Descrição da imagem: Capa do livreto. No canto superior esquerdo, sobre fundo geométrico nas cores, ver, azul, rosa, cinza, preto e laranja, está escrito: "do livro ao museu: mam São Paulo e a biblioteca mário de andrade. Fim da Descrição
Descrição da imagem: Régua de logos. Sobre fundo preto, e letras brancas: "mantenedores do MAM São Paulo". Abaixo, os logos também em branco: "Lei Rouanet, incentivo a projetos culturais", "vale + cultura", "Itaú", "IBM", "Pro Matre Paulista". 
Realização: "mam", "biblioteca mário de andrade", "SP, cidade de todas as artes", "prefeitura de São Paulo", "ministério da cultura" e "Governo federal, Brasil, união e reconstrução". Fim da descrição.

Sumário

Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade.

A Biblioteca Mário de Andrade e o Museu de Arte Moderna de São Paulo possuem um passado compartilhado. Sérgio Milliet, diretor da Biblioteca entre 1943 e 1959, atuou na constituição do MAM São Paulo e, como seu diretor artístico, organizou a 2ª, 3ª e 4ª edições da Bienal de São Paulo, que na época eram realizadas pelo MAM. Seu trabalho junto com Maria Eugênio Franco, na Sessão de Arte da Biblioteca, é o germe das discussões para a criação de uma coleção pública de arte moderna, capaz de oferecer mostras didáticas que contribuíram na formação dos diversos artistas, intelectuais e na visibilidade da produção modernista. Mais que compartilhar um intelectual como Sérgio Milliet, a Biblioteca e o Museu complementam-se na divulgação e institucionalização da arte moderna brasileira e internacional. Foi na Seção de Arte da então Biblioteca Municipal de São Paulo, atual BMA, que foram expostas as obras modernistas doadas pelo empresário estadunidense Nelson Rockefeller como estímulo para a criação do MAM. A mostra Do livro ao museu é composta, em sua maioria, por obras das décadas de 1940 e 1950, período de sedimentação da arte moderna e de espaços dedicados a ela, além de uma seleção criteriosa de livros adquiridos a fim de representar a produção moderna na coleção da Biblioteca Mário de Andrade nesse período. Obras raras e importantes, como Jazz, de Henri Matisse, ou Cirque [Circo], de Fernand Léger, são exemplares de grande relevância que colocaram artistas e pesquisadores brasileiros em contato com a produção modernista europeia.

A colaboração entre o MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade evidencia a produção nacional de álbuns e livros, e o início da produção gráfica artística, com edições de artista feitas quase inteiramente à mão, como a de Milton Dacosta, com guaches, ou Fantoches da meia-noite, de Di Cavalcanti, que combina impressões com aquarelas. A exposição chega até a criação dos primeiros livros produzidos com tiragem limitada e impressões de alta qualidade da coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos, conduzida pelo colecionador de arte Raymundo Castro Maya a partir de 1943. A mostra abarca ainda obras da coleção do MAM São Paulo que remetem às tensões da produção moderna brasileira, que naquele período entra numa intensa disputa entre abstração e figuração, discussão presente na mostra inaugural do museu, Do figurativismo ao abstracionismo, em 1949. Sérgio Milliet, homenageado com seu autorretrato na mostra, sempre se posicionou a favor da experimentação livre da linguagem artística moderna, sem tomar um partido claro, o que deu margem a mal-entendidos. Do livro ao museu aborda também a emergência da vanguarda concretista na década de 1950, em oposição ao abstracionismo informal, observando os vários sentidos e direções que a arte moderna tomou no Brasil nesse período. Embora a biblioteca e o museu tenham funções diferentes, historicamente nasceram juntos, compartilhando a missão de preservar, organizar e mediar conhecimentos. Ambos são mais que guardiões do patrimônio material e imaterial; são espaços de encontro e aprendizado, estimulando a pesquisa, a reflexão e a imaginação. Do livro ao museu integra as comemorações dos cem anos da Biblioteca Mário de Andrade, lembrando as origens em comum de ambas as instituições e abrindo caminhos para colaborações e parcerias futuras. 

Cauê Alves e Pedro Nery 

Museu de Arte Moderna de São Paulo

Henri Matisse.

