com Flávia Corpas
Datas: 16, 23, 30 de abril, 07, 14, 21 e 28 de maio, 4 de junho
Terças-feiras
Horário: das 19h às 21h
Duração: 8 encontros
Público: interessados em geral
Investimento: R$ 640,00
Curso presencial
Curso contempla certificado no final
Desde a sua fundação por Freud, no despontar do século XX, a psicanálise se viu intimamente marcada pela arte. Os desdobramentos desta articulação, que reverberam até nossos dias, produziram importantes efeitos sobre ambos os campos.
É Lacan, por exemplo, quem nos diz que a interpretação, na experiência analítica, deve sempre ser o ready-made de Marcel Duchamp, o que evitaria alimentar o sintoma com sentido (Lacan, 1974), sustentando sua crítica à ideia da interpretação como hermenêutica, indicando que a interpretação deve apontar para os limites da representação ou da linguagem, ou seja, para o real, o impossível de representar.
Tanto Freud quanto Lacan se deslocaram em direção aos artistas e suas obras, se deixando interrogar. Certo é também que nenhum dos dois tinha o objetivo de criar uma estética psicanalítica. Interessa a estes psicanalistas, o saber que cada artista porta, e que testemunham em suas obras, saber que não sabem que possuem e que, à revelia disso, usam para criar.
Trata-se aqui de, junto com estes psicanalistas, abordar aquilo que a arte ensina à psicanálise, rompendo com a ideia de uma psicanálise aplicada à arte e fazendo valer a proposição de Freud e Lacan quanto ao fato de que o artista sempre precede o analista.
Contudo, a psicanálise também pode dar suas contribuições ao campo da arte. Ao menos é o que reflete o filósofo da arte francês Hubert Damisch:
Lacan foi o primeiro a nos dar uma definição de “tableau” [quadro], que é ao mesmo tempo coerente e produtiva, ao afirmar que o “tableau” é uma função na qual o sujeito teria que encontrar suas marcas, para encontrá-las enquanto tal (enquanto sujeito). Não é estranho que tivemos de esperar até o século XX para obter uma definição correta para responder a pergunta “o que é um ‘tableau’?”. E não é estranho que tivemos de esperar a psicanálise para nos dar uma definição correta para este termo?” (Damisch, 2005).
No campo da arte, além de Damisch, o filósofo, historiador e crítico da arte francês Didi-Huberman se apresentam como nomes importantes na interlocução com a psicanálise.
Será a partir da leitura de algumas das obras dos referidos autores, e também daquelas de Freud e Lacan, que se dará o trabalho no Ateliê de Arte e Psicanálise. Por meio delas, nos aproximaremos também dos conceitos da psicanálise utilizados pelos teóricos, concedendo-nos, assim, algumas chaves de leitura possíveis para tais reflexões.
O método de trabalho se inspira no modo de funcionamento de um dispositivo muito específico proposto por Lacan, o cartel. Distinto do grupo de estudos, um cartel propõe, dentre outras coisas que estariam mais referidas a sua função e lugar dentro do campo da psicanálise e da formação do analista, uma relação outra com o saber, que implica o desejo de cada participante e uma questão específica que irá nortear sua participação no ateliê. É importante, portanto, que cada um possa circunscrever uma questão, antes ou durante seu percurso no ateliê. É desejado ainda que esta questão sofra algum desdobramento ao longo do trabalho de leitura, que pode ser a produção de um texto, uma nova pergunta, um vídeo, uma fotografia, enfim, algo que ajude o participante a localizar um ponto de entrada, um percurso e uma chegada possível.
Programação
Aula 1 – Arte e Psicanálise: um campo de tensão:
- Apresentação do curso e sua metodologia
- O que é a Psicanálise? O que é a Arte?
- Arte e Psicanálise: contexto histórico e os dias atuais
Aula 2 – As leituras de Freud:
- Freud e os artistas
- Freud e a Gradiva de Jensen: aprender com a arte
- Circunscrevendo um objeto: prática de pesquisa e desenvolvimento de projeto
Aula 3 – As leituras de Lacan:
- Lacan e os artistas
- Lacan e Marguerite Duras: a artista que antecede o psicanalista
- Circunscrevendo um objeto: prática de pesquisa e desenvolvimento de projeto
Aula 4 – Didi-Huberman e a Psicanálise:
- Didi-Huberman e a Psicanálise: a invenção da histeria na arte
- Circunscrevendo um objeto: prática de pesquisa e desenvolvimento de projeto
Aula 5 – Hubert Damisch e a Psicanálise:
- Hubert Damisch e a Psicanálise: o real e o feminino na arte
- Circunscrevendo um objeto: prática de pesquisa e desenvolvimento de projeto
Aula 6 – Arte, Psicanálise e Feminismos
- “Útero do mundo”: surrealismo e feminismos
- Circunscrevendo um objeto: prática de pesquisa e desenvolvimento de projeto
Aula 7 – Arte, Psicanálise e Loucura
- Obravida: uma leitura sobre Bispo do Rosario
- Circunscrevendo um objeto: prática de pesquisa e desenvolvimento de projeto
Aula 8 – Apresentação de trabalhos
- Apresentação e discussão dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos
Flavia Corpas
Amigo MAM tem 20% de desconto. Faça parte!
Estudantes, professores e aposentados têm 10% de desconto
Dúvidas:
cursos@mam.org.br
WhatsApp: 11 99774 3987
Ao participar desta atividade/evento, você autoriza, de forma gratuita e definitiva, o MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, a utilizar sua imagem, voz, dados biográficos e sinais característicos, captados em vídeo, áudio, fotografia e prints, para fins de registro, divulgação e promoção das atividades do Museu, em quaisquer meios, veículos, suportes, mídias, métodos e tecnologias, tangíveis ou intangíveis. Caso você não queira que sua imagem seja divulgada, por favor informar o MAM (cursos@mam.org.br).
créditos
Sem título (1975), de Mira Schendel. | Coleção MAM São Paulo