o Rodrigo deve ter ligado para a Vilma também, não sei como aconteceu, porque a Vilma disse: “Santídio, parece que estão querendo fazer uma exposição sua, se tiver a exposição, eu vou dar uma sala da galeria”. Aí uma amiga designer, com quem eu tinha feito um curso de design no Acaia, falou: “Se tiver um catálogo, eu faço o design”.
Cauê : Tudo conspirando a favor…
Santídio : Aí um amigo fotógrafo falou: “Eu posso tirar as fotos dos trabalhos”. E assim nasceu essa exposição de 2016, primeira exposição individual na Galeria Estação, com texto do Rodrigo Naves. Ninguém ganhou absolutamente nada para fazer essa exposição. Depois, a Camila Molina, do Estadão, alguém deve ter comentado com ela, queria fazer uma fala comigo, ela foi lá no Acaia, eu contei um pouco dessa história que estou contando para você. Uma semana depois, saiu na primeira capa do jornal. Saiu lá uma foto grande, eu falando sobre a exposição que ia abrir. Depois a TV Cultura ligou, o programa Manos e Minas, o Metrópolis, TV Brasil ligou, teve muita mídia, vendeu tudo que tinha na galeria.
Com o dinheiro, comprei uma casa lá no Piauí. Aí fiquei um mês, voltei, continuei trabalhando. Quando eu voltei, a Galeria Estação me convidou para ser representado por ela. Perguntei para o Rodrigo, liguei para uns amigos e fiz um acordo muito bom, que é o acordo que eu tenho com a galeria até hoje. E [eu] trabalhando na feira ainda, no Ceasa, a Galeria Estação vendia e entrava dinheiro. Depois eu parei de trabalhar no Ceasa, para ficar desenhando, ficar fazendo aquilo de que gosto. Continuei trabalhando no Acaia no começo, porque eles deixavam eu usar o ateliê, depois eu aluguei um ateliê pequeno, minúsculo.
Em 2018, fizeram outra exposição. Nela, eu mostrei uns pássaros, acho que uns vinte pássaros grandões. Com sobreposição de camadas, havia sempre umas plantas atrás dos pássaros, umas memórias, depois eu jogava o pássaro em cima. Fiz uns vinte pássaros da Caatinga. Fiz essa segunda exposição individual, os pássaros grandões, a Vilma não acreditou no tamanho, parecia uma coisa enorme, várias camadas no papel.
Um dia, a Vilma me ligou e falou: “Santídio, mostrei o seu trabalho, estão convidando você para fazer uma residência em Nova York, você quer ir? A galeria vai pagar tudo, o que você tiver de custo, a galeria vai pagar”. Fiquei um mês em Nova York, inverno frio, trabalhando. Na volta, a Vilma tinha mostrado meu trabalho para alguém que tinha gostado, era da Fundação Cartier. Aí, em seguida, a Fundação Cartier pagou as passagens para eu ir para a França ver a exposição.
Vista aérea de casa rural
Cauê : Fale sobre seu projeto de residência no Piauí.
Santídio : A casa da minha mãe, no Piauí, era uma casa cheia de memórias. Os tijolos que a gente tinha feito, minha mãe e meu bisavô. As telhas com barro ali da mata, as portas de amburana também da mata. Então era uma casa muito, muito cheia de memórias. Eu sempre ia para o Piauí, todo ano eu ia, e a casa estava se desfazendo, a chuva derrubando a parede, as telhas caindo. Minha mãe deixou eu cuidar da casa. Aí eu tive mais liberdade também de preservar a memória da casa. Ela foi construída com dois pensamentos: para ser da minha mãe e para ser residência artística.
Mandacaru
Casa vista por fresta
Comprei todos os móveis. Fui comprando coisas que têm memória e ativam a memória das pessoas. É um lugar muito importante para mim, muito especial. Então não é qualquer pessoa que pode ir para esse lugar muito especial. Não quero levar alguém que trate as pessoas de qualquer maneira. Não quero que uma pessoa racista, conscientemente racista, e que continua sendo racista, vá para lá.
