Nova aquisição: Sérgio Milliet

Nova aquisição: Sérgio Milliet

01 mar 24 a 25 ago 24 visite
em cartaz
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Sérgio Milliet (São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966) ocupa um lugar particular na história da arte brasileira. Além de ser um dos protagonistas do modernismo brasileiro, produzindo literatura, poesia, crítica e pintura, Milliet também foi um dos agentes decisivos na primeira fase da história do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 2024, um autorretrato feito por ele foi doado por Maria Lúcia de Araújo Cintra ao acervo do museu.

A pintura a óleo sobre madeira de Sérgio Milliet está em exposição na Biblioteca Paulo Mendes de Almeida do MAM e apresenta autorretratos com diferentes acabamentos nas duas superfícies do suporte. Em ambos os lados, os elementos faciais do autor são formados ou atravessados por linhas curvas e diagonais, que também estruturam o espaço circundante. Na face mais acabada da obra, todos os planos fragmentados são preenchidos por cores, mas em um dos planos centrais, que corresponde a um lado do rosto, falta um olho e a pouca coloração indica que essa também não seria a versão final da pintura. O autorretrato na outra face do suporte é colorido apenas parcialmente nos planos superiores, mas também contém os traços do rosto que reaparecem no lado oposto.


A formação na Suíça e em Paris no início do século 20 ofereceram a Milliet contato com transformações artísticas e científicas que foram determinantes ao ocidente. Nesse período, ele adquiriu uma familiaridade com o modernismo que contribuiu para a difusão da arte das vanguardas europeias no Brasil entre as décadas de 1920 e 1960. Com a sua poesia, ele participou da Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo. Além disso, foi relevante a contribuição de Milliet para o processo de institucionalização da arte moderna no Brasil. Realizações como a Seção de Arte da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, inaugurada em 1945; a ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte), criada em 1949; o Museu de Arte Moderna de São Paulo, fundado em 1948, e a Bienal de São Paulo devem à presença e participação ativa de Sérgio Milliet em suas trajetórias. Nas duas últimas, ele desempenhou o papel de diretor artístico respectivamente em 1952–57 e 1953–58.


Em 1969, o MAM São Paulo apresentou a exposição Homenagem a Sérgio Milliet, onde reuniu pinturas que estavam espalhadas em coleções de amigos do artista. Por ocasião do encerramento, o crítico Geraldo Ferraz publicou um artigo no Estado de S. Paulo sugerindo que Milliet “não foi um simples pintor de domingo”, mas as suas diversas ocupações teriam sido a causa da ausência de um feito criativo de maior relevância. No artigo, que está disponível para consulta na Biblioteca do MAM, Ferraz também sumariza os principais conjuntos da obra, destacando os retratos e as paisagens.

De modo geral, a pintura de Milliet apresenta traços simples e claros que, em muitos casos, circunscrevem seu esforço por um uso mais formal da cor. São comuns os planos fracionados com diferentes cores e luminosidades, remetendo aos ideais estéticos do cubismo e ao exercício cromático do expressionismo francês. Isso é notável nas seis pinturas de Sérgio Milliet que o MAM já possui no seu acervo e também nesse autorretrato frente-e-verso recém adquirido.

Gabriela Gotoda
Curadoria MAM São Paulo


 
realização 
Sérgio Milliet
(São Paulo, SP, 1898 - São Paulo, SP, 1966)
Sérgio Milliet

Sérgio Milliet (São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966) foi um dos protagonistas da primeira fase da história do MAM São Paulo, e além de escritor e crítico, foi também um pintor relevante. Participante ativo da Semana de Arte Moderna de 1922, Milliet foi um dos expoentes do modernismo brasileiro. A sua relação com o MAM se inicia no momento de gênese desse museu, do qual foi um dos mais ativos idealizadores e organizadores. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da ABCA (Associação Brasileira dos Críticos de Arte). Foi o segundo diretor artístico do MAM, entre 1952 e 1957, quando realizou a primeira retrospectiva de Tarsila do Amaral, além de ter exercido o papel de diretor artístico da Bienal de São Paulo entre 1953 e 1958, sendo responsável pela 2ª, 3ª e 4ª edições. Alguns anos após seu falecimento em 1966, o MAM organizou uma exposição de suas pinturas, prestando grandes homenagens à trajetória e vida de Sérgio Milliet.


Foto: Dulce Carneiro

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Nova aquisição: Sérgio Milliet

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*Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de São Paulo, com identificação; amigos e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura. Telefone: (11) 5085-1300 Acesso para pessoas com deficiência Restaurante/café Ar-condicionado