Sertão é palavra de origem desconhecida. Na língua portuguesa, há registros de sua existência desde o século XV. Quando aqui aportaram, os colonizadores já trouxeram consigo o termo, usando-o para designar o território vasto e interior, que não podia ser percebido da costa. Desde então, a esse vocábulo atribuem-se diversos sentidos, sem nunca ser fixado numa ideia pacificada. É constituído, inclusive, por oposições: pode referir-se à floresta e ao descampado, ao lugar deserto e também ao povoado, àquilo que é próximo e ermo. Qualifica o visível e o desconhecido, trata da aridez e da fertilidade, do inculto e do cultivado.
Ainda que tenha chegado ao Brasil na caravela, sertão não cessa de se insurgir contra o colonialismo e de escapar de seus desígnios. Mantém sua potência de invenção, não se rende aos monopólios dos saberes patriarcais, exige novos pactos sociais, desierarquiza sua relação com a natureza, reverencia o mistério, festeja. Sertão é, antes e depois de tudo, experimentação e resistência, qualidades fundamentais para viver a arte e que nos trazem a este 36º Panorama da Arte Brasileira.
No Brasil que pleiteava sua modernização, no início do século XX, sertão passou a referir-se, sobretudo, à região do Nordeste de clima semiárido, ilustrada por sua vegetação de caatinga, em oposição ao litoral. Nesse momento, reforça-se o projeto de um lugar seco, primitivo, rude, propagandeando um outro na iminência do flagelo. Forja-se, dessa maneira, uma condição de submissão que justificaria políticas assistencialistas, mas sobretudo a atualização de medidas de exploração. Suas imagens estão presentes por toda a cultura brasileira, ainda que nenhuma delas dê conta de tudo o que pode significar.
Contrariando determinismos, e sob a luz de uma certa produção de arte do Brasil, Sertão é modo de pensar e de agir. Termo evocativo, traz consigo afetos transformadores, formas políticas, ideais de criação, memórias de luta, rituais de cura, ficções de futuro. Esta arte-sertão que aqui se apresenta está no deslizar das linguagens. Mais que um lugar, essa condição sertão é a travessia. Espalha-se Brasil afora, está no manejo do roçado, supera-se na viela da favela, desce pelo leito do rio, está escrita nos muros da cidade e presente na terra retomada. Manifesta-se nos encontros e nos conflitos.
No 36º Panorama da Arte Brasileira, 29 artistas e coletivos reúnem-se para compartilhar estratégias de resistência e modelos de experimentação, a partir de suas histórias. Se sertão está no limite do que se pode apreender, por definição, a ideia de panorama é complementar na forma de sua contradição. A importância de juntar essas instâncias e acolher essas oposições, no entanto, se dá pela necessidade cada dia mais atual de defender existências não hegemônicas e de compartilhar outros modos de vida. Enquanto a arte puder afirmar sua condição sertão, vai ter sempre luta, vai haver sempre a diferença, vai existir sempre o novo.
Júlia Rebouças Curadora
50 anos de Panorama
O Panorama da Arte Brasileira teve sua primeira edição em 1969 e foi idealizado como forma de o museu recompor seu acervo e voltar a participar ativamente do circuito artístico contemporâneo. A princípio evento anual, o Panorama passou a ser realizado a cada dois anos a partir de 1995, contando até o momento 35 edições.
Parcerias
O 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão procurou ampliar seu tempo e espaço de atuação por meio de parcerias estratégicas: com a Festa Literária Internacional de Paraty, serão promovidas duas mesas de debate convidando um participante da Flip e um participante do Panorama, com a mediação de Júlia Rebouças e Fernanda Diamant, curadora da 17ª edição da Flip; com o Auditório Ibirapuera, vizinho do museu, foi organizada uma programação musical a partir dos conceitos trabalhados no Panorama para o dia 18/08, dia seguinte à abertura no MAM; e, com a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, novos debates acontecerão em setembro e outubro, promovendo o encontro entre artistas, psicanalistas e o público.
Irmãos Campana na loja mam
O estúdio Campana, dos irmãos Fernando e Humberto Campana, que celebra em 2019 seus 35 anos de trabalho, ficará a cargo da curadoria da loja mam durante o período do Panorama, com o patrocínio do Iguatemi São Paulo. O trabalho dos Campana incorpora a ideia da transformação, reinvenção e integração entre o artesanato e a produção em massa, oferecendo um design com identidade própria, mixando a individualidade dos materiais à preciosidade das características comuns no cotidiano brasileiro, como as cores, as misturas, o caos criativo. A partir do olhar único dos irmãos Campana, que contam com um extenso trabalho de pesquisa da cultura vernacular nordestina presente em suas coleções, os visitantes poderão vivenciar um novo espaço da loja mam e encontrar peças cuidadosamente selecionadas que trabalham com o conceito expandido de sertão.
