A fotografia – em especial as experiências fotográficas modernas – está bem representada na coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Artistas como Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), Geraldo de Barros (1923-1998) e Thomaz Farkas (1924-2011), entre os anos 1940 e 1950, momento da institucionalização da arte moderna no Brasil, são centrais na renovação da linguagem fotográfica.
A discussão sobre figuração e abstração que dominava a arte do período se manifesta no trabalho de Geraldo de Barros, em especial na série Fotoforma, da década de 1950, em que ele utiliza técnicas de solarização, manipulação e sobreposição de fotogramas. Sua obra se aproxima das vanguardas construtivas, do cubismo e do abstracionismo.
O olhar de Thomaz Farkas enquadra o espaço urbano a partir de formas geométricas e com ângulos até então não usuais. Sua fotografia aponta para a quebra dos padrões tradicionais de composição ao eleger como tema o cotidiano de grandes centros urbanos como São Paulo, criando imagens que se situam entre o documental e o geométrico extraído da própria referência urbana brasileira.
Já Alberto da Veiga Guignard, em vez de se aproximar da arte construtiva geométrica, olha para as tendências surrealistas, trazendo discussões sobre o real e o imaginário, o consciente e o inconsciente, a partir de fotomontagens que se abrem para um universo místico e distante do racionalismo. Mais que mero registro, as experiências fotográficas modernas são um modo de imaginar e inventar outras maneiras de se relacionar com o mundo.
Você pode continuar sua visita na Biblioteca Mário de Andrade. O MAM São Paulo, em parceria com a BMA, realiza a mostra Do livro ao museu, na sala Tula Pilar Ferreira. A mostra aborda o processo de sedimentação da arte moderna no Brasil, tanto a partir de livros e edições de artistas quanto de pinturas, gravuras e esculturas que revelam o debate entre figuração e abstração na metade do século 20.
Cauê Alves e Pedro Nery Museu de Arte Moderna de São Paulo
mídias assistivas
Alberto da Veiga Guignard – Sem Título (1949)
Fotografia e vanguarda do MAM São Paulo
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Pedro Nery
É museólogo e curador. Formado em História e mestre em Museologia pela Universidade de São Paulo, atuou como pesquisador e curador da Pinacoteca de São Paulo (2011-2019), onde organizou as retrospectivas Rosana Paulino: Costura da Memória (2018-2019) e Marepe: Estranhamente Comum (2019). Atualmente é museólogo do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) e colabora na implantação do Centro de Documentação e Memória do museu.
serviço
Exposição:
Fotografia e vanguarda do MAM São Paulo
Local:
Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade (R. Dr. Bráulio Gomes, 139 – República, São Paulo – SP)
Curadoria:
Cauê Alves e Pedro Nery
Período expositivo:
4 de outubro a 7 de dezembro de 2025 Entrada: gratuita
A mostra Do livro ao museu é composta, em sua maioria, por obras das décadas de 1940 e 1950, período de sedimentação da arte moderna e de espaços dedicados a ela, além de uma seleção criteriosa de livros adquiridos a fim de representar a produção moderna na coleção da Biblioteca Mário de Andrade nesse período. Obras raras e importantes, como Jazz, de Henri Matisse, ou Cirque, de Fernand Léger, são exemplares de grande relevância que colocaram artistas e pesquisadores brasileiros em contato com a produção modernista europeia.
A colaboração entre o MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade evidencia a produção nacional de álbuns e livros, e o início da produção gráfica artística, com edições de artista feitas quase inteiramente à mão, como a de Milton Dacosta, com guaches, ou Fantoches da meia-noite, de Di Cavalcanti, que combina impressões com aquarelas. A exposição chega até a criação dos primeiros livros produzidos com tiragem limitada e impressões de alta qualidade da coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos, conduzida pelo colecionador de arte Raymundo Castro Maya a partir de 1943.
A mostra abarca ainda obras da coleção do MAM São Paulo que remetem às tensões da produção moderna brasileira, que naquele período entra numa intensa disputa entre abstração e figuração, discussão presente na mostra inaugural do museu, Do figurativismo ao abstracionismo, em 1949. Sérgio Milliet, homenageado com seu autorretrato na mostra, sempre se posicionou a favor da experimentação livre da linguagem artística moderna, sem tomar um partido claro, o que deu margem a mal-entendidos. Do livro ao museu aborda também a emergência da vanguarda concretista na década de 1950, em oposição ao abstracionismo informal, observando os vários sentidos e direções que a arte moderna tomou no Brasil nesse período.
Embora a biblioteca e o museu tenham funções diferentes, historicamente nasceram juntos, compartilhando a missão de preservar, organizar e mediar conhecimentos. Ambos são mais que guardiões do patrimônio material e imaterial; são espaços de encontro e aprendizado, estimulando a pesquisa, a reflexão e a imaginação. Do livro ao museu integra as comemorações dos cem anos da Biblioteca Mário de Andrade, lembrando as origens em comum de ambas as instituições e abrindo caminhos para colaborações e parcerias futuras.
Cauê Alves e Pedro Nery Museu de Arte Moderna de São Paulo
Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade (Libras)
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Pedro Nery
É museólogo e curador. Formado em História e mestre em Museologia pela Universidade de São Paulo, atuou como pesquisador e curador da Pinacoteca de São Paulo (2011-2019), onde organizou as retrospectivas Rosana Paulino: Costura da Memória (2018-2019) e Marepe: Estranhamente Comum (2019). Atualmente é museólogo do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) e colabora na implantação do Centro de Documentação e Memória do museu.
artistas
Arthur Luiz Piza
(São Paulo, SP, Brasil, 1928 – Paris, França, 2017)
Arthur Luiz Piza nasceu em São Paulo, SP, Brasil (1928) e faleceu em Paris, França (2017). Estudou pintura e afresco com Antonio Gomide e, a partir de 1951, viveu em Paris, onde aperfeiçoou técnicas de gravura em metal. Embora também tenha atuado como desenhista e escultor, destacou-se sobretudo como gravurista, afirmando essa linguagem como campo de experimentação técnica e cromática. Inovou ao escavar profundamente as matrizes, criando baixos-relevos que introduziram diferentes planos, volumes e texturas, expandindo a gravura nacional em direção à abstração geométrica e à exploração da cor e da luz. Recebeu o Grande Prêmio Nacional de Gravura da 5ª Bienal de São Paulo (1959) e o Prêmio David Bright da Bienal de Veneza (1966). Entre suas retrospectivas recentes, destacam-se A gravura de Arthur Luiz Piza, Pinacoteca de São Paulo (2015), e Homenagem a Piza, MAM São Paulo (2018). O MAM São Paulo possui 94 gravuras do artista em sua coleção.
Alberto da Veiga Guignard
(Nova Friburgo, RJ, Brasil, 1896 – Belo Horizonte, MG, Brasil, 1962)
Nasceu em Nova Friburgo, RJ, Brasil (1896) e faleceu em Belo Horizonte, MG, Brasil (1962). Formou-se em pintura na Europa, estudando em academias prestigiadas de Munique e Florença antes de retornar ao Brasil em 1929. Atuou como pintor, desenhista, ilustrador e professor, sendo reconhecido como um dos grandes nomes do modernismo brasileiro. Destacam-se em sua obra as paisagens de Ouro Preto e outras cidades históricas de Minas Gerais, em que igrejas barrocas, casarios coloniais e balões festivos surgem em atmosferas oníricas e poéticas. Também produziu retratos de familiares, amigos e figuras culturais, notáveis pela delicadeza do traço e riqueza decorativa. Criou a Escola Guignard, em Belo Horizonte, por onde passaram artistas como Amilcar de Castro e Lygia Clark. Entre suas retrospectivas recentes, destacam-se Guignard: a memória plástica do Brasil moderno, no MAM São Paulo (2015), e A paixão segundo Guignard, no Palácio das Artes, Belo Horizonte (2024).
Antonio Henrique Amaral
(São Paulo, SP, Brasil, 1935 – 2015)
Iniciou sua formação na Escola do MASP (1952), e a completou estudando gravura com Lívio Abramo no MAM São Paulo (1956). A partir dos anos 1960, aproximou-se da nova figuração, incorporando elementos da publicidade, da cultura de massa e do grafite em obras de forte carga política. Nesse contexto, a banana tornou-se uma imagem marcante de sua produção. Representada cortada, amarrada ou transpassada por facas, a fruta é trabalhada como síntese visual crítica de tensões da ditadura militar, metáfora econômica do Brasil, ou até imagem de conotação erótica. Em paralelo, desenvolveu também retratos marcados por rostos fragmentados e distorcidos, explorando uma frente mais experimental e expressionista de sua pintura. Entre mostras recentes, destacam-se Aglomeração – Antonio Henrique Amaral, Instituto Tomie Ohtake (2020), e Antonio Henrique Amaral: Pelo Avesso, Casa Triângulo (2021).
Alexandre Wollner
(São Paulo, SP, Brasil, 1928 – 2018)
Estudou no Instituto de Arte Contemporânea (IAC), em São Paulo, com Lina Bo Bardi, e em seguida na Escola de Ulm, na Alemanha, sob orientação de Max Bill. Foi pioneiro e figura central do design gráfico moderno no Brasil. Na década de 1950, integrou o Grupo Ruptura, aproximando-se das tendências do concretismo. Fundou o Form-Inform, primeiro escritório de design do país, e foi um dos criadores da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), no Rio de Janeiro. Produziu cartazes, pinturas e desenhos de linguagem geométrica abstrata, além de programas celebrados de identidade visual, como os logotipos de empresas como Itaú, Ultragás, Hering e Philco. Em 2010, foi agraciado com a Ordem do Ipiranga pelo Governo do Estado de São Paulo. Sua obra foi celebrada na mostra retrospectiva Alex Wollner Brasil: Design Visual, no Museu da Casa Brasileira (2019). Seu arquivo fotográfico é conservado pelo Instituto Moreira Salles.
Candido Portinari
(Brodowski, SP, 1903 – Rio de Janeiro, RJ, 1962)
Formou-se na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Reconhecido como um dos maiores nomes da arte brasileira, dividiu sua produção entre pintura, desenho, gravura e muralismo. Sua obra trata de questões sociais e históricas, com destaque para temas e figuras simbólicas que forjaram um imaginário nacional, como trabalhadores, retirantes, crianças e cenas festivas. Suas composições são marcadas pelo uso expressivo da cor, pela figuração simplificada de forte impacto gráfico e pela síntese entre tradições populares e soluções pictóricas modernas. Por meio de encomendas oficiais, realizou diversos painéis para instituições públicas e governamentais, em diálogo com projetos icônicos de arquitetura moderna, como os murais realizados para o edifício Gustavo Capanema de 1943 no Rio de Janeiro, na qual se consuma a ideia de arte como bem coletivo. Entre exposições recentes, destacam-se No ateliê de Portinari: 1920-45, MAM São Paulo (2011), e Portinari popular, MASP (2016). Seu legado é preservado pelo Projeto Portinari, referência em conservação de espólio e pesquisa artística no Brasil.
Carlos Prado
(São Paulo, SP, Brasil, 1908 – 1992)
Formou-se em arquitetura pela Escola Politécnica de São Paulo, experiência que se refletiu em sua carreira artística na atenção à racionalidade espacial e ao equilíbrio formal das composições. Teórico da arquitetura funcional no Brasil e cofundador do Clube de Artistas Modernos (CAM), integrou o ambiente modernista paulista dos anos 1930. Como pintor e gravurista, desenvolveu uma obra atravessada por preocupações sociais e urbanas, representando trabalhadores, multidões, transportes, fábricas e cenas da cidade moderna. Seus trabalhos articulam procedimentos técnicos da arquitetura a uma síntese geométrica construtiva, desdobrando-se em uma linguagem artística singular, que busca conciliar forma, espaço e conteúdo. Sua obra integra as coleções do MAM São Paulo, da Pinacoteca do Estado, do MASP e do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
Emiliano Di Cavalcanti
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1897 – 1976)
Di Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro, RJ, Brasil (1897) e faleceu em São Paulo, SP, Brasil (1976). Formou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), além de estudar desenho e pintura no Rio de Janeiro e em Paris, onde entrou em contato com as vanguardas europeias, sobretudo o cubismo e o expressionismo, que influenciaram sua linguagem plástica. Pintor, ilustrador e muralista, foi figura central da Semana de Arte Moderna de 1922 e construiu uma obra marcada pela síntese entre cor intensa, volumes robustos, desenho sinuoso e um jogo de luz que enfatiza a atmosfera de suas cenas. Representou alegoricamente elementos da cultura brasileira, como festas populares, carnaval, música e religiosidade, além de cenas urbanas que retratam questões sociais e raciais, como os subúrbios cariocas, trabalhadores e trabalhadoras informais, e a vida coletiva nas cidades, articulando a estética modernista com uma visão crítica. Também realizou murais para espaços públicos e privados, aproximando sua obra da arquitetura moderna. Sua trajetória foi revisitada nas exposições No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos, Pinacoteca de São Paulo (2017) e Di Cavalcanti, muralista, Instituto Tomie Ohtake (2021).
