A mostra Do livro ao museu é composta, em sua maioria, por obras das décadas de 1940 e 1950, período de sedimentação da arte moderna e de espaços dedicados a ela, além de uma seleção criteriosa de livros adquiridos a fim de representar a produção moderna na coleção da Biblioteca Mário de Andrade nesse período. Obras raras e importantes, como Jazz, de Henri Matisse, ou Cirque, de Fernand Léger, são exemplares de grande relevância que colocaram artistas e pesquisadores brasileiros em contato com a produção modernista europeia.
A colaboração entre o MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade evidencia a produção nacional de álbuns e livros, e o início da produção gráfica artística, com edições de artista feitas quase inteiramente à mão, como a de Milton Dacosta, com guaches, ou Fantoches da meia-noite, de Di Cavalcanti, que combina impressões com aquarelas. A exposição chega até a criação dos primeiros livros produzidos com tiragem limitada e impressões de alta qualidade da coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos, conduzida pelo colecionador de arte Raymundo Castro Maya a partir de 1943.
A mostra abarca ainda obras da coleção do MAM São Paulo que remetem às tensões da produção moderna brasileira, que naquele período entra numa intensa disputa entre abstração e figuração, discussão presente na mostra inaugural do museu, Do figurativismo ao abstracionismo, em 1949. Sérgio Milliet, homenageado com seu autorretrato na mostra, sempre se posicionou a favor da experimentação livre da linguagem artística moderna, sem tomar um partido claro, o que deu margem a mal-entendidos. Do livro ao museu aborda também a emergência da vanguarda concretista na década de 1950, em oposição ao abstracionismo informal, observando os vários sentidos e direções que a arte moderna tomou no Brasil nesse período.
Embora a biblioteca e o museu tenham funções diferentes, historicamente nasceram juntos, compartilhando a missão de preservar, organizar e mediar conhecimentos. Ambos são mais que guardiões do patrimônio material e imaterial; são espaços de encontro e aprendizado, estimulando a pesquisa, a reflexão e a imaginação. Do livro ao museu integra as comemorações dos cem anos da Biblioteca Mário de Andrade, lembrando as origens em comum de ambas as instituições e abrindo caminhos para colaborações e parcerias futuras.
Cauê Alves e Pedro Nery Museu de Arte Moderna de São Paulo
Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade (Libras)
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em filosofia pela FFLCH USP. É professor do Departamento de Artes da FAFICLA, PUC-SP, e curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo. É autor de diversos textos sobre arte, entre eles, texto no catálogo da exposição Mira Schendel, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, e Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, Londres. É líder do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria da PUC-SP (CNPq). Entre 2016 e 2020, foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, MuBE. Em 2015, foi curador assistente do Pavilhão Brasileiro da 56ª Bienal de Veneza e, em 2011, foi curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Pedro Nery
É museólogo e curador. Formado em história e mestre em Museologia pela Universidade de São Paulo. Atuou como pesquisador e curador da Pinacoteca de São Paulo entre 2011 e 2019 destacando as retrospectivas: Rosana Paulino Costura da Memória (2018/19) e Marepe: Estranhamente Comum (2019). Atualmente é museólogo do MAM São Paulo, e está colaborando para a implantação do Centro de Memória do museu.
artistas
Arthur Luiz Piza
(São Paulo, SP, Brasil, 1928 – Paris, França, 2017)
Arthur Luiz Piza nasceu em São Paulo, SP, Brasil (1928) e faleceu em Paris, França (2017). Estudou pintura e afresco com Antonio Gomide e, a partir de 1951, viveu em Paris, onde aperfeiçoou técnicas de gravura em metal. Embora também tenha atuado como desenhista e escultor, destacou-se sobretudo como gravurista, afirmando essa linguagem como campo de experimentação técnica e cromática. Inovou ao escavar profundamente as matrizes, criando baixos-relevos que introduziram diferentes planos, volumes e texturas, expandindo a gravura nacional em direção à abstração geométrica e à exploração da cor e da luz. Recebeu o Grande Prêmio Nacional de Gravura da 5ª Bienal de São Paulo (1959) e o Prêmio David Bright da Bienal de Veneza (1966). Entre suas retrospectivas recentes, destacam-se A gravura de Arthur Luiz Piza, Pinacoteca de São Paulo (2015), e Homenagem a Piza, MAM São Paulo (2018). O MAM São Paulo possui 94 gravuras do artista em sua coleção.
