Os livros de artista floresceram nos últimos cinquenta anos. Embora certos livros já tivessem sido impressos com a colaboração de artistas, desde o século XVIII, a busca por formatos alternativos de obra de arte incentivou o uso do livro para multiplicar exemplares de uma produção que buscava circular por fora de instituições consagradas, como museus e galerias. Assim, um número crescente de artistas passou a criar obras tecnicamente estruturadas como um livro, mas que desafiavam nossas expectativas sobre tal objeto.
Nas décadas de 1960 e 70, os livros de artista utilizaram a escrita impressa e o desenho gráfico como ferramentas para veicular obras de arte mais próximas da teoria. Tratava-se de uma estratégia para gerar reflexão no público, chamando atenção para temas políticos, como a própria indústria de comunicação de massa, da qual as gráficas que imprimem livros fazem parte.
A partir dos anos 1980, houve um interesse crescente pela materialidade do livro. Além das propriedades dos papéis, as tintas e encadernações tornaram-se matéria-prima para experiências diversas com carimbos, colagens e diversos expedientes técnicos que singularizavam a produção do livro de artista. Logo, cada peça poderia ser única, aproximando-se novamente da obra de arte original. Desde então, os artistas têm transitado entre livros mais conceituais ou mais plásticos.
O experimentalismo do livro de artista foi identificado pelas bibliotecas de arte, antes mesmo de os museus prestarem atenção a tal inovação. Foi assim que a Biblioteca do mam formou uma coleção de livros, que agora trazemos ao público. Reunimos aqui livros de artista que não foram produto de editoras comerciais, enfatizando o trabalho singular de certas tiragens. O pioneirismo da Biblioteca do mam fomentou também importantes doações, levando à constituição de uma das coleções mais relevantes de livros de artista do país.
Felipe Chaimovich
Curador
Glossário
Livro: coleção de folhas em branco e/ou que portam imagens, usualmente fixadas juntas por uma das bordas e refiladas nas outras para formar uma única sucessão de folhas uniformes.
Livro de arte: livro em que a arte ou o/a artista é o assunto.
Livro de artista: livro em que um/uma artista é o/a autor/autora.
Arte do livro: arte que emprega a forma do livro.
Livro-obra: obra de arte dependente da estrutura de um livro.
Livro-objeto: objeto de arte que alude à forma de um livro.
(Classificação da Sociedade de Bibliotecas de Arte da América do Norte, de 1982, em Paulo Silveira. A página violada. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2008, 2ª ed., p. 47.)
Detalhe da obra de Paulo Bruscky, 3X4 Show. Foto: Karina Bacci
Abertura: | terça-feira, 10 de dezembro de 2019, às 20h |
Visitação: | 11 de dezembro de 2019 a 26 de fevereiro de 2020 |
Local: | Museu de Arte Moderna de São Paulo |
Endereço: | Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3) |
Horários: | terça a domingo, das 10h às 17h30 (com permanência até as 18h) |
Ingresso: | R$ 10,00. Gratuidade aos sábados. Meia-entrada para estudantes e professores, mediante identificação. |
Gratuidade para menores de 10 e maiores de 60 anos, pessoas com deficiência, sócios e alunos do MAM, funcionários das empresas parceiras e museus, membros do ICOM, AICA e ABCA com identificação, agentes ambientais, da CET, GCM, PM, Metrô e funcionários da linha amarela do Metrô, CPTM, Polícia Civil, cobradores e motoristas de ônibus, motoristas de ônibus fretados, funcionários da SPTuris, vendedores ambulantes do Parque Ibirapuera, frentistas e taxistas com identificação e até 4 acompanhantes.