Carmela Gross: Marapé

Carmela Gross: Marapé

03 jul 14 – 14 dez 14
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Projeto Parede do MAM apresenta obra de Carmela Gross que mescla dados de imigrantes e nomes em tupi para abordar um aspecto da formação da sociedade brasileira

 Artista utiliza um conjunto de placas metálicas coloridas com nomes e dados de pessoas de várias nacionalidades que chegaram a São Paulo misturados com a designação tupi de acidentes geográficos

 Nome, sobrenome, idade, país de origem e data de chegada a São Paulo. Dados que preenchem fichas cadastrais de diversos imigrantes que chegaram no estado em meados e no final do século XIX servem de conteúdo para a artista multimídia Carmela Gross criar Marapé, obra selecionada para o segundo Projeto Parede de 2014 – em que o MAM convida dois artistas por ano para ocupar todo o corredor de acesso entre o saguão de entrada e a Grande Sala.  A obra se utiliza de 531 diferentes placas metálicas de sinalização grafadas com nomes e informações sobre os imigrantes misturadas a outras com nomes de acidentes geográficos em tupi para ilustrar a história e a miscelânea que formou a população paulista e a língua que usamos, possibilitando uma ampla visão da presença e da influência do imigrante na sociedade brasileira.

Após extensa pesquisa no Arquivo Público do Estado de São Paulo, que possui mais de dois milhões de registros de imigrantes de diversas etnias e nacionalidades, a artista selecionou 390. “Os nomes de imigrantes foram a primeira chave para a elaboração do projeto. Comecei por Gross, de minha família paterna, que aportou por aqui em 1889, e encontrei muitos outros nomes, de variados países, além de datas, navios, cidades e núcleos de destino”, explica a artista. “Os arquivos foram inscritos em um conjunto de placas de ferro esmaltado, destas que sinalizam nomes de ruas e praças, porém de variados tamanhos e cores, distribuídas pela parede e nos degraus da escada de acesso ao espaço expositivo do museu”.

Ao explorar a ligação familiar, a memória afetiva e a realidade desses imigrantes, Carmela mistura nomes, países de origem e a idade com que chegaram ao Brasil com nomes de rios, montanhas, povoados, cidades e bairros que representam o território indígena, pois são escritos em tupi (como Aricanduva, Tiete, Itu, Anhangabaú), e constituem uma referência à língua geral paulista, recorrente no planalto de Piratininga até meados do século XVIII. Essa miscelânea gera uma plataforma deste novo país que se formava, ao mesclar etnias, nacionalidades e línguas. “Os diversos nomes escolhidos são apenas a ala de frente que representa uma multidão.” finaliza.

Artista
Carmela Gross

A artista realiza trabalhos em grande escala que se inserem no espaço urbano e assinalam um olhar crítico sobre a arquitetura, a história urbana, os automóveis, a noite, a rua e os fluxos luminosos da cidade.O eixo comum, para além da diversidade dos contextos e das propostas elaboradas em cada caso, é o conceito básico de trabalhar-na-cidade, de modo que a obra e o fluxo urbano se pertençam e se misturem. O conjunto de operações que envolvem desde a concepção do trabalho, passando pelo processo de produção, até a disposição no lugar de exibição enfatizam a relação dialética entre a obra e o espaço, entre a obra e o público transeunte. Os trabalhos procuram engendrar novas percepções artísticas que afirmam uma ação e um pensamento críticos e que trazem à tona a carga semântica do lugar, seja ele um espaço público, uma instituição ou o momento de uma exposição.

serviço

Carmela Gross: Marapé

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