AMA: levando água potável ao semiárido brasileiro
Colocar o sertão em foco possibilitou que o 36º Panorama da Arte Brasileira firmasse parcerias com propósitos que vão muito além do simples apoio financeiro. Um dos patrocinadores, a Água AMA, água mineral da Cervejaria Ambev, tem 100% de seu lucro revertido para projetos de acesso à água potável no semiárido brasileiro. A mostra é uma oportunidade para que o público conheça um produto que, aos poucos, está ajudando a transformar a realidade de muitos brasileiros vivendo no semiárido – clima presente em regiões comumente associadas ao tradicional imaginário de sertão. Já são mais de 26 mil pessoas beneficiadas pelos projetos que AMA financia, em todos os nove estados que compõem o semiárido no Brasil. Este ano, a marca atingiu R$ 4 milhões de lucro, recurso integralmente revertido para iniciativas de acesso à água potável. Iniciativas como o patrocínio ao Panorama da Arte Brasileira permitirão um crescimento ainda maior desses números.
Apoio ao Panorama e ao público de fora de São Paulo
A agência de viagens Flytour, além de ter se tornado agência apoiadora do Panorama, habilitou para o MAM um portal em que os interessados em adquirir passagens e pacotes de hospedagem para viajar a São Paulo e conferir pessoalmente o 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão contarão com descontos especiais.
Fotógrafa e artista visual que vive e trabalha em Recife, Brasil. Os seus trabalhos se debruçam sobre relações de poder e implicações nas dinâmicas de comunicação. É especialista em Teoria e Crítica de Cultura. Desenvolveu trabalhos de pesquisa independente, curadoria e projetos educacionais articulados com projetos visuais. Participou de mais de sete coletivos durante duas décadas. É articuladora dos projetos educacionais Cidades Visuais, EntreFrestas e Circuitos Possíveis. Recebeu o Prêmio Funarte Arte Contemporânea 2015 pela exposição Não-Dito.
Ana Pi
(Belo Horizonte (MG), 1986)
Artista coreográfica e da imagem, pesquisadora das danças urbanas, dançarina contemporânea e pedagoga graduada pela Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, Brasil. Através da formação EX.E.R.CE 2009/10, ela estuda a dança e a imagem no Centre Chorégraphique National de Montpellier, França, sob a direção de Mathilde Monnier.
Ana Vaz
(Brasília (DF), 1986 - Vive em Lisboa)
Ana Vaz é cineasta cujos filmes e seus múltiplos desdobramentos nos campos da instalação, leituras performadas ou publicações buscam aprofundar as relações entre percepção e linguagem, o eu e o outro, o mito e o documento, a partir de uma cosmologia de perspectivas. Associando materiais encontrados ou fabricados, seus filmes combinam etnografia e análise explorando as zonas de fricção ou ficção a partir de encontros, experiências sensoriais e afrontamentos sensíveis. Mostras recentes do seu trabalham incluem o TATE Modern, Palais de Tokyo, TABAKALERA, Fundació Antoni Tàpies. Em 2015, foi premiada o Kazuko Trust Award concedido pela Film Society do Lincoln Center em reconhecimento à inovação em sua obra cinematográfica.
Antonio Obá
(Ceilândia (DF), 1983 - Vive em Brasília)
O artista investiga as contradições da construção cultural do Brasil, como ato de resistência e reflexão sobre a ideia de uma identidade nacional. Tensiona o passado colonial por meio da contemporaneidade ao trabalhar ícones, por vezes do imaginário interiorano, refletindo criticamente sobre situações históricas que vinculam o referencial local ao global e o familiar datado ao simbólico coletivo imemorial, num diálogo que reconfigura e apresenta narrativas relacionadas a uma memória identitária racial e política. Esses conjuntos icônicos históricos são explorados por meio de escultura, pintura, instalações e performance. Traz em suas obras uma memória afetiva que propõe a reflexão íntima sobre o corpo (seu corpo miscigenado, negro, preto).