Frans Masereel
(Frans Masereel (Blankenberge, Bélgica, 1889 – Avignon, França, 1972))
Estudou na École des Beaux-Arts de Ghent, onde recebeu formação acadêmica em pintura e desenho. Nome fundamental da arte gráfica de cunho político, atuou como gravador e ilustrador em jornais e revistas. Foi pioneiro ao desenvolver romances visuais em xilogravura sem palavras, explorando a crítica social e política, as contradições do capitalismo e o ideal humanista de justiça. Sua obra é marcada por forte influência do expressionismo alemão e pela introdução dessa linguagem na Bélgica, com o grupo Les Cinq e a revista Lumière. O uso dramático do preto e branco, com jogos de luz e sombra, confere tensão narrativa e impacto gráfico a suas composições. Além das gravuras, ilustrou livros de autores como Thomas Mann e Émile Zola. Seu legado foi revisitado na retrospectiva Frans Masereel, no Instituut voor Sociale Geschiedenis, Amsterdã, Holanda (2022).
Franz Weissmann
(Knittelfeld, Áustria, 1911 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2005)
Chegou ao Brasil em 1921 e estudou na Escola Nacional de Belas Artes, que abandonou pelo caráter excessivamente acadêmico, complementando sua formação em ateliês e na Escola do Parque, em Belo Horizonte. Integrou o Grupo Frente e foi um dos fundadores do neoconcretismo. Foi um dos principais inovadores da escultura brasileira, desenvolvendo uma linguagem de abstração geométrica marcada pelo uso de chapas metálicas submetidas a cortes, dobras e sobreposições. Suas esculturas incorporam o vazio como elemento ativo da construção da forma, articulando espaço e matéria, e empregam a cor chapada para intensificar volumes, ritmos e tensões visuais. O artista também realizou obras de grande escala em praças e edifícios públicos, concebendo trabalhos que não apenas ocupam, mas redesenham o espaço urbano. Entre exposições recentes, destacam-se as retrospectivas Franz Weissmann: o vazio como forma, Itaú Cultural (2019) e Franz Weissmann: ritmo e movimento, Casa França-Brasil (2023).
Fayga Ostrower
(Lodz, Polônia, 1920 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2001)
Chegou ao Brasil em 1934 e estudou artes gráficas na Fundação Getúlio Vargas, tendo aulas de xilogravura e de gravura em metal com Carlos Oswald. Nos anos 1940, produziu gravuras figurativas de matriz expressionista e cubista, voltadas a temas sociais. A partir de 1953, dedicou-se à abstração, desenvolvendo um vocabulário singular em que planos coloridos e linhas ritmadas criam tensões equilibradas e espacialidades luminosas. Suas gravuras exploram a síntese entre rigor construtivo e lirismo poético, distinguindo-se pela clareza formal e pelo uso da cor como elemento estrutural. Lecionou no MAM São Paulo entre 1954 e 1970 e ministrou cursos no Brasil e no exterior, além de publicar obras teóricas de caráter pedagógico como Criatividade e processos de criação (1978). Entre exposições recentes, destacam-se Fayga Ostrower: Imaginação Tangível, Pinacoteca de São Paulo (2021) e Fayga Ostrower – Centenário, Museu da República (2021).
Fernand Léger
(Argentan, França, 1881 – Gif-sur-Yvette, França, 1955)
Um dos principais artistas do século XX, estudou na École des Arts Décoratifs de Paris e aproximou-se do cubismo, desenvolvendo uma vertente própria marcada pela decomposição das formas em cilindros e volumes tubulares, conhecida como “tubismo”. Profundamente influenciado pela modernidade industrial, traduziu máquinas, engrenagens, figuras humanas e arquiteturas modernas em composições de cores chapadas, contornos firmes e dinamismo circular. Como pintor e ilustrador, explorou a relação entre arte, tecnologia e vida urbana, criando imagens de forte impacto gráfico. Professor na Universidade de Yale, nos EUA, transmitiu sua visão a novas gerações. Em 2009, a Pinacoteca de São Paulo apresentou Fernand Léger: relações e amizades brasileiras, que destacou sua interlocução com artistas nacionais.
Geraldo de Barros
(Chavantes, SP, Brasil, 1923 – São Paulo, SP, Brasil, 1998)
Foi um artista plural, que atuou como fotógrafo, pintor, ilustrador e designer de móveis. Ganhou projeção ao promover a fotografia abstrata no Brasil com as Fotoformas, série em que intervinha diretamente nos negativos por meio de cortes e sobreposições, criando imagens que transformavam fragmentos da arquitetura urbana em composições geométricas e dinâmicas. Membro do Foto Cine Clube Bandeirante, explorou a fotografia como campo experimental em diálogo com a abstração. Em seguida, foi um dos signatários do Grupo Ruptura, fundamental para a consolidação da arte concreta no país. No design, fundou a cooperativa Unilabor e a Hobjeto, pioneiras na criação de móveis modernos voltados ao uso coletivo. Sua trajetória inclui ainda a participação no Grupo Rex, nos anos 1960, quando explorou aproximações com a arte pop e a nova figuração. Destacam-se exposições recentes como Geraldo de Barros – Imaginário, Construção e Memória, Itaú Cultural (2021), e Geraldo de Barros e a Fotografia, Instituto Moreira Salles (2014).
Hércules Barsotti
(São Paulo, SP, Brasil, 1914 – 2010)
Iniciou sua formação artística com Enrico Vio e formou-se posteriormente em química industrial pelo Instituto Mackenzie. Em 1954, fundou com Willys de Castro o Estúdio de Projetos Gráficos, realizando projetos de identidade visual para publicações e cartazes para exposições. Sua pesquisa plástica explorou as possibilidades dinâmicas da forma, criando, pela disposição assimétrica de campos cromáticos vibrantes, ilusões de tridimensionalidade. O artista destacou-se pela utilização de formatos pouco usuais em seus quadros, muitas vezes concebidos como losangos, hexágonos e círculos. Nos anos 1950 aproximou-se da arte concreta e, em 1959, integrou o Grupo Neoconcreto no Rio de Janeiro. Sua última grande retrospectiva, Hércules Barsotti: Não-Cor Cor, foi organizada pelo MAM São Paulo (2004).
Hélio Oiticica
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1937 – 1980)
Iniciou sua formação no MAM Rio, no ateliê de Ivan Serpa. É considerado um dos maiores artistas da história da arte brasileira, tendo como principais eixos de trabalho a cor, a espacialidade e a incorporação do público como agente da obra. Foi signatário do Manifesto Neoconcreto, defendendo uma arte que superasse a rigidez geométrica e se abrisse à experiência sensível. Seus primeiros trabalhos, os Metaesquemas, apresentam formas geométricas coloridas que dançam sobre a superfície bidimensional, pesquisa que se desdobrou nos Penetráveis, instalações nas quais esses mesmos elementos tornam-se tridimensionais, criando ambientes que exigem a presença ativa do espectador para se realizarem. No fim da década de 1960, aproximou-se da Estação Primeira de Mangueira e concebeu os Parangolés, capas e estandartes coloridos que transformam o corpo e o movimento em obra viva. Nesse contexto, concebeu também Tropicália, instalação que se tornou ícone da arte brasileira e deu nome ao movimento cultural de contestação ao regime militar. Sua produção foi revisitada na mostra Hélio Oiticica: a dança na minha experiência, uma colaboração entre o MASP e o MAM Rio (2020).
Henri Matisse
(Cateau-Cambrésis, França, 1869 – Nice, França, 1954)
Formou-se inicialmente em Direito, mas abandonou a carreira para estudar na École des Beaux-Arts, em Paris, sob orientação de Gustave Moreau. Ícone da pintura do século XX, é considerado o expoente máximo do fauvismo, vanguarda que defendeu o uso de cores puras, contrastes intensos e liberdade formal. Sua obra é reconhecida por transformar a cor em elemento autônomo e estrutural da composição, capaz de gerar ritmo e equilíbrio sem depender da representação naturalista. No fim da vida, desenvolveu uma técnica de recortes e colagem de papéis coloridos, expandindo sua pesquisa pictórica para novas dimensões de escalas, texturas e espacialidades. Sua produção continua sendo referência essencial da arte moderna, revisitada em mostras como Matisse: The Cut-Outs [Matisse: os recortes] no MoMA, Nova York (2014), e a grande retrospectiva Henri Matisse, Fondation Beyeler, Suíça (2024).
Iberê Camargo
(Restinga Seca, RS, 1914 – Porto Alegre, RS, Brasil, 1994)
Pintor, desenhista e gravador, formou-se no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre e iniciou sua trajetória no sul do Brasil, antes de prosseguir estudos no Rio de Janeiro e na Europa. Sua pintura figurativa, marcada por paisagens e retratos de atmosfera densa, utiliza pinceladas marcadas e cores contrastantes para expressar estados emocionais profundos. A partir do final dos anos 1950, sua obra caminhou para uma linguagem mais gestual e matérica, em que a espessura da tinta, a energia do traço e a tensão entre figura e fundo o aproximaram da abstração, como nas célebres séries dos Carretéis. Suas duas últimas mostras de destaque foram Paisagens de Dentro: as últimas pinturas de Iberê Camargo, (2010) e Iberê Camargo: um ensaio visual (2009), ambas na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, que preserva, pesquisa e difunde seu legado.
Ivan Serpa
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1923 – 1973)
Formou-se com o gravador Axl Leskoschek a partir de 1946 e, desde os anos 1950, consolidou-se como um dos principais nomes da abstração e da arte brasileira da segunda metade do século XX. Foi fundador e líder do Grupo Frente, marco do neoconcretismo no país, ao lado de artistas como Lygia Clark, Lygia Pape, Hélio Oiticica e Abraham Palatnik. Sua produção abstrata caracteriza-se pelo uso de formas geométricas planas, cores intensas e composições ordenadas, que mais tarde se desdobraram em séries com curvas acentuadas e ritmos visuais. Professor do MAM do Rio de Janeiro a partir de 1952, formou gerações de artistas e foi pioneiro em integrar crianças às práticas do museu, experiências refletidas no célebre livro Crescimento e Criação (1954), escrito em conjunto com o crítico Mário Pedrosa. Entre as retrospectivas recentes, destacam-se Ivan Serpa: a expressão do concreto (CCBB, 2021) e Ivan Serpa: Documental (IAC, 2023).
Jean Lurçat
(Bruyères, França, 1892 – Saint-Paul-de-Vence, França, 1966)
Formou-se em artes em Paris, na Académie Colarossi e na École des Beaux-Arts, convivendo com nomes como Henri Matisse e Pablo Picasso. É reconhecido como um dos principais responsáveis pelo renascimento da tapeçaria europeia no século XX, ao recuperar sua autonomia em relação à pintura e propor uma linguagem moderna inspirada na tradição medieval. Suas tapeçarias se caracterizam pelo uso de tramas amplas, pontos largos e cores vibrantes, que reforçam a bidimensionalidade e conferem monumentalidade às composições. Os temas recorrentes incluem a natureza, a mitologia e o apocalipse cristão, concebidos como obras em grande formato e em diálogo com a arquitetura moderna. Além da tapeçaria, atuou como pintor, ceramista e ilustrador de livros, sempre com traços expressivos e imaginação poética. Seu legado é preservado pelo Museu Jean Lurçat de Tapeçaria Contemporânea, em Angers, França, dedicado à valorização da tecelagem moderna e contemporânea.
José Antônio da Silva
(Sales de Oliveira, SP, 1909 – São Paulo, SP, 1996)
Pintor autodidata, tornou-se conhecido pela forma como representou a vida rural do interior paulista. Sua obra retrata paisagens abertas e cenas do cotidiano no campo, como lavouras, colheitas, rebanhos, festas e o convívio comunitário. Seu trabalho equilibra observação e imaginação, com um estilo caracterizado por proporções subvertidas, cores intensificadas e elementos simbólicos que aproximam a cena real de um universo de fantasia pessoal, fazendo de sua pintura um testemunho singular da cultura popular brasileira. Entre exposições recentes, destacam-se José Antônio da Silva: “nasci errado e estou certo”, Pinacoteca de São Paulo (2018) e José Antônio da Silva: pintar o Brasil, Fundação Iberê Camargo (2025). Seu legado é preservado e difundido pelo Museu de Arte Primitivista José Antonio da Silva, em São José do Rio Preto, SP, Brasil.
