A fotografia – em especial as experiências fotográficas modernas – está bem representada na coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Artistas como Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), Geraldo de Barros (1923-1998) e Thomaz Farkas (1924-2011), entre os anos 1940 e 1950, momento da institucionalização da arte moderna no Brasil, são centrais na renovação da linguagem fotográfica.
A discussão sobre figuração e abstração que dominava a arte do período se manifesta no trabalho de Geraldo de Barros, em especial na série Fotoforma, da década de 1950, em que ele utiliza técnicas de solarização, manipulação e sobreposição de fotogramas. Sua obra se aproxima das vanguardas construtivas, do cubismo e do abstracionismo.
O olhar de Thomaz Farkas enquadra o espaço urbano a partir de formas geométricas e com ângulos até então não usuais. Sua fotografia aponta para a quebra dos padrões tradicionais de composição ao eleger como tema o cotidiano de grandes centros urbanos como São Paulo, criando imagens que se situam entre o documental e o geométrico extraído da própria referência urbana brasileira.
Já Alberto da Veiga Guignard, em vez de se aproximar da arte construtiva geométrica, olha para as tendências surrealistas, trazendo discussões sobre o real e o imaginário, o consciente e o inconsciente, a partir de fotomontagens que se abrem para um universo místico e distante do racionalismo. Mais que mero registro, as experiências fotográficas modernas são um modo de imaginar e inventar outras maneiras de se relacionar com o mundo.
Você pode continuar sua visita na Biblioteca Mário de Andrade. O MAM São Paulo, em parceria com a BMA, realiza a mostra Do livro ao museu, na sala Tula Pilar Ferreira. A mostra aborda o processo de sedimentação da arte moderna no Brasil, tanto a partir de livros e edições de artistas quanto de pinturas, gravuras e esculturas que revelam o debate entre figuração e abstração na metade do século 20.
Cauê Alves e Pedro Nery Museu de Arte Moderna de São Paulo
mídias assistivas
Alberto da Veiga Guignard – Sem Título (1949)
Fotografia e vanguarda do MAM São Paulo
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Pedro Nery
É museólogo e curador. Formado em História e mestre em Museologia pela Universidade de São Paulo, atuou como pesquisador e curador da Pinacoteca de São Paulo (2011-2019), onde organizou as retrospectivas Rosana Paulino: Costura da Memória (2018-2019) e Marepe: Estranhamente Comum (2019). Atualmente é museólogo do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) e colabora na implantação do Centro de Documentação e Memória do museu.
serviço
Exposição:
Fotografia e vanguarda do MAM São Paulo
Local:
Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade (R. Dr. Bráulio Gomes, 139 – República, São Paulo – SP)
Curadoria:
Cauê Alves e Pedro Nery
Período expositivo:
4 de outubro a 7 de dezembro de 2025 Entrada: gratuita
Entrada:
Gratuita
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Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade
A mostra Do livro ao museu é composta, em sua maioria, por obras das décadas de 1940 e 1950, período de sedimentação da arte moderna e de espaços dedicados a ela, além de uma seleção criteriosa de livros adquiridos a fim de representar a produção moderna na coleção da Biblioteca Mário de Andrade nesse período. Obras raras e importantes, como Jazz, de Henri Matisse, ou Cirque, de Fernand Léger, são exemplares de grande relevância que colocaram artistas e pesquisadores brasileiros em contato com a produção modernista europeia.
A colaboração entre o MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade evidencia a produção nacional de álbuns e livros, e o início da produção gráfica artística, com edições de artista feitas quase inteiramente à mão, como a de Milton Dacosta, com guaches, ou Fantoches da meia-noite, de Di Cavalcanti, que combina impressões com aquarelas. A exposição chega até a criação dos primeiros livros produzidos com tiragem limitada e impressões de alta qualidade da coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos, conduzida pelo colecionador de arte Raymundo Castro Maya a partir de 1943.