Coletivo Fulni-ô de Cinema
(Águas Belas – PE)
Elvis Ferreira de Sá é índio Fulni-ô natural da cidade de Águas Belas, Agreste Meridional de Pernambuco, coordenador do Coletivo Fulni–ô de Cinema. Formado em Licenciatura Intercultural Indígena na UFPE, é mestre em Letras e Linguística pela UFAL e professor nas escolas Fulni-ô há mais de nove anos. Juntamente com outros professores e alunos da rede escolar indígena, foi um dos idealizadores do Coletivo Fulni-ô de Cinema, que já produziu diversos curtas-metragens na Aldeia. Sua estreia na direção aconteceu em Yoonahle – A Palavra dos Fulni-ô, lançado em 2013 no âmbito do projeto Vídeo nas Aldeias. Em seu quarto filme, Fea Tothdoa – Terra Seca, Elvis mergulhou na relação dos índios fulni-ô com o semiárido brasileiro, de onde conseguem extrair riquezas da vegetação agreste da caatinga.
Cristiano Lenhardt
(Itaara (RS), 1975 - Vive entre Recife e São Lourenço da Mata – PE)
Estudou Artes Plásticas na UFSM com Suzana Gruber nos anos 90. Fez escola de Arte Torreão no início dos 2000. Em 2005 morou no Rio de Janeiro, onde conheceu a Yoga, em 2006 se mudou para Pernambuco. Viveu sendo Grupo Laranjas, A Casa Como Convém e hoje divide um apartamento no centro do Recife com mais três artistas de naturezas diferentes, porém todas amorosas, criativas e atentas. Participou de muitas importantes exposições de arte institucionais e independentes no Brasil entre 2005 e 2019, entre elas a 32a Bienal de São Paulo (2016). Fez residência artística em Buenos Aires, Guangzhou, Londres, São Paulo, Rio de Janeiro e Acre. Em abril de 2019 iniciou formação em agroecologia no Serta, Serviço de Tecnologia Alternativa, em Glória do Goitá – PE. Dalton Paula
Dalton Paula
(Brasília (DF), 1982 - Vive em Goiânia)
Dalton Paula mora e trabalha em Goiânia – Goiás, é bacharel em Artes Visuais e discute o corpo silenciado no meio urbano. Suas produções propõem uma reflexão sobre o medo, a efemeridade, o individualismo e a alteridade. Trabalha também o pictorialismo contaminado por linguagens diversas através do seu corpo no campo da intimidade. Em 2018 foi um dos artistas selecionados para a Trienal “Songs for Sabotage” do New Museum em Nova York, EUA, onde também fez a residência artística na AnnexB durante dois meses. Também integrou a 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul – “O Triângulo Atlântico”, em Porto Alegre/RS; e tem trabalhos na exposição “Histórias Afro-Atlânticas”, no MASP e Instituto Tomie Ohtake.
Daniel Albuquerque
(Rio de Janeiro (RJ), 1983 - Vive no Rio de Janeiro)
O artista Daniel Albuquerque recorre a diversas mídias para criar obras tridimensionais que referenciam o corpo humano e suas relações com rituais de prazer e de intimidade. São interesses na prática do artista relações com a psicanálise, a mitologia e a autobiografia através de múltiplas texturas, formas, cores, materiais e processos. Daniel Albuquerque começou sua carreira artística em 2012. Nesse ano iniciou sua pós-graduação em Arte e Filosofia na PUC-Rio e cursos na EAV Parque Lage. Dentre suas exposições recentes estão as individuais “Batom”, Cavalo, Rio de Janeiro (2018); “Oral”, BFA, São Paulo (2017). Destacam-se as coletivas das quais participou “The House where you live forever”, com curadoria de Marina Coelho, Garage Rotterdam, Holanda (2019); “Perdona que no te crea”, com curadoria de Victor Gorgulho, Carpintaria, Rio de Janeiro (2019); “A terceira mão”, com curadoria de Erika Verzutti, Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo; “Lastro em campo”, com curadoria de Beatriz Lemos, SESC Consolação, São Paulo (2016).