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Então, nessa primeira ida, chamei pessoas em que confio verdadeiramente: o Ramon, o Deusvaldo, o Igor, as pessoas do Xiloceasa, meus amigos do Xiloceasa e tal. E fomos, ficamos duas semanas na Caatinga, planejamos tudo.
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Mas como a gente ia usufruir a Caatinga? A flora, a fauna, o sol, a sonoridade, a inteligência das pessoas, a gente sabe que estamos indo usufruir isso. A comida, os costumes… Não queremos ser parasitas culturais. A gente não quer ir lá pegar, desenhar o mandacaru lá, vir aqui para São Paulo e vender. A gente quer deixar algo também em troca. Com a inteligência do Ramon, do Igor, do Des, do Eduardo, todo mundo. Então, eu fui preparando o terreno antes, falando com as pessoas o que seria aquela casa, qual era a ideia daquela casa, que era uma casa para receber artistas. Fui tentando convencer as pessoas da região. Quando passamos nas casas, falamos que íamos dar aula de gravura, oficina de gravura. Deusvaldo fez um cinema a céu aberto com pipoca, refrigerante, telona grandona na parede da casa, som bom, as pessoas foram lá assistir. O Ramon deu aula de encadernação para quinze crianças e jovens, eu dei aula de desenho expandido para quinze crianças. O que a gente aprendeu no Acaia, a gente deu um pouco também.
E a ideia é que a gente sempre dê algo, [que] todo artista que vá para a Caatinga, dê algo. Não é dinheiro. É… é… dê algo para retribuir aquilo que você está usufruindo. Seria bom você deixar algo também para a população. Não é para a residência, é para a população. E sempre ter relações horizontais. E assim nasce a ideia do meu TCC da Residência Artística Caatinga. Como eu estava construindo essa casa, eu estava estudando na FAAP, precisava ter um projeto de conclusão de curso de licenciatura, então, eu pensei: “Vou fazer um TCC sobre residência artística, sobre a minha ideia do que é construir essa casa”.
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Cauê :Como é o seu processo de pesquisa? Você desenha, fotografa o que vai estudar?
Santídio : Eu tiro foto, desenho, tenho ideias. Eu vou para a natureza, é lá que nasce a ideia. Eu penso: “Isto aqui é azul; isto aqui é verde; esta forma é assim”. Lá nascem as ideias. Mas eu tiro foto, desenho, faço rascunho e tal.
Comecei a andar muito atrás de plantas. Eu fui para o Pantanal. Naquela época do Panorama do MAM, eu saí do Panorama e, no mesmo dia, fui para ali perto de Minas, atrás de plantas. Era uma imersão artística com vários artistas maravilhosos. Fui lá desenhar plantas, desenhar bromélias, fiquei lá duas semanas desenhando plantas, olhando. Ah, o sapinho dentro da planta, a bromélia de sol, bromélia de sombra, bromélia de meia-sombra, bromélia com inflorescência, bromélia de chão, bromélia epífita, pesquisando e tendo ideias.
MP 1
Quando cheguei aqui, eu tinha vários desenhos. Eu peguei o caderno, tinha várias bromélias, vários morros, muitas paisagens, acho que é a Bocaina, a Serra da Bocaina. Estava lá, fiquei desenhando e vi que tinha muitos morros. Pensei: “Acho que estou querendo fazer morros além de plantas”. Comecei a desenhar os morros, fazer os morros, pesquisar morros. Fui algumas vezes para Minas, atrás de morros. Os morros nascem a partir das plantas, porque eu fui atrás de plantas, e o morro se mostrou para mim. O morro me escolheu, eu escolhi o morro.
MP 2
Cauê : Em seguida, você mudou o modo como trabalha com xilogravura.
Santídio : É um outro jeito de fazer xilogravura, muito mais fácil. Com esse jeito, eu pensei: “Vou fazer os morros só no recorte”. Eu nem gravo esses morros; eu desenho um morro na madeira, pego a serra tico-tico, depois passo tinta nesse pedaço, passo tinta no outro pedaço, passo tinta em todos os pedaços, junto-os e imprimo. Então, não é mais uma gravura.
MP 3
Cauê : Em seguida, você começou a expor as madeiras, as matrizes viraram objetos.
