O Museu de Arte Moderna de São Paulo foi fundado em 1948 e sua coleção, com ênfase na arte brasileira, conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos artistas modernos e contemporâneos. Assim como o seu acervo, a programação do MAM privilegia o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística atual e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas. Tradicionalmente, o museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, debates, laboratório de pesquisa, sessões de vídeo e práticas artísticas e educativas.
Em 1986, o MAM criou o Clube de Colecionadores que tem entre os seus objetivos o enriquecimento do seu acervo e o desenvolvimento do colecionismo privado. Através do Clube, artistas em diferentes estágios de carreira são convidados a propor trabalhos em formato múltiplo, para a realização de uma tiragem limitada de edições, das quais ao menos uma é incorporada ao acervo do MAM. Em 2024, o museu iniciou uma revisão na sua coleção e doou para a Pinacoteca do Ceará um conjunto de 87 obras que participaram de diferentes edições do Clube de Colecionadores do MAM e que estavam duplicadas na coleção.
MAM na Pinacoteca do Ceará: figura e paisagem, palavra e imagem é uma mostra que parte desta doação e conta com 47 obras que pertencem à coleção do MAM e são vinculadas à arte moderna e contemporânea. Ao aproximar a coleção do MAM das obras recém adquiridas pela Pinacoteca, a exposição reúne 94 trabalhos de diferentes linguagens e procedimentos técnicos, como fotografia, xilogravura, serigrafia, pintura, desenho, escultura, bordado, vídeo, entre as mais variadas combinações e derivações. Esse contingente de materialidades e fazeres artísticos variados reflete a multidisciplinaridade que caracteriza a arte brasileira e, assim, busca oferecer ao visitante a pluralidade como via para refletir e se relacionar com a arte e questões inerentes a ela.
A relação entre figura e paisagem é abordada no primeiro núcleo da exposição, onde foram reunidos trabalhos que elaboram diferentes pontos de vista sobre uma questão cara à história da arte e às transformações promovidas desde as vanguardas modernistas. Em algumas das obras, a presença de figuras em frente ou em meio a paisagens, ou diante de espaços vazios, nos desafia a refletir sobre como os corpos e os retratos se vinculam com o espaço e o mundo ao seu redor, e o quanto as fronteiras entre os sujeitos e a paisagem natural e artificial podem ser indeterminadas. Em outros trabalhos, a aparição de paisagens desprovidas de figuras, assim como representações ambíguas do corpo e dos espaços que ele ocupa, ou pode ocupar, desestabilizam sentidos cristalizados ao introduzir a abstração no processo de percepção e significação do mundo e dos modos como nos relacionamos.
Os vínculos entre palavra e imagem são análogos às relações entre figura e paisagem e entram em foco no núcleo final da exposição, onde trabalhos que contêm letras, palavras e textos colocam em perspectiva a apreensão da linguagem escrita no contexto de uma construção imagética. Toda palavra produz sentido através de uma imagem mental, assim como algumas imagens podem ser compreendidas a partir de sua ligação com a escrita e como linguagem visual. Nas obras reunidas na exposição, essas relações são reconfiguradas à medida em que palavras e letras ao lado de outros elementos compositivos contaminam-se mutuamente, apontando para a impossibilidade de separação total entre a leitura da imagem e a leitura da palavra.
A presente exposição é fruto de uma parceria entre o MAM São Paulo e a Pinacoteca do Ceará e almeja, além de aumentar a visibilidade da coleção de ambos os museus, contribuir para a programação da Pinacoteca do Ceará, assim como fomentar a reflexão sobre arte moderna e contemporânea.
Cauê Alves e Gabriela Gotoda curadores
créditos: Xadalu Tupã Jekupé, Tatá Piriri (2022). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Doação Paulo Sartori
artistas
Aldo Bonadei
(São Paulo, SP, Brasil, 1906 – São Paulo, SP, Brasil, 1974)
Aldo Bonadei foi um pintor, gravador, figurinista e professor brasileiro. Formado por Pedro Alexandrino e pela Accademia di Belle Arti di Firenze, integrou o Grupo Santa Helena e a FAP. Ensinou na Escola Livre de Artes Plásticas e cofundou a Oficina de Arte – O. D. A. Criou figurinos para teatro e cinema, destacando-se pela versatilidade e influência na cena cultural paulistana.
Alair Gomes
(Valença, RJ, Brasil, 1921 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1992)
Foi um fotógrafo, filósofo, professor e crítico de arte brasileiro, nascido em Valença, Rio de Janeiro.Formado em engenharia civil em 1944, abandonou a carreira técnica para se dedicar à filosofia da ciência, estética e história da arte.Em 1965, durante uma viagem à Europa, iniciou sua trajetória fotográfica ao utilizar uma câmera Leica emprestada.A partir de então, passou a fotografar compulsivamente, produzindo cerca de 170 mil negativos ao longo de sua vida.
Seu trabalho fotográfico é marcado por imagens de corpos masculinos, muitas vezes capturadas da janela de seu apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro.Essas fotos, frequentemente organizadas em sequências inspiradas em estruturas musicais como sonatinas e sinfonias, exploram temas como voyeurismo, beleza e sensualidade.Além disso, Gomes registrou cenas do carnaval carioca e paisagens urbanas, sempre com um olhar artístico e contemplativo.
Alfredo Volpi
(Lucca, Itália, 1896 – São Paulo, SP, Brasil, 1988)
Alfredo Volpi foi um dos artistas modernos brasileiros mais consagrados, desenvolvendo uma trajetória independente que flertava com o concretismo sem se filiar a escolas. Iniciou com paisagens e figuras, evoluindo para composições geometrizadas, com destaque para suas icônicas “fachadas”. Integrante do Grupo Santa Helena nos anos 1930, uniu cultura popular e arte erudita, criando um vocabulário formal próprio e cores vibrantes preparadas artesanalmente, em resistência à impessoalidade.
Anita Malfatti
(São Paulo, SP, Brasil, 1889 – 1964)
Anita Catarina Malfatti (São Paulo, 2 de dezembro de 1889 – São Paulo, 6 de novembro de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora ítalo-brasileira, considerada pioneira da Arte Moderna no Brasil. Nascida com uma deficiência congênita no braço direito, desenvolveu habilidades artísticas utilizando a mão esquerda. Iniciou seus estudos artísticos com a mãe, Betty Krug, e posteriormente estudou na Alemanha e nos Estados Unidos, onde teve contato com movimentos como o expressionismo e o cubismo. Sua exposição individual de 1917 em São Paulo causou grande controvérsia, sendo criticada por Monteiro Lobato, mas também despertou o interesse de jovens intelectuais modernistas. Anita participou da Semana de Arte Moderna de 1922, evento que marcou o início do modernismo no Brasil. Ao longo de sua carreira, suas obras refletiram influências das vanguardas europeias e da cultura brasileira. Faleceu em 1964, deixando um legado significativo para a arte brasileira.
Bárbara Wagner
(Brasília, DF, Brasil, 1980)
É artista visual e cineasta, cujo trabalho investiga expressões culturais populares brasileiras como o frevo, o brega-funk e o gospel, explorando temas como identidade, corpo e visibilidade. Desde 2011, colabora com Benjamin de Burca em vídeos que mesclam documentário e ficção. Em 2019, representaram o Brasil na Bienal de Veneza com a obra Swinguerra
Boris Kossoy
(São Paulo, SP, Brasil, 1941)
Brígida Baltar
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1959 – 2022)
foi uma artista brasileira cuja obra transitou entre a performance, o vídeo, a fotografia, a instalação e a escultura. Sua prática estava profundamente ligada ao cotidiano e à relação poética com o espaço, especialmente com sua própria casa no bairro do Botafogo, que serviu como ponto de partida para muitos de seus trabalhos. Elementos efêmeros como névoa, tijolo, água e vento compunham sua linguagem, voltada à captura do invisível e do sensível.
Caetano de Almeida
(Campinas, SP, Brasil, 1964)
pintor e gravador formado em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).Desde a década de 1980, Caetano realiza uma pesquisa sobre imagens, técnicas de reprodução gráficas e expressões pictóricas, explorando um espectro que vai da abstração à figuração.
Cao Guimarães
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1965)
Carlos Vergara
(Santa Maria, RS, Brasil, 1941)
Carlos Vergara, natural de Santa Maria, Rio Grande do Sul, é um artista cuja obra se consolidou na década de 1960, durante a resistência à ditadura militar. Participante da histórica mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Vergara foi um dos protagonistas da Nova Figuração Brasileira, movimento que uniu arte e crítica política. Nos anos 70, ampliou seu vocabulário com fotografias e instalações, e, desde os anos 1980, suas pinturas e monotipias seguem um caminho de experimentação, mantendo a inovação dentro da tradição da pintura.
Foto: Walter Carvalho/Divulgação
Carmela Gross
A artista realiza trabalhos em grande escala que se inserem no espaço urbano e assinalam um olhar crítico sobre a arquitetura, a história urbana, os automóveis, a noite, a rua e os fluxos luminosos da cidade.O eixo comum, para além da diversidade dos contextos e das propostas elaboradas em cada caso, é o conceito básico de trabalhar-na-cidade, de modo que a obra e o fluxo urbano se pertençam e se misturem. O conjunto de operações que envolvem desde a concepção do trabalho, passando pelo processo de produção, até a disposição no lugar de exibição enfatizam a relação dialética entre a obra e o espaço, entre a obra e o público transeunte. Os trabalhos procuram engendrar novas percepções artísticas que afirmam uma ação e um pensamento críticos e que trazem à tona a carga semântica do lugar, seja ele um espaço público, uma instituição ou o momento de uma exposição.
Foto: acervo Documental Fundação Iberê
Cinthia Marcelle
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1974)
é uma artista visual brasileira cuja prática abrange instalação, vídeo, fotografia e performance.Formada em Belas Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais, suas obras exploram o cotidiano, desafiando estruturas de poder e hierarquias sociais por meio de ações que reorganizam objetos e espaços comuns, revelando tensões entre ordem e caos.Marcelle representou o Brasil na 57ª Bienal de Veneza (2017) com a instalação Chão de Caça, recebendo menção honrosa do júri.