Desali
(Belo Horizonte (MG), 1983 - Vive em Contagem - MG)
Desali é formado em Artes Plásticas pela Escola Guignard, Universidade do Estado de Minas Gerais (2009). Realizou as exposições individuais, “Alicerce”, Galeria de Arte Sesiminas, Belo Horizonte (2013); “Vulgo. Lembra- se da grande mesa na sala de jantar”, Galeria Mari’Stella Tristão no Palácio das Artes, programa ARTEMINAS e participou também de coletivas como: “Mostra Curtocircuito”, SESC Palladium, Belo Horizonte (2016) e SIMBIO, Palácio das Artes, Belo Horizonte (2016). “Sangue de bairro” em conjunto com Affonso Uchoa, fez parte do segundo programa de exposições do CCSP 2017 em São Paulo (2017). Foi selecionado para o 32º Salão de Arte do Pará (2013) e para as residências “Dispositivo móvel”, JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia, Nova Lima – MG (2015) e AGORA – International Art Action, Bela Crkva – Sérvia (2016). Algumas de suas obras foram adquiridas pelo Centro Cultural São Paulo (CCSP), para a coleção “Arte da cidade”. Indicado ao premio PIPA em 2017 e 2018.
Gabi Bresola e Mariana Berta
(Joaçaba (SC), 1992 e Peritiba (SC), 1990 - Vivem em Florianópolis)
Gabi Bresola é artista. Editora da Miríade edições, colaboradora na plataforma par(ent)esis, produtora da Ombu produção, co-coordenadora da Flamboiã – feira de publicações de artista e mestranda em Artes Visuais no PPGAV\UDESC, onde pesquisa publicações como espaço e a edição como uma prática artística. Mariana Berta trabalha como artista, professora de artes, pesquisadora, camponesa e militante. Nasceu em 1990 na cidade de Peritiba e foi criada no interior da cidade de Concórdia, SC. Vive na ilha de Florianópolis há dez anos, onde cursou licenciatura em Artes Visuais na Udesc e atualmente faz mestrado na linha de Processos Artísticos Contemporâneos na mesma instituição. Viveu na Bolívia em 2013 e em Portugal em 2015, onde estudou e trabalhou. Impõe a origem camponesa, comunitária e matriarcal nas discussões e práticas acadêmicas, espreme os paradigmas da arte contemporânea com mão em parceria com a mãe, Tânia Maria Felski, vanguarda do chão, escola da arte. Ativa na militância pelo Movimento de Mulheres Camponesas de SC, onde encontra força na capacidade de inventar e saborear a sua diferença vaga e fora de moda.
Gê Viana
(Santa Luzia (MG), 1986 - Vive em São Luís )
Na busca por uma expressão artística não-linear, Gê Viana se lança sobre a pesquisa do corpo performático e dos corpos abjetos (corpos marginalizados e invisibilizados). Criar caminhos na arte parte da ideia de denúncia lançando mão das categorias estéticas. Os trabalhos se desenvolvem no ato de fotografar que assume vários recortes com a fotomontagem, gerando lambe-lambe em experimentos de intervenção urbana/rural. Pensa-se no legado deixado pelxs fotógrafxs que denunciaram em cliques o cotidiano das grandes metrópoles, guetos e povos tradicionais. Traz discursos sobre o olhar da pixação no ato cívico da vida, político e artístico. É graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Maranhão.
Gervane de Paula
(Cuiabá (MT), 1961 - Vive em Cuiabá )
Gervane de Paula é brasileiro e nasceu em Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, localizado na região centro-oeste do país, precisamente no centro geodésico da América do Sul, onde reside e trabalha desde 1977. Integrou a “Geração 80”, movimento artístico brasileiro de grande relevância nas artes plásticas, e desde então vem participando de mostras individuais e coletivas em museus do Brasil e do exterior. Sua obra tem natureza na cultura de massa, popular e religiosa, e trata do realismo social falando sobre as várias formas de violência urbana, partindo do cenário local para retratar o mundo em que vive. Sua produção está situada entre a pintura, desenho, objeto e instalação, utilizando diversos suportes e materiais.
Lise Lobato
(Belém (PA), 1963 - Vive em Belém)
Lise Lobato nasceu em Belém, Pará. É licenciada em Educação Artística pela Universidade da Amazônia e especialista em Semiótica e Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará. Seus trabalhos incluem desenhos, pinturas, objetos, instalações. Dentre as exposições individuais estão: “Quarta Ocupação” (2001), “O Silêncio do Branco” (2002), “ Meu Quintal é do Mundo” (2006) e “Nás Águas do Arari” (Prêmio de Artes Visuais do Banco da Amazônia, 2008). Participou das exposições coletivas 11º , 14º e 15º Exposição Internacional de Artes Plásticas de Vendas Novas/ Portugal (2005 e 2008). Também em Portugal integrou o I Salão Internacional de Artes Plásticas de São João da Madeira (2007) e XII Bienal Internacional de Artes Plásticas de Vila Nova de Cerveira (2003). Em São Paulo participou da exposição “Manobras Radicais” CCBB/SP (2006), com curadoria de Paulo Herkenhoff e Heloisa Buarque de Hollanda. Participou de exposições como “Arte Pará” (2001, 2002, 2005 e 2009). Foi premiada na III Bienal de Arte Contemporânea de Mato Grosso (2004). Tem obras em acervos de museus e espaços culturais nos Estados do Pará, Paraíba, Rio de Janeiro e em Portugal.