A mostra abarca ainda obras da coleção do MAM São Paulo que remetem às tensões da produção moderna brasileira, que naquele período entra numa intensa disputa entre abstração e figuração, discussão presente na mostra inaugural do museu, Do figurativismo ao abstracionismo, em 1949. Sérgio Milliet, homenageado com seu autorretrato na mostra, sempre se posicionou a favor da experimentação livre da linguagem artística moderna, sem tomar um partido claro, o que deu margem a mal-entendidos. Do livro ao museu aborda também a emergência da vanguarda concretista na década de 1950, em oposição ao abstracionismo informal, observando os vários sentidos e direções que a arte moderna tomou no Brasil nesse período.
Embora a biblioteca e o museu tenham funções diferentes, historicamente nasceram juntos, compartilhando a missão de preservar, organizar e mediar conhecimentos. Ambos são mais que guardiões do patrimônio material e imaterial; são espaços de encontro e aprendizado, estimulando a pesquisa, a reflexão e a imaginação. Do livro ao museu integra as comemorações dos cem anos da Biblioteca Mário de Andrade, lembrando as origens em comum de ambas as instituições e abrindo caminhos para colaborações e parcerias futuras.
Cauê Alves e Pedro Nery Museu de Arte Moderna de São Paulo
Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade (Libras)
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Pedro Nery
É museólogo e curador. Formado em História e mestre em Museologia pela Universidade de São Paulo, atuou como pesquisador e curador da Pinacoteca de São Paulo (2011-2019), onde organizou as retrospectivas Rosana Paulino: Costura da Memória (2018-2019) e Marepe: Estranhamente Comum (2019). Atualmente é museólogo do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) e colabora na implantação do Centro de Documentação e Memória do museu.
artistas
Arthur Luiz Piza
(São Paulo, SP, Brasil, 1928 – Paris, França, 2017)
Arthur Luiz Piza nasceu em São Paulo, SP, Brasil (1928) e faleceu em Paris, França (2017). Estudou pintura e afresco com Antonio Gomide e, a partir de 1951, viveu em Paris, onde aperfeiçoou técnicas de gravura em metal. Embora também tenha atuado como desenhista e escultor, destacou-se sobretudo como gravurista, afirmando essa linguagem como campo de experimentação técnica e cromática. Inovou ao escavar profundamente as matrizes, criando baixos-relevos que introduziram diferentes planos, volumes e texturas, expandindo a gravura nacional em direção à abstração geométrica e à exploração da cor e da luz. Recebeu o Grande Prêmio Nacional de Gravura da 5ª Bienal de São Paulo (1959) e o Prêmio David Bright da Bienal de Veneza (1966). Entre suas retrospectivas recentes, destacam-se A gravura de Arthur Luiz Piza, Pinacoteca de São Paulo (2015), e Homenagem a Piza, MAM São Paulo (2018). O MAM São Paulo possui 94 gravuras do artista em sua coleção.
Alberto da Veiga Guignard
(Nova Friburgo, RJ, Brasil, 1896 – Belo Horizonte, MG, Brasil, 1962)
Nasceu em Nova Friburgo, RJ, Brasil (1896) e faleceu em Belo Horizonte, MG, Brasil (1962). Formou-se em pintura na Europa, estudando em academias prestigiadas de Munique e Florença antes de retornar ao Brasil em 1929. Atuou como pintor, desenhista, ilustrador e professor, sendo reconhecido como um dos grandes nomes do modernismo brasileiro. Destacam-se em sua obra as paisagens de Ouro Preto e outras cidades históricas de Minas Gerais, em que igrejas barrocas, casarios coloniais e balões festivos surgem em atmosferas oníricas e poéticas. Também produziu retratos de familiares, amigos e figuras culturais, notáveis pela delicadeza do traço e riqueza decorativa. Criou a Escola Guignard, em Belo Horizonte, por onde passaram artistas como Amilcar de Castro e Lygia Clark. Entre suas retrospectivas recentes, destacam-se Guignard: a memória plástica do Brasil moderno, no MAM São Paulo (2015), e A paixão segundo Guignard, no Palácio das Artes, Belo Horizonte (2024).