José Pancetti
(Campinas, SP, 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 1958)
Artista autodidata, com posterior formação no Núcleo Bernardelli, foi retratista e pintor de paisagens, mas se consagrou sobretudo pelas marinhas, expressão mais significativa de sua produção, inspirada em sua experiência como marinheiro nas docas da Itália e nas forças militares do Brasil. Nelas, explorou a relação entre horizonte, mar e céu por meio de linhas curvas e diagonais que estruturam a composição, de escalas amplas e de um uso preciso da luz. Além das marinhas, destacou-se em retratos e autorretratos de traço geométrico e expressão contida, nos quais figuras surgem de maneira sintetizada, muitas vezes em poses laterais ou sombrias. Também produziu naturezas-mortas singulares, em que frutas, flores e objetos aparecem fundidos a retratos ou arranjos pouco convencionais Entre as exposições recentes, destaca-se Pancetti: a poética da marinha, Casa Fiat de Cultura, Belo Horizonte (2017).
Lothar Charoux
(Viena, Áustria, 1912 – São Paulo, SP, Brasil, 1987)
Radicado no Brasil desde 1928, estudou no Liceu de Artes e Ofícios, onde também lecionou desenho. Após uma fase inicial voltada a retratos e paisagens, passou a explorar questões abstratas e co-fundou, em 1952, o Grupo Ruptura, referência do concretismo no país. Sua produção é marcada por linhas, luz e ritmo visual, com destaque para suas experiências que unem profundidade óptica à estruturas geométricas. Fundou a Associação de Artes Visuais Novas Tendências (1963) e foi tema de retrospectivas no MAM São Paulo e MAM Rio (1974). Participou de diversas edições do Panorama da Arte Brasileira, entre a década de 1970 e 1980, e das primeiras novas edições da Bienal de São Paulo.
Lygia Pape
(Nova Friburgo, RJ, Brasil, 1927 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2004)
Formou-se em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de desenvolver sólida trajetória como gravadora, pintora, escultora, cineasta e professora. Integrou o Grupo Frente nos anos 1950 e, em seguida, foi signatária do Manifesto Neoconcreto, tornando-se um dos nomes centrais da abstração geométrica no Brasil. Suas abstrações exploram o contraste entre linhas rigorosas desenhadas e os veios orgânicos da madeira, criando composições com forte ritmo e luminosidade. Ampliou seu trabalho para a experimentação sensorial e participativa, como na icônica instalação-performance Oovo (1967), na qual convida o público a “nascer” ao romper uma membrana de papel, e nas instalações Tteias, nas quais fios dourados tensionados no espaço produzem volumes etéreos que se transformam conforme a luz e o deslocamento do espectador. Na década de 1960, colaborou com o Cinema Novo, criando cartazes e programação visual para filmes célebres como Vidas Secas e Deus e o Diabo na Terra do Sol, além de dirigir curtas experimentais. Sua obra tem recebido ampla projeção internacional, com mostras como Lygia Pape: A Multitude of Forms, Met Breuer, Nova York, (2017) e Lygia Pape: Tecelares, Art Institute of Chicago, EUA, (2023).
Marc Chagall
(Vitebsk, Bielorrússia, 1887 – Saint-Paul-de-Vence, França, 1985)
Estudou na Escola Imperial de Belas Artes de São Petersburgo e na Académie de La Palette, em Paris. Sua obra, caracterizada por imaginação poética e atmosfera onírica, sintetiza em um estilo singular influências do expressionismo, cubismo, fauvismo e surrealismo. Suas composições apresentam figuras suspensas em espacialidades livres, articuladas por cores intensas e contrastes cromáticos que produzem lirismo e efeito simbólico. Entre seus temas recorrentes estão a vida judaica de sua infância, narrativas bíblicas, o amor, a música e o universo circense, sempre tratados com fortes doses de fantasia e metáforas visuais. Além da pintura, desenvolveu vitrais, tapeçarias, cerâmicas e ilustrações para publicações. Sua produção segue em destaque no cenário internacional, em retrospectivas como Chagall, Albertina Museum, Viena (2024) e Chagall: Fantasies for the Stage [Fantasias para o palco], Montreal Museum of Fine Arts (2017). No âmbito nacional, teve seu trabalho revisto na mostra Marc Chagall: sonho de amor, no Centro Cultural Banco do Brasil (2022-23).
Maria Martins
(Campanha, MG, Brasil, 1894 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1973)
Iniciou-se nas artes estudando escultura com Oscar Jespers na Académie Royale des Beaux-Arts de Bruxelas, na Bélgica, e consolidou-se como escultora, tendo sua produção fortemente influenciada pelo surrealismo e por seu contato com artistas como Marcel Duchamp, André Breton e Max Ernst. Sua obra dialoga tanto com tradições brasileiras quanto com a vanguarda internacional. Suas esculturas, parcela mais reconhecida de sua trajetória, caracterizam-se por formas orgânicas e volumes sinuosos que fundem corpo humano, elementos naturais e referências míticas, criando uma linguagem híbrida entre o erótico, o onírico e o simbólico. Trabalhando em bronze, mármore, madeira e terracota, a artista explorou temas como metamorfose, mitos amazônicos, erotismo e identidade feminina. Nos últimos anos, foi celebrada em mostras de grande destaque, como Maria Martins: metamorfoses, MAM São Paulo (2013), e Maria Martins: Desejo imaginante, MASP (2021).
Manuel Martins
(São Paulo, SP, 1911 – 1979)
Iniciou seus estudos artísticos no ateliê do escultor Vicente Larocca e complementou sua formação em cursos da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). Integrou ao lado de Alfredo Volpi e outros o Grupo Santa Helena, coletivo de pintores modernistas de origem humilde que dividia ateliês no edifício homônimo, na Praça da Sé. Filho de imigrantes portugueses do bairro do Brás, dedicou-se sobretudo a registrar as rápidas transformações de São Paulo sob a perspectiva das classes trabalhadoras. Suas paisagens urbanas se caracterizam pelo uso de cores intensas, formas sintetizadas e linhas firmes, em composições que fundem observação social e invenção plástica. Também se destacou como ilustrador de obras literárias, como O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo e Gabriela, Cravo e Canela (1958), de Jorge Amado. Sua produção permanece como um dos testemunhos mais sensíveis da vida popular paulistana no século XX, e está presente nas coleções do MAM São Paulo, da Pinacoteca do Estado e do MAC USP.
Marcelo Grassmann
(São Simão, SP, Brasil – 1925 – São Paulo, SP, Brasil, 2013)
Formou-se na Escola Profissional Masculina do Brás, complementando sua formação nos anos 1940 com aulas e contatos com Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo. É um dos principais nomes da gravura moderna nacional. Atuou como ilustrador de jornais antes de consolidar uma proeminente carreira marcada por temas do imaginário medieval e renascentista, povoado por cavaleiros, sereias, harpias e seres híbridos. Seu estilo é definido por linhas sinuosas, contrastes dramáticos de luz e sombra e uma forte carga narrativa que confere expressão humana às figuras fantásticas. Alia rigor técnico à invenção formal, criando um universo gráfico singular de lirismo sombrio e intensidade poética. Foi celebrado em retrospectivas recentes como 100 anos de Marcello Grassmann, Gabinete de Artes Visuais da Unicamp (2025), e O Gabinete de Marcelo Grassmann, Museu Lasar Segall, São Paulo (2025). Seu legado é preservado pelo Núcleo Marcelo Grassmann, que promove o Prêmio Marcello Grassmann Artes Gráficas, um dos principais incentivadores de projetos inéditos no campo da gravura em âmbito nacional.
Milton Dacosta
(Niterói, RJ, Brasil, 1915 – Rio de Janeiro, RJ, 1988)
Frequenta por um curto período de tempo a Escola Nacional de Belas Artes e, negando o academicismo, participou do Núcleo Bernardelli, grupo independente de jovens artistas que buscava alternativas para o ensino e a prática da arte no Brasil. Inicialmente figurativo, inspirou-se na Escola de Paris, trabalhando paisagens, retratos e naturezas-mortas em pinceladas estruturais e moduladas. Progressivamente, sua pintura assumiu caráter mais geométrico e construtivo, com figuras sintetizadas por planos cromáticos e formas simplificadas e estruturais. Na década de 1950, chegou ao abstracionismo, marcado por composições rigorosas, grades geométricas e contrastes cromáticos densos, em diálogo com Mondrian e Morandi. Foi casado por mais de três décadas com a artista Maria Leontina, interlocutora fundamental em sua produção. Sua obra integra acervos de museus como o MAM São Paulo, MAM Rio, Pinacoteca de São Paulo e MAC USP.
Mick Carnicelli
(Salermo, Itália, 1893 – São Paulo, SP, Brasil, 1967)
Chegou ao Brasil ainda criança, formou-se no curso comercial do Mackenzie e, em 1909, retornou à Itália, estudando pintura com Ettore Tito na Academia de Belas Artes de Veneza. Estabelecido em São Paulo a partir dos anos 1920, fez da cidade o principal eixo de sua obra, registrando suas transformações em atmosferas de solidão e estranhamento. Suas paisagens, muitas vezes concebidas a partir da janela de seu ateliê, revelam planos densos, volumes sólidos e matizes cromáticas sóbrias, articulando dramaticidade e rigor formal modernista. Produziu também retratos e naturezas-mortas, marcados por enquadramentos descentralizados, fortes contrastes de cor e atmosfera introspectiva. Sua grande retrospectiva, Mick Carnicelli: São Paulo, paisagem da alma, foi organizada pelo MAM São Paulo em 2004, acompanhada pela publicação do catálogo mais abrangente dedicado ao artista.
Odilla Mestriner
(Ribeirão Preto, SP, Brasil, 1928 – 2009)
Formou-se na Escola Municipal de Belas Artes de sua cidade, sob orientação de Domenico Lazzarini. Teve uma produção marcada pelo desenho, pela pintura e pela gravura. Realizou trabalhos figurativos de forte influência modernista, resultando em composições geométricas, baseadas principalmente em simetria e repetição modular. Seus principais temas derivam do cotidiano e da paisagem urbana, como casas, ruas e figuras humanas representadas em construções formais rígidas, dialogando com soluções formais arquitetônicas e abstratas. Seu estilo combina cores vibrantes, linhas incisivas e formas curvilíneas que, justapostas às ortogonais, instauram tensões entre organicidade e racionalidade construtiva, reforçando o caráter plástico, expressivo e subjetivo da obra. Seu legado é preservado pelo Museu Digital Odilla Mestriner, criado por sua família, e celebrado pela Prefeitura de Ribeirão Preto, que realiza exposições e homenagens periódicas em sua memória.
Samson Flexor
(Soroca, Moldávia, 1907 – São Paulo, SP, Brasil, 1971)
Com formação acadêmica sólida na Bélgica e na França, destacou-se como um dos precursores do abstracionismo no Brasil. Iniciou sua carreira com pinturas figurativas de linguagem cubista, em que formas decompostas e campos de cor delimitados estruturam composições dramáticas, como nas séries sobre a Paixão de Cristo. Radicado em São Paulo a partir de 1948, transitou para a abstração geométrica, marcada por rigor construtivo, dinamismo de planos e tensões cromáticas, e, mais tarde, para a abstração lírica de formas orgânicas, em que cor, ritmo e gesto predominam. Em São Paulo, fundou em 1951 o Atelier-Abstração, espaço independente dedicado à pesquisa e ao ensino da arte abstrata geométrica, que formou uma geração de artistas. Teve longa relação com o MAM São Paulo, onde participou da mostra inaugural Do figurativismo ao Abstracionismo (1949) e de diversas coletivas e individuais, culminando na grande retrospectiva Samson Flexor: além do moderno (2022).
Sérgio Milliet
(São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966)
Cursou Ciências Econômicas e Sociais na Universidade de Berna, Suíça, ocasião em que teve contato com as vanguardas europeias do início do século XX. Um dos protagonistas da primeira fase da história do MAM São Paulo, e além de escritor e crítico, foi também um pintor relevante. Participante ativo da Semana de Arte Moderna de 1922, Milliet foi um dos expoentes do modernismo brasileiro. A sua relação com o MAM se inicia no momento de gênese desse museu, do qual foi um dos mais ativos idealizadores e organizadores. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da ABCA (Associação Brasileira dos Críticos de Arte). Foi o segundo diretor artístico do MAM, entre 1952 e 1957, quando realizou a primeira retrospectiva de Tarsila do Amaral, além de ter exercido o papel de diretor artístico da Bienal de São Paulo entre 1953 e 1958, sendo responsável pela 2ª, 3ª e 4ª edições. Alguns anos após seu falecimento em 1966, o MAM organizou uma exposição de suas pinturas, prestando grandes homenagens à trajetória e vida de Sérgio Milliet.
