Colecionar arte é a possibilidade de olhar por um viés fascinante para a diversidade humana. É colocar em perspectiva pontos de vista que se descolam da obviedade aparente e nos fazem refletir em profundidade sobre os mais distintos aspectos da vida em sociedade. Logo, os museus e suas coleções são espaços democráticos que fomentam a reflexão, a convivência das diferenças, o debate sem dogmas, a formação de repertório.
O Clube de Colecionadores de Fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tendo este foco, foi criado em 2000. Ao completar agora 20 anos e 21 edições, reúne obras de 107 artistas que passaram a integrar o acervo do museu e também as coleções particulares de centenas de pessoas que fazem ou fizeram parte do Clube nessas duas décadas. Esta exposição é uma homenagem a esses colecionadores que impulsionam o circuito de arte, incentivam os artistas e ratificam a importância do papel social de instituições culturais como o MAM.
Para esta exposição comemorativa, tivemos a curiosidade de entender como as escolhas curatoriais do Clube impactaram a vida e as coleções de seus sócios. Visitamos a casa de uma dezena deles para observar como as obras adquiridas por meio do Clube são acolhidas, exibidas e guardadas. As fotografias que mostram as obras nas residências surgem nessa exposição em meio às obras do Clube que integram o acervo do MAM. São como janelas pelas quais podemos entrar na casa dos sócios e sentir um pouco da forma como eles convivem com as criações dos artistas.
No diálogo com os sócios, notamos que os princípios que nortearam a criação do Clube, 20 anos atrás, estão se cumprindo plenamente. Muitos deles começaram timidamente suas coleções a partir das obras do Clube. Incentivados por essas aquisições, acabaram por pesquisar os artistas, a história da arte e da fotografia, e hoje possuem amplas coleções.
A existência do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM só é possível graças à parceria entre o museu que organiza as ações, os artistas que doam suas obras e os sócios que incentivam a produção artística e a existência do próprio museu. Dessa forma, tanto o MAM quanto os colecionadores seguem construindo, ano após ano, um acervo perene de extrema importância, por meio do qual podemos refletir sobre a cultura brasileira, nossa mestiçagem, nossos dramas sociais, nossa identidade, nossa capacidade de nos reinventarmos à revelia dos desmandos do poder hierárquico.
A arte é e sempre será a trincheira na qual nos abrigamos e nos conectamos com o outro para ativar uma percepção sensível sobre nosso entorno, a partir da qual criamos uma visão menos dogmática, mais libertária e humanista. Aos sócios do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM de hoje, de ontem e de sempre, e a vocês que frequentam o museu, nossos mais sinceros agradecimentos por fazer com que sigamos acreditando em nossos sonhos.
Eder Chiodetto
Curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM
Curadoria: | Eder Chiodetto |
Visitação: | até 10 de agosto de 2021 |
Local: | Museu de Arte Moderna de São Paulo |
Endereço: | Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3) |
Horários: | terça a domingo, das 10h às 18h |
Gratuidade para menores de 10 e maiores de 60 anos, pessoas com deficiência, membros do ICOM, AICA e ABCA com identificação, agentes ambientais, da CET, GCM, PM, Metrô e funcionários da linha amarela do Metrô, CPTM, Polícia Civil, cobradores e motoristas de ônibus, motoristas de ônibus fretados, funcionários da SPTuris, vendedores ambulantes do Parque Ibirapuera, frentistas e taxistas com identificação.