Museu de Arte Moderna de São Paulo participa da primeira edição da feira ArtSampa
Estande institucional do museu terá foco na nova edição de seu Clube de Colecionadores com obras limitadas dos artistas Alex Flemming, Gabriela Albergaria e Xadalu Tupã Jekupé, e em obras avulsas de edições anteriores.
Alex Flemming, sem título (Série Biblioteca – Mulher), 2021. Fotografia sobre vidro. Edição de 35.
Crédito: Karina Bacci
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O Museu de Arte Moderna de São Paulo participa da primeira edição da feira ArtSampa, que ocorre na Oca do Ibirapuera entre os dias 16 e 20 de março. O estande institucional do museu na feira terá obras da edição atual do Clube de Colecionadores do MAM, que tem curadoria de Cauê Alves, e também obras avulsas que fizeram parte de edições anteriores. Também haverá venda de produtos da loja do museu (catálogos e objetos de design) e também divulgação das formas de participação com a instituição (programas e cursos).
Na edição atual do Clube de Colecionadores estão Alex Flemming, Gabriela Albergaria e Xadalu Tupã Jekupé, que produziram obras limitadas, unificando gravuras e fotografias sob uma única perspectiva, mostrando também que o avanço da fotografia digital pode interferir nos processos criativos de gravuras. Assim, representam a consolidação dos questionamentos propostos pelas duas linguagens e estimulam o desenvolvimento de obras que superam esses limites.
No estande, também estarão em exibição obras avulsas de Cildo Meireles, comemorativa de 70 anos do MAM, e Mario Cravo Neto, que fez parte da edição passada do Clube de Colecionadores do MAM. Elas poderão ser adquiridas individualmente assim como trabalhos de outros artistas que também já tiveram obras no clube, como de Ana Maria Tavares, Nuno Ramos, Yuri Firmeza e Sara Ramo, entre outros. Essas obras estarão também no viewing room no site da ArtSampa.
Cildo Meireles, Ovos — Versão I — 1ª edição, 1970/2018 (edição comemorativa MAM 70 anos)
Há 35 anos, o Clube de Colecionadores do MAM, um dos mais importantes do país e mais antigos em atividade até hoje, incentiva a produção artística e fomenta a formação de coleções de arte contemporânea. Desde o início, contribuiu para a realização das atividades do museu e na ampliação de seu acervo a partir de um sentimento de fraternidade e solidariedade entre os participantes. Anteriormente dividido entre Clube de Gravura e Clube de Fotografia, entra em 2022 em uma nova fase, onde é unificado.
No estande do MAM também serão disponibilizados produtos como catálogos das mostras do museu e objetos de design. O visitante também poderá conferir informações sobre um conjunto de programas institucionais tais como cursos, que trazem temas que perpassam o universo da arte e da educação em formatos teóricos e práticos; sócios, programa que dá conjunto de benefícios como convites, entrada gratuita, conteúdo especial, descontos e mais. Também estão inclusos o núcleo contemporâneo, grupo de associados que tem como objetivo incentivar a produção artística nacional e formar novos colecionadores, aprofundando o conhecimento da arte contemporânea, principalmente brasileira, por meio de encontros, visitas a coleções privadas e ateliês de artistas, dentre outros; e incentivadores da arte, voltado a quem busca contribuir com o desenvolvimento social que a arte e a educação proporcionam, provocando mudanças transformadoras para a sociedade e seu entorno. Este programa torna possível a manutenção do acervo do MAM, a exibição da programação expositiva e a realização de diversas atividades educativas, referências na área da educação e acessibilidade.
Sobre os artistas do Clube de Colecionadores do MAM 2022
Alex Flemming (São Paulo, SP 1954 – Vive em Berlim, Alemanha)
Alex Flemming é um artista brasileiro radicado em Berlim, Alemanha. Frequentou o curso de cinema na FAAP nos anos de 1970 e estudou serigrafia com Regina Silveira e Julio Plaza. Desde os anos 1980, realizou uma série de pinturas e fotografias a partir de corpos de jovens, em que aborda áreas de conflitos armados, em especial Oriente Médio e a região de Chiapas, no México.