Alberto da Veiga Guignard
(Nova Friburgo, RJ, Brasil, 1896 – Belo Horizonte, MG, Brasil, 1962)
Nasceu em Nova Friburgo, RJ, Brasil (1896) e faleceu em Belo Horizonte, MG, Brasil (1962). Formou-se em pintura na Europa, estudando em academias prestigiadas de Munique e Florença antes de retornar ao Brasil em 1929. Atuou como pintor, desenhista, ilustrador e professor, sendo reconhecido como um dos grandes nomes do modernismo brasileiro. Destacam-se em sua obra as paisagens de Ouro Preto e outras cidades históricas de Minas Gerais, em que igrejas barrocas, casarios coloniais e balões festivos surgem em atmosferas oníricas e poéticas. Também produziu retratos de familiares, amigos e figuras culturais, notáveis pela delicadeza do traço e riqueza decorativa. Criou a Escola Guignard, em Belo Horizonte, por onde passaram artistas como Amilcar de Castro e Lygia Clark. Entre suas retrospectivas recentes, destacam-se Guignard: a memória plástica do Brasil moderno, no MAM São Paulo (2015), e A paixão segundo Guignard, no Palácio das Artes, Belo Horizonte (2024).
Antonio Henrique Amaral
(São Paulo, SP, Brasil, 1935 – 2015)
Iniciou sua formação na Escola do MASP (1952), e a completou estudando gravura com Lívio Abramo no MAM São Paulo (1956). A partir dos anos 1960, aproximou-se da nova figuração, incorporando elementos da publicidade, da cultura de massa e do grafite em obras de forte carga política. Nesse contexto, a banana tornou-se uma imagem marcante de sua produção. Representada cortada, amarrada ou transpassada por facas, a fruta é trabalhada como síntese visual crítica de tensões da ditadura militar, metáfora econômica do Brasil, ou até imagem de conotação erótica. Em paralelo, desenvolveu também retratos marcados por rostos fragmentados e distorcidos, explorando uma frente mais experimental e expressionista de sua pintura. Entre mostras recentes, destacam-se Aglomeração – Antonio Henrique Amaral, Instituto Tomie Ohtake (2020), e Antonio Henrique Amaral: Pelo Avesso, Casa Triângulo (2021).
Alexandre Wollner
(São Paulo, SP, Brasil, 1928 – 2018)
Estudou no Instituto de Arte Contemporânea (IAC), em São Paulo, com Lina Bo Bardi, e em seguida na Escola de Ulm, na Alemanha, sob orientação de Max Bill. Foi pioneiro e figura central do design gráfico moderno no Brasil. Na década de 1950, integrou o Grupo Ruptura, aproximando-se das tendências do concretismo. Fundou o Form-Inform, primeiro escritório de design do país, e foi um dos criadores da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), no Rio de Janeiro. Produziu cartazes, pinturas e desenhos de linguagem geométrica abstrata, além de programas celebrados de identidade visual, como os logotipos de empresas como Itaú, Ultragás, Hering e Philco. Em 2010, foi agraciado com a Ordem do Ipiranga pelo Governo do Estado de São Paulo. Sua obra foi celebrada na mostra retrospectiva Alex Wollner Brasil: Design Visual, no Museu da Casa Brasileira (2019). Seu arquivo fotográfico é conservado pelo Instituto Moreira Salles.
Candido Portinari
(Brodowski, SP, 1903 – Rio de Janeiro, RJ, 1962)
Formou-se na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Reconhecido como um dos maiores nomes da arte brasileira, dividiu sua produção entre pintura, desenho, gravura e muralismo. Sua obra trata de questões sociais e históricas, com destaque para temas e figuras simbólicas que forjaram um imaginário nacional, como trabalhadores, retirantes, crianças e cenas festivas. Suas composições são marcadas pelo uso expressivo da cor, pela figuração simplificada de forte impacto gráfico e pela síntese entre tradições populares e soluções pictóricas modernas. Por meio de encomendas oficiais, realizou diversos painéis para instituições públicas e governamentais, em diálogo com projetos icônicos de arquitetura moderna, como os murais realizados para o edifício Gustavo Capanema de 1943 no Rio de Janeiro, na qual se consuma a ideia de arte como bem coletivo. Entre exposições recentes, destacam-se No ateliê de Portinari: 1920-45, MAM São Paulo (2011), e Portinari popular, MASP (2016). Seu legado é preservado pelo Projeto Portinari, referência em conservação de espólio e pesquisa artística no Brasil.