Sonia Ebling
(Taquara, RS, Brasil, 1918 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2006)
Formou-se em pintura e escultura na Escola de Belas Artes do Rio Grande do Sul e na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, entre 1944 e 1951. Posteriormente, aperfeiçoou-se em Paris com o escultor Ossip Zadkine. Destacou-se por esculturas figurativas em bronze, de formas robustas e curvas contínuas, que exploram a plasticidade da figura humana em volumes densos e superfícies polidas. Sua linguagem escultórica valoriza a síntese formal, a expressividade dos gestos e o equilíbrio entre monumentalidade e delicadeza, como revelam figuras reclinadas, personagens interligados entre si e composições que integram corpo e espaço. Participou da 1ª (1951), 3ª (1955) e 7ª Bienal de São Paulo (1963), além do 6º Panorama da Arte Brasileira (1974).
Thomaz Farkas
(Budapeste, Hungria, 1924 – São Paulo, SP, Brasil, 2011)
Formou-se engenheiro na Escola Politécnica da USP e obteve doutorado na ECA-USP, onde também lecionou fotografia e cinema. Um dos maiores nomes da fotografia moderna no Brasil, iniciou-se na linguagem de forma amadora e se profissionalizou no Foto Cine Clube Bandeirante, período em que registrou o crescimento urbano de São Paulo a partir de ângulos geométricos e construtivos, explorando luz, sombra e planos arquitetônicos. Uma de suas séries mais icônicas retrata a construção de Brasília, na qual capturou o canteiro monumental em diálogo direto com as formas de Oscar Niemeyer. Nas décadas de 1960 e 1970, liderou a Caravana Farkas, projeto coletivo que percorreu o país produzindo filmes em 16mm sobre comunidades distantes dos grandes centros, retratando práticas culturais e realidades nacionais pouco visibilizadas. Nos últimos anos, foi tema de mostras individuais como Thomaz Farkas: todo mundo, Instituto Moreira Salles (2024) e Thomaz Farkas – DF, Museu da Imagem e do Som, São Paulo (2015).
serviço
Exposição:
Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade
Local:
Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP)
Curadoria:
Cauê Alves e Pedro Nery
Período expositivo:
4 de outubro a 7 de dezembro de 2025 Entrada: gratuita
Tarik Kiswanson nasceu na cidade de Halmstad, na Suécia, em um bairro habitado por muitas famílias imigrantes de primeira e segunda geração – um limiar espacial entre a Europa e outras partes do mundo. Sua mãe e seu pai, palestinos, haviam escapado da guerra em Jerusalém e passado por Trípoli e Amã antes de chegar ao escritório de imigração sueco, que adaptou seu sobrenome original, Al Kiswani, para Kiswanson – um limiar temporal do exílio.
Sem se decidir por estar definitivamente de um ou de outro lado de seus limiares – e sem se reconhecer inteiramente em uma só língua ou um só país –, Tarik Kiswanson cresceu na Suécia, estudou em Londres e vive em Paris desde 2010. Na capital francesa, trabalha como artista e escritor, em busca de linguagens que lhe permitam refletir sobre vidas em errância, histórias desenraizadas, traduções impossíveis e modos de abrigar subjetividades em horizontes de espera e suspensão. Autor de poemas e vídeos, Tarik realiza esculturas como linguagens em que formas, objetos e espaços se articulam para tornar noções temporais e corpóreas algo sensível. Elementos recorrentes nessa prática são seus Nests [Ninhos]: obras de superfícies lisas e alvas, cuidadosamente trabalhadas, lixadas e pintadas, que estabelecem relações de apoio, suspensão e contraponto com a arquitetura e com objetos impregnados de memórias.
Na instalação que dá nome a esta que é sua primeira mostra individual em São Paulo, o artista propõe uma intervenção arquitetônica que subverte a percepção usual do espaço. A fluida circularidade da sala é contraposta a um volume suspenso, que só revela seu interior estreito e alto após a caminhada pelo espaço. Nessa passagem-limiar penetrável pelo olhar, convivem três elementos. Um deles é uma cadeira produzida em meados do século passado pela fábrica Móveis Cimo, exemplo de uma linha de mobiliários essencial para a modernização do design brasileiro por ter sido adotada como produto básico para diversos órgãos estatais; esse modelo, especificamente, corresponde ao que se encontrava nas salas de espera de escritórios de imigração brasileiros, acomodando os corpos de quem vivia um momento de transição entre tempos e espaços.
Outro elemento é um cadeiral de igreja católica produzido por volta da metade do século 19. Se a própria religião foi um veículo estrutural do ciclo colonial de exploração do Brasil, incluindo-se o trânsito da arquitetura e do mobiliário sacro – seja pelo traslado marítimo, seja pela reprodução de modelos europeus na colônia –, esse banco é parte dessa história. Produzido na Bélgica ou na Holanda, ele foi trazido ao Brasil na época de sua produção, depois retornou à Europa e agora volta a São Paulo. Preparado para acomodar o corpo em repouso durante a liturgia dedicada ao louvor de uma divindade invisível, esse objeto agora flutua fora de alcance.
O terceiro objeto levitando no espaço é Cradle [Berço], a mais recente das esculturas de Kiswanson em forma de casulo, presença cuja escala e forma aponta para o que está ausente. Os corpos e subjetividades passaram por limiares institucionais – como a igreja e o escritório de imigração – estruturalmente preparados para dar nome e destino a vidas em transição, indiferentes ao estado sempre inacabado de tais limiares. Como é da natureza de sua poética, Tarik Kiswanson não explica nem representa o estado vigente de um mundo marcado por imigrações, exílios, diásporas, colonizações, guerra e genocídio; em vez disso, ele desenvolve uma linguagem escultórica que não existiria fora deste mundo, e tampouco sem sua própria experiência de desterro.
Um dos artistas convidados para a mostra A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant, Tarik é leitor do poeta martinicano, com quem converge na defesa do direito à opacidade da identidade e da linguagem. Sua obra oferece uma oportunidade de ressonância sensível daquilo que em cada um de nós escapa de identidades estanques, relatos de origem coesos e pertencimentos enraizados – tudo aquilo que vibra na presença da diferença e do intraduzível, em um perene processo de transformação para algo ainda não conhecido.
Cauê Alves Curador
Acessibilidade
Disponibilização de catálogos em versão digital que pode ser processada por sistemas de leitura e ampliação de tela (clique aqui para acessar as publicações);
Recursos de audioguia com audiodescrição e videoguia em Libras com legendas em português nas exposições;
Ferramenta de Libras digital;
Utilização de legendas descritivas e texto alternativo nas postagens nas redes sociais, com a hashtag #DescriçãoDoVideo e hashtag #PraTodoMundoVer;
Disponibilização de materiais táteis e multissensoriais das obras do acervo
Além das medidas acima, é possível agendar com o Educativo visitas mediadas gratuitas com educadores para público surdo, com deficiência visual, com deficiência física, intelectual e usuários de equipamentos de saúde mental e emsituação de vulnerabilidade social e horários alternativos planejados para atendimento de público dentro do Transtorno do Espectro Autista de acordo com as características distintas de cada sujeito pensadas em relação a: socialização, sensorialidade, comunicabilidade e autonomia. solicitar pelo e-mail educativo@mam.org.br.
Intérprete de libras e audiodescrição ao vivo nas atividades quando solicitado com até 48h de antecedência solicitar pelo e-mail educativo@mam.org.br.
Em certas atividades, poderão ser oferecidas medidas adicionais de acessibilidade, que estarão indicadas nos materiais de divulgação.
Tarik Kiswanson, Limiar, 2025 (projeto da instalação)
Tarik Kiswanson, Limiar, 2025 (projeto da instalação)
Tarik Kiswanson, Limiar, 2025 (projeto da instalação)
Tarik Kiswanson, Limiar, 2025 (projeto da instalação)
Tarik Kiswanson, Limiar, 2025 (projeto da instalação)
Tarik Kiswanson, Limiar, 2025 (projeto da instalação)
Tarik Kiswanson, Limiar, 2025 (projeto da instalação)
Tarik Kiswanson, Limiar, 2025 (projeto da instalação)
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Paulo Miyada
Curador e pesquisador de arte contemporânea, dedica-se a projetos que contribuam tanto com visadas mais amplas e precisas da história da arte quanto com a reflexão crítica e desejante do tempo presente. Comprometido com o diálogo com artistas, preza igualmente pelo amadurecimento das instituições como instâncias de relevância pública e social, assim como pelo acolhimento dos públicos como sujeitos sensíveis e pensantes com interesses que transbordam o juízo de valor. Com graduação e mestrado pela FAU-USP, atua hoje como diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake e curador adjunto do Centre Pompidou. Foi curador adjunto da 34ª Bienal de São Paulo (2020-21) e assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010), além de ter organizado o livro “Bienal de São Paulo desde 1951” (2022). Entre suas curadorias, destacam-se “AI-5 50 anos – Ainda não terminou de acabar” (2018); “Anna Maria Maiolino – PSSSIIIUUU…” (2022); “Ensaios para o Museu das Origens” (2023); “Mira Schendel – Esperar que a palavra se forme” (2024) e “Sonia Gomes – Barroco, mesmo” (2025). Suas publicações foram indicadas diversas vezes para o prêmio Jabuti, incluindo a premiação na categoria Livro de Arte em 2020. Atualmente organiza a mostra “A TERRA O FOGO A ÁGUA E OS VENTOS – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant”.
artista
Tarik Kiswanson
(Halmstad, Suécia, 1986)
Tarik Kiswanson nasceu em Halmstad, Suécia (1986), em uma família palestina exilada. Vive e trabalha em Paris. Formado pela École des Beaux-Arts de Paris e pela Central Saint Martins em Londres, cria formas ovais e objetos suspensos que evocam e tensionam temas como memória e origem. Poeta e artista visual, sua obra investiga noções de errância, desenraizamento e transformação por meio de esculturas, vídeos, poemas e instalações. Seus trabalhos dialogam com a arquitetura e com histórias coloniais e migratórias, criando experiências sensíveis de suspensão e espera. Realizou exposições individuais como A Century, na Kunsthalle Portikus, Frankfurt, Alemanha (2024); Becoming, na Bonniers Konsthall, Estocolmo, Suécia (2023), e Nido, no Museo Tamayo, Cidade do México (2023). Venceu o prestigiado Prêmio Marcel Duchamp, da Association pour la Diffusion Internationale de l’Art Français (2023).
serviço
Exposição:
Tarik Kiswanson: Limiar
Local:
Instituto Tomie Ohtake
Curadoria:
Cauê Alves e Paulo Miyada
Período expositivo:
de 3 de setembro a 2 de novembro de 2025
Endereço:
Rua Dos Coropés, 88 – Pinheiros – São Paulo – SP
Entrada gratuita
MAM São Paulo na Pinacoteca do Ceará: figura e paisagem, palavra e imagem
O Museu de Arte Moderna de São Paulo foi fundado em 1948 e sua coleção, com ênfase na arte brasileira, conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos artistas modernos e contemporâneos. Assim como o seu acervo, a programação do MAM privilegia o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística atual e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas. Tradicionalmente, o museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, debates, laboratório de pesquisa, sessões de vídeo e práticas artísticas e educativas.
Em 1986, o MAM criou o Clube de Colecionadores que tem entre os seus objetivos o enriquecimento do seu acervo e o desenvolvimento do colecionismo privado. Através do Clube, artistas em diferentes estágios de carreira são convidados a propor trabalhos em formato múltiplo, para a realização de uma tiragem limitada de edições, das quais ao menos uma é incorporada ao acervo do MAM. Em 2024, o museu iniciou uma revisão na sua coleção e doou para a Pinacoteca do Ceará um conjunto de 87 obras que participaram de diferentes edições do Clube de Colecionadores do MAM e que estavam duplicadas na coleção.
MAM na Pinacoteca do Ceará: figura e paisagem, palavra e imagem é uma mostra que parte desta doação e conta com 47 obras que pertencem à coleção do MAM e são vinculadas à arte moderna e contemporânea. Ao aproximar a coleção do MAM das obras recém adquiridas pela Pinacoteca, a exposição reúne 94 trabalhos de diferentes linguagens e procedimentos técnicos, como fotografia, xilogravura, serigrafia, pintura, desenho, escultura, bordado, vídeo, entre as mais variadas combinações e derivações. Esse contingente de materialidades e fazeres artísticos variados reflete a multidisciplinaridade que caracteriza a arte brasileira e, assim, busca oferecer ao visitante a pluralidade como via para refletir e se relacionar com a arte e questões inerentes a ela.
A relação entre figura e paisagem é abordada no primeiro núcleo da exposição, onde foram reunidos trabalhos que elaboram diferentes pontos de vista sobre uma questão cara à história da arte e às transformações promovidas desde as vanguardas modernistas. Em algumas das obras, a presença de figuras em frente ou em meio a paisagens, ou diante de espaços vazios, nos desafia a refletir sobre como os corpos e os retratos se vinculam com o espaço e o mundo ao seu redor, e o quanto as fronteiras entre os sujeitos e a paisagem natural e artificial podem ser indeterminadas. Em outros trabalhos, a aparição de paisagens desprovidas de figuras, assim como representações ambíguas do corpo e dos espaços que ele ocupa, ou pode ocupar, desestabilizam sentidos cristalizados ao introduzir a abstração no processo de percepção e significação do mundo e dos modos como nos relacionamos.