Clóvis Graciano
(Araras, SP, Brasil, 1907 – São Paulo, SP, Brasil, 1988)
foi um pintor, desenhista, gravador, cenógrafo e ilustrador brasileiro, reconhecido por sua fidelidade ao figurativismo e pelo compromisso com temas sociais.
Mudou-se para São Paulo em 1934, onde estudou com Waldemar da Costa e, em 1937, integrou o Grupo Santa Helena, ao lado de artistas como Alfredo Volpi e Francisco Rebolo.Sua obra destaca trabalhadores, migrantes e músicos, com traços influenciados por Candido Portinari e elementos do pós-cubismo.
Davi de Jesus do Nascimento
(Pirapora, MG, 1997 – vive em Pirapora)
Quando nasci alevim, em 1997, no fulgor norte-mineiro, banharam-me com o mesmo nome de meu pai, Davi de Jesus do Nascimento. sou barranqueiro curimatá, arrimo de muvuca e escritor fiado. gerado às margens do Rio São Francisco – curso d’água de minha vida – trabalho coletando afetos da ancestralidade ribeirinha e percebendo “quase-rios’’, no árido. fui criado dentro do emboloso da cumbuca de carranqueiros, pescadores e lavadeiras. o peso de carregar o rio nas costas bebe da nascente dos primeiros sóis que chorei na vida. sustentar na cacunda a carranca tem feito eu sentir a força do vento de minha taboca envergada no seguimento da rabiola solta que desceu em espiral gongo caracol envoltório para o calcanhar direito como cobra, isca, peixe e pedra.
Denis Moreira
(São Paulo, SP, Brasil, 1986)
é artista visual, pesquisador e educador.Formado em Artes Visuais pela FMU em 2011, desenvolve uma prática que entrelaça pintura, fotografia e técnicas digitais para explorar temas como ancestralidade, identidade afro-brasileira e memória coletiva.Suas obras dialogam com elementos da cultura africana e afro-brasileira, propondo reflexões sobre o passado e o presente.
Efrain Almeida
(Boa Viagem, CE, Brasil, 1964 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2024)
foi um artista visual brasileiro cuja obra transita entre escultura, pintura, bordado e aquarela.Sua prática é marcada por uma profunda conexão com a cultura popular nordestina, a religiosidade católica e a natureza, especialmente as aves, que aparecem recorrentemente em suas criações.Utilizando materiais como madeira e bronze, Almeida explorava temas como sexualidade, identidade e memória pessoal, frequentemente incorporando elementos autobiográficos e autorretratos em suas obras.
Elida Tessler
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1961)
é artista visual e professora da UFRGS. Sua obra investiga as relações entre palavra, imagem e memória, explorando interseções entre literatura e artes visuais. Doutora pela Université Paris I – Sorbonne, fundou o espaço Torreão (1993–2009), referência na arte contemporânea brasileira. Realizou exposições individuais e projetos que destacam a materialidade da linguagem.
Emidio de Souza
(Itanhaém, SP, Brasil, 1868 – Santos, SP, Brasil, 1949)
foi um artista multifacetado brasileiro, reconhecido como o primeiro pintor primitivista do país. Além da pintura, destacou-se como poeta, músico, teatrólogo e folclorista.
Autodidata, iniciou sua carreira artística aos 18 anos, pintando cenas de sua cidade natal. Entre 1888 e 1890, estudou pintura com Benedito Calixto em Santos, auxiliando-o na decoração de eventos comemorativos da Lei Áurea e na elaboração do livro “A Villa de Itanhaém”
Emiliano Di Cavalcanti
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1897 – 1976)
Di Cavalcanti foi um dos principais nomes do modernismo brasileiro, participando ativamente das discussões sobre os rumos da arte no início do século XX, ao lado de Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Ele idealizou a Semana de Arte Moderna de 1922, criando o catálogo e o cartaz. Em Paris, teve contato com grandes pintores como Picasso e Matisse, cujas influências aparecem no estilo escultural de suas figuras. Seu trabalho foca na sensualidade das mulheres brasileiras e na construção de uma identidade nacional através de temas realistas, como o carnaval e as mulatas.
Foto: Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional
Ernesto Neto
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1964)
é um artista contemporâneo brasileiro conhecido por instalações imersivas que exploram o corpo, os sentidos e a espiritualidade. Utiliza materiais como lycra, especiarias e miçangas para criar ambientes orgânicos e sensoriais. Desde os anos 1990, destaca-se internacionalmente e colabora com comunidades indígenas em obras que unem arte e ancestralidade.
Espaço Coringa
(São Paulo, SP, Brasil, 1998)
foi um coletivo artístico ativo entre 1998 e 2009, fundado por artistas como Fabrício Lopez.Com sede em São Paulo, o grupo promoveu exposições, publicações, vídeos, aulas, intercâmbios e residências artísticas, destacando-se por sua abordagem colaborativa e experimental nas artes visuais.O ateliê desempenhou um papel significativo na cena artística brasileira, incentivando práticas inovadoras e a formação de redes entre artistas
Fabrício Lopez
(Santos, SP, Brasil, 1977)
é artista visual e mestre em poéticas visuais pela ECA-USP. Destaca-se por suas xilogravuras de grande formato, que exploram sobreposições de imagens e cores inspiradas no entorno urbano e natural de Santos.É cofundador do Ateliê Espaço Coringa e da Associação Cultural Jatobá, além de atuar como educador no Instituto Acaia, em São Paulo.Suas obras integram acervos como os da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Itamaraty
Farnese de Andrade
(Araguari, MG, Brasil, 1926 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1996)
Farnese de Andrade foi um pintor, escultor, desenhista, gravador e ilustrador brasileiro. Estudou com Guignard em Belo Horizonte (1945-1948) e, após se mudar para o Rio de Janeiro para tratar uma tuberculose, trabalhou como ilustrador em diversos jornais e revistas. Em 1959, aperfeiçoou-se em gravura no Museu de Arte Moderna do Rio. Nos anos 1960, passou a criar obras com materiais descartados e objetos encontrados, refletindo um contexto político e moral da época.
Fernando Lindote
(Santana do Livramento, RS, Brasil, 1960)
é um artista visual brasileiro que trabalha com pintura, instalação, performance e vídeo. Sua obra tem uma abordagem experimental e crítica, explorando temas de identidade cultural e história brasileira. Começou como cartunista no sul do país e participou de exposições importantes, como a 29ª Bienal de São Paulo.
Rebolo
(São Paulo, SP, Brasil, 1902 – 1980)
Francisco Rebolo foi pintor e gravador, ligado ao Grupo Santa Helena e à formação do modernismo paulista. Nos anos 1950, explorou a xilogravura, e, a partir da década de 1970, dedicou-se à água-forte e à litografia, incentivado por Marcello Grassmann. Suas gravuras, longe de serem apenas estudos para a pintura, possuem força própria, combinando rigor técnico e sensibilidade cromática. Sua produção reflete a mesma busca por equilíbrio e síntese que marcou sua trajetória na pintura.
Iberê Camargo
(Restinga Seca, RS, Brasil, 1914 – Porto Alegre, RS, Brasil, 1994)
Foi um pintor, gravador, desenhista e professor brasileiro. Iniciou sua formação artística em Santa Maria e Porto Alegre, estudando pintura e arquitetura. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1942, onde fundou o Grupo Guignard e estudou com mestres internacionais. Pioneiro em exposições e ensino de gravura, fundou o curso de gravura do Instituto Municipal de Belas Artes. Seu trabalho foi influenciado por um incidente pessoal em 1980. Recebeu o título de doutor honoris causa em 1986.
Foto: acervo Documental Fundação Iberê
Iole de Freitas
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1945)
É uma escultora, gravadora e artista multimídia brasileira.Iniciou sua formação em dança e design, mudando-se para Milão nos anos 1970, onde trabalhou como designer na Olivetti e começou a desenvolver sua própria arte.Nos anos 1980, retornou ao Brasil e passou a se dedicar à escultura, utilizando materiais como arame, tela, aço, cobre e pedra.Sua obra explora a relação entre corpo, espaço e movimento, refletindo sua formação em dança.Participou de importantes exposições, incluindo a IX Bienal de São Paulo (1981) e a Documenta de Kassel (2007).
Jac Leirner
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
É uma artista conceitual brasileira reconhecida por suas esculturas e instalações criadas a partir de objetos cotidianos, como cédulas de dinheiro, sacolas plásticas e maços de cigarro. Formada em Artes Plásticas pela FAAP, sua obra reflete sobre consumo, memória e a transição de objetos banais para arte.Participou de importantes exposições, incluindo a Bienal de Veneza (1990 e 1997), dOCUMENTA (1992) e a 29ª Bienal de São Paulo (1983).Seu trabalho está presente em coleções de instituições renomadas, como o MoMA (Nova York) e o Museu Ludwig (Colônia)
Jonathas de Andrade
(Maceió, AL, Brasil, 1982)
É um artista visual brasileiro que vive e trabalha em Recife.Sua prática abrange fotografia, vídeo e instalação, explorando temas como memória coletiva, identidade cultural e desigualdades sociais.Utiliza estratégias que mesclam ficção e realidade para reconstituir narrativas do passado e refletir sobre as dinâmicas do presente.De Andrade frequentemente colabora com comunidades locais, destacando vozes marginalizadas e questionando estruturas de poder.Entre suas exposições individuais estão “O Peixe” no New Museum, Nova York (2017), e “One to One” no Museum of Contemporary Art Chicago (2019).Participou de importantes bienais, como a de Veneza (2022) e a de São Paulo (2016).Suas obras integram acervos de instituições como o MoMA e o Guggenheim
José Antônio da Silva
(Sales de Oliveira, SP, 1909 – São Paulo, SP, 1996)
Foi um pintor, desenhista, escultor e escritor brasileiro, autodidata e trabalhador rural. Destacou-se após sua participação na exposição inaugural da Casa de Cultura de São José do Rio Preto, em 1946, e realizou sua primeira mostra individual em 1948. Em 1951, recebeu um prêmio da 1ª Bienal Internacional de São Paulo e teve obras adquiridas pelo MoMA. Fundou o Museu Municipal de Arte Contemporânea de São José do Rio Preto em 1966. Continuou influente até sua morte, publicando livros como Romance de Minha Vida.