Santídio : Quando comecei a fazer o recorte, a incisão e o encaixe, vi que a madeira não era mais uma matriz. Quando comecei a recortar, vi que tinha uma qualidade de objeto e, consciente disso, pensei: “Vou fazer um objeto, então, não vai ser mais uma matriz, vai ser um objeto que vai ser impresso”. Aí nasce uma consciência de objeto que pode ser impresso, o que muda tudo. Até a própria impressão muda, a partir da consciência de objeto. O resultado impresso muda. Aí, eu pensei: “Vou recortar”. Criando esses objetos, eu fui entendendo como eu poderia instalá-los na parede, e isso vai se desdobrando… E eu venho fazendo isso faz uns três ou quatro anos.
Ding 16
Ding 17
Legenda técnica:Sem título, 2020
Xilogravura impressa em papel Kashiki 100% kozo
100 x 100 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2019
Xilogravura impressa em papel Pen Bold 90 g/m²
80 x 70 cm
Coleção Denise Abdala
Legenda técnica:Sem título, 2019
Xilogravura impressa em papel Pen Bold 90 g/m²
80 x 70 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2022
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
131 x 130 cm
Coleção Ana Lia Penón
Legenda técnica:Sem título, 2022
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
135 x 132 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2019
Xilogravura impressa em papel Pen Bold 90 g/m²
80 x 70 cm
Coleção Lucas Arruda
Legenda técnica:Sem título, 2022
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
167,5 x 120 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2020
Xilogravura impressa em papel Fabriano Disegno 4R 200 g/m²
217,5 x 150,5 cm
Coleção Fabia Toqueti Pace
Legenda técnica:Sem título, 2022
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
190 x 121 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2022
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
152 x 170 cm
Coleção Galeria Estação
Legenda técnica:Sem título, 2017
Xilogravura impressa em papel japonês 100% kozo
185 x 165 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2022
Xilogravura impressa em papel japonês 100% kozo
210 x 200 cm
Coleção Andrea e José Olympio Pereira
Legenda técnica:Objeto III, 2019
Tinta ofsete sobre madeira
118 x 19 cm
60 x 162 cm
(2 pçs.)
Coleção Galeria Estação
Legenda técnica:Sem título, 2021
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
188 x 170 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2021
Xilogravura impressa em papel 100% algodão
180 x 170 cm
Coleção Luciana e Roberto Eid Philipp
Legenda técnica:Objeto XV, 2023
Tinta ofsete sobre madeira
214 x 159 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2021
Xilogravura impressa em papel Fabriano Disegno 4R 200 g/m²
225 x 150 cm
Coleção João e Maria Vieira da Cunha
Legenda técnica:Sem título, 2021
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
223 x 180 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2022
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
232 x 167 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2022
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
204,5 x 96 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2024
Xilogravura impressa em papel 100% algodão e pH neutro
190 x 170 cm
Coleção do artista
Legenda técnica:Sem título, 2023
Guache sobre papel Montval Canson 300 g/m²
109 x 75,3 cm
Coleção Galeria Estação
Legenda técnica:Sem título, 2023
Guache sobre papel Arches 300 g/m²
100 x 70,5 cm
Coleção do artista
Legenda técnica:Sem título, 2022
Guache sobre papel Arches 300 g/m²
82,5 x 56 cm
Coleção do artista
Legenda técnica:Sem título, 2022
Guache sobre papel Arches 300 g/m²
109,5 x 61 cm
Coleção do artista
Legenda técnica:Sem título, 2020
Xilogravura impressa em papel Pen Bold 90 g/m²
75,5 x 67 cm
Coleção Giselli Gumiero
Legenda técnica:Sem título, 2020