Os vínculos entre palavra e imagem são análogos às relações entre figura e paisagem e entram em foco no núcleo final da exposição, onde trabalhos que contêm letras, palavras e textos colocam em perspectiva a apreensão da linguagem escrita no contexto de uma construção imagética. Toda palavra produz sentido através de uma imagem mental, assim como algumas imagens podem ser compreendidas a partir de sua ligação com a escrita e como linguagem visual. Nas obras reunidas na exposição, essas relações são reconfiguradas à medida em que palavras e letras ao lado de outros elementos compositivos contaminam-se mutuamente, apontando para a impossibilidade de separação total entre a leitura da imagem e a leitura da palavra.
A presente exposição é fruto de uma parceria entre o MAM São Paulo e a Pinacoteca do Ceará e almeja, além de aumentar a visibilidade da coleção de ambos os museus, contribuir para a programação da Pinacoteca do Ceará, assim como fomentar a reflexão sobre arte moderna e contemporânea.
Cauê Alves e Gabriela Gotoda curadores
créditos: Xadalu Tupã Jekupé, Tatá Piriri (2022). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Doação Paulo Sartori
mídias assistivas
01. Carmela Gross – Arte a mão armada
02. Lenora de Barros – Em forma de família
03. Barbara Wagner – Sem título, da série Brasília Teimosa
Aldo Bonadei, Paisagem de Itanhaém, 1943. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini.
Barbara Wagner, Sem título, da série Brasília Teimosa, 2006–2010. Coleção Pinacoteca do Ceará.
Clóvis Graciano, Paisagem, 1944. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini.
Jose Antonio da Silva, Procissão, 1948. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini.
Mira Schendel, Sem título, 1975. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini.
Caetano de Almeida, As madames, 1999. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini.
Patrício José, Sem título. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Gabriela Gotoda
(São Paulo, 1998)
Gabriela Gotoda é pesquisadora e curadora de artes visuais. Bacharel em Arte: História, Crítica e Curadoria pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, publicou textos biográficos sobre Edgar Degas (MASP, 2021), John Graz (Pinacoteca de São Paulo, 2021) e Ozias (Danielian, 2024) e atua com curadoria e processos editoriais em instituições de arte e galerias em São Paulo desde 2019. Integra a equipe curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2022, onde é responsável pelo acompanhamento curatorial das publicações do museu e da curadoria das exposições “Lina Bo Bardi e o MAM no Parque” (2023), “Clube de colecionadores MAM São Paulo: Técnicas de diversão na arte contemporânea” (2024), e “MAM São Paulo: Encontros entre o moderno e o contemporâneo” (2025)
artistas
Aldo Bonadei
(São Paulo, SP, Brasil, 1906 – São Paulo, SP, Brasil, 1974)
Aldo Bonadei foi um pintor, gravador, figurinista e professor brasileiro. Formado por Pedro Alexandrino e pela Accademia di Belle Arti di Firenze, integrou o Grupo Santa Helena e a FAP. Ensinou na Escola Livre de Artes Plásticas e cofundou a Oficina de Arte – O. D. A. Criou figurinos para teatro e cinema, destacando-se pela versatilidade e influência na cena cultural paulistana.
Alair Gomes
(Valença, RJ, Brasil, 1921 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1992)
Foi um fotógrafo, filósofo, professor e crítico de arte brasileiro, nascido em Valença, Rio de Janeiro.Formado em engenharia civil em 1944, abandonou a carreira técnica para se dedicar à filosofia da ciência, estética e história da arte.Em 1965, durante uma viagem à Europa, iniciou sua trajetória fotográfica ao utilizar uma câmera Leica emprestada.A partir de então, passou a fotografar compulsivamente, produzindo cerca de 170 mil negativos ao longo de sua vida.
Seu trabalho fotográfico é marcado por imagens de corpos masculinos, muitas vezes capturadas da janela de seu apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro.Essas fotos, frequentemente organizadas em sequências inspiradas em estruturas musicais como sonatinas e sinfonias, exploram temas como voyeurismo, beleza e sensualidade.Além disso, Gomes registrou cenas do carnaval carioca e paisagens urbanas, sempre com um olhar artístico e contemplativo.
Alfredo Volpi
(Lucca, Itália, 1896 – São Paulo, SP, Brasil, 1988)
Alfredo Volpi foi um dos artistas modernos brasileiros mais consagrados, desenvolvendo uma trajetória independente que flertava com o concretismo sem se filiar a escolas. Iniciou com paisagens e figuras, evoluindo para composições geometrizadas, com destaque para suas icônicas “fachadas”. Integrante do Grupo Santa Helena nos anos 1930, uniu cultura popular e arte erudita, criando um vocabulário formal próprio e cores vibrantes preparadas artesanalmente, em resistência à impessoalidade.
Anita Malfatti
(São Paulo, SP, Brasil, 1889 – 1964)
Anita Catarina Malfatti (São Paulo, 2 de dezembro de 1889 – São Paulo, 6 de novembro de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora ítalo-brasileira, considerada pioneira da Arte Moderna no Brasil. Nascida com uma deficiência congênita no braço direito, desenvolveu habilidades artísticas utilizando a mão esquerda. Iniciou seus estudos artísticos com a mãe, Betty Krug, e posteriormente estudou na Alemanha e nos Estados Unidos, onde teve contato com movimentos como o expressionismo e o cubismo. Sua exposição individual de 1917 em São Paulo causou grande controvérsia, sendo criticada por Monteiro Lobato, mas também despertou o interesse de jovens intelectuais modernistas. Anita participou da Semana de Arte Moderna de 1922, evento que marcou o início do modernismo no Brasil. Ao longo de sua carreira, suas obras refletiram influências das vanguardas europeias e da cultura brasileira. Faleceu em 1964, deixando um legado significativo para a arte brasileira.
Bárbara Wagner
(Brasília, DF, Brasil, 1980)
É artista visual e cineasta, cujo trabalho investiga expressões culturais populares brasileiras como o frevo, o brega-funk e o gospel, explorando temas como identidade, corpo e visibilidade. Desde 2011, colabora com Benjamin de Burca em vídeos que mesclam documentário e ficção. Em 2019, representaram o Brasil na Bienal de Veneza com a obra Swinguerra
Boris Kossoy
(São Paulo, SP, Brasil, 1941)
Brígida Baltar
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1959 – 2022)
foi uma artista brasileira cuja obra transitou entre a performance, o vídeo, a fotografia, a instalação e a escultura. Sua prática estava profundamente ligada ao cotidiano e à relação poética com o espaço, especialmente com sua própria casa no bairro do Botafogo, que serviu como ponto de partida para muitos de seus trabalhos. Elementos efêmeros como névoa, tijolo, água e vento compunham sua linguagem, voltada à captura do invisível e do sensível.
Caetano de Almeida
(Campinas, SP, Brasil, 1964)
pintor e gravador formado em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).Desde a década de 1980, Caetano realiza uma pesquisa sobre imagens, técnicas de reprodução gráficas e expressões pictóricas, explorando um espectro que vai da abstração à figuração.
Cao Guimarães
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1965)
Carlos Vergara
(Santa Maria, RS, Brasil, 1941)
Carlos Vergara, natural de Santa Maria, Rio Grande do Sul, é um artista cuja obra se consolidou na década de 1960, durante a resistência à ditadura militar. Participante da histórica mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Vergara foi um dos protagonistas da Nova Figuração Brasileira, movimento que uniu arte e crítica política. Nos anos 70, ampliou seu vocabulário com fotografias e instalações, e, desde os anos 1980, suas pinturas e monotipias seguem um caminho de experimentação, mantendo a inovação dentro da tradição da pintura.
Foto: Walter Carvalho/Divulgação
Clóvis Graciano
(Araras, SP, Brasil, 1907 – São Paulo, SP, Brasil, 1988)
foi um pintor, desenhista, gravador, cenógrafo e ilustrador brasileiro, reconhecido por sua fidelidade ao figurativismo e pelo compromisso com temas sociais.
Mudou-se para São Paulo em 1934, onde estudou com Waldemar da Costa e, em 1937, integrou o Grupo Santa Helena, ao lado de artistas como Alfredo Volpi e Francisco Rebolo.Sua obra destaca trabalhadores, migrantes e músicos, com traços influenciados por Candido Portinari e elementos do pós-cubismo.
Davi de Jesus do Nascimento
(Pirapora, MG, 1997 – vive em Pirapora)
Quando nasci alevim, em 1997, no fulgor norte-mineiro, banharam-me com o mesmo nome de meu pai, Davi de Jesus do Nascimento. sou barranqueiro curimatá, arrimo de muvuca e escritor fiado. gerado às margens do Rio São Francisco – curso d’água de minha vida – trabalho coletando afetos da ancestralidade ribeirinha e percebendo “quase-rios’’, no árido. fui criado dentro do emboloso da cumbuca de carranqueiros, pescadores e lavadeiras. o peso de carregar o rio nas costas bebe da nascente dos primeiros sóis que chorei na vida. sustentar na cacunda a carranca tem feito eu sentir a força do vento de minha taboca envergada no seguimento da rabiola solta que desceu em espiral gongo caracol envoltório para o calcanhar direito como cobra, isca, peixe e pedra.
Denis Moreira
(São Paulo, SP, Brasil, 1986)
é artista visual, pesquisador e educador.Formado em Artes Visuais pela FMU em 2011, desenvolve uma prática que entrelaça pintura, fotografia e técnicas digitais para explorar temas como ancestralidade, identidade afro-brasileira e memória coletiva.Suas obras dialogam com elementos da cultura africana e afro-brasileira, propondo reflexões sobre o passado e o presente.
Efrain Almeida
(Boa Viagem, CE, Brasil, 1964 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2024)
foi um artista visual brasileiro cuja obra transita entre escultura, pintura, bordado e aquarela.Sua prática é marcada por uma profunda conexão com a cultura popular nordestina, a religiosidade católica e a natureza, especialmente as aves, que aparecem recorrentemente em suas criações.Utilizando materiais como madeira e bronze, Almeida explorava temas como sexualidade, identidade e memória pessoal, frequentemente incorporando elementos autobiográficos e autorretratos em suas obras.
Elida Tessler
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1961)
é artista visual e professora da UFRGS. Sua obra investiga as relações entre palavra, imagem e memória, explorando interseções entre literatura e artes visuais. Doutora pela Université Paris I – Sorbonne, fundou o espaço Torreão (1993–2009), referência na arte contemporânea brasileira. Realizou exposições individuais e projetos que destacam a materialidade da linguagem.
Emidio de Souza
(Itanhaém, SP, Brasil, 1868 – Santos, SP, Brasil, 1949)
foi um artista multifacetado brasileiro, reconhecido como o primeiro pintor primitivista do país. Além da pintura, destacou-se como poeta, músico, teatrólogo e folclorista.
Autodidata, iniciou sua carreira artística aos 18 anos, pintando cenas de sua cidade natal. Entre 1888 e 1890, estudou pintura com Benedito Calixto em Santos, auxiliando-o na decoração de eventos comemorativos da Lei Áurea e na elaboração do livro “A Villa de Itanhaém”
Emiliano Di Cavalcanti
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1897 – 1976)
Di Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro, RJ, Brasil (1897) e faleceu em São Paulo, SP, Brasil (1976). Formou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), além de estudar desenho e pintura no Rio de Janeiro e em Paris, onde entrou em contato com as vanguardas europeias, sobretudo o cubismo e o expressionismo, que influenciaram sua linguagem plástica. Pintor, ilustrador e muralista, foi figura central da Semana de Arte Moderna de 1922 e construiu uma obra marcada pela síntese entre cor intensa, volumes robustos, desenho sinuoso e um jogo de luz que enfatiza a atmosfera de suas cenas. Representou alegoricamente elementos da cultura brasileira, como festas populares, carnaval, música e religiosidade, além de cenas urbanas que retratam questões sociais e raciais, como os subúrbios cariocas, trabalhadores e trabalhadoras informais, e a vida coletiva nas cidades, articulando a estética modernista com uma visão crítica. Também realizou murais para espaços públicos e privados, aproximando sua obra da arquitetura moderna. Sua trajetória foi revisitada nas exposições No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos, Pinacoteca de São Paulo (2017) e Di Cavalcanti, muralista, Instituto Tomie Ohtake (2021).
Ernesto Neto
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1964)
é um artista contemporâneo brasileiro conhecido por instalações imersivas que exploram o corpo, os sentidos e a espiritualidade. Utiliza materiais como lycra, especiarias e miçangas para criar ambientes orgânicos e sensoriais. Desde os anos 1990, destaca-se internacionalmente e colabora com comunidades indígenas em obras que unem arte e ancestralidade.