Foto: Guia das artes
José Damasceno
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1968)
José Pancetti
(Campinas, SP, 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 1958)
Giuseppe Giannini Pancetti (José Pancetti), nascido em Campinas, SP, foi um pintor autodidata com forte ligação com o mar, influenciado por sua experiência na Marinha. Sua obra é marcada por marinhas e paisagens, sendo suas telas, em sua maioria, de dimensões modestas, pintadas ao ar livre. Pancetti ingressou no Núcleo Bernardelli no Rio de Janeiro e participou de exposições internacionais, incluindo a Bienal de Veneza (1950) e a Bienal de São Paulo (1951, 1955). Sua pintura foi descrita como austera, direta e sem supérfluos. Faleceu em 1958, deixando um legado de importância no modernismo brasileiro.
José Patrício
(Recife, PE, Brasil, 1960)
Artista visual conhecido por obras que combinam padrões geométricos e efeitos ópticos a partir de objetos como dominós, dados e botões. Influenciado pela arte construtiva, desenvolve composições baseadas em repetição e variação. Participou de bienais como as de São Paulo (1994) e Havana (2003), e tem obras em acervos como os da Pinacoteca de SP e Fondation Cartier.
José Spaniol
(São Luiz Gonzaga, RS, Brasil, 1960)
É artista visual e professor da UNESP, conhecido por esculturas e instalações que exploram espaço, tempo e memória. Sua obra utiliza materiais como madeira, areia e cera, frequentemente dialogando com textos literários e filosóficos.Estudou na Academia de Artes de Düsseldorf e possui doutorado pela ECA-USP.Entre suas exposições destacam-se “Tiamm Schuoomm Cash!” na Pinacoteca de São Paulo e no FAMA Museu.
Klaus Mitteldorf
(São Paulo, SP, Brasil, 1953)
É fotógrafo e cineasta brasileiro conhecido por sua estética experimental e inovadora. Iniciou sua carreira nos anos 1970 com fotografias de surfe e, posteriormente, destacou-se na fotografia de moda e publicidade, colaborando com revistas como Vogue e Elle.Sua obra transita entre o documental e o artístico, explorando temas urbanos e humanos.Publicou diversos livros e realizou exposições no Brasil e no exterior.
Laura Vinci
(São Paulo, SP, Brasil, 1962)
É artista visual brasileira reconhecida por esculturas e instalações que exploram a relação entre corpo, espaço e efemeridade. Formada pela FAAP e mestre pela ECA-USP, iniciou sua carreira nos anos 1980, migrando da pintura para obras tridimensionais.Participou de bienais como a de São Paulo (2004) e do Mercosul (1999, 2005, 2009), e tem obras em instituições como Inhotim e MAM-SP.Também atua como diretora de arte em teatro, destacando-se por cenografias no Teatro Oficina.
Lenora de Barros
Artista visual e poeta, Lenora de Barros é formada em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP) e iniciou sua carreira artística na década de 1970. Os primeiros trabalhos criados por Lenora podem ser colocados no campo da “poesia visual” em diálogo com o movimento da poesia concreta da década de 1950. Palavras e imagens foram seus primeiros materiais.
Em 1983, LB publicou o livro Onde Se Vê, um conjunto de “poemas” um tanto incomuns. Alguns deles dispensaram o uso de palavras, construídos como narrativas fotográficas, onde a própria artista representava diferentes personagens em atos performáticos. Este livro já anunciava o trânsito de Lenora de Barros para o campo das artes visuais, o que acabou por acontecer. Desde então, a artista vem seguindo seu caminho, marcado pelo uso de diversas linguagens: vídeo, performance, fotografia, instalação sonora e construção de objetos.
Seu trabalho está incluído em coleções no Brasil e em vários outros países, entre eles o Hammer Museum (CA, EUA), Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (Espanha), Daros Coleção Latinamerica (Suíça), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), Pinacoteca do Estado de São Paulo e Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, (Madrid). Entre as exposições mais importantes, ela participou estão: Radical Women: Latin American Art, 1960-1985, Hammer Museum, LA, Brooklyn Museum, New York-NY, USA; Pinacoteca de São Paulo-SP, Brasil; Tools for utopia, selected works from the Daros Latinamerica Collection, Berna, Switzerland; 11º Bienal de Lyon, (França, 2011); ISSOÉOSSODISSO na Oficina Cultural Oswald de Andrade (São Paulo, 2016); 4ª Bienal de Salónica de Arte Contemporânea (Grécia, 2013); 17, 24 e 30ª Bienal Internacional de São Paulo, e em 2022 estará na 59a Bienal Internacional de Veneza.
Leticia Ramos
A sua investigação artística centra-se na criação de aparatos fotográficos adequados para captar e reconstruir o movimento e apresentá-lo através de vídeo, fotografia e instalação. Com particular interesse pela ciência da ficção, desenvolveu romances geográficos complexos em algumas das suas séries, como ERBF, Bitácora e Vostok. O acaso, assim como a experimentação com a fotografia e o processo artístico são direções que podem ser vistas em seu trabalho.
Luiz Paulo Baravelli
(São Paulo, SP, Brasil, 1942)
É um artista visual brasileiro cuja obra abrange pintura, escultura, desenho e gravura.Formado pela FAAP e com passagem pela FAU-USP, foi aluno de Wesley Duke Lee e cofundador da Escola Brasil, ao lado de Carlos Fajardo, José Resende e Frederico Nasser.Sua produção transita entre o abstrato e o figurativo, com destaque para pinturas de grandes formatos e contornos irregulares.Participou da Bienal de Veneza (1984) e tem obras em acervos como o MAC-USP e o MAM-RJ.
Mabe Bethônico
(Belo Horizonte (MG), 1966 – Vive entre Genebra e Belo Horizonte)
Mabe Bethônico é artista e pesquisadora e trabalha com arquivos e instituições, lidando com os limites entre documentação e construção, evidenciando como a informação e a história podem ser construídas e retrabalhadas continuamente. A partir dessa perspectiva, se dedica em grande parte a questões da mineração em Minas Gerais. Participou da 27ª e 28ª Bienais de São Paulo e exposições no MAM e MIS SP, Museu da Pampulha, no Centre de la Photographie, Geneva, Museo de Antioquia – Medellin, Kunstverein Muenchen – Munique, Nothingham Contemporary, dentre outros. Participa do coletivo internacional de artistas e teóricos World of Matter e desenvolve pesquisa na França, junto à École Supérieure d’Art Annecy Alpes, ESAAA. Bethônico possui mestrado e doutorado em artes visuais pelo Royal College of Art, Londres, e desenvolveu pesquisa de pós-doutorado no Museu de Etnografia de Genebra, no projeto Um viajante depois do outro, um guia ou dois sobre a Caatinga, sobre os arquivos do geólogo suíço Edgar Aubert de la Rüe.
Marcelo Cidade
(São Paulo, SP, Brasil, 1979)
Marcelo Moscheta
(São José do Rio Preto, SP, Brasil, 1976)
É um artista visual brasileiro que vive e trabalha em Coimbra, Portugal.Sua prática artística envolve desenho, fotografia e instalação, com foco em temas como deslocamento, território, paisagem e memória.Desde 2000, realiza obras a partir de viagens a locais remotos, coletando elementos da natureza para criar trabalhos que exploram a relação entre o ser humano e o ambiente.Recebeu prêmios como o Pollock-Krasner Foundation Grant (2017) e o Prêmio PIPA Voto Popular (2010).Suas obras integram acervos de instituições como o MAM-RJ e a Pinacoteca de São Paulo.
Marco Paulo Rolla
(São Domingos do Prata, MG, 1967)
É Mestre em Artes pela UFMG e coordenador do CEIA – Centro de Experimentação e Informação de Arte. Com exposições individuais no Brasil, Alemanha, Argentina e Holanda, participou de eventos importantes como a 29ª Bienal de São Paulo (2010). Seu trabalho foi premiado em salões nacionais e integra coleções como o MAM-SP, Pinacoteca de SP, Inhotim e MAC-USP. Destaca-se também como performer, com participação em festivais nacionais e internacionais. Vive e trabalha em Belo Horizonte.
Foto: Marco Paulo Rolla
Marilá Dardot
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1973)
É uma artista visual brasileira cuja obra transita entre vídeos, fotografias, gravuras, esculturas, pinturas, ações e instalações site-specific.Sua produção lida constantemente com a linguagem e a literatura, explorando a relação entre palavra, memória e espaço.Formada em Comunicação Social pela UFMG e mestre em Artes Visuais pela UFRJ, Dardot vive e trabalha entre a Cidade do México e São Paulo.Participou de diversas bienais, como as de São Paulo, Havana e Coimbra, e possui obras em acervos de instituições como Inhotim e o Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Marcia Xavier
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1967)
É uma artista visual brasileira que vive e trabalha em São Paulo.Graduada em Comunicação Visual pela FAAP, sua obra transita entre fotografia, objetos e instalações, explorando distorções ópticas e a participação do espectador.Utiliza espelhos, lentes, água e materiais translúcidos para criar experiências sensoriais que desafiam a percepção.Participou de bienais como a do Mercosul e a de Havana, e tem obras em acervos como o MAM-SP, MAM-RJ e Société Générale, na França.
Thiago Rocha Pitta
(Tiradentes, MG, Brasil, 1980)
É um artista visual brasileiro que explora diversas mídias, como pintura, escultura, vídeo, fotografia e instalação. Sua obra, marcada por uma forte interação com a natureza, utiliza elementos como terra, água, fogo e ar para refletir sobre o tempo, a memória e as transformações do mundo natural. Pitta convida o espectador a contemplar a impermanência da existência, através de projetos que destacam o efêmero e o transitório da vida.
Foto: Proyector
Milton Marques
(Brasília, DF, Brasil, 1971)
É um artista visual brasileiro conhecido por criar instalações e esculturas a partir de aparelhos eletrônicos obsoletos, como impressoras, scanners e câmeras.Seu trabalho combina elementos artesanais e tecnológicos, explorando temas como memória, obsolescência e a relação entre o ser humano e a máquina.Marques participou de importantes exposições, incluindo a 26ª Bienal de São Paulo (2004) e a 5ª Bienal do Mercosul (2005).Em 2006, recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça.É representado pela Galeria Leme e vive e trabalha em Brasília.
