Após ser restaurada, a Aranha (1996), de Louise Bourgeois, está prestes a voltar para a sala de vidro feita para sua exibição há quase vinte anos. Quando presente, ela parece observar a Marquise e sua amplitude de territórios e usos. No extremo do edifício concedido pela Prefeitura de São Paulo para o MAM, essa escultura permite pensar como a vizinhança do museu com o vão livre, onde acontece uma das mais expressivas e espontâneas manifestações culturais, esportivas e políticas da cidade, pode informar e desafiar a identidade do museu.
É da natureza da Aranha costurar teias. Para tanto, precisa de quase nada, apenas a garantia de trânsito. No intervalo entre a instituição e a praça pública, a despeito dos binarismos, das barreiras físicas e dos hábitos que separam dentro e fora, vale identificar possibilidades de movimento, cooperação e aprendizado tanto mútuos como coletivos.
Enquanto o MAM aguarda a volta da obra de Bourgeois, esta mostra se inspira em sua metáfora de conexão. Um conjunto de obras do acervo do museu nesta Sala Paulo Figueiredo se articula com uma agenda de performances, oficinas e shows na Marquise, dentro da programação do Domingo MAM, realizado pelo Educativo desde 2013. Por meio de uma intervenção artística, que se manifesta também como arquitetura e linguagem gráfica, O Grupo Inteiro criou peças móveis que remontam às diferentes vocações desse espaço. O pavilhão onde o MAM funciona desde 1969 já foi um Museu de Cera (1954) e um Rinque de Patinação (1955). Hoje, tem duas galerias para exposições. Esta sala, em específico, pode ser experimentada, durante o tempo da mostra, também como remanso, palco, pista, arena circular, em suas interfaces com o entorno.
Entre a história e o presente, as perspectivas e processos de agentes criativos e públicos convidados a colaborar, entre o que é dado de partida e o que cada um pode trazer consigo, o meio é um lugar de desejo não destituído de sobreposições e disputas. Aqui, ali ou em qualquer parte onde convenha tecer, se os nós não impedirem a trama, eles poderão vir a ser elos de escuta, respeito, responsabilidade, empatia e pertencimento.
Ana Maria Maia
(em conversa com Educativo MAM e O Grupo Inteiro)
Playlists
Coube e ainda cabe a essa rede de agentes interpretar desde o seu ponto de vista os legados do museu e do seu acervo, assim como imaginar futuros possíveis. Parte desse exercício que alimentou a mostra foi registrado em playlists de áudio, especialmente feitas para o lançamento:
O que vemos
O que imaginamos
O que escutamos
Artistas: Alessandra Leão | Amelia Toledo | Beyhive | Break Ibira | Cinthia Marcelle | Claudio Tozzi | Coletiva Ocupação | Explode! | Falves Silva | Flávio de Carvalho | Georgete Melhem | Guilherme Peters | Henrique Fuhro | House of Zion | Ione Saldanha | Ivens Machado | Jorge Menna Barreto | Josefa Pereira e Patrícia Bergantin | Laura Lima | Lenora de Barros | Manuk Poladian | Mário Ishikawa | Maureen Bisilliat | MC Delacroix | Micrópolis e Ariana Miliorini | Mídia Ninja | Mônica Nador | Nair Benedicto | Nenê da Vila Matilde | O Grupo Inteiro | Otto Stupakoff | Paulo Nazareth | Revista On/Off | Rosana Paulino | Siron Franco | Vilma Slomp | Waldeny Elias
Vista da exposição "A marquise, o MAM e nós no meio", na sala Milú Vilela do MAM São Paulo. Foto: Karina Bacci
Vista da exposição "A marquise, o MAM e nós no meio", na sala Milú Vilela do MAM São Paulo. Foto: Karina Bacci
Vista da exposição "A marquise, o MAM e nós no meio", na sala Milú Vilela do MAM São Paulo. Foto: Karina Bacci
Curadoria: | Ana Maria Maia |
Abertura: | 08 de maio (terça-feira), a partir das 19h30 |
Visitação: | 09 de maio a 19 de agosto de 2018 |
Local: | Museu de Arte Moderna de São Paulo |
Endereço: | Parque Ibirapuera Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº. Acesso próximo, pelo portões 2 e 3 |
Horários: | Terça a domingo, das 10h às 17h30 (com permanência até às 18h) |
Tel: | (11) 5085-1300 |