Em 2024, o mam debate chega em sua terceira edição com o título “projetar museus, refletir públicos”. Diante de uma sociedade cada vez mais estimulada pelas diversas formas de personalização, quais são os desafios dos museus e instituições de arte em se relacionar efetivamente com seus públicos? Estratégias de programação são frequentemente elaboradas a fim de gerar identificação e representação levando em conta as reivindicações da sociedade, mas nem sempre resultam na valorização e no reconhecimento das instituições museológicas pelo público em geral.
Os anseios da sociedade, em suas múltiplas dimensões, perpassam a construção da programação e a comunicação dos museus. Para isso, é preciso refletir sobre as formas de comunicação e diálogo com o público tanto nas mostras, publicações, e nas mídias tradicionais, quanto nos meios digitais, levando em conta as particularidades da dimensão virtual e do modo contemporâneo de se relacionar.
Consequentemente, torna-se necessário aprofundar a discussão sobre a comunicação institucional de forma integral, observando a relação complexa entre as modalidades tradicionais e os novos formatos que advém dos canais digitais e redes sociais, nas quais as possibilidades de engajamento são baseadas nos interesses pessoais e não mais coletivos.
Com isso, nota-se um paradigma da ação museal: a ambição de uma representação total a partir de uma sociedade extremamente individualizada e pulverizada. Se, por um lado, os museus devem estabelecer uma identificação com seus públicos de forma ampla e concreta, a fim de atingir a valorização simbólica do patrimônio cultural, por outro lado, também devem construir interações relevantes para a cultura através das formas dinâmicas de personalização dos ambientes virtuais.
O mam debate 2024 busca promover discussões sobre tais contradições, bem como os desafios enfrentados por museus e instituições de arte para a construção de públicos que transbordam suas paredes. Reuniremos convidados de diferentes instituições e museus de arte do país, responsáveis pela organização programática e curatorial, ou por projetos de comunicação cultural. O debate será realizado com uma programação de um dia inteiro, composta por duas mesas de debate mediado, e falas de abertura e encerramento.
Sobre o MAM Debate
O MAM Debate é uma iniciativa que, a partir de seminários e publicações, busca promover reflexões, pesquisas e debates em torno de questões que envolvem a arte moderna e contemporânea e também outras diretamente relacionadas ao MAM São Paulo, seu passado e suas atividades no presente. Trata-se de uma plataforma de prospecção sobre possíveis atuações do museu no futuro fundamentando-se em problemáticas históricas e emergentes.
projeção pública: museus e seus programas
11:30 – 13:30
Estratégias de programação são frequentemente aplicadas por museus e instituições a fim de de representar e se relacionar com identidades que repercutem reivindicações da sociedade, o que não necessariamente resulta na valorização das instituições pelo público geral. As questões mais urgentes do mundo contemporâneo, ainda assim, precisam respaldar as ações do museu, o que lança um paradigma entre as ações significativas e simbólicas e o seu efeito lacunar na vastidão de públicos almejados. Desse modo, a Mesa 1, intitulada Projeção pública: museus e seus programas, propõe aos convidados que discutam as maneiras que as diferentes instituições se projetam para os seus públicos, especialmente através das propostas programáticas e curatoriais, e que analisem os efeitos reais das proposições.
Participantes:
Alex Calheiros (diretor do Museu da Inconfidência, MG)
Cintia Maria (diretora do MUNCAB, BA)
Marília Bonas (diretora técnica do Museu do Futebol/IDBrasil)
Mediação:
Heloisa Espada (docente e curadora do MAC USP)
Tem graduação e doutorado em Filosofia. Professor associado do departamento de Filosofia da Universidade de Brasília. Foi diretor de difusão cultural da Universidade de Brasília. Diretor substituto do departamento de processos museais do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Jornalista, multiartista, escritora e gestora cultural. Diretora do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira. Antirracista. Cofundadora da Nubas e idealizadora do Cine Janela, desenvolve e gerencia projetos inovadores, criativos e de impacto social, com foco em populações invisibilizadas e culturas identitárias. Cineasta premiada, recebeu mais de 30 prêmios nacionais e internacionais.
Heloisa Espada é professora de História da Arte e curadora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Foi curadora do Instituto Moreira Salles entre 2008 e 2022. Entre as exposições que organizou recentemente, estão Ruptura e o grupo (MAM SP, 2022), Moderna pelo avesso: fotografia e cidade, Brasil, 1890-1930 (IMS, 2022) e Circumambulatio: Anna Bella Geiger (MAC USP, 2024).
Marília Bonas é historiadora, especialista em Museologia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Museologia Social pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, em Lisboa, atuando na área há 23 anos. Professora, pesquisadora, gestora cultural e curadora, foi diretora do Museu do Café, do Museu da Imigração e coordenou o Memorial da Resistência de São Paulo. Atualmente, é diretora técnica do Museu do Futebol e integra o Conselho Executivo do Comitê Internacional de Museus (ICOM).