artistas
Anatol Wladyslaw
Geraldo de Barros
Hermelindo Fiaminghi
Judith Lauand
Kazmer Féjer
Leopold Haar
Lothar Charoux
Luiz Sacilotto
Maurício Nogueira Lima
Waldemar Cordeiro
RUPTURA E O GRUPO
abstração e arte concreta, 70 anos
Em 9 de dezembro de 1952, um grupo de sete artistas apresentou-se no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) como grupo Ruptura, lançando um manifesto que levava o mesmo nome. Embora a exposição tenha durado apenas doze dias, seus desdobramentos foram longevos. O impacto da arte abstrata naquele contexto e as palavras de ordem do manifesto provocaram debates calorosos, que ecoaram durante toda a década de 1950. Ao longo do tempo, o Ruptura tornou-se um marco na história da arte moderna na América Latina.
Três dos artistas que participaram da mostra inaugural – Leopold Haar, Kazmér Féjer e Waldemar Cordeiro – eram imigrantes que se instalaram no Brasil no imediato pós-guerra, trazendo consigo não apenas os traumas do conflito, mas a vivência junto a grupos de arte abstrata que emergiam com força na Europa. Anatol Wladyslaw e Lothar Charoux ainda crianças vieram da Polônia e da Áustria, respectivamente; Geraldo de Barros e Luiz Sacilotto nasceram no Brasil. Os membros do grupo tinham origem na classe média e trabalhadora, ou enfrentavam o desafio de reconstruir suas vidas. Mesmo assim, num país de passado escravagista, ser branco e europeu significava ter condições de ascensão social mais propícias do que a da maior parte da população brasileira.
O grupo defendia a abstração como projeto de transformação, capaz de permear o cotidiano das pessoas, influenciando a indústria e organizando a vida em suas mais diversas escalas: das artes plásticas ao design, da arquitetura à cidade. Eles entendiam que a linguagem visual construída com elementos simples – linhas, cores e planos – tinha a potência de ultrapassar fronteiras geográficas, sociais e culturais, sendo capaz de sensibilizar pessoas de diversos contextos e origens. Em defesa de um projeto de renovação da arte que tivesse um impacto social amplo, eles propunham a ruptura com a figuração e com tipos de abstração centrados na individualidade dos artistas, que julgavam como inadequadas para o tempo em que viviam.
Ruptura e o grupo: abstração e arte concreta, 70 anos caminha em duas direções. Num primeiro momento, o visitante terá contato com um conjunto de obras e registros fotográficos que remete à mostra inaugural de 1952 – duas pinturas que foram apresentadas na ocasião e outras que representam a produção dos artistas no início dos anos 1950 – pois a documentação existente não permite que a exposição histórica seja reconstruída. Num segundo momento, abordaremos a produção e constituição do grupo ao longo da década de 1950. Nesses anos, a composição original do grupo é modificada com a morte de Leopold Haar e o afastamento de Anatol Wladyslaw e Geraldo de Barros. Em contrapartida, Hermelindo Fiaminghi, Judith Lauand e Maurício Nogueira Lima unem-se àqueles que permaneciam atuando em conjunto. A rigor, o grupo Ruptura só se apresentou com esse nome em dezembro de 1952. No entanto, Charoux, Cordeiro, Sacilotto, Fiaminghi, Lauand e Nogueira Lima afirmaram, ao longo de suas vidas, que fizeram parte do grupo Ruptura, atuante em São Paulo nos anos 1950. Mesmo que não tenha havido outras apresentações públicas do grupo Ruptura exatamente com esse nome, a narrativa dos artistas e as fortes correspondências entre suas pesquisas visuais nos faz entender que eles continuaram atuando como um grupo.
Olhar para o grupo Ruptura hoje não significa aderir às propostas de seu manifesto, mas considerar as circunstâncias de seu aparecimento, bem como as várias contradições entre o o texto e aquilo que os artistas produziram na mesma época. A história aqui reunida, apesar da clareza formal das obras, não exclui imprecisões, tampouco equívocos na leitura de uma realidade desigual e desafiadora. Por outro lado, o engajamento e a persistência do grupo em explorar problemas dessa ordem demonstram sua crença nas possibilidades infinitas – e, portanto, libertárias – de imaginar novas ordenações de mundo.
Heloisa Espada e Yuri Quevedo
Curadoria
Vista da exposição "ruptura e o grupo: abstração e arte concreta, 70 anos", na sala Paulo Figueiredo do MAM São Paulo. Foto: Bruno Leão
Vista da exposição "ruptura e o grupo: abstração e arte concreta, 70 anos", na sala Paulo Figueiredo do MAM São Paulo. Foto: Bruno Leão
Vista da exposição "ruptura e o grupo: abstração e arte concreta, 70 anos", na sala Paulo Figueiredo do MAM São Paulo. Foto: Bruno Leão
Curadoria: | Heloisa Espada e Yuri Quevedo |
Período expositivo: | 02 de abril (a partir das 13h) até 03 de julho de 2022 |
Local: | Museu de Arte Moderna de São Paulo |
Endereço: | Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3) |
Horários: | terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30) |
Telefone: | (11) 5085-1300 |
Ingresso: | R$25,00 inteira. Gratuidade aos domingos. Agendamento prévio necessário. |
Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de SP, com identificação; sócios e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.