Antonio Henrique Amaral
(São Paulo, SP, Brasil, 1935 – 2015)
Iniciou sua formação na Escola do MASP (1952), e a completou estudando gravura com Lívio Abramo no MAM São Paulo (1956). A partir dos anos 1960, aproximou-se da nova figuração, incorporando elementos da publicidade, da cultura de massa e do grafite em obras de forte carga política. Nesse contexto, a banana tornou-se uma imagem marcante de sua produção. Representada cortada, amarrada ou transpassada por facas, a fruta é trabalhada como síntese visual crítica de tensões da ditadura militar, metáfora econômica do Brasil, ou até imagem de conotação erótica. Em paralelo, desenvolveu também retratos marcados por rostos fragmentados e distorcidos, explorando uma frente mais experimental e expressionista de sua pintura. Entre mostras recentes, destacam-se Aglomeração – Antonio Henrique Amaral, Instituto Tomie Ohtake (2020), e Antonio Henrique Amaral: Pelo Avesso, Casa Triângulo (2021).
Alexandre Wollner
(São Paulo, SP, Brasil, 1928 – 2018)
Estudou no Instituto de Arte Contemporânea (IAC), em São Paulo, com Lina Bo Bardi, e em seguida na Escola de Ulm, na Alemanha, sob orientação de Max Bill. Foi pioneiro e figura central do design gráfico moderno no Brasil. Na década de 1950, integrou o Grupo Ruptura, aproximando-se das tendências do concretismo. Fundou o Form-Inform, primeiro escritório de design do país, e foi um dos criadores da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), no Rio de Janeiro. Produziu cartazes, pinturas e desenhos de linguagem geométrica abstrata, além de programas celebrados de identidade visual, como os logotipos de empresas como Itaú, Ultragás, Hering e Philco. Em 2010, foi agraciado com a Ordem do Ipiranga pelo Governo do Estado de São Paulo. Sua obra foi celebrada na mostra retrospectiva Alex Wollner Brasil: Design Visual, no Museu da Casa Brasileira (2019). Seu arquivo fotográfico é conservado pelo Instituto Moreira Salles.
Candido Portinari
(Brodowski, SP, 1903 – Rio de Janeiro, RJ, 1962)
Formou-se na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Reconhecido como um dos maiores nomes da arte brasileira, dividiu sua produção entre pintura, desenho, gravura e muralismo. Sua obra trata de questões sociais e históricas, com destaque para temas e figuras simbólicas que forjaram um imaginário nacional, como trabalhadores, retirantes, crianças e cenas festivas. Suas composições são marcadas pelo uso expressivo da cor, pela figuração simplificada de forte impacto gráfico e pela síntese entre tradições populares e soluções pictóricas modernas. Por meio de encomendas oficiais, realizou diversos painéis para instituições públicas e governamentais, em diálogo com projetos icônicos de arquitetura moderna, como os murais realizados para o edifício Gustavo Capanema de 1943 no Rio de Janeiro, na qual se consuma a ideia de arte como bem coletivo. Entre exposições recentes, destacam-se No ateliê de Portinari: 1920-45, MAM São Paulo (2011), e Portinari popular, MASP (2016). Seu legado é preservado pelo Projeto Portinari, referência em conservação de espólio e pesquisa artística no Brasil.
