Com curadoria de Cauê Alves e Vanessa Davidson, exposição explora temas relacionados à tradição, transformação e subversão, a partir de um recorte de obras da coleção do MAM produzidas entre 1990 e 2010
Trata-se da primeira mostra nos EUA dedicada a obras do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, com 70 obras de 59 artistas, como Antonio Dias, Anna Bella Geiger, José Leonilson, Nelson Leirner, Cildo Meireles, Adriana Varejão, Tunga, Beatriz Milhazes, Waltercio Caldas e outros
No próximo dia 1 de setembro, o Phoenix Art Museum inaugura a mostra Past/Future/Present: Contemporary Brazilian Art from the Museum of Modern Art, São Paulo – Passado/Futuro/Presente: arte contemporânea brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, um panorama da recente produção artística do país, que abarca as décadas de 1990 até 2010. Trata-se da primeira exposição de arte contemporânea brasileira realizada no sudoeste dos Estados Unidos e também a primeira realizada exclusivamente com obras do acervo do MAM naquele país. Past/Future/Present apresenta 70 obras de 59 artistas, em vários suportes, como pintura, escultura, instalação, fotografia, vídeo e performance. A mostra foi organizada pela norte-americana Vanessa Davidson, curadora Shawn and Lampe de arte latino-americana do Phoenix Art Museum, juntamente com Cauê Alves, que atuou por dez anos como curador do Clube de Colecionadores de Gravura do MAM. A exposição permanece em cartaz até 31 de dezembro, na Steele Gallery, espaço que integra o museu.
“Estamos encantados com a chegada da extraordinária coleção do MAM em Phoenix”, comenta Amada Cruz, Diretora Sybil Harrington e CEO do Phoenix Art Museum. “Past/Future/Present é um testemunho, não apenas do alto nível da coleção do MAM, mas também dos benefícios de se disponibilizar o acesso, tanto para as comunidades próximas como para as mais distantes, sempre que há uma bem sucedida colaboração entre instituições internacionais. “
A exposição é organizada em torno de cinco temas: O corpo/O corpo social; Identidades mutáveis; Paisagem reimaginada; Objetos impossíveis; e A reinvenção do monocromo. Os variados estilos, temáticas e suportes de cada núcleo ressaltam a impossibilidade de definição homogênea de estilos artísticos brasileiros. Esse corte transversal, ao contrário, revela que não existem traços formais universais entre artistas brasileiros contemporâneos, e que a tal brasilidade, “Brazilianness”, não pode ser definida como uma essência fixa vinculada à geografia física.
Para Cauê Alves, um dos objetivos da mostra é justamente romper com os estereótipos ainda existentes relacionados ao Brasil: “A ideia é mostrar um país com o qual os estrangeiros ainda não estejam familiarizados, revelar a diversidade existente através dos trabalhos dos artistas renomados até os menos conhecidos”.
As afinidades entre esses trabalhos giram em torno de alusões a histórias compartilhadas, mitologias indígenas, normas sociais (e transgressões). Como o título sugere, Past/Future/Present ilustra como os mais celebrados artistas contemporâneos brasileiros mantêm criativos diálogos com as tradições artísticas passadas enquanto olham para o futuro com uma perspectiva global e criatividade ilimitada.
Segundo Vanessa Davidson, a seleção de trabalhos do Museu de Arte Moderna de São Paulo revela a habilidade com a que os artistas brasileiros têm se adaptado à realidade da globalização: “Eles falam com fluência em linguagens artísticas com foco na cena global, ao mesmo tempo que sua arte, imbuída tanto de especificidade local quanto de ressonância universal, ela mesma tornou-se em um ponto de referência internacional. “
O catálogo bilíngue da mostra (inglês e português) estará disponível para compra no Museu. O livro traz prefácios de Amada Cruz, Diretora Sybil Harrington e CEO do Phoenix Art Museum, e de Milú Villela, Presidente do MAM, textos de Vanessa Davidson e Cauê Alves, bem como as imagens das obras apresentadas na mostra.
Artistas participantes
Albano Afonso, Keila Alaver, Efrain Almeida, Rafael Assef, Dora Longo Bahia, Rodrigo Braga, Waltercio Caldas, Rogério Canella, Carlito Carvalhosa, Leda Catunda, Lia Chaia, Sandra Cinto, Felipe Cohen, Rochelle Costi, José Damasceno, Lenora de Barros, Antonio Dias, Iran do Espírito Santo, Marcius Galan, Anna Bella Geiger, Carmela Gross, Tadeu Jungle, Lucia Koch, Nelson Leirner, Jac Leirner, José Leonilson, Artur Lescher, Laura Lima, Antonio Manuel, Cinthia Marcelle, Marepe, Rodrigo Matheus, Cildo Meireles, Beatriz Milhazes, Odires Mlászho, Marcelo Moscheta, Pedro Motta, Vik Muniz, Ernesto Neto, Rivane Neuenschwander, Nazareth Pacheco, Rosana Paulino, Pazé, Penna Prearo, Florian Raiss, Caio Reisewitz, Rosângela Rennó, Eryk Rocha & Tunga, Thiago Rocha Pitta, Regina Silveira, Valeska Soares, Ana Maria Tavares, Tunga, Adriana Varejão, Cássio Vasconcellos, Laura Vinci, Carlos Zilio, Marcelo Zocchio.