Xilogravura impressa em papel Kashiki 100% kozo
76,5 x 66 cm
Coleção Thais Chede
Legenda técnica:Sem título, 2020
Xilogravura impressa em papel Kashiki 100% kozo
86 x 115 cm
Coleção Shasta Darlington e Esteban Israel
Legenda técnica:Sem título, 2021
Tinta ofsete sobre papel Hahnemühle
126 x 220 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2020
Xilogravura impressa em papel Kashiki 100% kozo
75,5 x 67 cm
Coleção Marcelo Araújo
Legenda técnica:Sem título, 2020
Xilogravura impressa em papel Kashiki 100% kozo
80 x 225 cm
Coleção particular
Legenda técnica:Sem título, 2020
Xilogravura impressa em papel Kashiki 100% kozo
80 x 225 cm
Coleção particular
Metrópole_Arq
MT 1
MT 2
MT 3
Realização: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Curadoria: Cauê Alves
Sala: Paulo Figueiredo
Período: 01 de abril de 2024 à 25 de agosto de 2024
Produção executiva: Marcela Tokiwa Obata dos Santos, Ana Paula Pedroso Santana
Projeto expográfico: Metrópole_Arq
Projeto gráfico: Julio Mariutti
Coordenação editorial: Renato Schreiner Salem
Execução do projeto expográfico: Secall Cenografia
Conservação: Fabiana Oda e equipe, Mara Lúcia Carrett de Vasconcelos
Montagem: MReneé Arte, Produção e Montagem Phina
Transporte: ATM Janus
Tradução para o inglês: Paul Webb
Revisão e preparação de texto: Regina Stocklen
Assessoria de imprensa: a4&holofote comunicação
Realização: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Curadoria: Cauê Alves
Textos: Cauê Alves, Elizabeth Machado
Projeto gráfico: Julio Mariutti
Coordenação editorial: Renato Schreiner Salem
Assistência editorial: Gabriela Gotoda
Tradução para o inglês: Paul Webb
Revisão e preparação de texto: Regina Stocklen
Versão acessível: Cida Leite, Gregório Sanches, Jean Bernando da Silva Vieira
Fotos:
Tratamento de imagem e impressão: Ipsis
Ana Lucia Penón Gonçalves
Andrea Veiga Pereira
André Lefki Brennand
Antônio Passos
Beatriz Junqueira
Claudia Miranda Barroso
Cristina Baumgart
Denise Abdala
Denise Rabinovich
Deusvaldo Pereira
Eduardo Rabinovich
Esteban Luís Israel
Fabia Toqueti Pace
Fabrício Lopez
Fernanda Marinho Aidar Iune
Flavia Brito
Fundação Iberê Camargo
Galeria Estação
Giselli Gumiero
Igor Romualdo
Instituto Acaia
Ivan José Bernuzzi Filho
Janaína Damaceno
Jane Savi de Freitas
João Liberato
João Lucas Pereira
João Vieira Cunha
José Luiz P. C. Vianna
José Olympio da V. Pereira
Leticia Rudge Barbosa Kina
Libano Miranda Barroso
Lucas Arruda
Luiz Lira
Marcelo Araújo
Maria Barreto
Numa Pereira do Valle Bisneto
Patricia Asdourian Lapenta
Patricia Quirico Coimbra
Paulo Henrique Conrado
Pedro Lapenta
Ramon Santos
Roberto Eid Philipp
Santídio Pereira
Shasta Darlington
Thais Chede Soares Barreto
Vilma Eid
Presidente de honra: Milú Villela
Diretoria:
Conselho deliberativo:
Comitê cultural e de comunicação:
Comitê de governança:
Comitê financeiro e de captação:
Comitê de nomeação:
Conselho fiscal:
Comissão de arte:
Comissão de ética e conduta:
Associados patronos:
O Museu de Arte Moderna de São Paulo está à disposição das pessoas que eventualmente queiram se manifestar a respeito de licença de uso de imagens e/ou de textos reproduzidos neste material, tendo em vista que determinados autores e/ou representantes legais não responderam às solicitações ou não foram identificados ou localizados.
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Santídio Pereira: paisagens férteis / realização Museu de Arte Moderna de São Paulo; curadoria Cauê Alves; tradução Paul Webb; projeto expográfico Metrópole_Arq, Ana Paula Pontes, Anna Helena Villela. – São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2024.
Edição bilíngue português/inglês
ISBN 978-65-84721-16-6
24-197980 CDD-709.81
Índices para catálogo sistemático:
Eliane de Freitas Leite – Bibliotecária
CRB 8/841