Carlos Prado
(São Paulo, SP, Brasil, 1908 – 1992)
Formou-se em arquitetura pela Escola Politécnica de São Paulo, experiência que se refletiu em sua carreira artística na atenção à racionalidade espacial e ao equilíbrio formal das composições. Teórico da arquitetura funcional no Brasil e cofundador do Clube de Artistas Modernos (CAM), integrou o ambiente modernista paulista dos anos 1930. Como pintor e gravurista, desenvolveu uma obra atravessada por preocupações sociais e urbanas, representando trabalhadores, multidões, transportes, fábricas e cenas da cidade moderna. Seus trabalhos articulam procedimentos técnicos da arquitetura a uma síntese geométrica construtiva, desdobrando-se em uma linguagem artística singular, que busca conciliar forma, espaço e conteúdo. Sua obra integra as coleções do MAM São Paulo, da Pinacoteca do Estado, do MASP e do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
Emiliano Di Cavalcanti
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1897 – 1976)
Di Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro, RJ, Brasil (1897) e faleceu em São Paulo, SP, Brasil (1976). Formou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), além de estudar desenho e pintura no Rio de Janeiro e em Paris, onde entrou em contato com as vanguardas europeias, sobretudo o cubismo e o expressionismo, que influenciaram sua linguagem plástica. Pintor, ilustrador e muralista, foi figura central da Semana de Arte Moderna de 1922 e construiu uma obra marcada pela síntese entre cor intensa, volumes robustos, desenho sinuoso e um jogo de luz que enfatiza a atmosfera de suas cenas. Representou alegoricamente elementos da cultura brasileira, como festas populares, carnaval, música e religiosidade, além de cenas urbanas que retratam questões sociais e raciais, como os subúrbios cariocas, trabalhadores e trabalhadoras informais, e a vida coletiva nas cidades, articulando a estética modernista com uma visão crítica. Também realizou murais para espaços públicos e privados, aproximando sua obra da arquitetura moderna. Sua trajetória foi revisitada nas exposições No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos, Pinacoteca de São Paulo (2017) e Di Cavalcanti, muralista, Instituto Tomie Ohtake (2021).
Frans Masereel
(Frans Masereel (Blankenberge, Bélgica, 1889 – Avignon, França, 1972))
Estudou na École des Beaux-Arts de Ghent, onde recebeu formação acadêmica em pintura e desenho. Nome fundamental da arte gráfica de cunho político, atuou como gravador e ilustrador em jornais e revistas. Foi pioneiro ao desenvolver romances visuais em xilogravura sem palavras, explorando a crítica social e política, as contradições do capitalismo e o ideal humanista de justiça. Sua obra é marcada por forte influência do expressionismo alemão e pela introdução dessa linguagem na Bélgica, com o grupo Les Cinq e a revista Lumière. O uso dramático do preto e branco, com jogos de luz e sombra, confere tensão narrativa e impacto gráfico a suas composições. Além das gravuras, ilustrou livros de autores como Thomas Mann e Émile Zola. Seu legado foi revisitado na retrospectiva Frans Masereel, no Instituut voor Sociale Geschiedenis, Amsterdã, Holanda (2022).
Franz Weissmann
(Knittelfeld, Áustria, 1911 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2005)
Chegou ao Brasil em 1921 e estudou na Escola Nacional de Belas Artes, que abandonou pelo caráter excessivamente acadêmico, complementando sua formação em ateliês e na Escola do Parque, em Belo Horizonte. Integrou o Grupo Frente e foi um dos fundadores do neoconcretismo. Foi um dos principais inovadores da escultura brasileira, desenvolvendo uma linguagem de abstração geométrica marcada pelo uso de chapas metálicas submetidas a cortes, dobras e sobreposições. Suas esculturas incorporam o vazio como elemento ativo da construção da forma, articulando espaço e matéria, e empregam a cor chapada para intensificar volumes, ritmos e tensões visuais. O artista também realizou obras de grande escala em praças e edifícios públicos, concebendo trabalhos que não apenas ocupam, mas redesenham o espaço urbano. Entre exposições recentes, destacam-se as retrospectivas Franz Weissmann: o vazio como forma, Itaú Cultural (2019) e Franz Weissmann: ritmo e movimento, Casa França-Brasil (2023).
Fayga Ostrower
(Lodz, Polônia, 1920 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2001)
Chegou ao Brasil em 1934 e estudou artes gráficas na Fundação Getúlio Vargas, tendo aulas de xilogravura e de gravura em metal com Carlos Oswald. Nos anos 1940, produziu gravuras figurativas de matriz expressionista e cubista, voltadas a temas sociais. A partir de 1953, dedicou-se à abstração, desenvolvendo um vocabulário singular em que planos coloridos e linhas ritmadas criam tensões equilibradas e espacialidades luminosas. Suas gravuras exploram a síntese entre rigor construtivo e lirismo poético, distinguindo-se pela clareza formal e pelo uso da cor como elemento estrutural. Lecionou no MAM São Paulo entre 1954 e 1970 e ministrou cursos no Brasil e no exterior, além de publicar obras teóricas de caráter pedagógico como Criatividade e processos de criação (1978). Entre exposições recentes, destacam-se Fayga Ostrower: Imaginação Tangível, Pinacoteca de São Paulo (2021) e Fayga Ostrower – Centenário, Museu da República (2021).