Mira Schendel
(Zurique, Suíça, 1919 – São Paulo, SP, Brasil, 1988)
Foi uma artista e pensadora brasileira, conhecida por explorar a relação entre caos e ordem, sensorialidade e racionalismo. Sua produção foi marcada pela transição de pintura para monotipias em papel japonês, que, devido à sua translucidez, ganhavam uma leitura em duas faces. Nos objetos gráficos, suspensos entre placas de acrílico, e nas Droguinhas, feitas em 1964, Schendel conferiu volume e textura ao quase invisível. Sua obra entrelaça texto e materialidade, traduzindo poesia em risco e letra.
Foto: Galatea
Mário Zanini
(São Paulo, SP, Brasil, 1907 – 1971)
Foi um pintor, decorador e ceramista brasileiro, integrante do Grupo Santa Helena.Sua obra é marcada por cores intensas e composições simples, destacando-se como um dos grandes coloristas da arte moderna brasileira ao lado de Alfredo Volpi.Participou das três primeiras Bienais de São Paulo e teve reconhecimento de críticos como Mário de Andrade.
Nazareth Pacheco
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
É uma artista visual brasileira cuja obra explora temas como dor, prazer, corpo e identidade por meio de esculturas, instalações e objetos.Utilizando materiais como lâminas, vidro e objetos cotidianos, suas criações provocam reflexões sobre experiências humanas e sociais.Formada em Artes Plásticas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pacheco realizou sua primeira exposição individual em 1985 e participou da 20ª Bienal Internacional de São Paulo em 1989.Em 2002, defendeu a dissertação “Objetos Sedutores” na ECA-USP, e, em 2003, teve sua trajetória retratada no documentário Gilete Azul.Suas obras integram acervos de instituições como o MAM-SP e o Itaú Cultural
Nelson Leirner
(São Paulo, SP, Brasil, 1932 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2020)
Foi um artista visual brasileiro conhecido por sua postura crítica e provocadora diante do sistema artístico.Em 1966, fundou o Grupo Rex, que questionava as instituições de arte por meio de ações como a “Exposição-Não-Exposição”, na qual oferecia gratuitamente suas obras ao público.Sua obra mais emblemática, O Porco (1967), consistia em um porco empalhado enviado ao 4º Salão de Arte Moderna de Brasília, desafiando os critérios de seleção do evento.Leirner também foi pioneiro no uso de múltiplos e suportes não convencionais, como outdoors, e lecionou na FAAP e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.Sua produção é marcada por ironia, humor e engajamento político.
Nicolás Robbio
(Buenos Aires, Argentina, 1975)
É um artista visual argentino cuja obra transita entre desenho, escultura e instalação, explorando temas como linguagem, memória e estruturas de conhecimento.Utiliza materiais simples e cotidianos para criar composições que evocam diagramas técnicos e arquitetônicos.Vive e trabalha entre São Paulo e Buenos Aires, com formação pela Escola de Artes Visuais Martín A. Malharro.Participou de bienais como a de São Paulo (2008) e a FEMSA (2018), e expôs em instituições como o MAM São Paulo, o Museu Sívori (Buenos Aires) e o Künstlerhaus Bethanien (Berlim).Recebeu prêmios como o Marcantonio Vilaça (2015–2016) e o Paradoxos Rumos Itaú Cultural.
No Martins
(São Paulo, SP, 1987 – vive em São Paulo)
A produção de No Martins articula as linguagens da pintura, instalação e performances , através das quais Martins investiga as relações interpessoais cotidianas, principalmente a convivência da população negra no cotidiano urbano, questionando conflitos sociais como o racismo, a mortalidade por violência e o superencarceramento da população brasileira. Seus trabalhos estão em coleções de museus como MASP – Museu de Arte de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Inhotim e Museu da Escravatura, Luanda – Angola. Entre suas exposições mais recentes destacam-se as individuais: Encontros Políticos na Galeria Mariane Ibrahim em Paris – França; Social signs na Jack Bell Gallery em Londres – UK (2020); Tudo sob controle, no 29a Programa de exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo), em São Paulo – Brasil (2019); Aos que se foram, aos que aqui estão e aos que virão, no Instituto Pretos Novos, Rio de Janeiro – Brasil (2019). E as mostras coletivas: The discovery of what it means to be Brazilian, na Mariane Ibrahim Gallery, Chicago – USA (2020); 21a Bienal de arte contemporânea Sesc VideoBrasil, na qual recebeu o prêmio Sesc de arte contemporânea, (2019); e Histórias Afro-atlânticas no MASP (Museu de Arte de São Paulo) e ITO (Instituto Tomie Ohtake), São Paulo – Brasil (2018).
Paulo Monteiro
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
Um artista visual brasileiro cuja obra transita entre pintura, escultura e desenho, explorando a relação entre forma, cor e espaço.Foi um dos fundadores do grupo Casa 7 nos anos 1980, que revitalizou a pintura brasileira com influências neoexpressionistas.Participou de diversas bienais, como as de São Paulo (1985, 1994, 2013) e Havana (1986), e teve uma retrospectiva na Pinacoteca de São Paulo em 2008.Suas obras integram acervos de instituições como o MoMA, MAM São Paulo e Pinacoteca.
Rafael Assef
(São Paulo, SP, Brasil, 1970)
É fotógrafo e artista visual. Atua com fotografia desde 1990 e formou-se em artes plásticas pela FAAP em 1997. Em seus trabalhos, explora o corpo como suporte, utilizando a pele como superfície de incisões e traços que provocam incômodo e ativam experiências sensoriais e afetivas. A dor, o sangue e a geometria revelam tensões entre razão e corporeidade. Com influências das performances corporais dos anos 1970, sua produção é pensada para a fotografia como obra final. Destacam-se as séries Traço (1999) e Mapas de Saída (2006), além de atuações no campo da moda e da arte contemporânea.
Ricardo Basbaum
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
É artista multimídia, professor, curador e crítico. Participou de exposições individuais e coletivas desde 1981, dentre elas destacam-se a 25ª Bienal de São Paulo (2002), Urban Tension (Museum in Progress), Viena (2002), e a mostra Entre Pindorama, na Künstlerhaus de Sttutgart (2004). Publicou diversos textos em revistas especializadas, no Brasil e no exterior, e atualmente é professor do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Rivane Neuenschwander
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1967)
É uma das artistas visuais brasileiras de maior projeção internacional. Formada pela UFMG, participou de residências em Londres (Royal College of Art) e Estocolmo (Iaspis), e foi premiada por instituições como Funarte e ArtPace. Sua obra transita entre vídeo, instalação, performance e fotografia, com interesse por narrativas coletivas, memória e linguagem. Participou de bienais em São Paulo (1998, 2006) e Veneza (2003, 2005). Integra acervos e exposições de grandes museus ao redor do mundo, contribuindo de forma decisiva para a arte contemporânea.
Roberto Bethônico
(Itabira, MG, Brasil, 1964)
Vive e trabalha em Belo Horizonte. Doutor em Artes pela UFMG, integrou o coletivo Galpão Embra nos anos 1990. Participou de exposições no Brasil e no exterior, incluindo as feiras Arco (Madri) e Pinta (Nova York). Recebeu prêmios em salões de arte, como o Artista Visitante no Tamarind Institute (EUA). Seus trabalhos exploram tensões entre natural e artificial, presença e ausência, e transitam por desenhos, objetos, instalações, intervenções e livros de artista. Integra acervos como MAM-SP, MAM-RJ, Museu de Arte da Pampulha e Coleção Madeira (Portugal).
Rochelle Costi
(Caxias do Sul, RS, Brasil, 1961 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)
Foi fotógrafa e artista multimídia. Formada em Comunicação Social pela PUC-RS, viveu e estudou em Londres, passando por instituições como Saint Martin School of Art. Seu trabalho partiu da fotografia editorial e expandiu-se para instalações, objetos e vídeos, explorando a vida urbana, os espaços privados e a identidade. Com olhar atento ao cotidiano, construiu séries que ressignificam a experiência comum. Sua obra está presente em acervos de instituições como MASP, MAM São Paulo, Inhotim e CIFO (Miami).
Rodrigo Braga
(Manaus, AM, Brasil, 1973)
Vive entre Paris e Rio de Janeiro. Graduado em Artes Visuais pela UFPE, desenvolve obras por meio de imersões em paisagens naturais e práticas corporais que dialogam com performance, fotografia e vídeo. Sua produção investiga as tensões entre humano e natureza, em composições que misturam o real e o fantástico. Participou da 30ª Bienal de São Paulo, exibiu no MoMA PS1 e no Palais de Tokyo. Recebeu prêmios como o PIPA (2012) e o Marcantonio Vilaça (2009). Tem obras em acervos como MAM São Paulo, MAM Rio e Maison Européenne de la Photographie.
Romy Pocztaruk
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1983)
É mestre em Poéticas Visuais pela UFRGS. Sua prática investiga simulações espaço-temporais e o papel do artista frente a diferentes contextos, cruzando artes visuais com ciência e história. Participou de exposições como a 31ª Bienal de São Paulo, 35º Panorama da Arte Brasileira do MAM São Paulo, Pinacoteca de São Paulo, Bienal do Mercosul, e Region 0 (Nova York). Realizou residências no Bronx Museum (EUA), Instituto Sacatar (BA), Takt Kunstprojektraum (Berlim) e Sunhoo Creatives (China).
Rosana Paulino
(São Paulo, SP, Brasil, 1968)
É doutora em Artes Visuais pela ECA/USP e especialista em gravura pelo London Print Studio. Sua obra investiga as marcas da escravidão e o lugar da mulher negra na sociedade brasileira. Participou de mostras como a 59ª Bienal de Veneza, 35ª Bienal de São Paulo e Afro-Atlantic Histories (NGA, EUA). Tem obras em acervos como MASP, MAM São Paulo, Pinacoteca de São Paulo, Malba e UNM Art Museum. Foi bolsista da Fundação Ford, CAPES e Fundação Rockefeller.
