O espaço ocupado por um museu de arte não é como outro qualquer. Especialmente os museus de arte moderna, já que foram em grande parte instalados em edifícios construídos especialmente para eles. Foi justamente através de projetos para esses museus que grandes nomes da arquitetura estabeleceram seus legados. Esse é o caso de Lina Bo Bardi (1914 – 1992), a arquiteta ítalo-brasileira responsável pelo projeto arquitetônico do MASP, do MAM Bahia e do atual edifício do MAM São Paulo, seu último trabalho museográfico.
Mesmo sendo um dos primeiros museus de arte moderna do mundo, o MAM São Paulo nunca teve uma sede construída especialmente para ele, ocupando ao longo de sua história uma série de espaços adaptados. Durante os primeiros anos, foi instalado no edifício dos Diários Associados na Rua Sete de Abril, num espaço projetado pelo arquiteto Vilanova Artigas. Depois, o MAM ocupou uma parte do Pavilhão Matarazzo, quando a Bienal de São Paulo ainda era um evento do museu. Após um período de reorganização devido à doação do seu acervo à USP em 1963, o MAM retomou suas atividades em 1969 numa nova sede: o edifício sob a marquise do Parque Ibirapuera.
Este espaço integra o conjunto arquitetônico do Parque desde a sua fundação em 1954. Após abrigar o Museu de Cera até, ao menos, o ano seguinte, recebeu a exposição Bahia no Ibirapuera de Lina Bo Bardi e Martim Gonçalves em 1959, e, depois, foi usado por quase uma década como depósito da Bienal. A partir da concessão para uso do edifício atribuída pela prefeitura em 1968, o MAM convidou Giancarlo Palanti para reformar o pavilhão que se tornaria a sede do museu. Mas foi apenas com a reforma projetada por Lina Bo Bardi (com colaboração de André Vainer e Marcelo Ferraz) em 1982 – entregue em 1983 – que o MAM executou a fachada de vidro que transformaria a sua relação com o Parque Ibirapuera.
Em 2023, o MAM identificou um desenho da arquiteta em meio aos documentos guardados pela biblioteca e retomou a pesquisa sobre a reforma realizada por Lina Bo Bardi há quarenta anos. Trata-se de um estudo para um dispositivo expográfico que ela propôs com o projeto da reforma em 1982. Os painéis desse dispositivo seguiriam uma espécie de linha paralela à fachada do museu, enfatizando a continuidade do espaço expositivo. Considerando as limitações que esses painéis fixos trariam para as exposições, a diretoria do museu à época optou por não realizá-los.
Dada a importância deste desenho para o legado da arquiteta e da sua relação com o edifício ocupado pelo MAM, o museu decidiu incorporá-lo ao acervo, junto às demais obras em papel da sua coleção. Na exposição, ele é apresentado com outros materiais referentes à reforma de Lina Bo Bardi no MAM, incluindo estudos em planta, fotos de maquete, e outros documentos que registram o estado anterior e posterior do edifício. Com isso, além de promover a pesquisa em torno da arquitetura de museus e, especialmente, da arte moderna, buscamos compreender melhor o trabalho e a herança deixada por Lina, que, com o êxito da sua marca museográfica, transformou o MAM num espaço contínuo com o Parque Ibirapuera.
Gabriela Gotoda
Pedro Nery
curadoria
Agradecimento especial ao Instituto Bardi / Casa de Vidro e à sua equipe.
Curadoria: | Gabriela Gotoda e Pedro Nery |
Abertura: | 05 de setembro de 2023, às 19h |
Período expositivo: | 06 de setembro de 2023 a 28 de janeiro de 2024 |
Local: | Museu de Arte Moderna de São Paulo (Biblioteca Paulo Mendes de Almeida) |
Endereço: | Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3) |
Horários: | terça-feira a sábado, das 10h às 12h30 e das 13h30 às 18h |
Telefone: | (11) 5085-1300 |
Ingresso: | R$30,00 inteira e R$15,00 meia-entrada. Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser. |
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*Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de São Paulo, com identificação; amigos e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.