Jazz, de Henri Matisse, é uma obra expoente de sua produção artística tardia. Matisse iniciou o livro em 1943, quando já tinha a mobilidade reduzida após procedimentos médicos, o que o levou a “pintar com a tesoura”. Jazz foi concebido no auge da Segunda Guerra Mundial, no momento da ocupação nazista na França, e as imagens são marcadas por ambiguidades entre o encanto do circo e a violência da guerra. O artista, reconhecido pelo uso da cor de forma a evidenciar uma felicidade subjetiva que se desdobra a partir de encontros de intensidade abrupta, em Jazz mistura a sensação de urgência, do vermelho sanguíneo que mutila, das explosões amarelas, da marca no coração ou do cortejo fúnebre. As colagens continuam a contrair um arrebatamento produzido pelo encontro das cores em conjunto com os temas singelos, e acrescem as condições gráficas dos recortes de cor à elevação passional submetida por Matisse diante da violência. 

Pedro Nery. 

Descrição da imagem: A obra na horizontal é dividida em duas partes, lado a lado. A técnica em estêncil, lembra uma colagem de papel, com formas recortadas e coloridas sobre um fundo claro. À  esquerda,  uma grande forma irregular em preto e magenta, com contornos sinuosos, sobre um fundo rosa claro. Essa forma se estende da borda superior à inferior da imagem. À direita, uma composição retangular e simétrica. Uma borda verde-clara ao redor de um quadrado magenta. Dentro dele, há um retângulo menor em um tom de azul vibrante com borda amarela. Ao centro, uma forma branca parecida com uma figura humana abstrata. Fim da descrição.
Henri Matisse
Le Cateau-Cambrésis, França [France], 1869 – Nice, França, 1954
Le Destin [O destino] [The Destiny], do álbum [from the album] Jazz, publicado por [published by]: Éditions Tériade (Paris), 1947
estêncil sobre papel [pochoir on paper], 42 x 65 cm
Coleção [Collection] Biblioteca Mário de Andrade

Bestiários.

A Sessão de Arte da Biblioteca Municipal, nas décadas de 1940 e 1950, foi local de encontro. O MAM, o MASP, a Biblioteca eram vizinhos, e a circulação de artistas é documentada nesse espaço. Não é difícil imaginar a interação entre eles, notórios frequentadores do local, como é o caso de Marcello Grassmann. Na seção de arte eram exibidas e vistas as produções gráficas, que eram adquiridas por Sérgio Milliet e Maria Eugênia Franco. O artista francês Jean Lurçat também parece ter feito parte desse ambiente durante suas visitas ao Brasil na década de 1950, que culminaram em uma exposição de suas obras no MASP, em 1954, e em um retrato do artista pintado por Flávio de Carvalho. Não é mero acaso que tenhamos dois bestiários realizados por esses artistas, obras que se aproximam por capturarem a experimentação gráfica na criação de um imaginário associado às tensões imagéticas de períodos que antecedem o moderno, sugerindo uma visão fora do cânone através da forma de bestiário, que remete ao gênero literário medieval. 

Pedro Nery.

Descrição da imagem: A obra é uma gravura vertical de um pássaro preto. Ocupa  a maior parte do quadro, está de perfil esquerdo, a cabeça levantada, o olho redondo arregalado e o bico aberto. As penas são detalhadas com texturas de linhas e pontos,  a  cauda e a crista estão arrepiadas. O pássaro está em pé sobre um chão com vários riscos irregulares. O fundo é coberto por uma área de linhas e pontos. Fim da descrição.
Marcello Grassmann
São Simão, SP, Brasil, 1925 – São Paulo, SP, Brasil, 2013
Ilustração da publicação Bestiário: trechos do Tratado descritivo
do Brasil [Illustration from the publication Bestiary: Excerpts from the
Descriptive Treatise of Brazil], texto de [text by] Gabriel Soares de
Sousa, publicado por [published by]: Sociedade dos Cem Bibliófilos
do Brasil; Imprensa Nacional (Rio de Janeiro), p. 11, 1958
xilogravura sobre papel [woodcut on paper], 33 x 25 cm
Coleção [Collection] Biblioteca Mário de Andrade

Sociedade dos Cem Bibliófilos

A Sociedade dos Cem Bibliófilos foi fundada em 1943, sob a liderança do colecionador Castro Maya, e tinha como objetivo a publicação de clássicos da literatura brasileira ilustrados por reconhecidos artistas em edições numeradas. Havia sempre uma edição enviada para a Biblioteca Municipal de São Paulo. Para que esse empreendimento fosse possível, Maya criou uma gráfica própria para a produção fine arts, com apoio de gravadores brasileiros, inclusive de Luiz Portinari, o irmão do pintor Candido Portinari, que foi enviado para a França para aperfeiçoar técnicas gráficas. A coleção destaca-se, no período, pela escolha de artistas modernos brasileiros e pelo desenvolvimento de impressões de qualidade na realização de livros de artista seriados. A experiência com grandes artistas lança, assim, os primeiros álbuns artísticos e renova a forma de compreensão da arte moderna brasileira.