Carlos Prado
(São Paulo, SP, Brasil, 1908 – 1992)
Formou-se em arquitetura pela Escola Politécnica de São Paulo, experiência que se refletiu em sua carreira artística na atenção à racionalidade espacial e ao equilíbrio formal das composições. Teórico da arquitetura funcional no Brasil e cofundador do Clube de Artistas Modernos (CAM), integrou o ambiente modernista paulista dos anos 1930. Como pintor e gravurista, desenvolveu uma obra atravessada por preocupações sociais e urbanas, representando trabalhadores, multidões, transportes, fábricas e cenas da cidade moderna. Seus trabalhos articulam procedimentos técnicos da arquitetura a uma síntese geométrica construtiva, desdobrando-se em uma linguagem artística singular, que busca conciliar forma, espaço e conteúdo. Sua obra integra as coleções do MAM São Paulo, da Pinacoteca do Estado, do MASP e do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
Emiliano Di Cavalcanti
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1897 – 1976)
Di Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro, RJ, Brasil (1897) e faleceu em São Paulo, SP, Brasil (1976). Formou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), além de estudar desenho e pintura no Rio de Janeiro e em Paris, onde entrou em contato com as vanguardas europeias, sobretudo o cubismo e o expressionismo, que influenciaram sua linguagem plástica. Pintor, ilustrador e muralista, foi figura central da Semana de Arte Moderna de 1922 e construiu uma obra marcada pela síntese entre cor intensa, volumes robustos, desenho sinuoso e um jogo de luz que enfatiza a atmosfera de suas cenas. Representou alegoricamente elementos da cultura brasileira, como festas populares, carnaval, música e religiosidade, além de cenas urbanas que retratam questões sociais e raciais, como os subúrbios cariocas, trabalhadores e trabalhadoras informais, e a vida coletiva nas cidades, articulando a estética modernista com uma visão crítica. Também realizou murais para espaços públicos e privados, aproximando sua obra da arquitetura moderna. Sua trajetória foi revisitada nas exposições No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos, Pinacoteca de São Paulo (2017) e Di Cavalcanti, muralista, Instituto Tomie Ohtake (2021).
Frans Masereel
(Frans Masereel (Blankenberge, Bélgica, 1889 – Avignon, França, 1972))
Estudou na École des Beaux-Arts de Ghent, onde recebeu formação acadêmica em pintura e desenho. Nome fundamental da arte gráfica de cunho político, atuou como gravador e ilustrador em jornais e revistas. Foi pioneiro ao desenvolver romances visuais em xilogravura sem palavras, explorando a crítica social e política, as contradições do capitalismo e o ideal humanista de justiça. Sua obra é marcada por forte influência do expressionismo alemão e pela introdução dessa linguagem na Bélgica, com o grupo Les Cinq e a revista Lumière. O uso dramático do preto e branco, com jogos de luz e sombra, confere tensão narrativa e impacto gráfico a suas composições. Além das gravuras, ilustrou livros de autores como Thomas Mann e Émile Zola. Seu legado foi revisitado na retrospectiva Frans Masereel, no Instituut voor Sociale Geschiedenis, Amsterdã, Holanda (2022).
Franz Weissmann
(Knittelfeld, Áustria, 1911 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2005)
Chegou ao Brasil em 1921 e estudou na Escola Nacional de Belas Artes, que abandonou pelo caráter excessivamente acadêmico, complementando sua formação em ateliês e na Escola do Parque, em Belo Horizonte. Integrou o Grupo Frente e foi um dos fundadores do neoconcretismo. Foi um dos principais inovadores da escultura brasileira, desenvolvendo uma linguagem de abstração geométrica marcada pelo uso de chapas metálicas submetidas a cortes, dobras e sobreposições. Suas esculturas incorporam o vazio como elemento ativo da construção da forma, articulando espaço e matéria, e empregam a cor chapada para intensificar volumes, ritmos e tensões visuais. O artista também realizou obras de grande escala em praças e edifícios públicos, concebendo trabalhos que não apenas ocupam, mas redesenham o espaço urbano. Entre exposições recentes, destacam-se as retrospectivas Franz Weissmann: o vazio como forma, Itaú Cultural (2019) e Franz Weissmann: ritmo e movimento, Casa França-Brasil (2023).
Fayga Ostrower
(Lodz, Polônia, 1920 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2001)
Chegou ao Brasil em 1934 e estudou artes gráficas na Fundação Getúlio Vargas, tendo aulas de xilogravura e de gravura em metal com Carlos Oswald. Nos anos 1940, produziu gravuras figurativas de matriz expressionista e cubista, voltadas a temas sociais. A partir de 1953, dedicou-se à abstração, desenvolvendo um vocabulário singular em que planos coloridos e linhas ritmadas criam tensões equilibradas e espacialidades luminosas. Suas gravuras exploram a síntese entre rigor construtivo e lirismo poético, distinguindo-se pela clareza formal e pelo uso da cor como elemento estrutural. Lecionou no MAM São Paulo entre 1954 e 1970 e ministrou cursos no Brasil e no exterior, além de publicar obras teóricas de caráter pedagógico como Criatividade e processos de criação (1978). Entre exposições recentes, destacam-se Fayga Ostrower: Imaginação Tangível, Pinacoteca de São Paulo (2021) e Fayga Ostrower – Centenário, Museu da República (2021).