Espaço Coringa
(São Paulo, SP, Brasil, 1998)
foi um coletivo artístico ativo entre 1998 e 2009, fundado por artistas como Fabrício Lopez.Com sede em São Paulo, o grupo promoveu exposições, publicações, vídeos, aulas, intercâmbios e residências artísticas, destacando-se por sua abordagem colaborativa e experimental nas artes visuais.O ateliê desempenhou um papel significativo na cena artística brasileira, incentivando práticas inovadoras e a formação de redes entre artistas
Fabrício Lopez
(Santos, SP, Brasil, 1977)
é artista visual e mestre em poéticas visuais pela ECA-USP. Destaca-se por suas xilogravuras de grande formato, que exploram sobreposições de imagens e cores inspiradas no entorno urbano e natural de Santos.É cofundador do Ateliê Espaço Coringa e da Associação Cultural Jatobá, além de atuar como educador no Instituto Acaia, em São Paulo.Suas obras integram acervos como os da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Itamaraty
Farnese de Andrade
(Araguari, MG, Brasil, 1926 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1996)
Farnese de Andrade foi um pintor, escultor, desenhista, gravador e ilustrador brasileiro. Estudou com Guignard em Belo Horizonte (1945-1948) e, após se mudar para o Rio de Janeiro para tratar uma tuberculose, trabalhou como ilustrador em diversos jornais e revistas. Em 1959, aperfeiçoou-se em gravura no Museu de Arte Moderna do Rio. Nos anos 1960, passou a criar obras com materiais descartados e objetos encontrados, refletindo um contexto político e moral da época.
Fernando Lindote
(Santana do Livramento, RS, Brasil, 1960)
é um artista visual brasileiro que trabalha com pintura, instalação, performance e vídeo. Sua obra tem uma abordagem experimental e crítica, explorando temas de identidade cultural e história brasileira. Começou como cartunista no sul do país e participou de exposições importantes, como a 29ª Bienal de São Paulo.
Rebolo
(São Paulo, SP, Brasil, 1902 – 1980)
Francisco Rebolo foi pintor e gravador, ligado ao Grupo Santa Helena e à formação do modernismo paulista. Nos anos 1950, explorou a xilogravura, e, a partir da década de 1970, dedicou-se à água-forte e à litografia, incentivado por Marcello Grassmann. Suas gravuras, longe de serem apenas estudos para a pintura, possuem força própria, combinando rigor técnico e sensibilidade cromática. Sua produção reflete a mesma busca por equilíbrio e síntese que marcou sua trajetória na pintura.
Iberê Camargo
(Restinga Seca, RS, Brasil, 1914 – Porto Alegre, RS, Brasil, 1994)
Foi um pintor, gravador, desenhista e professor brasileiro. Iniciou sua formação artística em Santa Maria e Porto Alegre, estudando pintura e arquitetura. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1942, onde fundou o Grupo Guignard e estudou com mestres internacionais. Pioneiro em exposições e ensino de gravura, fundou o curso de gravura do Instituto Municipal de Belas Artes. Seu trabalho foi influenciado por um incidente pessoal em 1980. Recebeu o título de doutor honoris causa em 1986.
Foto: acervo Documental Fundação Iberê
Iole de Freitas
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1945)
É uma escultora, gravadora e artista multimídia brasileira.Iniciou sua formação em dança e design, mudando-se para Milão nos anos 1970, onde trabalhou como designer na Olivetti e começou a desenvolver sua própria arte.Nos anos 1980, retornou ao Brasil e passou a se dedicar à escultura, utilizando materiais como arame, tela, aço, cobre e pedra.Sua obra explora a relação entre corpo, espaço e movimento, refletindo sua formação em dança.Participou de importantes exposições, incluindo a IX Bienal de São Paulo (1981) e a Documenta de Kassel (2007).
Jac Leirner
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
É uma artista conceitual brasileira reconhecida por suas esculturas e instalações criadas a partir de objetos cotidianos, como cédulas de dinheiro, sacolas plásticas e maços de cigarro. Formada em Artes Plásticas pela FAAP, sua obra reflete sobre consumo, memória e a transição de objetos banais para arte.Participou de importantes exposições, incluindo a Bienal de Veneza (1990 e 1997), dOCUMENTA (1992) e a 29ª Bienal de São Paulo (1983).Seu trabalho está presente em coleções de instituições renomadas, como o MoMA (Nova York) e o Museu Ludwig (Colônia)
Jonathas de Andrade
(Maceió, AL, Brasil, 1982)
É um artista visual brasileiro que vive e trabalha em Recife.Sua prática abrange fotografia, vídeo e instalação, explorando temas como memória coletiva, identidade cultural e desigualdades sociais.Utiliza estratégias que mesclam ficção e realidade para reconstituir narrativas do passado e refletir sobre as dinâmicas do presente.De Andrade frequentemente colabora com comunidades locais, destacando vozes marginalizadas e questionando estruturas de poder.Entre suas exposições individuais estão “O Peixe” no New Museum, Nova York (2017), e “One to One” no Museum of Contemporary Art Chicago (2019).Participou de importantes bienais, como a de Veneza (2022) e a de São Paulo (2016).Suas obras integram acervos de instituições como o MoMA e o Guggenheim
José Antônio da Silva
(Sales de Oliveira, SP, 1909 – São Paulo, SP, 1996)
Pintor autodidata, tornou-se conhecido pela forma como representou a vida rural do interior paulista. Sua obra retrata paisagens abertas e cenas do cotidiano no campo, como lavouras, colheitas, rebanhos, festas e o convívio comunitário. Seu trabalho equilibra observação e imaginação, com um estilo caracterizado por proporções subvertidas, cores intensificadas e elementos simbólicos que aproximam a cena real de um universo de fantasia pessoal, fazendo de sua pintura um testemunho singular da cultura popular brasileira. Entre exposições recentes, destacam-se José Antônio da Silva: “nasci errado e estou certo”, Pinacoteca de São Paulo (2018) e José Antônio da Silva: pintar o Brasil, Fundação Iberê Camargo (2025). Seu legado é preservado e difundido pelo Museu de Arte Primitivista José Antonio da Silva, em São José do Rio Preto, SP, Brasil.
José Damasceno
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1968)
José Pancetti
(Campinas, SP, 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 1958)
Artista autodidata, com posterior formação no Núcleo Bernardelli, foi retratista e pintor de paisagens, mas se consagrou sobretudo pelas marinhas, expressão mais significativa de sua produção, inspirada em sua experiência como marinheiro nas docas da Itália e nas forças militares do Brasil. Nelas, explorou a relação entre horizonte, mar e céu por meio de linhas curvas e diagonais que estruturam a composição, de escalas amplas e de um uso preciso da luz. Além das marinhas, destacou-se em retratos e autorretratos de traço geométrico e expressão contida, nos quais figuras surgem de maneira sintetizada, muitas vezes em poses laterais ou sombrias. Também produziu naturezas-mortas singulares, em que frutas, flores e objetos aparecem fundidos a retratos ou arranjos pouco convencionais Entre as exposições recentes, destaca-se Pancetti: a poética da marinha, Casa Fiat de Cultura, Belo Horizonte (2017).
José Patrício
(Recife, PE, Brasil, 1960)
Artista visual conhecido por obras que combinam padrões geométricos e efeitos ópticos a partir de objetos como dominós, dados e botões. Influenciado pela arte construtiva, desenvolve composições baseadas em repetição e variação. Participou de bienais como as de São Paulo (1994) e Havana (2003), e tem obras em acervos como os da Pinacoteca de SP e Fondation Cartier.
José Spaniol
(São Luiz Gonzaga, RS, Brasil, 1960)
É artista visual e professor da UNESP, conhecido por esculturas e instalações que exploram espaço, tempo e memória. Sua obra utiliza materiais como madeira, areia e cera, frequentemente dialogando com textos literários e filosóficos.Estudou na Academia de Artes de Düsseldorf e possui doutorado pela ECA-USP.Entre suas exposições destacam-se “Tiamm Schuoomm Cash!” na Pinacoteca de São Paulo e no FAMA Museu.
Klaus Mitteldorf
(São Paulo, SP, Brasil, 1953)
É fotógrafo e cineasta brasileiro conhecido por sua estética experimental e inovadora. Iniciou sua carreira nos anos 1970 com fotografias de surfe e, posteriormente, destacou-se na fotografia de moda e publicidade, colaborando com revistas como Vogue e Elle.Sua obra transita entre o documental e o artístico, explorando temas urbanos e humanos.Publicou diversos livros e realizou exposições no Brasil e no exterior.
Laura Vinci
(São Paulo, SP, Brasil, 1962)
É artista visual brasileira reconhecida por esculturas e instalações que exploram a relação entre corpo, espaço e efemeridade. Formada pela FAAP e mestre pela ECA-USP, iniciou sua carreira nos anos 1980, migrando da pintura para obras tridimensionais.Participou de bienais como a de São Paulo (2004) e do Mercosul (1999, 2005, 2009), e tem obras em instituições como Inhotim e MAM-SP.Também atua como diretora de arte em teatro, destacando-se por cenografias no Teatro Oficina.
Lenora de Barros
Artista visual e poeta, Lenora de Barros é formada em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP) e iniciou sua carreira artística na década de 1970. Os primeiros trabalhos criados por Lenora podem ser colocados no campo da “poesia visual” em diálogo com o movimento da poesia concreta da década de 1950. Palavras e imagens foram seus primeiros materiais.
Em 1983, LB publicou o livro Onde Se Vê, um conjunto de “poemas” um tanto incomuns. Alguns deles dispensaram o uso de palavras, construídos como narrativas fotográficas, onde a própria artista representava diferentes personagens em atos performáticos. Este livro já anunciava o trânsito de Lenora de Barros para o campo das artes visuais, o que acabou por acontecer. Desde então, a artista vem seguindo seu caminho, marcado pelo uso de diversas linguagens: vídeo, performance, fotografia, instalação sonora e construção de objetos.
Seu trabalho está incluído em coleções no Brasil e em vários outros países, entre eles o Hammer Museum (CA, EUA), Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (Espanha), Daros Coleção Latinamerica (Suíça), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), Pinacoteca do Estado de São Paulo e Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, (Madrid). Entre as exposições mais importantes, ela participou estão: Radical Women: Latin American Art, 1960-1985, Hammer Museum, LA, Brooklyn Museum, New York-NY, USA; Pinacoteca de São Paulo-SP, Brasil; Tools for utopia, selected works from the Daros Latinamerica Collection, Berna, Switzerland; 11º Bienal de Lyon, (França, 2011); ISSOÉOSSODISSO na Oficina Cultural Oswald de Andrade (São Paulo, 2016); 4ª Bienal de Salónica de Arte Contemporânea (Grécia, 2013); 17, 24 e 30ª Bienal Internacional de São Paulo, e em 2022 estará na 59a Bienal Internacional de Veneza.
Leticia Ramos
A sua investigação artística centra-se na criação de aparatos fotográficos adequados para captar e reconstruir o movimento e apresentá-lo através de vídeo, fotografia e instalação. Com particular interesse pela ciência da ficção, desenvolveu romances geográficos complexos em algumas das suas séries, como ERBF, Bitácora e Vostok. O acaso, assim como a experimentação com a fotografia e o processo artístico são direções que podem ser vistas em seu trabalho.
Luiz Paulo Baravelli
(São Paulo, SP, Brasil, 1942)
É um artista visual brasileiro cuja obra abrange pintura, escultura, desenho e gravura.Formado pela FAAP e com passagem pela FAU-USP, foi aluno de Wesley Duke Lee e cofundador da Escola Brasil, ao lado de Carlos Fajardo, José Resende e Frederico Nasser.Sua produção transita entre o abstrato e o figurativo, com destaque para pinturas de grandes formatos e contornos irregulares.Participou da Bienal de Veneza (1984) e tem obras em acervos como o MAC-USP e o MAM-RJ.
Mabe Bethônico
(Belo Horizonte (MG), 1966 – Vive entre Genebra e Belo Horizonte)
Mabe Bethônico é artista e pesquisadora e trabalha com arquivos e instituições, lidando com os limites entre documentação e construção, evidenciando como a informação e a história podem ser construídas e retrabalhadas continuamente. A partir dessa perspectiva, se dedica em grande parte a questões da mineração em Minas Gerais. Participou da 27ª e 28ª Bienais de São Paulo e exposições no MAM e MIS SP, Museu da Pampulha, no Centre de la Photographie, Geneva, Museo de Antioquia – Medellin, Kunstverein Muenchen – Munique, Nothingham Contemporary, dentre outros. Participa do coletivo internacional de artistas e teóricos World of Matter e desenvolve pesquisa na França, junto à École Supérieure d’Art Annecy Alpes, ESAAA. Bethônico possui mestrado e doutorado em artes visuais pelo Royal College of Art, Londres, e desenvolveu pesquisa de pós-doutorado no Museu de Etnografia de Genebra, no projeto Um viajante depois do outro, um guia ou dois sobre a Caatinga, sobre os arquivos do geólogo suíço Edgar Aubert de la Rüe.