Descrição da imagem: A obra na vertical é a página amarelada de um livro. Ao centro, pequena ilustração em preto e branco, uma gravura  pontilhada de uma vila,  tem algumas casas, com telhados lisos e brancos. Atrás das casas, fumaças saem de grandes chaminés de fábricas.  À esquerda das casas, uma grande palmeira, com contraste de sombras feitas por linhas e pontilhados. Ao fundo, o céu é escuro e tem um círculo branco com raios.
Ao redor da ilustração em letras pretas: “ O calor era intenso, o sol brilhava com esplendor, ofuscantes, fazendo estalar os telhados. A vila parecia toda entregue ao repouso postmeridiano da sésta costumeira. Descalço, pé ante pé, eu atravessava a casa e me esgueirava pelo portão do quintal. Mal me sentia ao abrigo das vistas fiscaes da creadagem, deitava a correr [...] pelo caminho do cemitério até chegar à casinha de Paulo da Rocha, escondida entre as laranjeiras copadas. Lá estava ele sempre, a essas horas do dia, sentado num banco de cedro, encostado a uma mesa tosca, e mergulhado na leitura de algum livro velho, roído de traças”.  Fim da descrição.
Iberê Camargo
Restinga Seca, RS, Brasil, 1914 – Porto Alegre, RS, 1994
Ilustração da publicação O rebelde [Illustration from the publication The Rebel], texto de [text by] Inglês de Sousa,
publicado por [published by]: Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil; Imprensa Nacional (Rio de Janeiro), p. 21, 1950
água-forte sobre papel [etching on paper], 33 x 25 cm
Coleção [Collection] Biblioteca Mário de Andrade.

Pedro Nery.

Urbano e a imagem moderna

O artista gráfico belga Frans Masereel é conhecido por livros que usam só imagens para a criação narrativa. A produção dos anos 1920-30 era inovadora, pois não tratava a imagem apenas como ilustração do texto, sendo ela mesma a própria ficção. O estilo das imagens se volta para a concepção moderna, ilustrando a guerra e o movimento urbano. Em Mon livre d’images [Meu livro de imagens], de 1956, os elementos narrativos são abandonados, e as imagens tornam-se mais autônomas. Assim também podemos compreender os álbuns de Carlos Prado e Manoel Martins, que partem do urbano para a criação de imagens cada vez menos narrativas ou documentais, tratando da experiência do indivíduo diante da cidade moderna. O aspecto formal passa a ganhar importância distintiva diante do esvaziamento narrativo, o que, de fato, não se opõe à abstração, abrindo a leitura das pinturas figurativas ou mesmo da fotografia. A experiência moderna, proposta pelo próprio Milliet, não deveria ser dogmática, e sua distinção era justamente a possibilidade de experimentação livre. 

Pedro Nery.

Descrição da imagem:  A obra na horizontal, é em preto e branco e mostra um edifício com vários andares. O desenho é feito de sombreamento e  hachuras, que são linhas paralelas e cruzadas, que dão  profundidade e textura. É dividida em uma grade de janelas, como se o edifício não tivesse paredes e todas as salas estão visíveis.  Cada uma mostra uma cena diferente, com pessoas sentadas às mesas e trabalhando. Ao fundo, pessoas gigantes também estão sentadas às mesas, trabalhando e são sobrepostas pelas primeiras imagens. Fim da descrição.
Carlos Prado
São Paulo, SP, Brasil, 1908 – São Paulo, SP, Brasil, 1992
Santuário [Sanctuary], do álbum A cidade moderna [from the album The Modern City], 1958
água-forte sobre papel [etching on paper], 40 x 36 cm
Coleção [Collection] MAM São Paulo, doação artista [donated by the artist], 1976

Ilustrações modernas.