Rosângela Rennó
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1962)
É doutora em Artes Visuais pela ECA/USP e especialista em gravura pelo London Print Studio. Sua obra investiga as marcas da escravidão e o lugar da mulher negra na sociedade brasileira. Participou de mostras como a 59ª Bienal de Veneza, 35ª Bienal de São Paulo e Afro-Atlantic Histories (NGA, EUA). Tem obras em acervos como MASP, MAM São Paulo, Pinacoteca de São Paulo, Malba e UNM Art Museum. Foi bolsista da Fundação Ford, CAPES e Fundação Rockefeller.
Santídio Pereira
(Isaías Coelho (PI), 1996)
Nascido em 1996 em Isaías Coelho, no Piauí, Santídio Pereira vive e trabalha em São Paulo. Estudou História da Arte com o crítico e curador Rodrigo Naves, e é graduado em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo.
A trajetória de Santídio Pereira tem sido permeada pela experimentação e estudo constante sobre os preceitos artísticos, impulsionando um desejo de criação e inovação dos padrões pré-estabelecidos, tanto no aspecto formal, quanto conceitual das linguagens artísticas. Seu trabalho já foi exibido em instituições brasileiras como Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre), Centro Cultural São Paulo, Paço das Artes, MuBE – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, e MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo (todos em São Paulo) em exposições de espaços e instituições internacionais como a Galería Xippas (Punta del Este, Uruguay), b[x] Gallery (Nova York, EUA), Bortolami Gallery (Nova York, EUA), Fondation Cartier pour l’Art Contemporain – Triennale di Milano (Milão, Itália), Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (Paris, França), Power Station of Art (Xangai, China), dentre outros. Seu trabalho integra em coleções importantes, como Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil), Coleção Cisneros (EUA), Acervo Sesc de Artes (Brasil), Museu de Arte do Rio – MAR (Brasil) e Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (França). Santídio também foi contemplado com o Prêmio Piza (2021, Paris, França), além de ter participado da AnnexB Residência Artística (2019, Nova York, EUA).
Sérgio Adriano H
(Joinville, SC, Brasil, 1975)
É artista visual, performer e pesquisador. Vive e trabalha entre Joinville e São Paulo. É formado em Artes Visuais e mestre em Filosofia. Em 2014, foi incluído no livro Construtores das Artes Visuais: Cinco Séculos de Artes em Santa Catarina, como um dos 30 artistas mais influentes do estado. Participou de mais de 80 exposições, entre individuais, coletivas e salões. Recebeu prêmios como o Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura (2014 e 2017), o 10º Salão Nacional Elke Hering (2012) e o 10º Salão Nacional de Arte de Itajaí (2005).
Sérgio Milliet
(São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966)
Sérgio Milliet (São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966) foi um dos protagonistas da primeira fase da história do MAM São Paulo, e além de escritor e crítico, foi também um pintor relevante. Participante ativo da Semana de Arte Moderna de 1922, Milliet foi um dos expoentes do modernismo brasileiro. A sua relação com o MAM se inicia no momento de gênese desse museu, do qual foi um dos mais ativos idealizadores e organizadores. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da ABCA (Associação Brasileira dos Críticos de Arte). Foi o segundo diretor artístico do MAM, entre 1952 e 1957, quando realizou a primeira retrospectiva de Tarsila do Amaral, além de ter exercido o papel de diretor artístico da Bienal de São Paulo entre 1953 e 1958, sendo responsável pela 2ª, 3ª e 4ª edições. Alguns anos após seu falecimento em 1966, o MAM organizou uma exposição de suas pinturas, prestando grandes homenagens à trajetória e vida de Sérgio Milliet.
Foto: Dulce Carneiro
Sidney Amaral
(São Paulo, SP, 1973 – idem, 2017)
Sidney Amaral foi artista visual e professor de artes na rede pública de ensino. Através de diversas linguagens, dedicou-se tanto à exploração subversiva dos signficados pelo deslocamento material e contextual de objetos, quanto à abordagem de temas étnico-raciais, incluindo a condição da população negra e, em particular, do homem negro no Brasil, abordada, muitas vezes, por meio de seu autorretrato. Sidney Amaral iniciou sua trajetória na década de 1990, quando estudou no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, na Escola Panamericana de Artes e na ECOS Escola de Fotografia. Em 1998, formou-se em Educação Artística pela Fundação Armando Álvares Penteado. No ano seguinte, foi aluno da artista Ana Maria Tavares (1958-) no curso de orientação e desenvolvimento de projetos artísticos do Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia. Em 2001, realizou sua primeira exposição individual no Centro Cultural São Paulo. Sua obra recebeu reconhecimento relevante, como o II Prêmio Funarte de Arte Negra e a residência artística no Tamarind Institute (Novo México, EUA) em 2012, e participou de importantes exposições, a exemplo de “Histórias Mestiças” (2014) no Instituto Tomie Ohtake, e “Diálogos Ausentes” (2016-2017) no Itaú Cultural. No início de 2017, Sidney Amaral foi diagnosticado com um câncer pancreático, que, em poucos meses, levou-o a falecer prematuramente.
Tadáskía
(Rio de Janeiro, RJ, 1993 – vive entre o Rio de Janeiro e São Paulo, SP)
Tadáskía (n. 1993, Brasil) é uma artista e escritora negra e trans radicada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Seu trabalho em desenho, fotografia, instalação e têxtil mobiliza histórias, geografias e as relações materiais e imateriais que podem surgir entre o mundo e os seres vivos. Através de sua prática, ela busca elaborar também as experiências visíveis e invisíveis da diáspora negra, resultantes de encontros familiares e inusitados. Tadáskía já expôs no Museu de Arte do Rio, Paço Imperial e EAV Parque Lage, no Rio de Janeiro; no Framer Framed, em Amsterdã; no ISLAA em Nova York; no Triangle Astérides em Marselha; na Madragoa, em Portugal; e na Sé, Pivô, Auroras e na Casa de Cultura do Parque, em São Paulo.
Tatiana Blass
(São Paulo, SP, Brasil, 1979)
vive e trabalha em Belo Horizonte. Desenvolve pinturas, vídeos, esculturas e instalações desde 1998. Participou da 29ª Bienal de São Paulo, foi finalista do Nam June Paik Award (Alemanha) e contemplada pela Cisneros Fontanals Art Foundation (EUA). Venceu o Prêmio PIPA 2011 e realizou residência no Gasworks (Londres). Teve individuais no CCBB Rio, Capela do Morumbi, MAM Bahia, entre outros. Expôs no Wexner Center (EUA), Kunst im Tunnel (Alemanha), MAM Rio e Itaú Cultural. É representada pela Galeria Millan (SP) e Johannes Vogt Gallery (NY).
Tunga
(Palmares, PE, 1952 – Rio de Janeiro, RJ, 2016)
Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, o Tunga, nasceu em 1952, em Palmares, Pernambuco, viveu e trabalhou no Rio de Janeiro.
Foi o primeiro artista contemporâneo a exibir sua obra na pirâmide do Louvre, além de ter participado de exposições como a Bienal de Veneza, em 1982, e Documenta de Kassel, em 1992. Hoje, o trabalho do artista está nos acervos do MoMA, em Nova York; do Museum of Fine Arts de Houston; do Centre Pompidou, em Paris; do Barcelona Museum of Contemporary Art, e da Tate Modern, em Londres.
Vera Chaves Barcellos
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1938)
nasceu em Porto Alegre em 1938, e vive e trabalha na mesma cidade, mantendo também seu estúdio em Barcelona desde 1986. Nos anos 60, dedicou-se à gravura depois de estudos na Inglaterra e Holanda. Em 1975, foi bolsista do British Council, no Croydon College em Londres, estudando fotografia e sua aplicação em técnicas gráficas. Está entre os fundadores do Nervo Óptico (1976–1978) e do Espaço N.O. (1979–1982), e também da galeria Obra Aberta (1999–2002), atuantes no sul do Brasil. Entre as exposições das quais participou estão as individuais na Galeria Goeldi (Rio de Janeiro, 1966) e a “Inéditos e Reciclados” na Galeria Bolsa de Arte (São Paulo, 2019); as coletivas na Bienal de Veneza (1976), na 14ª Bienal de São Paulo (1976), no 3º Salão Paulista de Arte Contemporânea (São Paulo, 1985), e “Anos 70 – arte como questão”, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2007).
Vicente de Mello
(São Paulo, SP, Brasil, 1967)
é fotógrafo e desenvolve uma obra que alia investigações formais da fotografia a questões de caráter intimista. Seus ensaios exploram o corpo, paisagens, objetos e espaços privados, com foco na luz, no tempo e na fragmentação. Em 2007, recebeu o Prêmio APCA pela exposição na Pinacoteca do Estado. Em 2012, foi o primeiro brasileiro na residência do Espace Photographie Contretype (Bélgica), onde apresentou Silent City. Em 2015, venceu o Prêmio CCBB Contemporâneo com a instalação Ultramarino.
Walter Carvalho
(João Pessoa, PB, Brasil, 1947)
é fotógrafo e cineasta brasileiro. Herdeiro do Cinema Novo, iniciou sua trajetória auxiliando o irmão Vladimir Carvalho, e consolidou-se como diretor e diretor de fotografia. Sua obra carrega a marca do cinema brasileiro da segunda metade do século XX e reflete transformações sociais, políticas e culturais do país. Integra a comissão da Academia Brasileira de Cinema responsável por indicar filmes brasileiros ao Oscar.
Xadalu Tupã Jekupé
(Alegrete, RS, 1985 – vive em Porto Alegre, RS)
Xadalu Tupã Jekupé é um artista mestiço que usa elementos da serigrafia, pintura, fotografia e objetos para abordar em forma de arte urbana o tensionamento entre a cultura indígena e ocidental nas cidades. Sua obra, resultado das vivências nas aldeias e das conversas com sábios em volta da fogueira, tornou-se um dos recursos mais potentes das artes visuais contra o apagamento da cultura indígena no Rio Grande do Sul. O diálogo e a integração com a comunidade Guarani Mbyá permitiram ao artista o resgate e reconhecimento da própria ancestralidade. Xadalu tem origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã. As águas que banharam sua infância carregam a história de Guaranis Mbyá, Charruas, Minuanos, Jaros e Mbones — assim como dos bisavós e trisavós do artista. A obra feita para o Clube de Colecionadores apresenta uma cabeça indígena, tal como aquelas esculpidas na base na catedral de Porto Alegre, que simbolizam o domínio do cristianismo sobre a cultura indígena e o extermínio dos povos originários. Em guarani o artista escreve “Existe uma cidade sobre nós”, em clara alusão ao território indígena soterrado e aos vestígios arqueológicos encontrados na região.
