Em 1993, o Museu de Arte Moderna de São Paulo inaugurou o Jardim de Esculturas com obras de seu acervo e da Prefeitura de São Paulo. A iniciativa criava um espaço único e diverso para a cidade, já acostumada com obras de arte em espaços públicos, mas que, agora, recebia uma exposição a céu aberto no parque mais visitado do país. O Jardim de Esculturas marca uma iniciativa que reavivou a coleção do mam em um espaço próprio, gratuito e de grande circulação de pessoas – uma trajetória que completa 30 anos em 2023.
O projeto paisagístico foi encomendado para o escritório do emblemático arquiteto paisagista Burle Marx. Para o Jardim do mam, Burle Marx criou uma lógica própria para a disposição dos volumes artísticos de características modernas, e combinou a paisagem, os volumes das obras e os intervalos numa fruição carregada de uma aparente informalidade das curvas, aproximando-se da arquitetura de Oscar Niemeyer ao seu redor, particularmente na marquise e na Oca.
As obras conformam um grupo heterogêneo, que mostra de forma assimétrica um recorte importante da produção tridimensional da arte contemporânea brasileira, centrada na segunda metade do século XX. Em grande parte, isso decorre de seu próprio histórico de conformação, já que algumas das obras foram legadas de diversas bienais e outras foram sendo acrescidas à medida que o mam foi capaz de intervir no espaço. Assim, por exemplo, estão próximas obras como Exu mola de Jeep, de Mário Cravo, que participou da V Bienal de São Paulo – integrando o pavilhão Bahia de Lina Bo Bardi -, com a obra em aço de José Resende, doada ao mam pelo Itaú Cultural, que serpenteia o espaço. Em outra situação semelhante, tem-se a escultura em granito de Lélio Coluccini, A caçadora, pertencente à prefeitura de São Paulo, próxima de obras carregadas de uma racionalidade construtiva, como as esculturas de Amilcar de Castro e Franz Weissman.
A diversidade de origens e produções transmitem ao Jardim uma relevância individualizada na paisagem do Parque, que mobilizou o mam diversas vezes ao longo desses 30 anos. Alterações foram feitas no conjunto das obras dispostas, exposições temporárias ocorreram eventualmente, grandes restauros e projeto de iluminação, além da atuação perene do Educativo do mam nesse espaço.
Desde 2010, a entrada do MAM recepciona os visitantes com uma grande pintura da dupla de artistas OSGEMEOS. Os inconfundíveis personagens da dupla que vemos em diversos lugares da cidade compõem o Jardim do MAM, que é percorrido rotineiramente pelos diversos públicos do parque. O mural apresenta uma cena lúdica onde formas animais e vegetais se mesclam às figuras humanóides de diferentes tamanhos, formatos e cores. O cenário de natureza fantástica, com o céu violeta, o horizonte vasto e ofuscante, e as cascatas de água alaranjada, complementa a composição de uma imagem dos sonhos que contém, ainda, referências do contexto urbano. A variedade de cores, figuras, gestos e ações alude à multiplicidade das experiências e situações que ocorrem no seu entorno e oferecem ao público do museu e do parque um espaço para a imaginação e a re-invenção da vida na cidade.
Em parceria com o Google, a obra foi milimetricamente fotografada e trazemos aqui essa viagem virtual em gigapixel.
É possível visitar a obra todos os dias durante o horário de funcionamento do parque Ibirapuera.