As ilustrações de Emiliano Di Cavalcanti realizadas no início da década de 1920 para o livro Fantoches da meia-noite, de Ribeiro Couto, são parte fundamental da arte moderna brasileira e estão entre os principais acontecimentos artísticos que antecederam a Semana de Arte Moderna de 1922. O autor apresenta personagens boêmios e figuras da noite presos a fios, como marionetes, com claras referências às vanguardas europeias, como o cubismo e o expressionismo. Com poucas cores e tom intimista, os desenhos denotam melancolia. Já as ilustrações de Candido Portinari para Memórias póstumas de Brás Cubas, publicadas em 1943, trazem um matiz sombrio e que beira o grotesco. Em clara sintonia com o conteúdo da obra literária de Machado de Assis, Portinari se vale do humor ácido, com traços exagerados que enfatizam a crítica social presente no livro e que, para além da mera ilustração, funcionam como comentários visuais. 

Cauê Alves.

Descrição da imagem:  ilustração na vertical feita  a lápis preto em papel bege, com traços finos, de um hipopótamo na água. O animal é visto de frente com a boca aberta e os enormes dentes à mostra. Um homem de cartola e fraque está sentado em cima dele com as pernas e os braços abertos. À esquerda perto do hipopótamo, está um cachorro e, à direita um gato com as patas dianteiras sobre uma pedra. No canto inferior direito, dois corais. Fim da descrição.
Candido Portinari
Brodósqui, SP, Brasil, 1903 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1962
O delírio [The Delirium], do álbum Memórias póstumas de Brás Cubas
[from the album The Posthumous Memoirs of Brás Cubas], 1943-44
água-forte sobre papel [etching on paper], 40 x 29,1 cm
Coleção [Collection] MAM São Paulo, aquisição [acquisition] MAM São Paulo, 1996.

Fernand Léger.

O livro Cirque [Circo], de Fernand Léger, publicado em 1950, traz uma série de litografias não encadernadas, como uma espécie de ensaio visual. Com cores vibrantes, o artista se aproxima da vida cotidiana e do gosto popular a partir dos espetáculos circenses. Enquanto sua pintura traz formas mais rígidas, nos desenhos sobre o circo predominam linhas curvas. Com formas simplificadas e geométricas, Léger aborda a vitalidade e o movimento dos corpos de trapezistas, malabaristas, acrobatas, palhaços e animais. Tarsila do Amaral foi apresentada ao artista francês em 1923 pelo poeta Blaise Cendrars, e frequentou o ateliê de Léger em Paris, de quem chegou a adquirir uma obra. Esse contato foi importante tanto para os rumos de sua pintura como para parte relevante da arte moderna no Brasil. 

Cauê Alves.

Descrição da imagem:  A obra na horizontal, pintada em tons pastéis, mede trinta e dois centímetros de altura por quarenta e dois centímetros de largura. Foi realizada em litografia sobre papel, uma técnica de gravura muito antiga, na qual um desenho feito sobre pedra ou metal recebe tinta e é prensado no papel, permitindo reproduzir várias cópias com linhas livres e precisas. Ao fundo, uma tenda curva, representada por linhas paralelas e padrões geométricos em preto e marrom, delimita o espaço de um palco. Cinco acrobatas estão pendurados em cordas, entrelaçados entre si.
No centro, aparecem três pessoas dispostas verticalmente. A que está embaixo está de costas, mostrando apenas a cabeça e os braços erguidos. A figura intermediária está sentada no ar, de frente, com os braços esticados para as laterais: o braço esquerdo entrelaça-se ao pé direito da figura acima, enquanto o direito conecta-se ao braço da pessoa ao seu lado esquerdo. A perna esquerda estende-se para a direita, apoiada nos braços da figura inferior, enquanto a direita permanece flexionada, encostada na personagem posicionada à direita. Ela veste uma blusa justa azul, um cinto e preto e branco com detalhe central e uma bermuda rosa-escura. A que está na parte superior é mostrada da cintura para baixo, de costas e veste uma calça justa amarela.  À esquerda, outra acrobata aparece também de costas, pendurada de cabeça para baixo em uma barra, com as pernas cruzadas. Ela usa calça rosa-clara, um cinto na cintura com aspectos de dentes em zigue-zague e uma blusa rosa-clara. À direita, a acrobata surge de costas, corpo ereto e braços levantados para cima, sugerindo que segura uma barra. Ela veste collant azul justo, que cobre até os pés e um cinto largo, preto e branco, com riscos verticais. Fim da descrição.
Fernand Léger
Argentan, França [France], 1881 – Gif-sur-Yvette, França, 1955
Cirque [Circo] [Circus], publicado por [published by]: Éditions Tériade (Paris), p. 44-45, 1947
litografia sobre papel [lithograph on paper], 42,5 x 64 cm
Coleção [Collection] Biblioteca Mário de Andrade.