Yuri Firmeza
(São Paulo, SP, Brasil, 1982)
investiga temas como memória, temporalidade, ruína e gentrificação, tensionando os limites entre realidade, ficção e possível. Seu trabalho atravessa vídeo, instalação, performance e fotografia, com forte presença do corpo como inscrição da história. Mestre pela ECA/USP, tem obras em acervos como MAM São Paulo, MAR, Museu da Pampulha e Museu Nacional de Belas Artes. Participou da 31ª Bienal de São Paulo, 11ª Bienal do Mercosul e 14ª Biennale Jogja, entre outras.
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em filosofia pela FFLCH USP. É professor do Departamento de Artes da FAFICLA, PUC-SP, e curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo. É autor de diversos textos sobre arte, entre eles, texto no catálogo da exposição Mira Schendel, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, e Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, Londres. É líder do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria da PUC-SP (CNPq). Entre 2016 e 2020, foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, MuBE. Em 2015, foi curador assistente do Pavilhão Brasileiro da 56ª Bienal de Veneza e, em 2011, foi curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Gabriela Gotoda
(São Paulo, 1998)
Gabriela Gotoda é pesquisadora e curadora de artes visuais. Bacharel em Arte: História, Crítica e Curadoria pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, publicou textos biográficos sobre Edgar Degas (MASP, 2021), John Graz (Pinacoteca de São Paulo, 2021) e Ozias (Danielian, 2024) e atua com curadoria e processos editoriais em instituições de arte e galerias em São Paulo desde 2019. Integra a equipe curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2022, onde é responsável pelo acompanhamento curatorial das publicações do museu. da curadoria das exposições “Lina Bo Bardi e o MAM no Parque” (2023), “Clube de colecionadores MAM São Paulo: Técnicas de diversão na arte contemporânea” (2024), e “MAM São Paulo: Encontros entre o moderno e o contemporâneo” (2025)
O Jardim de Esculturas do MAM é um marco do Parque Ibirapuera, um local emblemático de lazer e convivência na cidade de São Paulo. Como uma zona de transição entre o MAM e o seu hábitat urbano, o jardim transborda as fronteiras do espaço museológico convencional e, sem obstruir a passagem daqueles que por ali caminham, proporciona ao público uma fruição do espaço compartilhado através da arte. Oficialmente inaugurado em 1993, a história do Jardim do MAM acompanha o próprio desenvolvimento do museu e de sua presença no Parque Ibirapuera. Documentos apontam que, pouco após a inauguração da sede do MAM no parque, em 1969, o museu logo se preocupou com o cuidado das obras esparsamente presentes ali e se empenhou na constituição de um “Jardim de Esculturas” com obras de sua própria coleção. Com a reforma na década de 1980, que instaurou no museu sua característica fachada de vidro e transformou sua relação com o parque e a cidade, a ocupação do Jardim foi intensificada. A organização curatorial consolidou-se em 1993, quando as obras foram reposicionadas, e o espaço entre a Oca, o pavilhão da Bienal e o MAM recebeu um paisagismo assinado pelo escritório de Roberto Burle Marx, em parceria com Haruyoshi Ono.
Roberto Burle Marx (1909-1994) foi um dos grandes nomes do modernismo brasileiro, com uma obra que, através de diversos suportes, contribuiu para os campos do paisagismo, do urbanismo e da ecologia. Suas contribuições foram essenciais para consolidar os jardins como formas de expressão artística capazes de ressignificar espaços de circulação e, especialmente, de importância pública. Entre 1992 e 1993, Burle Marx realizou um projeto paisagístico para o Parque Ibirapuera que contemplou, com destaque, a área externa do MAM e as obras de sua coleção ali expostas. O Jardim de Esculturas já havia integrado duas versões anteriores do projeto de Burle Marx para o Parque, em 1953 e 1974, mas apenas na década de 1990 foi realizado integralmente. Idealizado pelo autor como “um espaço para estimular, na comunidade, a prática da convivência artística”, o paisagismo no Jardim do MAM introduziu novas espécies vegetais – agrupadas de modo a realçar seus traços comuns e, ao mesmo tempo, explorar suas diferentes texturas e cores – e instaurou os caminhos trilhados por britas, pedriscos e gramados, que conduzem o visitante até as obras.
Neste momento em que o MAM está fora de sua sede em razão da reforma da marquise do Parque Ibirapuera, propomos uma espécie de reencenação do Jardim do MAM no Sesc Vila Mariana, mas sem pretensões de reconstituir, literalmente, seus elementos vegetais ou apresentar as mesmas obras que compõem o espaço original. Influenciados pela volumosa produção de Burle Marx, em especial os desenhos e pinturas realizados no processo de concepção de muitos dos seus projetos paisagísticos, elaboramos uma expografia cuja arquitetura se baseia nas espacialidades, cores, formas e linhas de dois importantes projetos: o Jardim de Esculturas do MAM, no Parque Ibirapuera, e o jardim do Palácio Gustavo Capanema, antiga sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro. Do primeiro, vieram as espécies de “ilhas” que agrupam as obras da exposição e as variações topográficas do terreno do Jardim do MAM, refletidas nas diferentes alturas que configuram essas “ilhas”. As cores e os desenhos das bases foram inspirados por uma pintura de Burle Marx realizada como estudo para o jardim do Palácio Gustavo Capanema, em 1938, que projeta uma área delimitada por contornos sinuosos e representa diferentes espécies vegetais com uma variedade de manchas coloridas, igualmente sinuosas.
A exposição no Sesc Vila Mariana inclui obras que integram, ou já integraram, o conjunto em exposição no Jardim de Esculturas do Parque Ibirapuera e obras da coleção do MAM que se relacionam, por diferentes vias, com a natureza, o corpo, a cidade, a materialidade, e com linguagens que expressam algumas das tensões inescapáveis à sociedade. De modo similar às ativações realizadas rotineiramente pelo MAM Educativo no Jardim de Esculturas, os educadores do museu realizarão ações no período da exposição que colocarão em evidência várias formas de se relacionar com o paisagismo de Burle Marx que reinterpretamos aqui.
Cauê Alves e Gabriela Gotoda curadores
Lugares que se visitam, atitudes que se combinam
As unidades do Sesc são repletas de opções de uso do tempo livre. Nelas, os públicos podem desfrutar de diversos ambientes e experiências, de formas combinadas e, não raro, casuais. Suas arquiteturas e atividades programáticas favorecem encontros inesperados, fomentando estados de surpresa diante daquilo que extrapola as intenções iniciais de frequentação por parte de cada pessoa ou grupo. Essa política ampliada de acesso inclui aproximações com outras instituições, como no caso da presente parceria com o Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo.
Originário do Parque Ibirapuera, o Jardim de Esculturas do MAM aporta no Sesc Vila Mariana, onde permanece por alguns meses. Joga-se, assim, com a sobreposição de marcos urbanos – quando, em termos metafóricos, um lugar visita o outro. Peças tridimensionais modernas e contemporâneas deixam temporariamente o entorno do museu e se espalham pela planta livre dessa unidade, chamando à apreciação mais ou menos passageira. A configuração expositiva que as reapresenta, aqui, é inspirada no paisagismo de Roberto Burle Marx, expoente do modernismo brasileiro.
Tal conjunto escultórico se espraia pelo caminho de quem eventualmente vai à comedoria, à clínica odontológica, à piscina, às salas de ginástica. Trata-se de um convite a descobertas em trânsito. Esse, aliás, é um dos trunfos do trabalho educativo do Sesc, na modalidade informal, com a fruição estética sendo articulada com os movimentos da vida. A proposta explora, dessa maneira, os deslocamentos em suas distintas acepções, fazendo da transferência momentânea do “jardim escultórico” mais uma oportunidade de combinação entre as atitudes distraída e contemplativa.
Luiz Deoclecio Massaro Galina Diretor do Sesc São Paulo
Disponibilização de catálogos em versão digital que pode ser processada por sistemas de leitura e ampliação de tela (clique aqui para acessar as publicações); recursos de audioguia com audiodescrição e videoguia em Libras com legendas em português nas exposições;
ferramenta de Libras digital por meio da tecnologia Hand Talk e ferramenta de controle de fonte e cor para pessoas com baixa visão na visita ao site;
utilização de legendas descritivas e texto alternativo nas postagens nas redes sociais, com a hashtag #DescriçãoDoVideo e hashtag #PraTodoMundoVer;
Disponibilização de materiais táteis e multissensoriais das obras do acervo
Além das medidas acima, é possível agendar com o Educativo visitas mediadas gratuitas com educadores para público surdo, com deficiência visual, com deficiência física, intelectual e usuários de equipamentos de saúde mental e em situação de vulnerabilidade social e horários alternativos planejados para atendimento de público dentro do Transtorno do Espectro Autista de acordo com as características distintas de cada sujeito pensadas em relação a: socialização, sensorialidade, comunicabilidade e autonomia. solicitar pelo e-mail educativo@mam.org.br
Intérprete de libras e Audiodescrição ao vivo nas atividades quando solicitado com até 48h de antecedência solicitar pelo e-maileducativo@mam.org.br
Em certas atividades, poderão ser oferecidas medidas adicionais de acessibilidade, que estarão indicadas nos materiais de divulgação.
Mantenedores do MAM São Paulo
realização
artistas
Hisao Ohara
(local não identificado, 1931 – local não identificado, 1989)
Felícia Leirner
(Varsóvia, Polônia, 1904 – Campos do Jordão, SP, Brasil, 1996)
Foi uma escultora polonesa naturalizada brasileira. Chegou ao Brasil em 1927 e iniciou sua carreira artística aos 44 anos. Com obras marcadas pela síntese formal e expressão lírica, integrou a geração modernista brasileira.
Marepe
(Santo Antônio de Jesus, BA, Brasil, 1970)
é artista visual conhecido por obras que misturam escultura, instalação e performance com objetos do cotidiano nordestino. Sua produção explora temas como deslocamento, identidade e desigualdade social, com humor e lirismo.