Fernand Léger
(Argentan, França, 1881 – Gif-sur-Yvette, França, 1955)
Um dos principais artistas do século XX, estudou na École des Arts Décoratifs de Paris e aproximou-se do cubismo, desenvolvendo uma vertente própria marcada pela decomposição das formas em cilindros e volumes tubulares, conhecida como “tubismo”. Profundamente influenciado pela modernidade industrial, traduziu máquinas, engrenagens, figuras humanas e arquiteturas modernas em composições de cores chapadas, contornos firmes e dinamismo circular. Como pintor e ilustrador, explorou a relação entre arte, tecnologia e vida urbana, criando imagens de forte impacto gráfico. Professor na Universidade de Yale, nos EUA, transmitiu sua visão a novas gerações. Em 2009, a Pinacoteca de São Paulo apresentou Fernand Léger: relações e amizades brasileiras, que destacou sua interlocução com artistas nacionais.
Geraldo de Barros
(Chavantes, SP, Brasil, 1923 – São Paulo, SP, Brasil, 1998)
Foi um artista plural, que atuou como fotógrafo, pintor, ilustrador e designer de móveis. Ganhou projeção ao promover a fotografia abstrata no Brasil com as Fotoformas, série em que intervinha diretamente nos negativos por meio de cortes e sobreposições, criando imagens que transformavam fragmentos da arquitetura urbana em composições geométricas e dinâmicas. Membro do Foto Cine Clube Bandeirante, explorou a fotografia como campo experimental em diálogo com a abstração. Em seguida, foi um dos signatários do Grupo Ruptura, fundamental para a consolidação da arte concreta no país. No design, fundou a cooperativa Unilabor e a Hobjeto, pioneiras na criação de móveis modernos voltados ao uso coletivo. Sua trajetória inclui ainda a participação no Grupo Rex, nos anos 1960, quando explorou aproximações com a arte pop e a nova figuração. Destacam-se exposições recentes como Geraldo de Barros – Imaginário, Construção e Memória, Itaú Cultural (2021), e Geraldo de Barros e a Fotografia, Instituto Moreira Salles (2014).
Hércules Barsotti
(São Paulo, SP, Brasil, 1914 – 2010)
Iniciou sua formação artística com Enrico Vio e formou-se posteriormente em química industrial pelo Instituto Mackenzie. Em 1954, fundou com Willys de Castro o Estúdio de Projetos Gráficos, realizando projetos de identidade visual para publicações e cartazes para exposições. Sua pesquisa plástica explorou as possibilidades dinâmicas da forma, criando, pela disposição assimétrica de campos cromáticos vibrantes, ilusões de tridimensionalidade. O artista destacou-se pela utilização de formatos pouco usuais em seus quadros, muitas vezes concebidos como losangos, hexágonos e círculos. Nos anos 1950 aproximou-se da arte concreta e, em 1959, integrou o Grupo Neoconcreto no Rio de Janeiro. Sua última grande retrospectiva, Hércules Barsotti: Não-Cor Cor, foi organizada pelo MAM São Paulo (2004).
Hélio Oiticica
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1937 – 1980)
Iniciou sua formação no MAM Rio, no ateliê de Ivan Serpa. É considerado um dos maiores artistas da história da arte brasileira, tendo como principais eixos de trabalho a cor, a espacialidade e a incorporação do público como agente da obra. Foi signatário do Manifesto Neoconcreto, defendendo uma arte que superasse a rigidez geométrica e se abrisse à experiência sensível. Seus primeiros trabalhos, os Metaesquemas, apresentam formas geométricas coloridas que dançam sobre a superfície bidimensional, pesquisa que se desdobrou nos Penetráveis, instalações nas quais esses mesmos elementos tornam-se tridimensionais, criando ambientes que exigem a presença ativa do espectador para se realizarem. No fim da década de 1960, aproximou-se da Estação Primeira de Mangueira e concebeu os Parangolés, capas e estandartes coloridos que transformam o corpo e o movimento em obra viva. Nesse contexto, concebeu também Tropicália, instalação que se tornou ícone da arte brasileira e deu nome ao movimento cultural de contestação ao regime militar. Sua produção foi revisitada na mostra Hélio Oiticica: a dança na minha experiência, uma colaboração entre o MASP e o MAM Rio (2020).