Abstração informal.

Fayga Ostrower é uma precursora da abstração no campo da gravura, tendo realizado ilustrações de diversos livros e periódicos. Na década de 1950, sua produção se volta para o abstracionismo, e seu trabalho atinge a maturidade com rigor e expressividade. Sem nunca renunciar à liberdade artística, sua obra se aproximou da chamada abstração “informal” ou “lírica”, em que a subjetividade e a expressividade são acentuadas. Maria Martins é mais conhecida como escultora e por ter se aproximado do surrealismo, mas sua obra gráfica é importante. Seus desenhos, assim como sua obra tridimensional, trazem referências do universo mitológico e lendas amazônicas. Ao longo de sua trajetória, foi reconhecida internacionalmente. Já a gravura de Arthur Luiz Piza equilibra a liberdade da abstração informal com formas geométricas, buscando conciliar o racionalismo com o lirismo. Suas composições lembram mosaicos feitos de pequenos fragmentos que constroem ritmos em diversas direções e relevos. 

Cauê Alves.

Descrição da imagem:  Gravura abstrata na vertical, emoldurada por uma margem de papel clara. Com fundo acinzentado, o centro da composição é ocupado por várias formas e linhas abstratas feitas por pequenas pinceladas triangulares, em tons de preto, azul-claro, marrom-claro e verde-claro. As linhas em preto, cruzam os desenhos geometrizados na diagonal. Fim da descrição
Arthur Luiz Piza
São Paulo, SP, Brasil, 1928 – Paris, França [France], 2017
Pavots [Papoulas] [Poppies], 1959
gravura sobre papel [engraving on paper], 65,3 x 49,7 cm
Coleção [Collection] MAM São Paulo, doação [donated by]
Frederico Melcher, 1984.

Abstração geométrica.

Na década de 1950 Samson Flexor fundou, em São Paulo, o Atelier-Abstração, que defendia a arte abstrata geométrica com raízes na matemática. Ele fez de sua casa um ateliê que reuniu jovens em torno da prática artística. Em 1954, o grupo realizou uma exposição no MAM São Paulo. Ivan Serpa ministrou cursos no MAM do Rio de Janeiro, que deram origem ao Grupo Frente, que contou com a participação de diversos artistas precursores da abstração geométrica. Em 1956, o MAM São Paulo realizou a 1a Exposição Nacional de Arte Concreta, que reuniu artistas e poetas das duas cidades, como Judith Lauand e Lothar Charoux, do Grupo Ruptura, que defendiam uma arte objetiva, com princípios claros e inteligentes. Nessa mostra, as divergências entre paulistas e cariocas se manifestaram e, em 1959, os cariocas fundaram o neoconcretismo, que buscou recolocar a expressão na arte concreta. Embora nunca tenha aderido ao concretismo e neoconcretismo, Milton Dacosta, em sua maturidade, fez obras abstratas e composições que se aproximam de tendências construtivistas. 

Cauê Alves,


Descrição da imagem: Pintura abstrata na horizontal em uma moldura preta. É uma composição geométrica e a cor predominante  é bege, com uma textura visível do tecido da tela. Linhas curvas atravessam a pintura em todos os sentidos e se sobrepõem.  Criando áreas delimitadas,  preenchidas com cores, como verde-escuro, vermelho-terroso e tons de amarelo. Fim da descrição.
Samson Flexor
Soroca, Moldávia, 1907 – São Paulo, SP, Brasil, 1971
Vitral [Stained-Glass Design], 1957
óleo sobre juta [oil on jute], 58,5 x 93,5 x 4,5 cm (com moldura [framed])
Coleção [Collection] MAM São Paulo, doação [donated by] Rose e [and] Alfredo Setubal, 2024.

Sérgio Milliet.

