Vontade Construtiva na Coleção Fadel

Vontade Construtiva na Coleção Fadel

31 mar 14 – 15 jun 14
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Obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Amilcar de Castro, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, entre outros grandes nomes da arte nacional, todas pertencentes ao acervo de cerca de três mil obras da Coleção Hecilda e Sergio Fadel estão reunidas na mostra Vontade Construtiva na Coleção Fadel, que o Museu de Arte Moderna de São Paulo abre dia 31 de março, numa nova leitura do curador Paulo Herkenhoff, e fica em cartaz até 15 de junho, com patrocínio da EDF Norte Fluminense.

Depois de inaugurar em 2013 o Museu de Arte do Rio (MAR), Vontade Construtiva na Coleção Fadel chega a São Paulo em nova versão, com 216 obras, algumas compradas exclusivamente para esta edição, como o conjunto de sete peças de serigrafia de Mary Vieira; uma tela de Judith Lauand; tela do português naturalizado brasileiro Alberto Teixeira; uma peça do vanguardista Raul Porto; um óleo sobre tela de Leopoldo Raimo e duas obras do concretista Maurício Nogueira Lima.

A exposição revela como a coligação entre os movimentos modernos e pós-modernos resultaram na edificação cultural do país, além de apresentar ao público a concepção, em sintonia com a famosa frase de Hélio Oiticica, de que existe na arte brasileira “uma vontade construtiva geral”. A frase inspirou o curador a montar a exposição de uma forma ampliada do conceito construtivo, incluindo outros nomes famosos como Iberê Camargo, Ivan Serpa, Waldemar Cordeiro, Waltércio Caldas e Abraham Palatnik.

A vontade construtiva pode ser exemplificada por obras como Maternidade em círculos (1908), de Belmiro de Almeida – anterior à Semana de Arte Moderna de 1922. Também pode ser notado o construtivismo da geração modernista nos retratos de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, feitos por Anita Malfatti; e na obras A Boneca (1928) de Tarsila do Amaral, e Roda de Samba (1929) de Di Cavalcanti.

Ao expor o movimento construtivo no Brasil, seja por experiências individuais ou movimentos coletivos, a mostra proporciona a experiência do público tanto com as primeiras aproximações das vanguardas artísticas europeias do início do século XX – quando a geometria era utilizada como indício da razão humana e modo de ordenação da realidade -, como com os desdobramentos entre os anos 1960 e 1980, quando o experimentalismo congregou questões sociopolíticas, além do conceitualismo e a revisão do modernismo.

Os movimentos concretista e neoconcretista conhecidos, respectivamente, pelo racionalismo artístico e reação à objetividade excessiva ganham vida por meio de indivíduos e coletivos, com destaque a dois núcleos distintos, criados nos anos 1950. Do paulista Ruptura, formado por artistas ligados ao concretismo, há obras de Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux e Anatol Wladislaw. Já o carioca grupo Frente, usuário da abstração geométrica, ostenta trabalhos de Ivan Serpa e Lygia Pape e obras-primas como a série Bicho (1960), de Lygia Clark; Relevo espacial, de Hélio Oiticica; e Preto Branco, de Aluísio Carvão, ambos de 1959.

Até a Segunda Guerra Mundial, o modernismo brasileiro seguia as vanguardas europeias, que giravam em torno da geometria, que ainda se mantinha como modo de ordenação da realidade e de representação do mundo. A transformação aconteceu após o fim da guerra, com a adesão de artistas, críticos e instituições à ideia da arte abstrata na vertente geométrica. A criação dos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, do MASP e da Bienal de São Paulo acelerou o diálogo internacional dos artistas brasileiros

O início da década de 1950 passou por um processo de extensos embates estéticos. A resistência de modernistas como Mário de Andrade e Di Cavalcanti, por exemplo, à arte abstrata ganhou a aliança do Partido Comunista. No campo da arte abstrata, Waldemar Cordeiro e outros geométricos opunham-se aos informais pela falta de rigor e pelo excesso de individualismo. Os artistas abstrato-geométricos também disputavam entre si, reivindicando princípios diferentes para a organização. Esses conflitos transformaram essa década na mais complexa disputa intelectual da arte brasileira no século XX.

Do período de 1960 a 1980, que engloba a segunda geração construtiva, a mostra conta com obras influenciadas pelo contexto social, econômico e político pelo qual passavam o Brasil e a América Latina neste período, o que abrange a cultura de massa, a ditadura militar e a emancipação da mulher. Com produções inovadoras e diversificadas, artistas como Mira Schendel, Sergio Camargo, Ascânio MMM e Waltércio Caldas evidenciam a consagração do movimento construtivo na cultura brasileira.

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