Luciana Magno
(Belém (PA), 1987 - Vive em Belém)
É artista, graduada em artes visuais e tecnologia da imagem pela Universidade da Amazônia, Belém, e mestre em artes pela Universidade Federal do Pará. É doutoranda em Poéticas Visuais no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da USP. Trabalha com performance, frequentemente direcionada para fotografia e vídeo, objeto e website. Com uma pesquisa focada no corpo e em ações performáticas, a artista aborda questões políticas, sociais e antropológicas, relacionadas ao impacto do desenvolvimento da região amazônica. A integração do corpo à paisagem e ao entorno é um elemento determinante e recorrente em suas obras. Suas obras já foram exibidas no Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza (2014); no Arte Pará, Museu de Arte do Estado do Pará, Belém (2014), onde foi artista premiada; e no Museu de Arte do Rio de Janeiro (2013). Suas obras integram os acervos do Museu de Arte do Rio, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Museu da Universidade Federal do Pará, Fundação Romulo Maiorana, Instituto Pipa e Associação Cultural VideoBrasil.
Mabe Bethônico
(Belo Horizonte (MG), 1966 - Vive entre Genebra e Belo Horizonte)
Mabe Bethônico é artista e pesquisadora e trabalha com arquivos e instituições, lidando com os limites entre documentação e construção, evidenciando como a informação e a história podem ser construídas e retrabalhadas continuamente. A partir dessa perspectiva, se dedica em grande parte a questões da mineração em Minas Gerais. Participou da 27ª e 28ª Bienais de São Paulo e exposições no MAM e MIS SP, Museu da Pampulha, no Centre de la Photographie, Geneva, Museo de Antioquia – Medellin, Kunstverein Muenchen – Munique, Nothingham Contemporary, dentre outros. Participa do coletivo internacional de artistas e teóricos World of Matter e desenvolve pesquisa na França, junto à École Supérieure d’Art Annecy Alpes, ESAAA. Bethônico possui mestrado e doutorado em artes visuais pelo Royal College of Art, Londres, e desenvolveu pesquisa de pós-doutorado no Museu de Etnografia de Genebra, no projeto Um viajante depois do outro, um guia ou dois sobre a Caatinga, sobre os arquivos do geólogo suíço Edgar Aubert de la Rüe.
Mariana de Matos
(Governador Valadares (MG), 1987 - Vive no Recife)
É artista visual e poeta. Graduou-se em Artes Visuais na Escola Guignard (UEMG) e pesquisa a contribuição da poesia negra para a decolonialidade, no mestrado em Teoria Literária (UFPE). Exercita o tensionamento entre versão oficial da história e contra-narrativas polifônicas. Investiga delírio da modernidade, representação, imaginário, ferida colonial e subjetividade. Atua em linguagens híbridas, se interessa na emoção como sistema de fruição do mundo e se dedica à fusão entre os campos da imagem e da palavra.
Maxim Malhado
(Ibicaraí (BA), 1967 - Vive em Massarandupió - BA)
Formado em Educação Física pela Universidade Católica do Salvador em 1987. Integrou cursos de Desenho, Escultura e Gravura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e na Oficina do Museu de Arte Moderna da Bahia. É licenciado em Desenho e Plástica pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Suas obras integram acervos da Galeria ACBEU – Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, Museu de Arte Moderna da Bahia e Instituto Cultural Brasil-Alemanha.