Sérgio Milliet ocupa um lugar particular na história da arte brasileira. Além de ser um dos protagonistas do modernismo brasileiro, produzindo literatura, poesia, crítica e pintura, Milliet também foi um dos agentes decisivos na primeira fase da história do Museu de Arte Moderna de São Paulo e da Biblioteca Mário de Andrade. A formação na Suíça e em Paris, no início do século 20, permitiu a Milliet se familiarizar com a arte moderna desde cedo. Ele contribuiu para a difusão das vanguardas europeias no Brasil entre as décadas de 1920 e 1960. Com sua poesia, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Além disso, foi relevante a contribuição de Milliet para o processo de institucionalização da arte moderna no Brasil. A inauguração da Seção de Arte da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, em 1945; a ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte), criada em 1949; o Museu de Arte Moderna de São Paulo, fundado em 1948, e a Bienal de São Paulo, inaugurada em 1951, devem muito à atuação de Sérgio Milliet, que integra a mostra com um autorretrato.

Cauê Alves.

Descrição da imagem: A pintura colorida tem formato retangular vertical e mede aproximadamente cinquenta e três centímetros de altura por quarenta e três centímetros de largura, incluindo a moldura preta fina. O fundo é composto por formas geométricas que se sobrepõem e se fragmentam, cada uma com uma cor distinta, em tons escuros e terrosos, como verde, marrom, cinza e um vermelho amarronzado. No centro, está o busto estilizado de um homem, com o rosto levemente virado para a esquerda, visto de frente.  O cabelo, curto e preto, forma um desenho levemente quadrado na parte superior da cabeça. A orelha direita tem traços simples e está pintada de cinza claro. O rosto é formado por planos sobrepostos, em combinações de ângulos e curvas, com cores que variam entre amarelo, bege, azul, cinza e marrom. À esquerda, a face é azulada. Do centro da testa até parte do nariz, predomina um cinza claro, enquanto do lado direito, aparecem áreas em amarelo e azul. Fim da descrição.
Sérgio Milliet
São Paulo, SP, Brasil, 1898 – São Paulo, SP, Brasil, 1966
Sem título [Autorretrato] [Untitled (Self-Portrait)], c. 1939-1966
óleo sobre madeira [oil on wood], 50 x 40,5 cm
Coleção [Collection] MAM São Paulo,
doação [donated by] Maria Lúcia de Araújo Cintra, 2024

Fotografia e vanguarda do MAM São Paulo.

A fotografia – em especial as experiências fotográficas modernas – está bem representada na coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Artistas como Alberto da Veiga Guignard, Geraldo de Barros e Thomaz Farkas, entre os anos 1940 e 1950, momento da institucionalização da arte moderna no Brasil, são centrais na renovação da linguagem fotográfica. A discussão sobre figuração e abstração que dominava a arte do período se manifesta no trabalho de Geraldo de Barros, em especial na série Fotoformas, da década de 1950, em que ele utiliza técnicas de solarização, manipulação e sobreposição de fotogramas. Sua obra se aproxima das vanguardas construtivas, do cubismo e do abstracionismo. 

O olhar de Thomaz Farkas enquadra o espaço urbano a partir de formas geométricas e com ângulos até então não usuais. Sua fotografia aponta para a quebra dos padrões tradicionais de composição ao eleger como tema o cotidiano de grandes centros urbanos como São Paulo, criando imagens que se situam entre o documental e o geométrico extraído da própria referência urbana brasileira. Já Alberto da Veiga Guignard, em vez de se aproximar da arte construtiva geométrica, olha para as tendências surrealistas, trazendo discussões sobre o real e o imaginário, o consciente e o inconsciente, a partir de fotomontagens que se abrem para um universo místico e distante do racionalismo. Mais que mero registro, as experiências fotográficas modernas são um modo de imaginar e inventar outras maneiras de se relacionar com o mundo. 

Cauê Alves e Pedro Nery.