Marcelo Moscheta
(São José do Rio Preto, SP, Brasil, 1976)
É um artista visual brasileiro que vive e trabalha em Coimbra, Portugal.Sua prática artística envolve desenho, fotografia e instalação, com foco em temas como deslocamento, território, paisagem e memória.Desde 2000, realiza obras a partir de viagens a locais remotos, coletando elementos da natureza para criar trabalhos que exploram a relação entre o ser humano e o ambiente.Recebeu prêmios como o Pollock-Krasner Foundation Grant (2017) e o Prêmio PIPA Voto Popular (2010).Suas obras integram acervos de instituições como o MAM-RJ e a Pinacoteca de São Paulo.
Marco Paulo Rolla
(São Domingos do Prata, MG, 1967)
É Mestre em Artes pela UFMG e coordenador do CEIA – Centro de Experimentação e Informação de Arte. Com exposições individuais no Brasil, Alemanha, Argentina e Holanda, participou de eventos importantes como a 29ª Bienal de São Paulo (2010). Seu trabalho foi premiado em salões nacionais e integra coleções como o MAM-SP, Pinacoteca de SP, Inhotim e MAC-USP. Destaca-se também como performer, com participação em festivais nacionais e internacionais. Vive e trabalha em Belo Horizonte.
Foto: Marco Paulo Rolla
Marilá Dardot
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1973)
É uma artista visual brasileira cuja obra transita entre vídeos, fotografias, gravuras, esculturas, pinturas, ações e instalações site-specific.Sua produção lida constantemente com a linguagem e a literatura, explorando a relação entre palavra, memória e espaço.Formada em Comunicação Social pela UFMG e mestre em Artes Visuais pela UFRJ, Dardot vive e trabalha entre a Cidade do México e São Paulo.Participou de diversas bienais, como as de São Paulo, Havana e Coimbra, e possui obras em acervos de instituições como Inhotim e o Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Marcia Xavier
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1967)
É uma artista visual brasileira que vive e trabalha em São Paulo.Graduada em Comunicação Visual pela FAAP, sua obra transita entre fotografia, objetos e instalações, explorando distorções ópticas e a participação do espectador.Utiliza espelhos, lentes, água e materiais translúcidos para criar experiências sensoriais que desafiam a percepção.Participou de bienais como a do Mercosul e a de Havana, e tem obras em acervos como o MAM-SP, MAM-RJ e Société Générale, na França.
Thiago Rocha Pitta
(Tiradentes, MG, Brasil, 1980)
É um artista visual brasileiro que explora diversas mídias, como pintura, escultura, vídeo, fotografia e instalação. Sua obra, marcada por uma forte interação com a natureza, utiliza elementos como terra, água, fogo e ar para refletir sobre o tempo, a memória e as transformações do mundo natural. Pitta convida o espectador a contemplar a impermanência da existência, através de projetos que destacam o efêmero e o transitório da vida.
Foto: Proyector
Milton Marques
(Brasília, DF, Brasil, 1971)
É um artista visual brasileiro conhecido por criar instalações e esculturas a partir de aparelhos eletrônicos obsoletos, como impressoras, scanners e câmeras.Seu trabalho combina elementos artesanais e tecnológicos, explorando temas como memória, obsolescência e a relação entre o ser humano e a máquina.Marques participou de importantes exposições, incluindo a 26ª Bienal de São Paulo (2004) e a 5ª Bienal do Mercosul (2005).Em 2006, recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça.É representado pela Galeria Leme e vive e trabalha em Brasília.
Mira Schendel
(Zurique, Suíça, 1919 – São Paulo, SP, Brasil, 1988)
Foi uma artista e pensadora brasileira, conhecida por explorar a relação entre caos e ordem, sensorialidade e racionalismo. Sua produção foi marcada pela transição de pintura para monotipias em papel japonês, que, devido à sua translucidez, ganhavam uma leitura em duas faces. Nos objetos gráficos, suspensos entre placas de acrílico, e nas Droguinhas, feitas em 1964, Schendel conferiu volume e textura ao quase invisível. Sua obra entrelaça texto e materialidade, traduzindo poesia em risco e letra.
Foto: Galatea
Mário Zanini
(São Paulo, SP, Brasil, 1907 – 1971)
Foi um pintor, decorador e ceramista brasileiro, integrante do Grupo Santa Helena.Sua obra é marcada por cores intensas e composições simples, destacando-se como um dos grandes coloristas da arte moderna brasileira ao lado de Alfredo Volpi.Participou das três primeiras Bienais de São Paulo e teve reconhecimento de críticos como Mário de Andrade.
Nazareth Pacheco
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
Nazareth Pacheco nasceu em São Paulo, SP, Brasil (1961). Formou-se em Artes Plásticas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e iniciou sua trajetória nos anos 1980, trabalhando com escultura e tridimensionalidade. Sua obra reflete experiências autobiográficas e investiga a relação entre corpo, dor e padrões estéticos, por meio de materiais como borracha, aço, bisturi, miçangas e acrílico. Realizou exposições individuais como Objetos Sedutores, no SESC Santo Amaro (2012) e Gota a Gota, na Pinacoteca de São Paulo (2015). Participou de coletivas como a 20ª e 24ª Bienal de São Paulo (1989, 1998) e o Panorama da Arte Brasileira (1988, 1991, 1998, 1999).
Nelson Leirner
(São Paulo, SP, Brasil, 1932 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2020)
Foi um artista visual brasileiro conhecido por sua postura crítica e provocadora diante do sistema artístico.Em 1966, fundou o Grupo Rex, que questionava as instituições de arte por meio de ações como a “Exposição-Não-Exposição”, na qual oferecia gratuitamente suas obras ao público.Sua obra mais emblemática, O Porco (1967), consistia em um porco empalhado enviado ao 4º Salão de Arte Moderna de Brasília, desafiando os critérios de seleção do evento.Leirner também foi pioneiro no uso de múltiplos e suportes não convencionais, como outdoors, e lecionou na FAAP e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.Sua produção é marcada por ironia, humor e engajamento político.
Nicolás Robbio
(Buenos Aires, Argentina, 1975)
É um artista visual argentino cuja obra transita entre desenho, escultura e instalação, explorando temas como linguagem, memória e estruturas de conhecimento.Utiliza materiais simples e cotidianos para criar composições que evocam diagramas técnicos e arquitetônicos.Vive e trabalha entre São Paulo e Buenos Aires, com formação pela Escola de Artes Visuais Martín A. Malharro.Participou de bienais como a de São Paulo (2008) e a FEMSA (2018), e expôs em instituições como o MAM São Paulo, o Museu Sívori (Buenos Aires) e o Künstlerhaus Bethanien (Berlim).Recebeu prêmios como o Marcantonio Vilaça (2015–2016) e o Paradoxos Rumos Itaú Cultural.
No Martins
(São Paulo, SP, 1987 – vive em São Paulo)
A produção de No Martins articula as linguagens da pintura, instalação e performances , através das quais Martins investiga as relações interpessoais cotidianas, principalmente a convivência da população negra no cotidiano urbano, questionando conflitos sociais como o racismo, a mortalidade por violência e o superencarceramento da população brasileira. Seus trabalhos estão em coleções de museus como MASP – Museu de Arte de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Inhotim e Museu da Escravatura, Luanda – Angola. Entre suas exposições mais recentes destacam-se as individuais: Encontros Políticos na Galeria Mariane Ibrahim em Paris – França; Social signs na Jack Bell Gallery em Londres – UK (2020); Tudo sob controle, no 29a Programa de exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo), em São Paulo – Brasil (2019); Aos que se foram, aos que aqui estão e aos que virão, no Instituto Pretos Novos, Rio de Janeiro – Brasil (2019). E as mostras coletivas: The discovery of what it means to be Brazilian, na Mariane Ibrahim Gallery, Chicago – USA (2020); 21a Bienal de arte contemporânea Sesc VideoBrasil, na qual recebeu o prêmio Sesc de arte contemporânea, (2019); e Histórias Afro-atlânticas no MASP (Museu de Arte de São Paulo) e ITO (Instituto Tomie Ohtake), São Paulo – Brasil (2018).
Paulo Monteiro
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
Um artista visual brasileiro cuja obra transita entre pintura, escultura e desenho, explorando a relação entre forma, cor e espaço.Foi um dos fundadores do grupo Casa 7 nos anos 1980, que revitalizou a pintura brasileira com influências neoexpressionistas.Participou de diversas bienais, como as de São Paulo (1985, 1994, 2013) e Havana (1986), e teve uma retrospectiva na Pinacoteca de São Paulo em 2008.Suas obras integram acervos de instituições como o MoMA, MAM São Paulo e Pinacoteca.
Rafael Assef
(São Paulo, SP, Brasil, 1970)
É fotógrafo e artista visual. Atua com fotografia desde 1990 e formou-se em artes plásticas pela FAAP em 1997. Em seus trabalhos, explora o corpo como suporte, utilizando a pele como superfície de incisões e traços que provocam incômodo e ativam experiências sensoriais e afetivas. A dor, o sangue e a geometria revelam tensões entre razão e corporeidade. Com influências das performances corporais dos anos 1970, sua produção é pensada para a fotografia como obra final. Destacam-se as séries Traço (1999) e Mapas de Saída (2006), além de atuações no campo da moda e da arte contemporânea.
Ricardo Basbaum
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
É artista multimídia, professor, curador e crítico. Participou de exposições individuais e coletivas desde 1981, dentre elas destacam-se a 25ª Bienal de São Paulo (2002), Urban Tension (Museum in Progress), Viena (2002), e a mostra Entre Pindorama, na Künstlerhaus de Sttutgart (2004). Publicou diversos textos em revistas especializadas, no Brasil e no exterior, e atualmente é professor do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Rivane Neuenschwander
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1967)
É uma das artistas visuais brasileiras de maior projeção internacional. Formada pela UFMG, participou de residências em Londres (Royal College of Art) e Estocolmo (Iaspis), e foi premiada por instituições como Funarte e ArtPace. Sua obra transita entre vídeo, instalação, performance e fotografia, com interesse por narrativas coletivas, memória e linguagem. Participou de bienais em São Paulo (1998, 2006) e Veneza (2003, 2005). Integra acervos e exposições de grandes museus ao redor do mundo, contribuindo de forma decisiva para a arte contemporânea.
Roberto Bethônico
(Itabira, MG, Brasil, 1964)
Vive e trabalha em Belo Horizonte. Doutor em Artes pela UFMG, integrou o coletivo Galpão Embra nos anos 1990. Participou de exposições no Brasil e no exterior, incluindo as feiras Arco (Madri) e Pinta (Nova York). Recebeu prêmios em salões de arte, como o Artista Visitante no Tamarind Institute (EUA). Seus trabalhos exploram tensões entre natural e artificial, presença e ausência, e transitam por desenhos, objetos, instalações, intervenções e livros de artista. Integra acervos como MAM-SP, MAM-RJ, Museu de Arte da Pampulha e Coleção Madeira (Portugal).
Rochelle Costi
(Caxias do Sul, RS, Brasil, 1961 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)
Foi fotógrafa e artista multimídia. Formada em Comunicação Social pela PUC-RS, viveu e estudou em Londres, passando por instituições como Saint Martin School of Art. Seu trabalho partiu da fotografia editorial e expandiu-se para instalações, objetos e vídeos, explorando a vida urbana, os espaços privados e a identidade. Com olhar atento ao cotidiano, construiu séries que ressignificam a experiência comum. Sua obra está presente em acervos de instituições como MASP, MAM São Paulo, Inhotim e CIFO (Miami).
Rodrigo Braga
(Manaus, AM, Brasil, 1973)
Vive entre Paris e Rio de Janeiro. Graduado em Artes Visuais pela UFPE, desenvolve obras por meio de imersões em paisagens naturais e práticas corporais que dialogam com performance, fotografia e vídeo. Sua produção investiga as tensões entre humano e natureza, em composições que misturam o real e o fantástico. Participou da 30ª Bienal de São Paulo, exibiu no MoMA PS1 e no Palais de Tokyo. Recebeu prêmios como o PIPA (2012) e o Marcantonio Vilaça (2009). Tem obras em acervos como MAM São Paulo, MAM Rio e Maison Européenne de la Photographie.