Maxwell Alexandre
(Rio de Janeiro (RJ), 1990 - Vive no Rio de Janeiro)
Maxwell Alexandre formou-se em Design pela PUC-Rio no ano de 2016, tendo participado, em 2009, do Curso de Fotografia para registros das obras do Programa de Aceleração do Crescimento nas favelas do Rio de Janeiro. A poética urbana do artista passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir de suas vivências cotidianas pela cidade e na Rocinha, onde reside e trabalha. Sobre diferentes suportes, como lonas de piscinas, portas de madeira e esquadrias de ferro, surgem personagens anônimos em situações recorrentes na favela. Em 2019 realiza sua primeira exposição individual internacional no Musée d’art contemporain de Lyon, França. Em 2018 participou de residência artística na Delfina Foundation, Londres, assim como das exposições coletivas “Crônicas urgentes” na galeria Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo, e “Histórias Afro-Atlânticas” no MASP – Museu de Arte de São Paulo. Ainda em 2018 realizou a exposição individual “O Batismo de Maxwell Alexandre” e participou da coletiva “Abre Alas 14”, ambas na galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro. Sua obra integra o acervo de importantes coleções, como Pinacoteca de São Paulo, Brasil, MASP – Museu de Arte de São Paulo e MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro.
Michel Zózimo
(Santa Maria (RS), 1977 - Vive em Porto Alegre)
Seus trabalhos transitam por distintos campos de conhecimento. Tem interesse por assuntos e conteúdos enciclopédicos. Entre eles: a formação de pedras, as origens de vulcões e montanhas, a queda de meteoritos, as estranhas formas de corais, conchas e árvores, a possível existência de objetos voadores não identificados, as operações transformadoras da alquimia e magia, os efeitos visuais do ópio e seus derivados, as imagens que povoam os pesadelos e os filmes de ficção científica. Possui doutorado em Artes Visuais – UFRGS. É professor do CAp-UFRGS. Entre os principais projetos e exposições destacamse: “Fluxorama”, Centro Cultural São Paulo [2010], “Se o clima for favorável”, 9ª Bienal do Mercosul [2013], “A mão negativa”, Parque Lage [2015], “A mão prolongada”, Sé Galeria [2016], “Unânime Noite Vol II”, Contemporary Art Center of Vilnius [2017], “RS XXI – Rio Grande do Sul Experimental”, Santander Cultural [2018], “Da tradição à experimentação”, Fundação Iberê Camargo [2019]. É autor dos livros Estratégias expansivas da arte: publicações de artistas e seus espaços moventes e Assim que for editado, lhe envio.
Paul Setúbal
(Aparecida de Goiânia (GO), 1987 - Vive em São Paulo)
Paul Setúbal é doutor e mestre em Arte e Cultura Visual e licenciado em Artes Visuais pela UFG. Sua pesquisa se desenvolve por meio de múltiplas linguagens abordando as problemáticas do corpo na sociedade contemporânea, seu uso, controle, relações de abuso e poder. Seu próprio corpo é explorado como suporte geográfico e território de conflitos. Em 2018 apresentou a individual “Corpo Fechado” na C Galeria, RJ, a performance “Compensação por Excesso” durante a SP-Arte, participou da exposição “Arte Democracia Utopia: Quem não luta tá morto!” no MAR, “Demonstração por Absurdo” no Instituto Tomie Othake, foi residente no Pivô Arte Pesquisa e um dos artistas contemplados com o Prêmio FOCO durante a ArtRio. Em 2017 participou das exposições “As Bandeiras da Revolução”, Fundaj, PE, “13° Verbo”, Galeria Vermelho, SP e “Osso” Instituto Tomie Ohtake. Em 2016 participou da exposição “A Cor do Brasil” no Museu de Arte do Rio e a individual “Dano e Excesso” na Galeria Andrea Rehder. Em 2015 apresentou a individual “Aviso de Incêndio” no Elefante Centro Cultural e participou da mostra “Terra Comunal: Marina Abramović + MAI” no Sesc Pompéia. É integrante do Grupo EmpreZa de performance.
Rádio Yandê
(Rio de Janeiro (RJ), 2013)
Yandê é a nossa rádio, feita para “você” e “todos nós”. Como diz o ditado, tudo o que fazemos juntos fica melhor – é com esse conceito que nós do Grupo de Comunicação Yandê trabalhamos. A Rádio Yandê é educativa e cultural. Temos como objetivo a difusão da cultura indígena através da ótica tradicional e contemporânea, mas agregando a velocidade e o alcance da tecnologia e da internet. Nossa necessidade de incentivar novos “correspondentes indígenas” no Brasil faz com que possamos construir uma comunicação colaborativa muito mais forte, quando comparada às mídias tradicionais de rádio e TV. Estamos certos de que uma convergência de mídias é possível, mesmo nas mais remotas aldeias e comunidades indígenas, e que isso é uma importante forma de valorização e manutenção cultural. Nossa grade de programação conta com programas informativos e educativos que trazem para o público um pouco da realidade indígena do Brasil, desfazendo antigos estereótipos e preconceitos causados pela falta de informação especializada em veículos de comunicação não indígenas. A Rádio Yandê é um Ponto de Mídia Livre.
