agenda

Filmes BLACK: Aldo Tambellini
18 de novembro, 2023
13h30

Mostra de filmes de Aldo Tambellini no MAM
Classificação indicativa: 12 anos

Aldo Tambellini (1930 – 2020), artista do cenário de vanguarda do East Village em Nova York foi escultor, poeta, pintor e pioneiro do audiovisual experimental. O Black Gate Theatre, fundado por Tambellini e o artista Otto Piene, era um espaço único na cidade, onde se exibia uma programação de filmes experimentais e independentes, além de performances e instalações multimídia ao vivo de artistas como Nam June Paik e Yayoi Kusama. Nesse local, Tambellini apresentava seus dispositivos artísticos, como o Black Spiral: uma modificação de TV que distorcia as transmissões ao vivo. Com este aparelho, ele criou um conjunto de fotografias sem câmera, chamado Videogramas, e produziu os fotogramas abstratos para a composição de seus filmes.

Nos anos 1960, Tambellini realizou a série de filmes BLACK, que eram apresentados no Black Theater, compondo um ambiente artístico e cinematográfico que ousava também experimentar no campo da projeção, usando um balão gigante como tela que acabava por explodir. Os filmes eram acompanhados por performances e poemas do movimento Black, do Harlem. O primeiro filme, Black is, tem como trilha sonora o som de batimentos cardíacos e foi realizado inteiramente sem câmera. Desde o início, percebe-se a união dos elementos físicos aos biológicos e o uso do preto como integração do universo micro com o macro, entre fótons, elétrons e células e a matéria negra. Aos poucos, os elementos humanos começam a ser incorporados nos seus filmes, com crianças e multidões a partir de sonoridades captadas do movimento Black Power. Movido por uma utopia da integração racial, ele integra as vozes de poetas do grupo Umbra, como Calvin Hernton e Ishmael Reed, em suas performances. Seu encontro com Cecil Taylor, criador do free jazz e poeta, foi crucial para o desenvolvimento de uma arte que incorpora o improviso, com projeções que encontram corpos e sonoridades de performances ao vivo.

A partir da década de 2010, seus filmes e performances foram redescobertos e exibidos em centros de arte como a Tate Modern, Bienal de Veneza, ZKM e Centro Georges Pompidou. Hoje, seus filmes fazem parte do acervo da Harvard Film Archive.

Tambellini nasceu nos Estados Unidos, para onde retornou depois de sua infância na Itália. As impressões da Segunda Guerra Mundial, quando viu seus amigos e vizinhos serem bombardeados, estão presentes em sua obra marcada pelo encontro inesperado e obsessivo com o preto como elemento metafísico: preto como princípio e como fim. Na obra de Tambellini, o preto é um compósito sensual que reúne diferentes elementos como cor, matéria física, raça, escopia, filosofia e ideologia.

Filho de pai brasileiro, Aldo esteve no Brasil em 1981 para apresentar seu trabalho Comunicatosfera na 17ª Bienal de São Paulo. Em uma jornada artística e identificatória de nove meses na cidade, registrada em cartões postais, ele se pergunta: “How Brazilian can we get?” (“Quão brasileiro você pode se tornar?”).

Os filmes da série BLACK (realizados em 16mm) serão exibidos pela primeira vez no Brasil, juntamente com o filme-ensaio Listen e o registro da performance The event of the Screw.

Aldo Tambellini
(1930 – 2020)

Foi um artista americano-italiano, reconhecido internacionalmente por um trabalho pioneiro que explorou as novas tecnologias da década de 1960, combinando slides, fotografias, filmes e também pintura, áudio, arte cinética e performance.

Nos últimos anos, Aldo Tambellini teve seus trabalhos expostos em importantes centros como a Tate Modern (2012 e 2020), MoMA (2013), ZKM (2020), Centre Georges Pompidou (2012) e a Bienal de Veneza (2015). Este reconhecimento recente reflete suas obras pioneiras no cenário artístico de Nova York durante 1950 e 1960, com peças dedicadas ao ativismo político e preocupações filosóficas sobre a comunidade artística.

Jane de Almeida
(1964)

É professora PUC-SP e foi Visiting Fellow no departamento de História da Arte na Harvard University e professora convidada do Visual Arts Department da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Foi artista em residência do Arthur C. Clarke Center for Human Imagination. É curadora independente de exposições como Ordenação e Vertigem: Bispo do Rosário (Centro Cultural Banco do Brasil), Harun Farocki: Programando o Visível (Paço das Artes) e Ulla, Ulla, Ulla. Marcianos, intergalácticos e humanos (Casanova), Off-the-radar (Visual Arts Gallery-UCSD), além de outras.

Programação

14:30 – Conversa com Jane de Almeida e Cauê Alves


15:30
LISTEN (2005) 15”06
“Por que a guerra?” pergunta uma criança. Filme-ensaio realizado em parceria com Anthony Tencza.
Vencedor do New England Film Festival e do Syracuse International Film Festival.

THE EVENT OF THE SCREW – 12 .07.1962 – 4’51
Protesto em forma de performance em frente ao MoMA. Aldo vestido de terno preto leu o “Manifesto do Parafuso”. Os Belltones, um trio porto-riquenho acompanha a “Canção do Parafuso”. O “Prêmio Parafuso de Ouro” foi concedido naquele dia aos Museus Whitney e Guggenheim.


15:50 – série BLACK

BLACK TV (1968) 9’34
O filme apresenta a percepção sensorial de um artista sobre a violência do mundo em que vivemos, projetada através da televisão. Recebeu o Grande Prêmio do Oberhausen Film Festival.

BLACK IS (1965) 3’38
Com o som de batimentos cardíacos e feito inteiramente sem o uso de câmera, o filme projeta formas abstratas e iluminações sobre o fundo negro.

BLACK PLUS X (1966) 3’47
Tambellini foca na vida contemporânea em uma comunidade negra. O “extra” do “X” é um dispositivo fílmico pelo qual uma pessoa negra fica instantaneamente branca pela mera projeção da imagem negativa.

BLACK TRIP 1 (1965) 4’07
Com várias mídias, além de pintura direta em filme, obtém-se a impressão da ação frenética daquilo que Tambellini diz ser um “protoplasma sob um microscópio” (no qual) “um espectador imaginativo pode ver a gênese de tudo”.

BLACKOUT (1965) 8’29
De acordo com Tambellini “este filme, como uma pintura de ação de Franz Kline, é um ‘crescendo’ de imagens abstratas”.

BLACK TRIP 2 (1967) 3’01
Segundo Tambellini, o filme é “uma investigação interna da violência e do mistério da psique americana vista através dos olhos de um homem negro e da revolução russa.”


Serviço:
Mostra de filmes no MAM
BLACK, série de Aldo Tambelini
Data: 18/11/2023, sábado
Horário: 13h30
Duração da exibição: 40 minutos
Bate-papo entre Jane de Almeida e Cauê Alves, às 14h30
Duração: 60 minutos
Local: Auditório Lina Bo Bardi no MAM
Gratuito


realização 
apoio 

crédito
Imagem: Aldo Tambellini no MIT (Massachusetts Institute of Technology), Communicationshere, 1980