Entre os seus trabalhos mais emblemáticos estão os painéis da Estação Sumaré do Metrô, em São Paulo, que mesclam retratos de pessoas comuns com poemas escritos em letras borradas e invertidas. Sua produção une aspectos da pintura, da fotografia e da gravura de modo singular e com cores que dialogam com a tradição da pop art.
As obras realizadas para Clube de Colecionadores podem ser classificadas entre a fotografia e a gravura. A peça pode ser exposta na horizontal, sobre uma mesa, ou pendurada de modo vertical na parede. Elas apresentam retratos de afrodescendentes impressos sobre vidros temperados e trazem imagens borradas, como se a impressão estivesse fora de registro, e dá movimento ao rosto. O trabalho aponta para a relevância da valorização de pessoas negras, mais da metade da população do país, que historicamente têm sofrido ofensas racistas, são alvo principal da violência no Brasil e lutam para terem seus direitos reconhecidos e sua imagem respeitada.
Gabriela Albergaria (Vale de Cambra, Portugal, 1965 – Vive em Bruxelas, Bélgica)
Gabriela Albergaria é uma artista visual de origem portuguesa que vive atualmente em Bruxelas, na Bélgica. Licenciou-se em pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. A artista interessa-se pelas relações da espécie humana com a natureza, voltando-se para coleções botânicas, seu processo de institucionalização e de classificação desde o final do século 18.
Em algumas obras, ela alude às chamadas xilotecas: coleções de madeiras de museus de história natural. As devastações crescentes das áreas verdes e as alterações climáticas decorrentes delas são pressupostos em seu trabalho, daí a valorização da natureza. A vegetação é presente, desde elementos factuais, troncos e galhos trazidos para os espaços expositivos, instalados como peças escultóricas melancolicamente secas e desidratadas, até singulares representações entre fotografias e desenhos.
Na obra feita para o Clube de Colecionadores do MAM a artista representa um fragmento da paisagem e da flora brasileira, ressaltando as continuidades e descontinuidades entre a imagem fotográfica e a gráfica. Gabriela embaralha propositalmente a oposição entre a pretensa objetividade e exatidão do registro fotográfico e a simplificação e subjetividade dos traços.
Xadalu Tupã Jekupé (Alegrete, RS, 1985 – Vive em Porto Alegre, RS)
Xadalu Tupã Jekupé é um artista mestiço que usa elementos da serigrafia, pintura, fotografia e objetos para abordar em forma de arte urbana o tensionamento entre a cultura indígena e ocidental nas cidades. Sua obra, resultado das vivências nas aldeias e das conversas com sábios em volta da fogueira, tornou-se um dos recursos mais potentes das artes visuais contra o apagamento da cultura indígena no Rio Grande do Sul.
O diálogo e a integração com a comunidade Guarani Mbyá permitiram ao artista o resgate e reconhecimento da própria ancestralidade. Xadalu tem origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã. As águas que banharam sua infância carregam a história de Guaranis Mbyá, Charruas, Minuanos, Jaros e Mbones — assim como dos bisavós e trisavós do artista.
A obra feita para o Clube de Colecionadores apresenta uma cabeça indígena, tal como aquelas esculpidas na base na catedral de Porto Alegre, que simboliza o domínio do cristianismo sobre a cultura indígena e o extermínio dos povos originários. Em guarani, o artista escreve “Existe uma cidade sobre nós”, em clara alusão ao território indígena soterrado e aos vestígios arqueológicos encontrados na região.
Serviço:
ArtSampa 2022
Data: 17 a 20 de março, quinta-feira a domingo
Preview – 16 de março, quarta-feira
Venda de ingressos: www.artrio.com
Local: OCA – Av. Pedro Álvares Cabral, S/n – Portão 2