Fernand Léger
(Argentan, França, 1881 – Gif-sur-Yvette, França, 1955)
Um dos principais artistas do século XX, estudou na École des Arts Décoratifs de Paris e aproximou-se do cubismo, desenvolvendo uma vertente própria marcada pela decomposição das formas em cilindros e volumes tubulares, conhecida como “tubismo”. Profundamente influenciado pela modernidade industrial, traduziu máquinas, engrenagens, figuras humanas e arquiteturas modernas em composições de cores chapadas, contornos firmes e dinamismo circular. Como pintor e ilustrador, explorou a relação entre arte, tecnologia e vida urbana, criando imagens de forte impacto gráfico. Professor na Universidade de Yale, nos EUA, transmitiu sua visão a novas gerações. Em 2009, a Pinacoteca de São Paulo apresentou Fernand Léger: relações e amizades brasileiras, que destacou sua interlocução com artistas nacionais.
Geraldo de Barros
(Chavantes, SP, Brasil, 1923 – São Paulo, SP, Brasil, 1998)
Foi um artista plural, que atuou como fotógrafo, pintor, ilustrador e designer de móveis. Ganhou projeção ao promover a fotografia abstrata no Brasil com as Fotoformas, série em que intervinha diretamente nos negativos por meio de cortes e sobreposições, criando imagens que transformavam fragmentos da arquitetura urbana em composições geométricas e dinâmicas. Membro do Foto Cine Clube Bandeirante, explorou a fotografia como campo experimental em diálogo com a abstração. Em seguida, foi um dos signatários do Grupo Ruptura, fundamental para a consolidação da arte concreta no país. No design, fundou a cooperativa Unilabor e a Hobjeto, pioneiras na criação de móveis modernos voltados ao uso coletivo. Sua trajetória inclui ainda a participação no Grupo Rex, nos anos 1960, quando explorou aproximações com a arte pop e a nova figuração. Destacam-se exposições recentes como Geraldo de Barros – Imaginário, Construção e Memória, Itaú Cultural (2021), e Geraldo de Barros e a Fotografia, Instituto Moreira Salles (2014).
Hércules Barsotti
(São Paulo, SP, Brasil, 1914 – 2010)
Iniciou sua formação artística com Enrico Vio e formou-se posteriormente em química industrial pelo Instituto Mackenzie. Em 1954, fundou com Willys de Castro o Estúdio de Projetos Gráficos, realizando projetos de identidade visual para publicações e cartazes para exposições. Sua pesquisa plástica explorou as possibilidades dinâmicas da forma, criando, pela disposição assimétrica de campos cromáticos vibrantes, ilusões de tridimensionalidade. O artista destacou-se pela utilização de formatos pouco usuais em seus quadros, muitas vezes concebidos como losangos, hexágonos e círculos. Nos anos 1950 aproximou-se da arte concreta e, em 1959, integrou o Grupo Neoconcreto no Rio de Janeiro. Sua última grande retrospectiva, Hércules Barsotti: Não-Cor Cor, foi organizada pelo MAM São Paulo (2004).
Hélio Oiticica
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1937 – 1980)
Iniciou sua formação no MAM Rio, no ateliê de Ivan Serpa. É considerado um dos maiores artistas da história da arte brasileira, tendo como principais eixos de trabalho a cor, a espacialidade e a incorporação do público como agente da obra. Foi signatário do Manifesto Neoconcreto, defendendo uma arte que superasse a rigidez geométrica e se abrisse à experiência sensível. Seus primeiros trabalhos, os Metaesquemas, apresentam formas geométricas coloridas que dançam sobre a superfície bidimensional, pesquisa que se desdobrou nos Penetráveis, instalações nas quais esses mesmos elementos tornam-se tridimensionais, criando ambientes que exigem a presença ativa do espectador para se realizarem. No fim da década de 1960, aproximou-se da Estação Primeira de Mangueira e concebeu os Parangolés, capas e estandartes coloridos que transformam o corpo e o movimento em obra viva. Nesse contexto, concebeu também Tropicália, instalação que se tornou ícone da arte brasileira e deu nome ao movimento cultural de contestação ao regime militar. Sua produção foi revisitada na mostra Hélio Oiticica: a dança na minha experiência, uma colaboração entre o MASP e o MAM Rio (2020).
Henri Matisse
(Cateau-Cambrésis, França, 1869 – Nice, França, 1954)
Formou-se inicialmente em Direito, mas abandonou a carreira para estudar na École des Beaux-Arts, em Paris, sob orientação de Gustave Moreau. Ícone da pintura do século XX, é considerado o expoente máximo do fauvismo, vanguarda que defendeu o uso de cores puras, contrastes intensos e liberdade formal. Sua obra é reconhecida por transformar a cor em elemento autônomo e estrutural da composição, capaz de gerar ritmo e equilíbrio sem depender da representação naturalista. No fim da vida, desenvolveu uma técnica de recortes e colagem de papéis coloridos, expandindo sua pesquisa pictórica para novas dimensões de escalas, texturas e espacialidades. Sua produção continua sendo referência essencial da arte moderna, revisitada em mostras como Matisse: The Cut-Outs [Matisse: os recortes] no MoMA, Nova York (2014), e a grande retrospectiva Henri Matisse, Fondation Beyeler, Suíça (2024).