Randolpho Lamonier
(Contagem (MG), 1988 - Vive em Belo Horizonte)
Entre a periferia industrial de sua cidade natal, Contagem, e os grandes centros urbanos, Randolpho Lamonier desenvolve sua pesquisa visual a partir de diversas mídias e processos, num acúmulo de signos e gestos que refletem sobre a urgência na construção de identidades individuais e coletivas. Nos cruzamentos entre a vida íntima e os assuntos de ordem pública, se define uma articulação entre micro e macro política, um estado constante de reflexão e insurgência que faz presente no menor dos gestos uma postura crítica sobre o estado de normalidade.
Raphael Escobar
(São Paulo (SP), 1987 - Vive em São Paulo)
Formado em artes visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e pós graduando em Estudos Brasileiros: sociedade, educação e cultura pela Fundação Escola de Sociologia e Política. Desde 2009 atua com educação não formal em contextos de vulnerabilidade social ou de disputas políticas, como Fundação CASA, Cracolândia e Albergues. A atuação nesses contextos serve como pesquisa e muitas vezes ativação do trabalho que desenvolve. Escobar questiona as narrativas hegemônicas que criam apagamento e/ou estigmatização de populações, sua produção se utiliza de objetos, ações e situações corriqueiras do cotidiano urbano a fim de discutir estas relações. Já participou de exposições como “Quem não luta tá morto – arte democracia utopia”, Museu de Arte do Rio; “São Paulo não é uma cidade, invenções do centro”, SESC 24 de Maio; “Osso: Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga”, Instituto Tomie Ohtake; e “Metrópole: Experiência Paulistana”, Estação Pinacoteca.
Raquel Versieux
(Belo Horizonte (MG), 1984 - Vive no Crato-CE)
Artista Visual, Pesquisadora e Professora Assistente da Universidade Regional do Cariri. Mestre em Linguagens Visuais, EBA/UFRJ, 2014. Bacharel em Desenho, EBA/UFMG, 2011. Estudou Fotografia na ENSAV La Cambre, Bruxelas, 2007/08. Cursou Antropologia, UFMG, 2003/06. Em 2018 participou da exposição “Com o ar pesado demais para respirar”, Galeria Athena, Rio de Janeiro. Em 2017 participou do 23º Salão Anapolino, Goiás e da mostra “Fossilis”, no Museu de Paleontologia, Santana do Cariri, Ceará. Foi residente em R.A.T. Puerto Turin, na Cidade do México e realizou a exposição individual “Saudade e o que é possível fazer com as mãos”, na Galeria Athena, Rio de Janeiro, 2016. Em 2015 realizou a individual “Antes da última queima”, na Galeria do IBEU, como prêmio da mostra Novíssimos 2014, participou da exposição “Permanências e Destruições” e da mostra Abre Alas 11, todas no Rio de Janeiro. Integrou as mostras Arte Pará 2013 e 2012, e Rumos Itaú Cultural 2011/13. Em 2013 foi residente das temporadas Kamov e Queer Zagreb, na Croácia, onde apresentou a exposição individual “Where the houses live”.
Regina Parra
(São Paulo (SP), 1984 - Vive em São Paulo)
Mestre em Teoria e Crítica da Arte pela Faculdade Santa Marcelina (orientação Lisette Lagnado) e bacharel em Artes Visuais pela Faap. Nos últimos anos realizou exposições individuais na Galeria Millan, São Paulo, SP (2016), Pivô, São Paulo, SP (2014), Galeria Effearte, Milão, Itália (2012), Centro Cultural São Paulo, SP (2011), Galeria Leme, São Paulo, SP (2011 e 2009), Fundação Joaquim Nabuco, Recife, PE (2010) e Paço das Artes, São Paulo, SP (2009).
