38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus

38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus

24 abr 25 – 31 ago 25
em cartaz
em cartaz
sobre

Sensibilidades em transmutação

Entre o que se queima e o que renasce, diversos processos naturais se dão por meio do fogo e seu poder de transformação. Em uma conjuntura em ebulição — seja em termos das mudanças sociais que se sobrepõem, seja no sentido literal, que se apresenta com o aquecimento global —, sublinha-se o papel da arte enquanto prática dedicada a articular simbolicamente o real.

A 38ª edição do Panorama da Arte Brasileira: Mil Graus chega ao Sesc Campinas como brasa viva, reunindo produções que iluminam e elaboram sensibilidades, identidades e experiências provenientes de diversos contextos do país. Constituindo-se como reflexão crítica à realidade nacional, a mostra reúne artistas cujas práticas atravessam questões urgentes: do ecológico ao tecnológico, do político ao espiritual.

Como matéria em transmutação, essas produções amolecem limites da linguagem e ativam memórias coletivas contra hegemônicas, propondo não apenas reflexão, mas ação. A partir de uma compreensão do espaço expositivo como ambiente onde contrastes e conexões se fundem, as obras selecionadas operam como dispositivos de fissura — expõem rachaduras em lógicas cristalizadas e sugerem novos modos de habitar o mundo.

Com esta itinerância da mostra, inaugurada em 2024 no MAC USP e realizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Sesc busca ampliar o acesso às camadas simbólicas que compõem a exposição. Além da visitação, a programação inclui mediações educativas que aprofundam as instâncias de partilha entre artistas e públicos. Como os estados transitórios da matéria que o calor enseja, interessa à instituição constituir-se como espaço educativo em que processos subjetivos entre o que foi e o que está por vir se dão, revelando-se nas experiências criadoras próprias ao campo artístico.

Luiz Deoclecio Massaro Galina
Diretor do Sesc São Paulo


A série Panorama da Arte Brasileira é um marco na história das exposições. Iniciado em 1969, o Panorama do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) contribuiu com suas diversas mostras para a formação do acervo de arte contemporânea do museu.

Com curadoria de Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala, a presente edição, intitulada Mil graus, aborda o mundo contemporâneo a partir de condições extremas, tanto no sentido de questões históricas e sociopolíticas, como também em relação a discussões ecológicas e tecnológicas, promovendo iniciativas que estimulem a reflexão sobre arte na nossa sociedade.

Faz alguns anos que o MAM tem estabelecido parcerias com outras instituições culturais no estado de São Paulo. Realizar a itinerância do 38º Panorama da Arte Brasileira do MAM no Sesc Campinas é um novo momento de integração e soma de esforços em benefício da arte.

Elizabeth Machado
Presidente da Diretoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo

Cauê Alves
Curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo


Intitulado Mil graus, o 38º Panorama da Arte Brasileira elabora criticamente a realidade atual do país sob a noção de calor-limite — uma temperatura em que tudo se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira, estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética. Ao reunir artistas e outros agentes que abordam questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais, a exposição serve também como um ativador da memória e do debate público. Como conjunto, as obras driblam os limites da linguagem e seus sentidos preestabelecidos, revelando signos universais por meio de gestos e sotaques regionais. A ideia de uma temperatura oposta ao zero absoluto — ou seja, um quente absoluto — aponta os interesses deste Panorama por experiências radicais, condições extremas, sejam elas climáticas ou metafísicas, e estados transitórios da matéria e da alma que nos põem diante da transmutação como destino inevitável.

Ao longo do processo de pesquisa que fundamentou a exposição, cinco linhas conceituais emergiram para aterrar o pensamento curatorial. Como bússolas que orientam questões fundamentais do projeto, os eixos ajudaram na criação do recorte da cena contemporânea brasileira que está registrada neste Panorama. No entanto, não foram usados para segmentar a mostra e nem se aplicam como categorias ou agrupadores. São fios condutores que instigam reflexões e leituras e traçam possíveis relações entre os trabalhos a partir dessas perspectivas.

