Temos a satisfação de comunicar que Oito Décadas de Abstração Informal, exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo de janeiro a abril de 2018 e agora em exibição na Casa Roberto Marinho, no Rio de Janeiro, recebeu o prêmio APCA 2018 na categoria Artes visuais – exposição nacional. A curadoria é de Lauro Cavalcanti (diretor da CRM) e de Felipe Chaimovich (curador do MAM-SP).
O anúncio do resultado foi divulgado pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) nesta quarta-feira (12) e o prêmio contempla as categorias arquitetura, artes visuais, cinema, dança, literatura, música popular, rádio, teatro, teatro infantil e televisão.
A entrega dos prêmios acontece no primeiro semestre de 2019.
A Casa Roberto Marinho, inaugurada em abril de 2018, abrirá no dia 6 de dezembro sua segunda grande exposição. A coletiva “Oito décadas de abstração informal”, uma parceria entre o Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Instituto Casa Roberto Marinho, reúne quase 80 obras produzidas entre o fim dos anos 1940 e 2012, por artistas ligados ao estilo abstrato. A curadoria de Lauro Cavalcanti (diretor da CRM) e de Felipe Chaimovich (curador do MAM-SP) selecionou 41 obras da coleção do jornalista carioca e 37 do acervo do museu paulista.
“Oito décadas de abstração informal” apresenta a produção de 38 artistas da vertente abstracionista que não remete a formas geométricas pré-estabelecidas. São exibidas obras de precursores do movimento, como Maria Martins, Iberê Camargo e Maria Bonomi, e também de artistas contemporâneos, como Leda Catunda, Ernesto Neto e Luiz Aquila.
O encontro entre as duas coleções complementares resultou no amplo panorama de oito décadas. As obras do pós-guerra, período em que emergiu a abstração no país, são do acervo da Casa Roberto Marinho. Pertencem a essa coleção quase todas as obras dedicadas às décadas de 1940, 1950 e 1960, de nomes como Manabu Mabe, Tomie Otake e Antonio Bandeira. Já os trabalhos da produção mais recente brasileira pertencem ao MAM-SP e chegam até o século XXI, como o óleo sobre tela ‘Lamentação’ (1985), de Nuno Ramos; o vídeo ‘Danäe nos Jardins de Górgona ou Saudades da Pangeiade’, de Thiago Rocha Pitta (2011); e a acrílica sobre tela ‘Estúdio nº 41’, de Lucia Laguna (2012). De 1970 até 2012, a maior parte dos trabalhos é do acervo do MAM, que inclui ainda obras de Carlito Carvalhosa e Fábio Miguez, entre outros.
Entre as obras mais antigas da coleção Roberto Marinho estão uma tela de Vieira da Silva (de 1949) e uma escultura de Maria Martins, de 1954, que atraiu a atenção dos surrealistas franceses. Há ainda outras três esculturas na mostra: uma de Angelo Venosa, outra de Márcia Pastore e uma terceira de Frida Baranek.
Cavalcanti e Chaimovich contam que a “abstração informal” do título surge no Brasil no final dos anos 1940. Opondo-se tanto à arte figurativa, quanto à abstração geométrica, as pinturas e esculturas da abstração informal são caracterizadas pela expressão de gestos do autor. “Como resultado, o estilo de cada artista torna-se muito singular”, escrevem os curadores no texto de introdução à mostra.
“O impacto da abstração informal no Brasil, entre as décadas de 1940 e 60, foi suficientemente profundo para sobreviver ao experimentalismo em arte, a partir dos anos 1970. Apesar de não figurar utopias, a abstração informal atenta para cada singularidade do gesto artístico ou da matéria plástica, ainda que torta, precária ou parcial, mostrando-se uma estratégia viva de resistência à homogeneização da cultura”, avalia Felipe.
“A reunião dos acervos do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Instituto Casa Roberto Marinho nesta mostra é uma rara oportunidade de aproveitar a pujança daquela produção com um olhar do nosso tempo. Sem a pretensão de um julgamento definitivo, pois cabe reconhecer a fascinante dinâmica que faz com que cada época crie, não apenas a sua arte, como também traga novos significados à arte anteriormente produzida que, desse modo, jamais será apenas pretérita”, comenta Lauro.
Conheça os 38 artistas que integram a exposição:
Angelo Venosa, Antonio Bandeira, Antonio Hélio Cabral, Carlito Carvalhosa, Carlos Uchôa, Célia Euvaldo, Dudi Maia Rosa, Edith Derdyk, Ernesto Neto, Fábio Miguez, Fernando Lindote, Flávia Ribeiro, Frida Baranek, Iberê Camargo, Ivald Granato, Jorge Guinle, Karin Lambrecht, Laurita Salles, Leda Catunda, Lucia Laguna, Luiz Aquila, Manabu Mabe, Marcia Pastore, Maria Bonomi, Maria Martins, Maria Polo, Maria Tereza Louro, Nuno Ramos, Paulo Monteiro, Roberto Burle Marx, Rodrigo Andrade, Shirley Paes Leme, Takashi Fukushima, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Tomie Ohtake, Vieira da Silva e Yolanda Mohalyi.
Sobre os curadores:
Lauro Cavalcanti nasceu em 1954, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É arquiteto, antropólogo, curador de exposições e escritor. Autor de vários livros sobre arquitetura, estética e sociedade, além de inúmeras mostras de artes plásticas realizadas no Brasil e no exterior. Foi diretor do Paço Imperial de 1992 a 2014. É professor da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI/UERJ) e desde 2014 é o diretor-executivo do Instituto Casa Roberto Marinho.
Felipe Chaimovich nasceu em Santiago do Chile, em 1968. É curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2002. Atua como crítico de arte do jornal Folha de SP e é professor titular pleno de história da arte contemporânea e crítica de arte na Fundação Armando Álvares Penteado, em SP. Chaimovich tem doutorado e pós-doutorado em filosofia pela Universidade de São Paulo.
No dia 16 de janeiro de 2018, o MAM abriu duas novas exposições que dão início às comemorações de 70 anos do museu. Mais de mil pessoas prestigiaram a abertura das mostras Oito décadas de abstração informal, que promove diálogo entre acervo do MAM e coleção do Instituto Casa Roberto Marinho, e Mira Schendel: Sinais/Signals, com mais de 100 trabalhos da artista suíça radicada no Brasil.
Oito Décadas tem curadoria de Lauro Cavalcanti e Felipe Chaimovich e reúne mais de 80 obras de artistas como Maria Martins, Antonio Bandeira, Iberê Camargo, Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Vieira da Silva e produções mais recentes de Jorge Guinle, Fábio Miguez, Paulo Monteiro, Nuno Ramos, Angelo Venosa e Lucia Laguna. Já a exposição da Mira Schendel tem curadoria de Paulo Venancio Filho, que reuniu variedade de trabalhos nos quais predominam elementos familiares à obra gráfica de Mira, como as letras, os rabiscos, os traços, os números, as frases e os signos.
O dia também foi marcado pela abertura do Projeto Parede com obra Corpo parede, de Ana Mazzei. Além da exposição Homenagem a Piza, na Biblioteca do MAM.
Os arranjos foram da Amabile Flores e apoio da Stella Artois. Veja o registro feito pelo Atraves logo abaixo!