Iberê Camargo
(Restinga Seca, RS, 1914 – Porto Alegre, RS, Brasil, 1994)
Pintor, desenhista e gravador, formou-se no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre e iniciou sua trajetória no sul do Brasil, antes de prosseguir estudos no Rio de Janeiro e na Europa. Sua pintura figurativa, marcada por paisagens e retratos de atmosfera densa, utiliza pinceladas marcadas e cores contrastantes para expressar estados emocionais profundos. A partir do final dos anos 1950, sua obra caminhou para uma linguagem mais gestual e matérica, em que a espessura da tinta, a energia do traço e a tensão entre figura e fundo o aproximaram da abstração, como nas célebres séries dos Carretéis. Suas duas últimas mostras de destaque foram Paisagens de Dentro: as últimas pinturas de Iberê Camargo, (2010) e Iberê Camargo: um ensaio visual (2009), ambas na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, que preserva, pesquisa e difunde seu legado.
Ivan Serpa
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1923 – 1973)
Formou-se com o gravador Axl Leskoschek a partir de 1946 e, desde os anos 1950, consolidou-se como um dos principais nomes da abstração e da arte brasileira da segunda metade do século XX. Foi fundador e líder do Grupo Frente, marco do neoconcretismo no país, ao lado de artistas como Lygia Clark, Lygia Pape, Hélio Oiticica e Abraham Palatnik. Sua produção abstrata caracteriza-se pelo uso de formas geométricas planas, cores intensas e composições ordenadas, que mais tarde se desdobraram em séries com curvas acentuadas e ritmos visuais. Professor do MAM do Rio de Janeiro a partir de 1952, formou gerações de artistas e foi pioneiro em integrar crianças às práticas do museu, experiências refletidas no célebre livro Crescimento e Criação (1954), escrito em conjunto com o crítico Mário Pedrosa. Entre as retrospectivas recentes, destacam-se Ivan Serpa: a expressão do concreto (CCBB, 2021) e Ivan Serpa: Documental (IAC, 2023).
Jean Lurçat
(Bruyères, França, 1892 – Saint-Paul-de-Vence, França, 1966)
Formou-se em artes em Paris, na Académie Colarossi e na École des Beaux-Arts, convivendo com nomes como Henri Matisse e Pablo Picasso. É reconhecido como um dos principais responsáveis pelo renascimento da tapeçaria europeia no século XX, ao recuperar sua autonomia em relação à pintura e propor uma linguagem moderna inspirada na tradição medieval. Suas tapeçarias se caracterizam pelo uso de tramas amplas, pontos largos e cores vibrantes, que reforçam a bidimensionalidade e conferem monumentalidade às composições. Os temas recorrentes incluem a natureza, a mitologia e o apocalipse cristão, concebidos como obras em grande formato e em diálogo com a arquitetura moderna. Além da tapeçaria, atuou como pintor, ceramista e ilustrador de livros, sempre com traços expressivos e imaginação poética. Seu legado é preservado pelo Museu Jean Lurçat de Tapeçaria Contemporânea, em Angers, França, dedicado à valorização da tecelagem moderna e contemporânea.
José Antônio da Silva
(Sales de Oliveira, SP, 1909 – São Paulo, SP, 1996)
Pintor autodidata, tornou-se conhecido pela forma como representou a vida rural do interior paulista. Sua obra retrata paisagens abertas e cenas do cotidiano no campo, como lavouras, colheitas, rebanhos, festas e o convívio comunitário. Seu trabalho equilibra observação e imaginação, com um estilo caracterizado por proporções subvertidas, cores intensificadas e elementos simbólicos que aproximam a cena real de um universo de fantasia pessoal, fazendo de sua pintura um testemunho singular da cultura popular brasileira. Entre exposições recentes, destacam-se José Antônio da Silva: “nasci errado e estou certo”, Pinacoteca de São Paulo (2018) e José Antônio da Silva: pintar o Brasil, Fundação Iberê Camargo (2025). Seu legado é preservado e difundido pelo Museu de Arte Primitivista José Antonio da Silva, em São José do Rio Preto, SP, Brasil.
José Pancetti
(Campinas, SP, 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 1958)
Artista autodidata, com posterior formação no Núcleo Bernardelli, foi retratista e pintor de paisagens, mas se consagrou sobretudo pelas marinhas, expressão mais significativa de sua produção, inspirada em sua experiência como marinheiro nas docas da Itália e nas forças militares do Brasil. Nelas, explorou a relação entre horizonte, mar e céu por meio de linhas curvas e diagonais que estruturam a composição, de escalas amplas e de um uso preciso da luz. Além das marinhas, destacou-se em retratos e autorretratos de traço geométrico e expressão contida, nos quais figuras surgem de maneira sintetizada, muitas vezes em poses laterais ou sombrias. Também produziu naturezas-mortas singulares, em que frutas, flores e objetos aparecem fundidos a retratos ou arranjos pouco convencionais Entre as exposições recentes, destaca-se Pancetti: a poética da marinha, Casa Fiat de Cultura, Belo Horizonte (2017).