Ecologia geral

Noções ecológicas e práticas ambientais ampliadas que se orientam por uma visão de interconectividade total. Ao rejeitar dogmas antropocêntricos e dicotômicos que separam a cultura da natureza orgânica, esses movimentos abraçam a pluralidade das formas de vida e seus jogos biológicos. Sob um crescente senso de urgência, essas correntes de pensamento propõem outras concepções sobre a condição humana e traçam novos caminhos para atuarmos e nos relacionarmos com o planeta e seus muitos agentes.

Territórios originários

Narrativas e vivências de povos originários, quilombolas e de outros modos de vida fora da matriz uniformizante do capital, capazes de refletir visões alternativas sobre a invenção e a atual conjuntura do Brasil. Nesse sentido, invocam energias ancestrais, mitologias configurantes e consciências expandidas para trazer à tona invenções estéticas, tecnologias socioambientais e articulações transpolíticas. Seja na luta pela demarcação de terras ou em estratégias diversas para fortalecer comunidades autônomas, o que está em jogo é a multiplicação das possibilidades vitais diante do agouro de um futuro incerto.

Chumbo tropical

Leituras críticas que subvertem imaginários e representações do Brasil, pondo em xeque aspectos centrais da identidade nacional. Nesse sentido, contrastam — ou equacionam — os fetiches ligados à ideia de paraíso dos trópicos ao peso dos séculos de colonização escravocrata e extrativista, do colosso modernista, do ímpeto conservador e autoritário — e sua inevitável militarização —, e da eterna promessa de decolagem da economia. Essas propostas confrontam premissas funestas e incendeiam prisões históricas para desnaturalizar a devastação ambiental, a especulação financeira e a opressão racial.

Corpo-aparelhagem

Intervenções experimentais e reflexões sobre a contínua transmutação corpórea dos seres e das coisas, com seus hibridismos e suas inter-relações. Este eixo abrange a cultura de reprodução técnica, do sample e da apropriação; as relações entre tecnologia de ponta e gambiarra engenhosa; os efeitos da alta conectividade à internet; e as noções de biohacking e modificações corporais sob um imaginário ciborgue, transhumano e pós-humano. Imagens e sonoridades são remixadas, distorcidas e, por vezes, desmanchadas, como modo de encarar frontalmente as consequências radicais de um mundo em transformação vertiginosa.

Transes e travessias

Conhecimentos transcendentais, práticas espirituais e experiências extáticas que canalizam os mistérios vitais. São rituais, instrumentos e espaços que conjuram alentos para alimentar a alma e pulsões para animar o corpo, alcançando proteções, fundamentando resistências e reelaborando condições opressivas e traumas confinantes. São embarcações que navegam por encruzilhadas e atravessamentos, indo além das fronteiras da matéria e das percepções terrenas para conectar com o etéreo e coexistir com o desconhecido.


 
Mantenedores do MAM São Paulo 
realização 
curadoria
Germano Dushá
(Serra dos Carajás (PA), 1989 )
Thiago de Paula Souza
(Taboão da Serra (SP), 1985 )
Ariana Nuala
(Recife (PE), 1993 )
artistas
Adriano Amaral
(Ribeirão Preto (SP), 1982)
Advânio Lessa
(Ouro Preto (MG), 1981)
Ana Clara Tito
(Rio de Janeiro (RJ), 1993)
Davi Pontes
(Rio de janeiro (RJ), 1990)
Dona Romana
(Natividade (TO), 1941)
Frederico Filippi
(São Carlos (SP), 1983)
Gabriel Massan
(Nova Iguaçu (RJ), 1996)
Ivan Campos
(Rio Branco (AC), 1960)
Jonas Van & Juno B
(Jonas Van - Fortaleza (CE), 1989 | Juno B. - Fortaleza (CE), 1982)
Labô Young
(Belém (PA))
Rafael RG
(Guarulhos (SP), 1986)
Rafaela Kennedy
(Manaus (AM), 1994)
Lucas Arruda
(São Paulo (SP), 1983)
Marcus Deusdedit
(Belo Horizonte (MG), 1997)
Maria Lira Marques
(Araçuaí (MG), 1945)
Marina Woisky
(São Paulo (SP), 1996)
Melissa de Oliveira
(Morro do Dendê (RJ), 2000)
Mestre Nado
(Olinda (PE), 1945)
Noara Quintana
(Florianópolis (SC), 1986)
Paulo Nimer Pjota
(São José do Rio Preto (SP), 1988)
Paulo Pires de Oliveira
(Poxoréo (MT), 1972)
Rebeca Carapiá
(Salvador (BA), 1988)
Solange Pessoa
(Ferros (MG), 1961)
Tropa do Guriloko
(Rio de Janeiro (RJ), 2023)
Zahỳ Tentehar
(Reserva indígena Cana Brava ( MA), 1989)
Zimar
(Matinha (MA), 1959)
podcast

