Terças-feiras
Público: interessados em geral
Duração: 05 encontros
Investimento: R$ 440,00
Curso online ao vivo via plataforma de videoconferência
Aulas gravadas e disponibilizadas apenas por tempo determinado
Curso contempla certificado no final
Inscrições encerradas
A História da Arte é repleta de imagens de mulheres lendo. Em épocas e contextos nos quais mesmo os reis costumavam ser analfabetos, o tema da leitura feminina já exercia um estranho fascínio sobre os artistas, levando-os a produzir uma quantidade desproporcional de trabalhos com este tema.
Um dos mais antigos é um afresco de Pompéia datado entre 55 e 79 d.C., no qual uma mulher aparece com tábuas de cera e um providencial instrumento de escrita nas mãos.
A partir do século nono d.C, a leitura feminina passa a ser um topos da arte cristã, gerando uma enxurrada de quadros, iluminuras e estátuas que mostravam Maria lendo a Bíblia ou o Livro das Horas, Santa Ana ensinando a Virgem a ler, Maria ensinando Jesus a ler, Santa Catarina e Maria Madalena lendo e até mesmo mulheres alheias ao panteão católico com livros, cartas, tábuas e pergaminhos nas mãos.
A partir do século XVIII, uma parcela significativa de mulheres de carne e osso finalmente passou a ter acesso à alfabetização, e isso criou uma revolução que está no cerne do estabelecimento do romance enquanto forma literária. A leitura feminina massiva gerou estupefação e incômodo, sendo retratada de modo frequentemente desfavorável em livros, pinturas, jornais e tratados médicos.
O século XVIII inaugurou a era das advertências contra a leitura, especialmente contra a leitura feminina de ficção. Segundo documentos da época, ler fazia mal aos olhos, propiciava a masturbação e o adultério, era causa registrada para admissão em hospícios e gerava tantos problemas domésticos que as mulheres eram desaconselhadas a ler.
Entre os escritores, houve quem defendesse a leitura feminina — como Jane Austen e George Eliot — e quem a retratasse em ângulos nem sempre positivos, como Rousseau e Flaubert. Ainda que os escritores homens dependessem do consumo de romances por mulheres, isso não foi o bastante para sensibilizá-los em relação à “cara leitora”.
Na pintura, a polêmica deu origem tanto a quadros nos quais a leitura feminina é vista como exemplo de domesticidade burguesa quanto a obras nas quais a leitura é associada à transgressão.
Neste curso, veremos um panorama de como a mulher leitora foi retratada na literatura e nas artes visuais desde a Idade Média até os dias atuais, com foco nos séculos XVIII e XIX. Ao longo de cinco encontros, conheceremos as disputas em torno do conteúdo e do significado da leitura feminina, discutindo temas como a entrada das mulheres na literatura, a representação da leitora na pintura brasileira e os estereótipos que ainda hoje persistem em torno deste tema.
Programação
Aula 1 (10/01) → Um estranho objeto: interpretando quadros de mulheres leitoras
Aula 2 (17/01) → Carne, tela e papel: leitoras reais e fictícias dos séculos 18 e 19
Aula 3 (24/02) → Epidemia de leitura: o romance enquanto problema
Aula 4 (31/01) → Muito barulho por nada: reverberações brasileiras
Aula 5 (07/02) → Estereótipos persistentes: o lugar da leitora contemporânea
Juliana Cunha, professora da FGV e doutoranda em Teoria Literária na USP. Possui graduação em Letras e em História e mestrado em Teoria Literária, todos pela USP.
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