Foto: Zanone Fraissat | Folhapress
Regina Silveira
(Porto Alegre, RS, 1939 – Vive e trabalha em São Paulo, SP)
É graduada em Artes Plásticas pelo Instituto de Artes da UFRGS (1959), além de ter um mestrado (1980) e Ph.D. (1984) na Escola de Comunicação e Artes da USP – Universidade de São Paulo. A artista participou de várias bienais, como Bienal de São Paulo (1981, 1983, 1998, 2021); Bienal Internacional de Curitiba (2013, 2015); Bienal do Mercosul (2001, 2011), em Porto Alegre e Bienal de La Habana, em Cuba (1986, 1998 e 2015). Algumas de suas exposições coletivas mais recentes são Walking through Walls (Martin Gropius Bau, Alemanha, 2019) e Radical Women: Latin American Art, 1960-1985 (Hammer Museum, EUA, 2017). As últimas exposições individuais de Regina são: Limiares (Paço das Artes, Brasil, 2020); Up There (Farol Santander, Brasil, 2019); EXIT (MuBE, Brasil, 2018); Unrealized / NãoFeito (Alexander Gray Associates, EUA, 2019); Todas As Escadas (Instituto Figueiredo Ferraz, Brasil, 2018), e Crash (Museu Oscar Niemeyer, Brasil, 2015). Entre outros, recebeu os prêmios Prêmio MASP (2013), Prêmio APCA pela trajetória (2011) e Prêmio Fundação Bunge (2009). A artista também recebeu bolsas da Fundação John Simon Guggenheim (1990), Fundação Pollock-Krasner (1993) e Fundação Fulbright (1994).
Ivens Machado
(Florianópolis, SC, Brasil, 1942 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2015)
Foi um escultor, gravador, desenhista e pioneiro da videoarte no Brasil. Sua obra é marcada pelo uso de materiais brutos como concreto, ferro e madeira, explorando temas como violência, sexualidade e memória social. Nos anos 1970, destacou-se com performances e vídeos que abordavam o corpo e a repressão política.
Foto: Rodrigo Trevisan/Divulgação
Bruno Giorgi
(Mococa, SP, Brasil, 1905 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1993)
foi um escultor brasileiro de origem italiana, destacado no modernismo brasileiro. Filho de imigrantes italianos, mudou-se para Roma com a família em 1911. Na década de 1920, envolveu-se com movimentos antifascistas, sendo preso e condenado a sete anos de prisão. Após cumprir quatro anos, foi extraditado para o Brasil por intervenção diplomática. Em 1937, estudou na Académie de la Grande Chaumière e na Académie Ranson em Paris, onde foi aluno de Aristide Maillol e conviveu com Henry Moore e Marino Marini. De volta ao Brasil em 1939, integrou-se ao movimento modernista, colaborando com artistas como Vitor Brecheret e Mário de Andrade. Em 1943, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde atuou como professor e mentor de jovens artistas. Sua obra é marcada por formas geométricas e abstração, utilizando materiais como bronze e mármore.
Ottone Zorlini
(Treviso, Itália, 1891 – São Paulo, SP, Brasil, 1967)
Foi um pintor, escultor, desenhista e ceramista ítalo-brasileiro. Natural de família humilde, iniciou sua trajetória profissional aos 13 anos, trabalhando em uma fábrica de cerâmica. Mudou-se para Veneza, onde cursou a Academia de Belas-Artes e frequentou os ateliês dos escultores Umberto Feltrin e Guido Cacciapuoti. Em 1927, imigrou para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Aqui, destacou-se na produção de monumentos públicos, como o Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico, na represa de Guarapiranga. Além disso, participou ativamente da vida artística paulistana, integrando-se ao grupo de pintores que frequentavam as sessões de modelo vivo, como Alfredo Volpi, Mário Zanini e Penacchi. Zorlini também foi responsável por diversos túmulos e bustos em cemitérios de São Paulo. Faleceu em 1967, deixando um legado significativo nas artes visuais brasileiras
Mário Agostinelli
(Arequipa, Peru, 1915 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2000)
foi um pintor e escultor peruano radicado no Brasil. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes com Daniel Hernandez. Chegou ao Brasil em 1945, realizando sua primeira exposição no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Após residir na França e nos Estados Unidos, fixou-se definitivamente no Brasil em 1969, adquirindo a cidadania brasileira. Sua obra transita entre o expressionismo e o abstrato, com destaque para esculturas em bronze de figuras humanas e animais.
Nicolas Vlavianos
(Atenas, Grécia, 1929 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)
Foi um escultor e desenhista grego radicado no Brasil desde 1959. Formado pela École Supérieure des Beaux-Arts e pelo Instituto de Urbanismo da Universidade de Paris, iniciou sua carreira com influências do construtivismo e da arte cinética. Suas esculturas, geralmente em metal, exploram o movimento, o espaço e o equilíbrio.
Foto: Mastrangelo Reino/Folhapress
Luiz 83
(São Paulo, SP, 1983 – vive em São Paulo)
Luiz 83 é o nome artístico de Luiz dos Santos Menezes. Autodidata, sua formação decorre da experiência adquirida nas ruas da cidade como “pixador”, atividade que ofereceu o princípio de um vocabulário plástico que vem sendo refinado a partir de pesquisas que o artista desenvolve com considerável grau de inventividade em meios mais convencionais como o desenho, a pintura e a escultura. Sua experiência profissional como montador de exposições de arte também lhe oferece a oportunidade de permanecer em íntimo contato com obras de caráter clássico e contemporâneo, oportunidade que resulta em conhecimento sensivelmente assimilado. Em suas obras é possível perceber um concretismo de tipo bastante peculiar e sem dúvida sofisticada nas soluções formais e nos arranjos conceituais e de natureza POP qualidade também percebida através de um cromatismo que em geral privilegia cores brilhantes de luminosidade intensa. O artista também tem se dedicado a performances onde coloca em questão o lugar social do negro e tematiza a relação do corpo com seu fazer artístico e interações com a cidade. O artista participou de várias mostras individuais e coletivas entre quais se destacam a individual “Z” na galeria Tato e as coletivas “Tendências da Street Art” no Museu Brasileiro de Escultura e “Pretatitude: insurgências, emergências e afirmações na arte contemporânea afro-brasileira” nos SESC Ribeirão Preto, São Carlos, Vila Mariana e Santos”.
Amilcar de Castro
(Paraisópolis, MG, Brasil, 1920 – Belo Horizonte, MG, Brasil, 2002)
foi um escultor, desenhista, gravador, diagramador e professor brasileiro, reconhecido como um dos principais nomes do neoconcretismo no Brasil. Sua obra escultórica é marcada pelo uso de chapas de ferro cortadas e dobradas em uma única operação, explorando a relação entre forma, espaço e matéria.
Mari Yoshimoto
(Santa Rosa de Viterbo, SP, Brasil, 1931 – São Paulo, SP, Brasil, 1992)
Foi uma artista plástica, escultora, joalheira e figurinista brasileira de ascendência japonesa. Sua formação artística foi ampla e interdisciplinar: estudou pintura com Massao Okinaka (1955–1957), arquitetura contemporânea no Instituto Goethe, história da arte, etnologia e arqueologia no MASP, estética com Anatol Rosenfeld, teatro com Zé Celso e comunicação visual com Flávio Império.
Emanoel Araujo
( Santo Amaro, BA, Brasil, 1940 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)
foi um artista visual, curador e museólogo brasileiro, reconhecido por sua contribuição à valorização da cultura afro-brasileira.
Nascido em uma família de ourives, iniciou sua formação artística na juventude, trabalhando com marcenaria e tipografia. Estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, destacando-se em gravura e escultura. Em 1972, recebeu a medalha de ouro na 3ª Bienal Internacional de Arte Gráfica de Florença.
Foto: Museu Afro Brasil/Divulgação
Rubens Mano
(São Paulo, SP, Brasil, 1960)
é um artista visual brasileiro cuja obra investiga a relação entre espaço, imagem e paisagem urbana. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Santos em 1984, aprofundou seus estudos em fotografia e concluiu mestrado em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP em 2003.
Marcia Pastore
(São Paulo, SP, 1964)
É uma artista visual brasileira cuja obra transita entre escultura, instalação e arquitetura. Desde o final dos anos 1980, desenvolve uma pesquisa que investiga a relação entre corpo, espaço e matéria, utilizando materiais como ferro, gesso, borracha, vidro, cabos de aço e elementos arquitetônicos. Suas obras exploram forças físicas como tensão, peso e equilíbrio, criando estruturas que dialogam com o espaço expositivo e desafiam a percepção do espectador.
Eliane Prolik
(Curitiba, PR, Brasil, 1960)
É uma artista visual brasileira cuja obra transita entre escultura, instalação e objeto, explorando a relação entre forma, espaço e percepção. Graduada em Pintura e especializada em História da Arte do Século XX pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), aprofundou seus estudos na Itália com o artista Luciano Fabro, ligado à arte povera, na Accademia di Belle Arti di Brera, em Milão.
Desde o final dos anos 1980, Prolik desenvolve uma produção tridimensional marcada por estruturas geométricas que se desdobram no espaço, utilizando materiais como cobre, alumínio e aço. Suas obras frequentemente evocam objetos cotidianos, tensionando a percepção entre o familiar e o abstrato, o leve e o pesado, o estático e o dinâmico.
Haroldo Barroso
(Fortaleza, CE, Brasil, 1935 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1989)
Foi um escultor, arquiteto e paisagista brasileiro cuja obra se destaca pela integração entre arte, arquitetura e paisagem urbana. Formado em Arquitetura pela Universidade do Brasil em 1959, colaborou com Roberto Burle Marx entre 1954 e 1960, participando de projetos de jardins, painéis e murais escultóricos.