Henri Matisse
(Cateau-Cambrésis, França, 1869 – Nice, França, 1954)
Formou-se inicialmente em Direito, mas abandonou a carreira para estudar na École des Beaux-Arts, em Paris, sob orientação de Gustave Moreau. Ícone da pintura do século XX, é considerado o expoente máximo do fauvismo, vanguarda que defendeu o uso de cores puras, contrastes intensos e liberdade formal. Sua obra é reconhecida por transformar a cor em elemento autônomo e estrutural da composição, capaz de gerar ritmo e equilíbrio sem depender da representação naturalista. No fim da vida, desenvolveu uma técnica de recortes e colagem de papéis coloridos, expandindo sua pesquisa pictórica para novas dimensões de escalas, texturas e espacialidades. Sua produção continua sendo referência essencial da arte moderna, revisitada em mostras como Matisse: The Cut-Outs [Matisse: os recortes] no MoMA, Nova York (2014), e a grande retrospectiva Henri Matisse, Fondation Beyeler, Suíça (2024).
Iberê Camargo
(Restinga Seca, RS, 1914 – Porto Alegre, RS, Brasil, 1994)
Pintor, desenhista e gravador, formou-se no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre e iniciou sua trajetória no sul do Brasil, antes de prosseguir estudos no Rio de Janeiro e na Europa. Sua pintura figurativa, marcada por paisagens e retratos de atmosfera densa, utiliza pinceladas marcadas e cores contrastantes para expressar estados emocionais profundos. A partir do final dos anos 1950, sua obra caminhou para uma linguagem mais gestual e matérica, em que a espessura da tinta, a energia do traço e a tensão entre figura e fundo o aproximaram da abstração, como nas célebres séries dos Carretéis. Suas duas últimas mostras de destaque foram Paisagens de Dentro: as últimas pinturas de Iberê Camargo, (2010) e Iberê Camargo: um ensaio visual (2009), ambas na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, que preserva, pesquisa e difunde seu legado.
Ivan Serpa
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1923 – 1973)
Formou-se com o gravador Axl Leskoschek a partir de 1946 e, desde os anos 1950, consolidou-se como um dos principais nomes da abstração e da arte brasileira da segunda metade do século XX. Foi fundador e líder do Grupo Frente, marco do neoconcretismo no país, ao lado de artistas como Lygia Clark, Lygia Pape, Hélio Oiticica e Abraham Palatnik. Sua produção abstrata caracteriza-se pelo uso de formas geométricas planas, cores intensas e composições ordenadas, que mais tarde se desdobraram em séries com curvas acentuadas e ritmos visuais. Professor do MAM do Rio de Janeiro a partir de 1952, formou gerações de artistas e foi pioneiro em integrar crianças às práticas do museu, experiências refletidas no célebre livro Crescimento e Criação (1954), escrito em conjunto com o crítico Mário Pedrosa. Entre as retrospectivas recentes, destacam-se Ivan Serpa: a expressão do concreto (CCBB, 2021) e Ivan Serpa: Documental (IAC, 2023).