Lothar Charoux
(Viena, Áustria, 1912 – São Paulo, SP, Brasil, 1987)
Radicado no Brasil desde 1928, estudou no Liceu de Artes e Ofícios, onde também lecionou desenho. Após uma fase inicial voltada a retratos e paisagens, passou a explorar questões abstratas e co-fundou, em 1952, o Grupo Ruptura, referência do concretismo no país. Sua produção é marcada por linhas, luz e ritmo visual, com destaque para suas experiências que unem profundidade óptica à estruturas geométricas. Fundou a Associação de Artes Visuais Novas Tendências (1963) e foi tema de retrospectivas no MAM São Paulo e MAM Rio (1974). Participou de diversas edições do Panorama da Arte Brasileira, entre a década de 1970 e 1980, e das primeiras novas edições da Bienal de São Paulo.
Lygia Pape
(Nova Friburgo, RJ, Brasil, 1927 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2004)
Formou-se em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de desenvolver sólida trajetória como gravadora, pintora, escultora, cineasta e professora. Integrou o Grupo Frente nos anos 1950 e, em seguida, foi signatária do Manifesto Neoconcreto, tornando-se um dos nomes centrais da abstração geométrica no Brasil. Suas abstrações exploram o contraste entre linhas rigorosas desenhadas e os veios orgânicos da madeira, criando composições com forte ritmo e luminosidade. Ampliou seu trabalho para a experimentação sensorial e participativa, como na icônica instalação-performance Oovo (1967), na qual convida o público a “nascer” ao romper uma membrana de papel, e nas instalações Tteias, nas quais fios dourados tensionados no espaço produzem volumes etéreos que se transformam conforme a luz e o deslocamento do espectador. Na década de 1960, colaborou com o Cinema Novo, criando cartazes e programação visual para filmes célebres como Vidas Secas e Deus e o Diabo na Terra do Sol, além de dirigir curtas experimentais. Sua obra tem recebido ampla projeção internacional, com mostras como Lygia Pape: A Multitude of Forms, Met Breuer, Nova York, (2017) e Lygia Pape: Tecelares, Art Institute of Chicago, EUA, (2023).
Marc Chagall
(Vitebsk, Bielorrússia, 1887 – Saint-Paul-de-Vence, França, 1985)
Estudou na Escola Imperial de Belas Artes de São Petersburgo e na Académie de La Palette, em Paris. Sua obra, caracterizada por imaginação poética e atmosfera onírica, sintetiza em um estilo singular influências do expressionismo, cubismo, fauvismo e surrealismo. Suas composições apresentam figuras suspensas em espacialidades livres, articuladas por cores intensas e contrastes cromáticos que produzem lirismo e efeito simbólico. Entre seus temas recorrentes estão a vida judaica de sua infância, narrativas bíblicas, o amor, a música e o universo circense, sempre tratados com fortes doses de fantasia e metáforas visuais. Além da pintura, desenvolveu vitrais, tapeçarias, cerâmicas e ilustrações para publicações. Sua produção segue em destaque no cenário internacional, em retrospectivas como Chagall, Albertina Museum, Viena (2024) e Chagall: Fantasies for the Stage [Fantasias para o palco], Montreal Museum of Fine Arts (2017). No âmbito nacional, teve seu trabalho revisto na mostra Marc Chagall: sonho de amor, no Centro Cultural Banco do Brasil (2022-23).
Maria Martins
(Campanha, MG, Brasil, 1894 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1973)
Iniciou-se nas artes estudando escultura com Oscar Jespers na Académie Royale des Beaux-Arts de Bruxelas, na Bélgica, e consolidou-se como escultora, tendo sua produção fortemente influenciada pelo surrealismo e por seu contato com artistas como Marcel Duchamp, André Breton e Max Ernst. Sua obra dialoga tanto com tradições brasileiras quanto com a vanguarda internacional. Suas esculturas, parcela mais reconhecida de sua trajetória, caracterizam-se por formas orgânicas e volumes sinuosos que fundem corpo humano, elementos naturais e referências míticas, criando uma linguagem híbrida entre o erótico, o onírico e o simbólico. Trabalhando em bronze, mármore, madeira e terracota, a artista explorou temas como metamorfose, mitos amazônicos, erotismo e identidade feminina. Nos últimos anos, foi celebrada em mostras de grande destaque, como Maria Martins: metamorfoses, MAM São Paulo (2013), e Maria Martins: Desejo imaginante, MASP (2021).
