Recriação da performance Blank Placard Dance (1967) de Anna Halprin, pela coreógrafa francesa Anne Collod com colaboração artística de Cécile Proust. Realizada em diversos países como França, Espanha, Suíça, Alemanha e Canadá, a proposta convida os mais diversos interessados por uma experiência artística a compor uma marcha, ao som de uma banda, a ser realizada no Parque Ibirapuera nos dias 24 e 25 de novembro às 15h partindo do MAM. Você gostaria de ser um dos performers?
A cada país onde a performance é executada tanto o repertório musical da banda quanto os participantes retratam muito da realidade ali vivida. Portanto, nesta edição em São Paulo, a marcha contemplará a diversidade de corpos que existe no Brasil, convocando a representatividade das etnias, ancestralidades, identidades de gênero e corpos dissidentes.
Não é necessária experiência com dança e/ou performance. Aberto a todos os públicos e todos os corpos. Basta ter mais de 18 anos para se voluntariar e ter disponibilidade para ensaios noturnos das 19h30 às 21h30 nos dias 22 e 23/11, e/ou para as apresentações às 15h nos dias 24 e 25/11.
Realização Institut Français Paris, Institut Français du Brésil, Consulado Geral da França em São Paulo, e Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Sobre a performance
Em diálogo com Anna Halprin, Anne Collod recria a coreografia do American Blank Placard Dance, executada em 1967 em São Francisco em reação e resposta à guerra do Vietnã e à agitação social nos EUA, com os integrantes do San Francisco Dancers Workshop, grupo que Anna Halprin fundou.
Esta performance é realizada por voluntários (manifestantes-performers) carregando cartazes e marchando silenciosamente pelas ruas movimentadas da cidade. Quando as pessoas perguntam “Sobre o que você está protestando?”, os manifestantes respondem “O que você quer protestar?”. E assim coletam suas respostas. Sempre acompanhados por uma banda que dá ritmo à marcha coreografada com um repertório de música de protesto.
Esta performance é emblemática no ciclo de trabalho que Anna Halprin desenvolveu a partir de 1965. Ela explora a dimensão política da performance e sua inscrição no espaço urbano, na encruzilhada do acontecimento, teatro de rua e arte ativista. Ela procura testar restrições sociais e institucionais, para incomodar a fronteira entre artistas e público e encorajar a experiência direta como um compromisso tanto artístico quanto político.
Com a Blank Placard Dance, Replay, esta pequena utopia em andamento, interrompida pela polícia nos anos sessenta, continua a ativar o espírito de luta de Halprin, e questiona com força e delicadeza a arte da manifestação de hoje.
Anna Halprin, nascida em 1920, é uma figura importante da dança pós-moderna americana. Ela foi uma das principais experimentadoras na Califórnia entre os anos 1950 e 1960 e pioneira no uso da dança como técnica de cura e fonte de experiência ritual. Em 1955, ela fundou a Oficina dos Dançarinos, um grupo interdisciplinar de artistas e intérpretes. Seu uso de improvisação, interações entre artista e ambiente, vínculos entre arte e sociedade criaram uma nova área para artistas de vanguarda e influenciaram vários coreógrafos de Judson, incluindo Yvonne Rainer e Trisha Brown. Desde a década de 1970, quando foi diagnosticada com câncer, desenvolveu um “processo de visualização psicocinética” para abordar seu tratamento holisticamente. A partir disto ela ministrou oficinas para pessoas que vivem com câncer, AIDS e outras doenças potencialmente fatais. Nas últimas décadas, ela se concentrou em rituais com pessoas comuns sobre questões da vida real. Aos 97 anos, ela ainda dança, cria e ensina. Suas muitas honras incluem o Doris Duke Impact Award e Isadora Duncan Dance Award em 2014, bem como prêmios anteriores do National Endowment for the Arts, Fundação Guggenheim, American Dance Festival, Universidade de Wisconsin, e a Fundação San Francisco.
Anne Collod é dançarina e coreógrafa contemporânea francesa, formada em biologia e ciências ambientais. Dançou para vários coreógrafos e iniciou seu próprio trabalho focado nos tópicos de reinterpretação de grandes obras de dança do passado e nas utopias do coletivo. Em seus projetos, ela liga desempenho, pesquisa e ensino. Recebeu um Bessie Award em 2009 por sua reinterpretação do Halprin’s Parades & Changes (1965), e é a beneficiária do programa francês Villa Medicis Hors les Murs, e possui certificado na técnica de Feldenkrais.
Cécile Proust é uma coreógrafa que questiona construções de gênero no trabalho e a partir disto criou inúmeras apresentações. Possui mestrado na Sciences Po Programa Experimental em Arte e Política, dirigido por Bruno Latour. Colabora regularmente com Anne Collod.
Inscrições: barbara_jimenez@mam.org.br e mais informações pelo telefone 11 5085 1315.