A imagem da seca é compreendida como parte da identidade da região Nordeste do Brasil, algo que supostamente não diz respeito apenas ao clima, e que cria narrativas, imaginários coletivos, políticas públicas e grandes obras. Esta representação está diretamente ligada, por exemplo, à criação de programas, campanhas e instituições como o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas).
Açudes, canais, represas, barreiras, paredes são consequência de parte destas narrativas da seca e produzem uma alteração na paisagem natural. Sua justificativa geralmente se dá pela diminuição das desigualdades, embora muitas vezes ampliem a noção de injustiça.
Como compreender que alguém não possa ter acesso à água de um canal construído com o discurso de levar água para esse alguém? Ao mesmo tempo, como podemos intervir e pensar uma política hídrica sustentável considerando a concentração de pessoas em grandes cidades?
*Como parte deste trabalho será publicado na Wikipédia o verbete “injustiça hídrica” durante o período da exposição.
Vitor Cesar e Enrico Rocha
Artistas