Manuel Martins
(São Paulo, SP, 1911 – 1979)
Iniciou seus estudos artísticos no ateliê do escultor Vicente Larocca e complementou sua formação em cursos da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). Integrou ao lado de Alfredo Volpi e outros o Grupo Santa Helena, coletivo de pintores modernistas de origem humilde que dividia ateliês no edifício homônimo, na Praça da Sé. Filho de imigrantes portugueses do bairro do Brás, dedicou-se sobretudo a registrar as rápidas transformações de São Paulo sob a perspectiva das classes trabalhadoras. Suas paisagens urbanas se caracterizam pelo uso de cores intensas, formas sintetizadas e linhas firmes, em composições que fundem observação social e invenção plástica. Também se destacou como ilustrador de obras literárias, como O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo e Gabriela, Cravo e Canela (1958), de Jorge Amado. Sua produção permanece como um dos testemunhos mais sensíveis da vida popular paulistana no século XX, e está presente nas coleções do MAM São Paulo, da Pinacoteca do Estado e do MAC USP.
Marcelo Grassmann
(São Simão, SP, Brasil – 1925 – São Paulo, SP, Brasil, 2013)
Formou-se na Escola Profissional Masculina do Brás, complementando sua formação nos anos 1940 com aulas e contatos com Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo. É um dos principais nomes da gravura moderna nacional. Atuou como ilustrador de jornais antes de consolidar uma proeminente carreira marcada por temas do imaginário medieval e renascentista, povoado por cavaleiros, sereias, harpias e seres híbridos. Seu estilo é definido por linhas sinuosas, contrastes dramáticos de luz e sombra e uma forte carga narrativa que confere expressão humana às figuras fantásticas. Alia rigor técnico à invenção formal, criando um universo gráfico singular de lirismo sombrio e intensidade poética. Foi celebrado em retrospectivas recentes como 100 anos de Marcello Grassmann, Gabinete de Artes Visuais da Unicamp (2025), e O Gabinete de Marcelo Grassmann, Museu Lasar Segall, São Paulo (2025). Seu legado é preservado pelo Núcleo Marcelo Grassmann, que promove o Prêmio Marcello Grassmann Artes Gráficas, um dos principais incentivadores de projetos inéditos no campo da gravura em âmbito nacional.
Milton Dacosta
(Niterói, RJ, Brasil, 1915 – Rio de Janeiro, RJ, 1988)
Frequenta por um curto período de tempo a Escola Nacional de Belas Artes e, negando o academicismo, participou do Núcleo Bernardelli, grupo independente de jovens artistas que buscava alternativas para o ensino e a prática da arte no Brasil. Inicialmente figurativo, inspirou-se na Escola de Paris, trabalhando paisagens, retratos e naturezas-mortas em pinceladas estruturais e moduladas. Progressivamente, sua pintura assumiu caráter mais geométrico e construtivo, com figuras sintetizadas por planos cromáticos e formas simplificadas e estruturais. Na década de 1950, chegou ao abstracionismo, marcado por composições rigorosas, grades geométricas e contrastes cromáticos densos, em diálogo com Mondrian e Morandi. Foi casado por mais de três décadas com a artista Maria Leontina, interlocutora fundamental em sua produção. Sua obra integra acervos de museus como o MAM São Paulo, MAM Rio, Pinacoteca de São Paulo e MAC USP.
Mick Carnicelli
(Salermo, Itália, 1893 – São Paulo, SP, Brasil, 1967)
Chegou ao Brasil ainda criança, formou-se no curso comercial do Mackenzie e, em 1909, retornou à Itália, estudando pintura com Ettore Tito na Academia de Belas Artes de Veneza. Estabelecido em São Paulo a partir dos anos 1920, fez da cidade o principal eixo de sua obra, registrando suas transformações em atmosferas de solidão e estranhamento. Suas paisagens, muitas vezes concebidas a partir da janela de seu ateliê, revelam planos densos, volumes sólidos e matizes cromáticas sóbrias, articulando dramaticidade e rigor formal modernista. Produziu também retratos e naturezas-mortas, marcados por enquadramentos descentralizados, fortes contrastes de cor e atmosfera introspectiva. Sua grande retrospectiva, Mick Carnicelli: São Paulo, paisagem da alma, foi organizada pelo MAM São Paulo em 2004, acompanhada pela publicação do catálogo mais abrangente dedicado ao artista.
Odilla Mestriner
(Ribeirão Preto, SP, Brasil, 1928 – 2009)
Formou-se na Escola Municipal de Belas Artes de sua cidade, sob orientação de Domenico Lazzarini. Teve uma produção marcada pelo desenho, pela pintura e pela gravura. Realizou trabalhos figurativos de forte influência modernista, resultando em composições geométricas, baseadas principalmente em simetria e repetição modular. Seus principais temas derivam do cotidiano e da paisagem urbana, como casas, ruas e figuras humanas representadas em construções formais rígidas, dialogando com soluções formais arquitetônicas e abstratas. Seu estilo combina cores vibrantes, linhas incisivas e formas curvilíneas que, justapostas às ortogonais, instauram tensões entre organicidade e racionalidade construtiva, reforçando o caráter plástico, expressivo e subjetivo da obra. Seu legado é preservado pelo Museu Digital Odilla Mestriner, criado por sua família, e celebrado pela Prefeitura de Ribeirão Preto, que realiza exposições e homenagens periódicas em sua memória.