Jean Lurçat
(Bruyères, França, 1892 – Saint-Paul-de-Vence, França, 1966)
Formou-se em artes em Paris, na Académie Colarossi e na École des Beaux-Arts, convivendo com nomes como Henri Matisse e Pablo Picasso. É reconhecido como um dos principais responsáveis pelo renascimento da tapeçaria europeia no século XX, ao recuperar sua autonomia em relação à pintura e propor uma linguagem moderna inspirada na tradição medieval. Suas tapeçarias se caracterizam pelo uso de tramas amplas, pontos largos e cores vibrantes, que reforçam a bidimensionalidade e conferem monumentalidade às composições. Os temas recorrentes incluem a natureza, a mitologia e o apocalipse cristão, concebidos como obras em grande formato e em diálogo com a arquitetura moderna. Além da tapeçaria, atuou como pintor, ceramista e ilustrador de livros, sempre com traços expressivos e imaginação poética. Seu legado é preservado pelo Museu Jean Lurçat de Tapeçaria Contemporânea, em Angers, França, dedicado à valorização da tecelagem moderna e contemporânea.
José Antônio da Silva
(Sales de Oliveira, SP, 1909 – São Paulo, SP, 1996)
Pintor autodidata, tornou-se conhecido pela forma como representou a vida rural do interior paulista. Sua obra retrata paisagens abertas e cenas do cotidiano no campo, como lavouras, colheitas, rebanhos, festas e o convívio comunitário. Seu trabalho equilibra observação e imaginação, com um estilo caracterizado por proporções subvertidas, cores intensificadas e elementos simbólicos que aproximam a cena real de um universo de fantasia pessoal, fazendo de sua pintura um testemunho singular da cultura popular brasileira. Entre exposições recentes, destacam-se José Antônio da Silva: “nasci errado e estou certo”, Pinacoteca de São Paulo (2018) e José Antônio da Silva: pintar o Brasil, Fundação Iberê Camargo (2025). Seu legado é preservado e difundido pelo Museu de Arte Primitivista José Antonio da Silva, em São José do Rio Preto, SP, Brasil.
José Pancetti
(Campinas, SP, 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 1958)
Artista autodidata, com posterior formação no Núcleo Bernardelli, foi retratista e pintor de paisagens, mas se consagrou sobretudo pelas marinhas, expressão mais significativa de sua produção, inspirada em sua experiência como marinheiro nas docas da Itália e nas forças militares do Brasil. Nelas, explorou a relação entre horizonte, mar e céu por meio de linhas curvas e diagonais que estruturam a composição, de escalas amplas e de um uso preciso da luz. Além das marinhas, destacou-se em retratos e autorretratos de traço geométrico e expressão contida, nos quais figuras surgem de maneira sintetizada, muitas vezes em poses laterais ou sombrias. Também produziu naturezas-mortas singulares, em que frutas, flores e objetos aparecem fundidos a retratos ou arranjos pouco convencionais Entre as exposições recentes, destaca-se Pancetti: a poética da marinha, Casa Fiat de Cultura, Belo Horizonte (2017).
Lothar Charoux
(Viena, Áustria, 1912 – São Paulo, SP, Brasil, 1987)
Radicado no Brasil desde 1928, estudou no Liceu de Artes e Ofícios, onde também lecionou desenho. Após uma fase inicial voltada a retratos e paisagens, passou a explorar questões abstratas e co-fundou, em 1952, o Grupo Ruptura, referência do concretismo no país. Sua produção é marcada por linhas, luz e ritmo visual, com destaque para suas experiências que unem profundidade óptica à estruturas geométricas. Fundou a Associação de Artes Visuais Novas Tendências (1963) e foi tema de retrospectivas no MAM São Paulo e MAM Rio (1974). Participou de diversas edições do Panorama da Arte Brasileira, entre a década de 1970 e 1980, e das primeiras novas edições da Bienal de São Paulo.
Lygia Pape
(Nova Friburgo, RJ, Brasil, 1927 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2004)
Formou-se em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de desenvolver sólida trajetória como gravadora, pintora, escultora, cineasta e professora. Integrou o Grupo Frente nos anos 1950 e, em seguida, foi signatária do Manifesto Neoconcreto, tornando-se um dos nomes centrais da abstração geométrica no Brasil. Suas abstrações exploram o contraste entre linhas rigorosas desenhadas e os veios orgânicos da madeira, criando composições com forte ritmo e luminosidade. Ampliou seu trabalho para a experimentação sensorial e participativa, como na icônica instalação-performance Oovo (1967), na qual convida o público a “nascer” ao romper uma membrana de papel, e nas instalações Tteias, nas quais fios dourados tensionados no espaço produzem volumes etéreos que se transformam conforme a luz e o deslocamento do espectador. Na década de 1960, colaborou com o Cinema Novo, criando cartazes e programação visual para filmes célebres como Vidas Secas e Deus e o Diabo na Terra do Sol, além de dirigir curtas experimentais. Sua obra tem recebido ampla projeção internacional, com mostras como Lygia Pape: A Multitude of Forms, Met Breuer, Nova York, (2017) e Lygia Pape: Tecelares, Art Institute of Chicago, EUA, (2023).