O MAM apresenta seu primeiro podcast original: a série em áudio “Mil graus”.

O podcast foi batizado com o mesmo título da exposição, Mil graus, e traz a ideia de um calor-limite, conceito proposto pela curadoria do 38º Panorama para aludir à uma temperatura em que tudo derrete, desmancha e se transforma.

A série é uma forma de aprofundar e ampliar discussões essenciais da exposição. Ao longo de seis episódios, os ouvintes podem conhecer mais sobre o 38º Panorama do MAM, bem como histórias e curiosidades sobre alguns dos coletivos e artistas que participam da exposição.

O podcast Mil graus está disponível nos principais tocadores: Spotify, Deezer, Apple Podcast e YouTube.

Ficha técnica:
Mil graus é um podcast original do Museu de Arte Moderna de São Paulo, com patrocínio do Nubank e da EMS através da Lei federal de incentivo à cultura, Ministério da Cultura, Governo Federal, Brasil União e Reconstrução
Direção e produção executiva: Trovão Mídia
Concepção: Ane Tavares, Ariana Nuala, Germano Dushá e Thiago de Paula Souza
Apresentação: Adriana Couto
Pesquisa e roteiro: Flavia Martin
Edição, mixagem e montagem de som: Pedro Vituri
Trilha sonora original: José Hesse
Identidade visual: Raul Luna
Design: Paulo Macedo

clique aqui e ouça na Deezer
clique aqui e ouça na Apple Podcast

mídias assistivas
AD 01 - Texto Curatorial
04:02
AD 02 - Galpão Sesc Campinas
05:03
AD 03 - Adriano Amaral
07:32
AD 04 - Advanio Lessa
05:37
Ad 05 - Ana Clara Tito
05:12
AD 06 - Dona Romana
05:47
AD 07 - Frederico Fillipi
02:23
AD 08 - Gabriel Massan
04:42
AD 09 - Ivan Campos
03:17
AD 10 - Jayme Fygura
03:42
AD 11 - Jonas Van e Juno B
03:58
AD 12 - Labo & Rafaela Kennedy
04:51
AD 13 - Lucas Arruda
03:00
AD 14 - Marcus Deusdedit
04:26
AD 15 - Maria Lira Marques
03:18
AD 16 - Marina Woisky
03:19
AD 17 - Melissa de Oliveira
04:54
AD 18 - Mestre Nado
05:01
AD 19 - Noara Quintana
03:42
AD 20 - Paulo Nimer Pjota
04:32
AD 21 - Paulo Nimer Pjota
04:15
AD 22 - Paulo Pires
03:21
AD 23 - Rebeca Carapiá
02:57
AD 24 - Solange pessoa
03:19
AD 25 - Zahỳ Tentehar
04:24
AD 26 - Zimar
07:28

Videoguia | Itinerância 38º Panorama da arte brasileira Mil Graus | Parte 1

Videoguia | Itinerância 38º Panorama da arte brasileira Mil Graus | Parte 2

Videoguia | Itinerância 38º Panorama da arte brasileira Mil Graus | Parte 3
serviço

Itinerância do 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus

Curadoria:
Curadoria-adjunta:
Abertura:
Período expositivo:
Realização:
Local:
Endereço:
Funcionamento:
Gratuito

Mais informações em: mam.org.br/38panorama | sescsp.org.br