Sua produção escultórica, marcada por formas geométricas e materiais como madeira, metal e granito, está presente em espaços públicos como o Palácio do Planalto, em Brasília, e o Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Destaca-se também o “Monumento à Juventude”, instalado em 1974 próximo ao Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em filosofia pela FFLCH USP. É professor do Departamento de Artes da FAFICLA, PUC-SP, e curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo. É autor de diversos textos sobre arte, entre eles, texto no catálogo da exposição Mira Schendel, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, e Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, Londres. É líder do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria da PUC-SP (CNPq). Entre 2016 e 2020, foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, MuBE. Em 2015, foi curador assistente do Pavilhão Brasileiro da 56ª Bienal de Veneza e, em 2011, foi curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Gabriela Gotoda
(São Paulo, 1998)
Gabriela Gotoda é pesquisadora e curadora de artes visuais. Bacharel em Arte: História, Crítica e Curadoria pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, publicou textos biográficos sobre Edgar Degas (MASP, 2021), John Graz (Pinacoteca de São Paulo, 2021) e Ozias (Danielian, 2024) e atua com curadoria e processos editoriais em instituições de arte e galerias em São Paulo desde 2019. Integra a equipe curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2022, onde é responsável pelo acompanhamento curatorial das publicações do museu. da curadoria das exposições “Lina Bo Bardi e o MAM no Parque” (2023), “Clube de colecionadores MAM São Paulo: Técnicas de diversão na arte contemporânea” (2024), e “MAM São Paulo: Encontros entre o moderno e o contemporâneo” (2025)
imagens
Amilcar de Castro, Sem título, 1971. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Haroldo Barroso, Sem título, 1977. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Hisao Ohara, Pedra Torcida, 1985. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Marepe, O telhado, 1998. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Marcelo Arruda
Luiz 83, Sem título, 2025. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Renato Parada
Amilcar de Castro, Sem título, 1971. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Haroldo Barroso, Sem título, 1977. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Hisao Ohara, Pedra Torcida, 1985. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Marepe, O telhado, 1998. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Marcelo Arruda
Luiz 83, Sem título, 2025. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Renato Parada
mídias assistivas
Texto curatorial em linguagem simples – Jardim do MAM no SESC
Descrição espaço
Mario Agostinelli – Cavalo – 1971
Regina Silveira – Masterpieces In Absentia Calder – 1998
Ivens Machado – Sem título – 1985
Roberto Moriconi – Intervenção na árvore – 1974
Bruno Giorgi – Atleta em descanso – 1976
Alfredo Ceschiatti – Flora – 1957
Alfredo Ceschiatti – Tanagra – 1955
Amilcar de Castro – Ferro – 1971
Mari Yoshimoto – Escultura II – 1975
Nicolas Vlavianos – Pássaro – 1971
Emanoel Araújo – Estrutura vermelha – 1981
Rubens Mano – Sem título – 2000
Haroldo Barroso – Sem título – 1977
Marepe – O Telhado – 1998
Luiz 83 – Sem título – 2015
Márcia Pastore
Alfredo Ceschiatti – As irmãs
Hisao Ohara – Pedra torcida
Felícia Leirner – Escultura
Eliane Prolik – Aparador
Videoguia | 01. Introdução
Videoguia | 02. Jardim de esculturas do MAM
Videoguia | 03. O jardim de Burle Marx
Videoguia | 04. Reencenação do Jardim do MAM no Sesc Vila Mariana
Videoguia | 05. Artistas e obras
Videoguia | 06. A relação com a obra e o educativo
serviço
Exposição:
Jardim do MAM no Sesc
Local:
Sesc Vila Mariana
Curadoria:
Cauê Alves e Gabriela Gotoda
Abertura:
14 de maio, quarta-feira, às 19h
Período expositivo:
15 de maio a 31 de agosto de 2025
Endereço:
R. Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo – SP
Entrada gratuita
Sensibilidades em transmutação
Entre o que se queima e o que renasce, diversos processos naturais se dão por meio do fogo e seu poder de transformação. Em uma conjuntura em ebulição — seja em termos das mudanças sociais que se sobrepõem, seja no sentido literal, que se apresenta com o aquecimento global —, sublinha-se o papel da arte enquanto prática dedicada a articular simbolicamente o real.
A 38ª edição do Panorama da Arte Brasileira: Mil Graus chega ao Sesc Campinas como brasa viva, reunindo produções que iluminam e elaboram sensibilidades, identidades e experiências provenientes de diversos contextos do país. Constituindo-se como reflexão crítica à realidade nacional, a mostra reúne artistas cujas práticas atravessam questões urgentes: do ecológico ao tecnológico, do político ao espiritual.
Como matéria em transmutação, essas produções amolecem limites da linguagem e ativam memórias coletivas contra hegemônicas, propondo não apenas reflexão, mas ação. A partir de uma compreensão do espaço expositivo como ambiente onde contrastes e conexões se fundem, as obras selecionadas operam como dispositivos de fissura — expõem rachaduras em lógicas cristalizadas e sugerem novos modos de habitar o mundo.
Com esta itinerância da mostra, inaugurada em 2024 no MAC USP e realizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Sesc busca ampliar o acesso às camadas simbólicas que compõem a exposição. Além da visitação, a programação inclui mediações educativas que aprofundam as instâncias de partilha entre artistas e públicos. Como os estados transitórios da matéria que o calor enseja, interessa à instituição constituir-se como espaço educativo em que processos subjetivos entre o que foi e o que está por vir se dão, revelando-se nas experiências criadoras próprias ao campo artístico.
Luiz Deoclecio Massaro Galina Diretor do Sesc São Paulo
A série Panorama da Arte Brasileira é um marco na história das exposições. Iniciado em 1969, o Panorama do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) contribuiu com suas diversas mostras para a formação do acervo de arte contemporânea do museu.
Com curadoria de Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala, a presente edição, intitulada Mil graus, aborda o mundo contemporâneo a partir de condições extremas, tanto no sentido de questões históricas e sociopolíticas, como também em relação a discussões ecológicas e tecnológicas, promovendo iniciativas que estimulem a reflexão sobre arte na nossa sociedade.
Faz alguns anos que o MAM tem estabelecido parcerias com outras instituições culturais no estado de São Paulo. Realizar a itinerância do 38º Panorama da Arte Brasileira do MAM no Sesc Campinas é um novo momento de integração e soma de esforços em benefício da arte.
Elizabeth Machado Presidente da Diretoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo
Cauê Alves Curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo
Intitulado Mil graus, o 38º Panorama da Arte Brasileira elabora criticamente a realidade atual do país sob a noção de calor-limite — uma temperatura em que tudo se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira, estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética. Ao reunir artistas e outros agentes que abordam questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais, a exposição serve também como um ativador da memória e do debate público. Como conjunto, as obras driblam os limites da linguagem e seus sentidos preestabelecidos, revelando signos universais por meio de gestos e sotaques regionais. A ideia de uma temperatura oposta ao zero absoluto — ou seja, um quente absoluto — aponta os interesses deste Panorama por experiências radicais, condições extremas, sejam elas climáticas ou metafísicas, e estados transitórios da matéria e da alma que nos põem diante da transmutação como destino inevitável.
Ao longo do processo de pesquisa que fundamentou a exposição, cinco linhas conceituais emergiram para aterrar o pensamento curatorial. Como bússolas que orientam questões fundamentais do projeto, os eixos ajudaram na criação do recorte da cena contemporânea brasileira que está registrada neste Panorama. No entanto, não foram usados para segmentar a mostra e nem se aplicam como categorias ou agrupadores. São fios condutores que instigam reflexões e leituras e traçam possíveis relações entre os trabalhos a partir dessas perspectivas.
Ecologia geral
Noções ecológicas e práticas ambientais ampliadas que se orientam por uma visão de interconectividade total. Ao rejeitar dogmas antropocêntricos e dicotômicos que separam a cultura da natureza orgânica, esses movimentos abraçam a pluralidade das formas de vida e seus jogos biológicos. Sob um crescente senso de urgência, essas correntes de pensamento propõem outras concepções sobre a condição humana e traçam novos caminhos para atuarmos e nos relacionarmos com o planeta e seus muitos agentes.
Territórios originários
Narrativas e vivências de povos originários, quilombolas e de outros modos de vida fora da matriz uniformizante do capital, capazes de refletir visões alternativas sobre a invenção e a atual conjuntura do Brasil. Nesse sentido, invocam energias ancestrais, mitologias configurantes e consciências expandidas para trazer à tona invenções estéticas, tecnologias socioambientais e articulações transpolíticas. Seja na luta pela demarcação de terras ou em estratégias diversas para fortalecer comunidades autônomas, o que está em jogo é a multiplicação das possibilidades vitais diante do agouro de um futuro incerto.
Chumbo tropical
Leituras críticas que subvertem imaginários e representações do Brasil, pondo em xeque aspectos centrais da identidade nacional. Nesse sentido, contrastam — ou equacionam — os fetiches ligados à ideia de paraíso dos trópicos ao peso dos séculos de colonização escravocrata e extrativista, do colosso modernista, do ímpeto conservador e autoritário — e sua inevitável militarização —, e da eterna promessa de decolagem da economia. Essas propostas confrontam premissas funestas e incendeiam prisões históricas para desnaturalizar a devastação ambiental, a especulação financeira e a opressão racial.
Corpo-aparelhagem
Intervenções experimentais e reflexões sobre a contínua transmutação corpórea dos seres e das coisas, com seus hibridismos e suas inter-relações. Este eixo abrange a cultura de reprodução técnica, do sample e da apropriação; as relações entre tecnologia de ponta e gambiarra engenhosa; os efeitos da alta conectividade à internet; e as noções de biohacking e modificações corporais sob um imaginário ciborgue, transhumano e pós-humano. Imagens e sonoridades são remixadas, distorcidas e, por vezes, desmanchadas, como modo de encarar frontalmente as consequências radicais de um mundo em transformação vertiginosa.
Transes e travessias
Conhecimentos transcendentais, práticas espirituais e experiências extáticas que canalizam os mistérios vitais. São rituais, instrumentos e espaços que conjuram alentos para alimentar a alma e pulsões para animar o corpo, alcançando proteções, fundamentando resistências e reelaborando condições opressivas e traumas confinantes. São embarcações que navegam por encruzilhadas e atravessamentos, indo além das fronteiras da matéria e das percepções terrenas para conectar com o etéreo e coexistir com o desconhecido.
Mantenedores do MAM São Paulo
realização
museu de arte moderna de são paulo
A sede do MAM está temporariamente fechada em virtude da reforma da marquise do Parque Ibirapuera.