Rosa Luz
(Gama (DF), 1995 - Vive em São Paulo)
Rosa Luz tem 23 anos, nasceu no Gama – Distrito Federal e atualmente mora em São Paulo. É artista visual, tendo participado de exposições individuais e coletivas no Brasil e no Reino Unido em locais como Museu da República, Museu da Diversidade Sexual, Galeria Transarte, ONU BR, Paço das Artes, SPArte, NN Contemporary, etc. Em 2017 lançou seu primeiro EP, Rosa Maria Codinome Rosa Luz, fruto de financiamento coletivo. Também participou do TEDxBrasília, SofarSounds Latin America, Festival Latinidades, Favela Sounds, entre outros festivais de música Brasil afora. Também produz conteúdo pra internet sobre rap, artes visuais e transexualidade, postando conteúdo semanal no canal Rosa Luz. Seu som pode ser encontrado em todas as plataformas digitais.
Santídio Pereira
(Isaías Coelho (PI), 1996)
Nascido em 1996 em Isaías Coelho, no Piauí, Santídio Pereira vive e trabalha em São Paulo. Estudou História da Arte com o crítico e curador Rodrigo Naves, e é graduado em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo.
A trajetória de Santídio Pereira tem sido permeada pela experimentação e estudo constante sobre os preceitos artísticos, impulsionando um desejo de criação e inovação dos padrões pré-estabelecidos, tanto no aspecto formal, quanto conceitual das linguagens artísticas. Seu trabalho já foi exibido em instituições brasileiras como Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre), Centro Cultural São Paulo, Paço das Artes, MuBE – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, e MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo (todos em São Paulo) em exposições de espaços e instituições internacionais como a Galería Xippas (Punta del Este, Uruguay), b[x] Gallery (Nova York, EUA), Bortolami Gallery (Nova York, EUA), Fondation Cartier pour l’Art Contemporain – Triennale di Milano (Milão, Itália), Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (Paris, França), Power Station of Art (Xangai, China), dentre outros. Seu trabalho integra em coleções importantes, como Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil), Coleção Cisneros (EUA), Acervo Sesc de Artes (Brasil), Museu de Arte do Rio – MAR (Brasil) e Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (França). Santídio também foi contemplado com o Prêmio Piza (2021, Paris, França), além de ter participado da AnnexB Residência Artística (2019, Nova York, EUA).
Vânia Medeiros
(Salvador (BA), 1984 - Vive em São Paulo)
Vânia Medeiros busca interfaces entre a arte e diversos campos do conhecimento, como etnografia, arquitetura, design e educação. Tem o desenho como um dispositivo de investigação em processos pessoais e coletivos, que ganha suportes diversos nos espaços expositivos e no página 10 de 11 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão S E R T Ã O Museu de Arte Moderna de São Paulo – por Júlia Rebouças livro. Participou de encontros e residências artísticas no Brasil e outros países, como Argentina, Alemanha, Equador e Colômbia. Em 2016 realizou a exposição individual “Atlântida”, na galeria RV cultura e arte, em Salvador – BA. No mesmo ano, ganhou a chamada aberta do projeto Contracondutas, da Escola da Cidade, que culminou em uma exposição coletiva e na publicação Caderno de Campo, com texto de apresentação do arquiteto e crítico de arte Pedro Fiori Arantes. Este trabalho foi um dos finalistas para o Prêmio seLecT de Arte e Educação nos anos de 2017 e 2018.
Vulcanica PokaRopa
(Presidente Bernardes (SP), 1993 - Vive em Florianópolis)
Vulcanica PokaRopa é byxa travesty degenerada, mestranda em Teatro pela Udesc, performer, produtora da série “Desaquenda” pela Cucetas Produções, que está disponível no YouTube, integrante da Cia Fundo Mundo – cia de circo formada exclusivamente por pessoas transexuais, travestis e não binárias, bambolista, iniciante em contorção e palhaçaria, punhetiza.
serviço
36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão
Local:
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Endereço:
Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3)
Horários:
Terça a domingo, das 10h às 17h30 (com permanência até as 18h)
Telefone:
(11) 5085-1300
Ingresso:
R$ 10,00. Gratuidade aos sábados. Meia-entrada para estudantes e professores, mediante identificação.
Gratuidade para menores de 10 e maiores de 60 anos, pessoas com deficiência, sócios e alunos do MAM, funcionários das empresas parceiras e museus, membros do ICOM, AICA e ABCA com identificação, agentes ambientais, da CET, GCM, PM, Metrô e funcionários da linha amarela do Metrô, CPTM, Polícia Civil, cobradores e motoristas de ônibus, motoristas de ônibus fretados, funcionários da SPTuris, vendedores ambulantes do Parque Ibirapuera, frentistas e taxistas com identificação e até 4 acompanhantes.