Descrição da imagem: A fotografia vertical em preto e branco mostra uma composição geométrica e abstrata. Tem formas retangulares em diferentes tons de cinza. Na parte superior e inferior, há retângulos brancos que sobrepõem o fundo cinza de textura granulada. No centro, uma linha vertical preta e outra mais fina branca, dividem o espaço. Fim da descrição.
Geraldo de Barros
Chavantes, SP, Brasil, 1923 – São Paulo, SP, Brasil, 1998
Sem título (Estação da Luz – São Paulo) [Untitled (Luz Station – São Paulo)], 1949/1977
ampliação fotográfica sobre papel (cópia de exibição)
[photographic enlargement on paper (exhibition copy)], 40 x 30,6 cm
Coleção [Collection] MAM São Paulo, doação [donated by] Petrobras, 2001.
Descrição da imagem: Colagem na vertical que combina diferentes texturas e elementos de gravura e fotografia. As cores predominantes são tons de preto, branco e sépia.
No centro, em preto e branco um homem de costas, que usa casaco com padrões quadriculados. Ele está de pé sobre um chão de concreto em ruínas e vai em direção ao que parece ser uma escadaria.  Acima dele,duas figuras, uma branca com estampa xadrez e outra em tons de sépia. Usam tecidos esvoaçantes que flutuam. O fundo é esfumaçado em sépia com degradê em preto. Fim da descrição.
Alberto da Veiga Guignard
Nova Friburgo, RJ, Brasil, 1896 – Belo Horizonte, MG, Brasil, 1962
Evocação [Evocation], 1949
ampliação fotográfica sobre papel (cópia de exibição)
[photographic enlargement on paper (exhibition copy)], 32,5 x 22,5 cm
Coleção [Collection] MAM São Paulo, doação [donated by] Paulo Kuczynski, 2006.

EXPOSIÇÃO.

realização: Biblioteca Mário de Andrade e Museu de Arte Moderna de São Paulo. 

MAM São Paulo 

diretoria [management board] 

presidente [president] Elizabeth Machado, vice-presidente [vice president] Daniela Montingelli Villela

 diretora jurídica [legal director] Tatiana Amorim de Brito Machado 

diretor financeiro [financial director] José Luiz Sá de Castro Lima 

diretores [directors] Camila Granado Pedroso Horta, Marina Terepins e Raphael Vandystadt.

curadoria [curatorship] Cauê Alves Pedro e  Nery 

assistência [assistance] Danilo Cavalcante.

produção executiva [executive production] Ana Paula Pedroso Santana (coord.) Bianca Yokoyama da Silva, Elenice dos Santos Lourenço 

assistência [assistance] Paola da Silveira Araujo 

projeto expográfico [exhibition design] Marcus Vinícius Santos 

projeto gráfico e comunicação visual [graphic design and visual communication] Paulo Vinicius Gonçalves Macedo e  Rafael Kamada 

coordenação editorial [editorial coordination] Renato Schreiner Salem

comunicação [communication] Ane Tavares (coord.) Juliana Pithon Nicolas Oliveira,  Rachel Brito e  Valbia Lima 

assessoria de imprensa [press officer] Evandro Pimentel 

acervo [collection] Patricia Pinto Lima (coord.) conservação [conservation] Bárbara Blanco Bernardes de Alencar, art handler Alekiçom Lacerda, documentação [documentation] Camila Gordillo de Souza, difusão [dissemination] Marina do Amaral Mesquita,  assistência [assistance] Taline de Oliveira Bonazzi

montagem [installation] Manuseio Montagem e Produção Cultural S/S 

execução do projeto expográfico [execution of exhibition design] Cenotech Cenografia projeto de iluminação [lighting design] Alekiçom Lacerda André Luiz, Stefan Salej Gomes e Vitor Gomes Carolino 

impressão e instalação da comunicação visual [printing and installation of visual communication] Diferente Marketing Insign

organização de acessibilidade [accessibility organization] Leonardo Sassaki 

recursos de acessibilidade [accessibility resources] 

audiodescrição Museus Acessíveis 

intérpretes e videoguia em Libras [interpreters and video guide in Brazilian sign language] Ponte Acessibilidade 

reprodução tátil [tactile reproductions] INCLUA-ME 

equipamento de áudio e vídeo NB3 

transporte [shipping] Alves Tegam 

tradução para o inglês [English translation] Pedro Vainer 

revisão e preparação de texto [proofreading] Regina Stocklen

Secretário Municipal de Cultura e Economia Criativa de São Paulo [Municipal Secretary for Culture and Creative Economy of São Paulo] Totó Parente