Romy Pocztaruk
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1983)
É mestre em Poéticas Visuais pela UFRGS. Sua prática investiga simulações espaço-temporais e o papel do artista frente a diferentes contextos, cruzando artes visuais com ciência e história. Participou de exposições como a 31ª Bienal de São Paulo, 35º Panorama da Arte Brasileira do MAM São Paulo, Pinacoteca de São Paulo, Bienal do Mercosul, e Region 0 (Nova York). Realizou residências no Bronx Museum (EUA), Instituto Sacatar (BA), Takt Kunstprojektraum (Berlim) e Sunhoo Creatives (China).
Rosana Paulino
(São Paulo, SP, Brasil, 1968)
É doutora em Artes Visuais pela ECA/USP e especialista em gravura pelo London Print Studio. Sua obra investiga as marcas da escravidão e o lugar da mulher negra na sociedade brasileira. Participou de mostras como a 59ª Bienal de Veneza, 35ª Bienal de São Paulo e Afro-Atlantic Histories (NGA, EUA). Tem obras em acervos como MASP, MAM São Paulo, Pinacoteca de São Paulo, Malba e UNM Art Museum. Foi bolsista da Fundação Ford, CAPES e Fundação Rockefeller.
Rosângela Rennó
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1962)
É doutora em Artes Visuais pela ECA/USP e especialista em gravura pelo London Print Studio. Sua obra investiga as marcas da escravidão e o lugar da mulher negra na sociedade brasileira. Participou de mostras como a 59ª Bienal de Veneza, 35ª Bienal de São Paulo e Afro-Atlantic Histories (NGA, EUA). Tem obras em acervos como MASP, MAM São Paulo, Pinacoteca de São Paulo, Malba e UNM Art Museum. Foi bolsista da Fundação Ford, CAPES e Fundação Rockefeller.
Santídio Pereira
(Isaías Coelho (PI), 1996)
Nascido em 1996 em Isaías Coelho, no Piauí, Santídio Pereira vive e trabalha em São Paulo. Estudou História da Arte com o crítico e curador Rodrigo Naves, e é graduado em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo.
A trajetória de Santídio Pereira tem sido permeada pela experimentação e estudo constante sobre os preceitos artísticos, impulsionando um desejo de criação e inovação dos padrões pré-estabelecidos, tanto no aspecto formal, quanto conceitual das linguagens artísticas. Seu trabalho já foi exibido em instituições brasileiras como Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre), Centro Cultural São Paulo, Paço das Artes, MuBE – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, e MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo (todos em São Paulo) em exposições de espaços e instituições internacionais como a Galería Xippas (Punta del Este, Uruguay), b[x] Gallery (Nova York, EUA), Bortolami Gallery (Nova York, EUA), Fondation Cartier pour l’Art Contemporain – Triennale di Milano (Milão, Itália), Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (Paris, França), Power Station of Art (Xangai, China), dentre outros. Seu trabalho integra em coleções importantes, como Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil), Coleção Cisneros (EUA), Acervo Sesc de Artes (Brasil), Museu de Arte do Rio – MAR (Brasil) e Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (França). Santídio também foi contemplado com o Prêmio Piza (2021, Paris, França), além de ter participado da AnnexB Residência Artística (2019, Nova York, EUA).
Sérgio Adriano H
(Joinville, SC, Brasil, 1975)
É artista visual, performer e pesquisador. Vive e trabalha entre Joinville e São Paulo. É formado em Artes Visuais e mestre em Filosofia. Em 2014, foi incluído no livro Construtores das Artes Visuais: Cinco Séculos de Artes em Santa Catarina, como um dos 30 artistas mais influentes do estado. Participou de mais de 80 exposições, entre individuais, coletivas e salões. Recebeu prêmios como o Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura (2014 e 2017), o 10º Salão Nacional Elke Hering (2012) e o 10º Salão Nacional de Arte de Itajaí (2005).
Sérgio Milliet
(São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966)
Cursou Ciências Econômicas e Sociais na Universidade de Berna, Suíça, ocasião em que teve contato com as vanguardas europeias do início do século XX. Um dos protagonistas da primeira fase da história do MAM São Paulo, e além de escritor e crítico, foi também um pintor relevante. Participante ativo da Semana de Arte Moderna de 1922, Milliet foi um dos expoentes do modernismo brasileiro. A sua relação com o MAM se inicia no momento de gênese desse museu, do qual foi um dos mais ativos idealizadores e organizadores. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da ABCA (Associação Brasileira dos Críticos de Arte). Foi o segundo diretor artístico do MAM, entre 1952 e 1957, quando realizou a primeira retrospectiva de Tarsila do Amaral, além de ter exercido o papel de diretor artístico da Bienal de São Paulo entre 1953 e 1958, sendo responsável pela 2ª, 3ª e 4ª edições. Alguns anos após seu falecimento em 1966, o MAM organizou uma exposição de suas pinturas, prestando grandes homenagens à trajetória e vida de Sérgio Milliet.
Sidney Amaral
(São Paulo, SP, 1973 – idem, 2017)
Sidney Amaral foi artista visual e professor de artes na rede pública de ensino. Através de diversas linguagens, dedicou-se tanto à exploração subversiva dos signficados pelo deslocamento material e contextual de objetos, quanto à abordagem de temas étnico-raciais, incluindo a condição da população negra e, em particular, do homem negro no Brasil, abordada, muitas vezes, por meio de seu autorretrato. Sidney Amaral iniciou sua trajetória na década de 1990, quando estudou no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, na Escola Panamericana de Artes e na ECOS Escola de Fotografia. Em 1998, formou-se em Educação Artística pela Fundação Armando Álvares Penteado. No ano seguinte, foi aluno da artista Ana Maria Tavares (1958-) no curso de orientação e desenvolvimento de projetos artísticos do Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia. Em 2001, realizou sua primeira exposição individual no Centro Cultural São Paulo. Sua obra recebeu reconhecimento relevante, como o II Prêmio Funarte de Arte Negra e a residência artística no Tamarind Institute (Novo México, EUA) em 2012, e participou de importantes exposições, a exemplo de “Histórias Mestiças” (2014) no Instituto Tomie Ohtake, e “Diálogos Ausentes” (2016-2017) no Itaú Cultural. No início de 2017, Sidney Amaral foi diagnosticado com um câncer pancreático, que, em poucos meses, levou-o a falecer prematuramente.
Tadáskía
(Rio de Janeiro, RJ, 1993 – vive entre o Rio de Janeiro e São Paulo, SP)
Tadáskía (n. 1993, Brasil) é uma artista e escritora negra e trans radicada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Seu trabalho em desenho, fotografia, instalação e têxtil mobiliza histórias, geografias e as relações materiais e imateriais que podem surgir entre o mundo e os seres vivos. Através de sua prática, ela busca elaborar também as experiências visíveis e invisíveis da diáspora negra, resultantes de encontros familiares e inusitados. Tadáskía já expôs no Museu de Arte do Rio, Paço Imperial e EAV Parque Lage, no Rio de Janeiro; no Framer Framed, em Amsterdã; no ISLAA em Nova York; no Triangle Astérides em Marselha; na Madragoa, em Portugal; e na Sé, Pivô, Auroras e na Casa de Cultura do Parque, em São Paulo.
Tatiana Blass
(São Paulo, SP, Brasil, 1979)
vive e trabalha em Belo Horizonte. Desenvolve pinturas, vídeos, esculturas e instalações desde 1998. Participou da 29ª Bienal de São Paulo, foi finalista do Nam June Paik Award (Alemanha) e contemplada pela Cisneros Fontanals Art Foundation (EUA). Venceu o Prêmio PIPA 2011 e realizou residência no Gasworks (Londres). Teve individuais no CCBB Rio, Capela do Morumbi, MAM Bahia, entre outros. Expôs no Wexner Center (EUA), Kunst im Tunnel (Alemanha), MAM Rio e Itaú Cultural. É representada pela Galeria Millan (SP) e Johannes Vogt Gallery (NY).
Tunga
(Palmares, PE, 1952 – Rio de Janeiro, RJ, 2016)
Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, o Tunga, nasceu em 1952, em Palmares, Pernambuco, viveu e trabalhou no Rio de Janeiro.
Foi o primeiro artista contemporâneo a exibir sua obra na pirâmide do Louvre, além de ter participado de exposições como a Bienal de Veneza, em 1982, e Documenta de Kassel, em 1992. Hoje, o trabalho do artista está nos acervos do MoMA, em Nova York; do Museum of Fine Arts de Houston; do Centre Pompidou, em Paris; do Barcelona Museum of Contemporary Art, e da Tate Modern, em Londres.
Vera Chaves Barcellos
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1938)
nasceu em Porto Alegre em 1938, e vive e trabalha na mesma cidade, mantendo também seu estúdio em Barcelona desde 1986. Nos anos 60, dedicou-se à gravura depois de estudos na Inglaterra e Holanda. Em 1975, foi bolsista do British Council, no Croydon College em Londres, estudando fotografia e sua aplicação em técnicas gráficas. Está entre os fundadores do Nervo Óptico (1976–1978) e do Espaço N.O. (1979–1982), e também da galeria Obra Aberta (1999–2002), atuantes no sul do Brasil. Entre as exposições das quais participou estão as individuais na Galeria Goeldi (Rio de Janeiro, 1966) e a “Inéditos e Reciclados” na Galeria Bolsa de Arte (São Paulo, 2019); as coletivas na Bienal de Veneza (1976), na 14ª Bienal de São Paulo (1976), no 3º Salão Paulista de Arte Contemporânea (São Paulo, 1985), e “Anos 70 – arte como questão”, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2007).
Vicente de Mello
(São Paulo, SP, Brasil, 1967)
é fotógrafo e desenvolve uma obra que alia investigações formais da fotografia a questões de caráter intimista. Seus ensaios exploram o corpo, paisagens, objetos e espaços privados, com foco na luz, no tempo e na fragmentação. Em 2007, recebeu o Prêmio APCA pela exposição na Pinacoteca do Estado. Em 2012, foi o primeiro brasileiro na residência do Espace Photographie Contretype (Bélgica), onde apresentou Silent City. Em 2015, venceu o Prêmio CCBB Contemporâneo com a instalação Ultramarino.
Walter Carvalho
(João Pessoa, PB, Brasil, 1947)
é fotógrafo e cineasta brasileiro. Herdeiro do Cinema Novo, iniciou sua trajetória auxiliando o irmão Vladimir Carvalho, e consolidou-se como diretor e diretor de fotografia. Sua obra carrega a marca do cinema brasileiro da segunda metade do século XX e reflete transformações sociais, políticas e culturais do país. Integra a comissão da Academia Brasileira de Cinema responsável por indicar filmes brasileiros ao Oscar.
Xadalu Tupã Jekupé
(Alegrete, RS, 1985 – vive em Porto Alegre, RS)
Xadalu Tupã Jekupé é um artista mestiço que usa elementos da serigrafia, pintura, fotografia e objetos para abordar em forma de arte urbana o tensionamento entre a cultura indígena e ocidental nas cidades. Sua obra, resultado das vivências nas aldeias e das conversas com sábios em volta da fogueira, tornou-se um dos recursos mais potentes das artes visuais contra o apagamento da cultura indígena no Rio Grande do Sul. O diálogo e a integração com a comunidade Guarani Mbyá permitiram ao artista o resgate e reconhecimento da própria ancestralidade. Xadalu tem origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã. As águas que banharam sua infância carregam a história de Guaranis Mbyá, Charruas, Minuanos, Jaros e Mbones — assim como dos bisavós e trisavós do artista. A obra feita para o Clube de Colecionadores apresenta uma cabeça indígena, tal como aquelas esculpidas na base na catedral de Porto Alegre, que simbolizam o domínio do cristianismo sobre a cultura indígena e o extermínio dos povos originários. Em guarani o artista escreve “Existe uma cidade sobre nós”, em clara alusão ao território indígena soterrado e aos vestígios arqueológicos encontrados na região.
Yuri Firmeza
(São Paulo, SP, Brasil, 1982)
investiga temas como memória, temporalidade, ruína e gentrificação, tensionando os limites entre realidade, ficção e possível. Seu trabalho atravessa vídeo, instalação, performance e fotografia, com forte presença do corpo como inscrição da história. Mestre pela ECA/USP, tem obras em acervos como MAM São Paulo, MAR, Museu da Pampulha e Museu Nacional de Belas Artes. Participou da 31ª Bienal de São Paulo, 11ª Bienal do Mercosul e 14ª Biennale Jogja, entre outras.
serviço
MAM São Paulo na Pinacoteca do Ceará: figura e paisagem, palavra e imagem
Período expositivo:
de 7 de junho de 2025 a 25 de janeiro de 2026
Curadoria:
Cauê Alves e Gabriela Gotoda
realização
Museu de Arte Moderna de São Paulo e Pinacoteca do Ceará
Endereço:
Pinacoteca do Ceará — Rua 24 de Maio, 34, Centro, Fortaleza — CE
Entrada gratuita de quarta a domingo
museu de arte moderna de são paulo
A sede do MAM está temporariamente fechada em virtude da reforma da marquise do Parque Ibirapuera.