Sobre os curadores
Vanessa Davidson é bacharel em Literatura Hispano-Americana pela Universidade Harvard, estudou arte Latino-Americana e Pré-Colombiana e poesia argentina na Universidade de Buenos Aires, e Língua Portuguesa na Universidade de São Paulo – USP. Trabalhou no Museum of Fine Arts, em Boston, com as coleções pré-colombianas e Espanhola-colonial, e também no Metropolitan Museum of Art com a exposição pioneira The Colonial Andes: Tapestries and Silverwork, 1530-1830.
Em 2009, por meio de uma bolsa de estudos da Fullbright-Hays, conduziu uma dissertação para pesquisa na Argentina e no Brasil. Em 2011, recebeu seu Ph.D em História da Arte Latino-Americana no século 20 no Institute of Fine Arts, da Universidade de Nova York, com uma dissertação intitulada “Paulo Bruscky e Edgardo Antonio Vigo: Pioneers in Alternative Communication Networks, Conceptualism, and Performance (1960s-1980s).”
Desde que iniciou o trabalho à frente do Phoenix Art Museum como curadora do Shawn and Joe Lampe de Arte Latino Americana, em 2011, organizou a maior parte de suas mostras, incluindo The Politics of Place: Latin American Photography, Past and Present, 2012; Order, Chaos, and the Space Between: Contemporary Latin American Art from the Diane and Bruce Halle Collection, 2013; Rufino Tamayo, Master Printmaker, 2013; Xul Solar and Jorge Luis Borges: The Art of Friendship, 2013; Paulo Bruscky: Art Is Our Last Hope, 2014; Focus Latin America: An International Exhibition of Contemporary Mail Art, 2014; Antonio Berni: Juanito and Ramona, 2014; Hidden Histories in Latin American Art, 2015; Masterworks of Spanish Colonial Art from Phoenix Art Museum’s Collection, 2015; e Horacio Zabala: Mapping the Monochrome, 2016.
Ela também colabora com o Santa Barbara Museum of Art, com uma mostra da artista brasileira Valeska Soares intitulada Any Moment Now. Este projeto constitui parte da iniciativa do Getty Foundation de 2017 Pacific Standard Time: Los Angeles/Latin America.
Cauê Alves
É mestre e doutor em filosofia pela FFLCH-USP – Universidade de São Paulo, e professor do curso Arte: história, crítica e curadoria da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.
Desde 2016, é curador do Museu Brasileiro de Escultura – MuBE. Foi curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015), curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011) e um dos curadores do 32º Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2011), intitulado Itinerários e Itinerâncias. De 2006 a 2016, foi curador do Clube de Gravura do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM.
Realizou, entre outras curadorias, a mostra Quase líquido, no Itaú Cultural (2008) e Mira Schendel: Avesso do avesso (2010) no Instituto de Arte Contemporânea – IAC.
Sobre o Phoenix Art Museum
Por mais de 50 anos, o Phoenix Art Museum, o maior no gênero do sudoeste dos Estados Unidos, vem proporcionando o acesso às artes visuais e a programas educativos no estado do Arizona.
Aclamado em nível nacional e internacional sua coleção permanente é composta por mais de 18 mil obras de arte moderna e contemporânea norte-americana, asiática, europeia, e também de design de moda.
O Museu promove também festivais, performances presenciais, uma abrangente programação audiovisual e programas educativos voltados para a informação, entretenimento e estímulo dos visitantes de todas as idades. O público também aprecia suas vibrantes exposições de fotografia realizadas através da emblemática parceria entre o Center for Creative Photography da Universidade do Arizona e o Museu.
Sobre o MAM
O Museu de Arte Moderna de São Paulo possui mais de 5 mil obras em sua coleção, produzidas pelos nomes mais representativos da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira.
A cada dois anos, o MAM realiza o Panorama da Arte Brasileira, exposição que resulta do mapeamento da produção contemporânea em todas as regiões do país. O crescimento do interesse pela arte brasileira no mundo consolidou o Panorama como uma mostra relevante no circuito artístico internacional.
O museu mantém ainda uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos, por meio de audioguias, videoguias e tradução para a língua brasileira de sinais.
A formação de público é o alvo principal das ações do Educativo. O atendimento escolar é gratuito e específico para cada faixa etária. Visitas às exposições, práticas artísticas, oficinas e cursos especiais são concebidos para atender às necessidades do público diverso.
O MAM possui também dois clubes de colecionadores, dedicados à difusão do colecionismo de gravura e fotografia.