Biblioteca Mário de Andrade direção [management diretor [director] Rodrigo Massi assistentes de direção [management assistants] Fernanda Afonso e Janine Nascimento comunicação e relações institucionais [communications and institutional relations] coordenadora de comunicação e relações institucionais [coordinator of communications and institutional relations] Alexia Silva 

estagiária [intern] Mariana Souza 

Jovens Monitores Culturais [Young Cultural Monitors] Alaska Assis e Gabrielli Santiago supervisão de ação cultural [supervision of cultural action] 

supervisora [supervisor] Luiza Thesin 

coordenadora de contratações artísticas [artistic contracts coordinator] Isadora Braga analista de projetos culturais [cultural projects analyst] Fernanda Vilaça 

coordenador de produção cultural [cultural production coordinator] Murilo Vieira 

produtora artística [artistic producer] Meire Vilas Boas 

produtores técnicos [technical producers] Samuel Cruz Silas Rocha 

Jovem Monitor Cultural [Young Cultural Monitor] Daniel Souza 

coordenadora do educativo [education coordinator] Regiane Ishii 

estagiário [intern] Ian Garcia 

Jovens Monitores Culturais [Young Cultural Monitors] Fran Santos Oyáci Faleia e Tiffany Dias 

supervisão de gestão estratégica [strategic management supervision

supervisora [supervisor] Larissa de Jesus Martins 

coordenador de projetos e obras [coordinator of projects and construction] Rodrigo Pereira da Silva 

assessoria técnica [technical consultants] Diandra Lopes Fabio Lopes da Silva Mariana Ribeiro de Campos 

coordenador de tecnologia da informação [information technology coordinator] Dennis Godoy 

supervisão de acervo [collections supervision] 

supervisora [supervisor] Bruna Pimentel 

coordenadora da Coleção de Obras Raras e Especiais [coordinator of the Rare and Special Works Collection] Joana Moreno de Andrade

bibliotecárias [librarians] Gabriela Aparecida da Cunha Yamane e Renata Cristina de Melo assistente [assistant] Marilza M. Dutra Pinto

coordenadora de tratamento da informação [information processing coordinator] Camila Oliveira 

coordenadora de aquisições [acquisitions coordinator] Marina Haussauer 

coordenadora de memória institucional e gestão documental [coordinator of institutional memory and documents managementl] Mônica Gomes 

coordenadora de periódicos e multimeios [coordinator of periodicals and multimedia resources] Danielle Coelho 

coordenadora de preservação [preservation coordinator] Marlene Laky 

supervisão de serviço ao cidadão [citizen services supervision] 

supervisor [supervisor] Gustavo Zanollo Zardi 

coordenador da Coleção de Artes [Arts Collection coordinator] Natan Serzedello coordenadora da Coleção São Paulo [São Paulo Collection coordinator] Virginia Markelene coordenador da Coleção Geral [General Collection coordinator] Eduardo Jesus Conceição coordenadoras da Seção Circulante [Circulation Services coordinators] Laiza do Carmo e Lívia Domingues 

coordenadora de Espaços de Leitura de Periódicos [coordinator of Periodicals Reading Areas] Leonice Alves 

LIVRETO.

realização [realization] Museu de Arte Moderna de São Paulo 

curadoria [curatorship] Cauê Alves e Pedro Nery 

assistência [assistance] Danilo Cavalcante 

textos [texts] Cauê Alves Pedro Nery 

identidade visual e projeto gráfico [visual identity and graphic design] Paulo Vinicius Gonçalves Macedo e Rafael Kamada 

coordenação [coordination] Ane Tavares 

produção gráfica [graphic production] Leandro da Costa 

coordenação editorial [editorial coordination] Renato Schreiner Salem 

tradução para o inglês [English translation] Pedro Vainer 

revisão e preparação de texto [copy editing and proofreading] Regina Stocklen licenciamento de imagens [image licensing] Patricia Pinto Lima (coord.) Marina do Amaral Mesquita fotos [photos] Ding Musa exceto [except] Rafael Kamada (p. 23) Romulo Fialdini (p. 12) 

tratamento de imagem e impressão [photo retouching and printing] Pigma

Versão acessível.

Roteiro de descrição de imagem: Leonardo Sassaki Consultoria de descrição de imagem: Marelija Zanforlin.

agradecimentos.

O MAM São Paulo agradece aos artistas e detentores de direitos autorais que generosamente autorizaram a reprodução das obras neste livreto. O Museu de Arte Moderna de São Paulo está à disposição das pessoas que eventualmente queiram se manifestar a respeito de licença de uso de imagens reproduzidas neste material, tendo em vista que determinados autores e/ou representantes legais não responderam às solicitações ou não foram identificados ou localizados. verifique a classificação indicativa

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