Samson Flexor
(Soroca, Moldávia, 1907 – São Paulo, SP, Brasil, 1971)
Com formação acadêmica sólida na Bélgica e na França, destacou-se como um dos precursores do abstracionismo no Brasil. Iniciou sua carreira com pinturas figurativas de linguagem cubista, em que formas decompostas e campos de cor delimitados estruturam composições dramáticas, como nas séries sobre a Paixão de Cristo. Radicado em São Paulo a partir de 1948, transitou para a abstração geométrica, marcada por rigor construtivo, dinamismo de planos e tensões cromáticas, e, mais tarde, para a abstração lírica de formas orgânicas, em que cor, ritmo e gesto predominam. Em São Paulo, fundou em 1951 o Atelier-Abstração, espaço independente dedicado à pesquisa e ao ensino da arte abstrata geométrica, que formou uma geração de artistas. Teve longa relação com o MAM São Paulo, onde participou da mostra inaugural Do figurativismo ao Abstracionismo (1949) e de diversas coletivas e individuais, culminando na grande retrospectiva Samson Flexor: além do moderno (2022).
Sérgio Milliet
(São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966)
Cursou Ciências Econômicas e Sociais na Universidade de Berna, Suíça, ocasião em que teve contato com as vanguardas europeias do início do século XX. Um dos protagonistas da primeira fase da história do MAM São Paulo, e além de escritor e crítico, foi também um pintor relevante. Participante ativo da Semana de Arte Moderna de 1922, Milliet foi um dos expoentes do modernismo brasileiro. A sua relação com o MAM se inicia no momento de gênese desse museu, do qual foi um dos mais ativos idealizadores e organizadores. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da ABCA (Associação Brasileira dos Críticos de Arte). Foi o segundo diretor artístico do MAM, entre 1952 e 1957, quando realizou a primeira retrospectiva de Tarsila do Amaral, além de ter exercido o papel de diretor artístico da Bienal de São Paulo entre 1953 e 1958, sendo responsável pela 2ª, 3ª e 4ª edições. Alguns anos após seu falecimento em 1966, o MAM organizou uma exposição de suas pinturas, prestando grandes homenagens à trajetória e vida de Sérgio Milliet.
Sonia Ebling
(Taquara, RS, Brasil, 1918 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2006)
Formou-se em pintura e escultura na Escola de Belas Artes do Rio Grande do Sul e na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, entre 1944 e 1951. Posteriormente, aperfeiçoou-se em Paris com o escultor Ossip Zadkine. Destacou-se por esculturas figurativas em bronze, de formas robustas e curvas contínuas, que exploram a plasticidade da figura humana em volumes densos e superfícies polidas. Sua linguagem escultórica valoriza a síntese formal, a expressividade dos gestos e o equilíbrio entre monumentalidade e delicadeza, como revelam figuras reclinadas, personagens interligados entre si e composições que integram corpo e espaço. Participou da 1ª (1951), 3ª (1955) e 7ª Bienal de São Paulo (1963), além do 6º Panorama da Arte Brasileira (1974).
Thomaz Farkas
(Budapeste, Hungria, 1924 – São Paulo, SP, Brasil, 2011)
Formou-se engenheiro na Escola Politécnica da USP e obteve doutorado na ECA-USP, onde também lecionou fotografia e cinema. Um dos maiores nomes da fotografia moderna no Brasil, iniciou-se na linguagem de forma amadora e se profissionalizou no Foto Cine Clube Bandeirante, período em que registrou o crescimento urbano de São Paulo a partir de ângulos geométricos e construtivos, explorando luz, sombra e planos arquitetônicos. Uma de suas séries mais icônicas retrata a construção de Brasília, na qual capturou o canteiro monumental em diálogo direto com as formas de Oscar Niemeyer. Nas décadas de 1960 e 1970, liderou a Caravana Farkas, projeto coletivo que percorreu o país produzindo filmes em 16mm sobre comunidades distantes dos grandes centros, retratando práticas culturais e realidades nacionais pouco visibilizadas. Nos últimos anos, foi tema de mostras individuais como Thomaz Farkas: todo mundo, Instituto Moreira Salles (2024) e Thomaz Farkas – DF, Museu da Imagem e do Som, São Paulo (2015).
serviço
Exposição:
Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade
Local:
Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP)
Curadoria:
Cauê Alves e Pedro Nery
Período expositivo:
4 de outubro a 7 de dezembro de 2025 Entrada: gratuita
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galeria de imagens
museu de arte moderna de são paulo
A sede do MAM está temporariamente fechada em virtude da reforma da marquise do Parque Ibirapuera.