Marc Chagall
(Vitebsk, Bielorrússia, 1887 – Saint-Paul-de-Vence, França, 1985)
Estudou na Escola Imperial de Belas Artes de São Petersburgo e na Académie de La Palette, em Paris. Sua obra, caracterizada por imaginação poética e atmosfera onírica, sintetiza em um estilo singular influências do expressionismo, cubismo, fauvismo e surrealismo. Suas composições apresentam figuras suspensas em espacialidades livres, articuladas por cores intensas e contrastes cromáticos que produzem lirismo e efeito simbólico. Entre seus temas recorrentes estão a vida judaica de sua infância, narrativas bíblicas, o amor, a música e o universo circense, sempre tratados com fortes doses de fantasia e metáforas visuais. Além da pintura, desenvolveu vitrais, tapeçarias, cerâmicas e ilustrações para publicações. Sua produção segue em destaque no cenário internacional, em retrospectivas como Chagall, Albertina Museum, Viena (2024) e Chagall: Fantasies for the Stage [Fantasias para o palco], Montreal Museum of Fine Arts (2017). No âmbito nacional, teve seu trabalho revisto na mostra Marc Chagall: sonho de amor, no Centro Cultural Banco do Brasil (2022-23).
Maria Martins
(Campanha, MG, Brasil, 1894 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1973)
Iniciou-se nas artes estudando escultura com Oscar Jespers na Académie Royale des Beaux-Arts de Bruxelas, na Bélgica, e consolidou-se como escultora, tendo sua produção fortemente influenciada pelo surrealismo e por seu contato com artistas como Marcel Duchamp, André Breton e Max Ernst. Sua obra dialoga tanto com tradições brasileiras quanto com a vanguarda internacional. Suas esculturas, parcela mais reconhecida de sua trajetória, caracterizam-se por formas orgânicas e volumes sinuosos que fundem corpo humano, elementos naturais e referências míticas, criando uma linguagem híbrida entre o erótico, o onírico e o simbólico. Trabalhando em bronze, mármore, madeira e terracota, a artista explorou temas como metamorfose, mitos amazônicos, erotismo e identidade feminina. Nos últimos anos, foi celebrada em mostras de grande destaque, como Maria Martins: metamorfoses, MAM São Paulo (2013), e Maria Martins: Desejo imaginante, MASP (2021).
Manuel Martins
(São Paulo, SP, 1911 – 1979)
Iniciou seus estudos artísticos no ateliê do escultor Vicente Larocca e complementou sua formação em cursos da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). Integrou ao lado de Alfredo Volpi e outros o Grupo Santa Helena, coletivo de pintores modernistas de origem humilde que dividia ateliês no edifício homônimo, na Praça da Sé. Filho de imigrantes portugueses do bairro do Brás, dedicou-se sobretudo a registrar as rápidas transformações de São Paulo sob a perspectiva das classes trabalhadoras. Suas paisagens urbanas se caracterizam pelo uso de cores intensas, formas sintetizadas e linhas firmes, em composições que fundem observação social e invenção plástica. Também se destacou como ilustrador de obras literárias, como O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo e Gabriela, Cravo e Canela (1958), de Jorge Amado. Sua produção permanece como um dos testemunhos mais sensíveis da vida popular paulistana no século XX, e está presente nas coleções do MAM São Paulo, da Pinacoteca do Estado e do MAC USP.
Marcelo Grassmann
(São Simão, SP, Brasil – 1925 – São Paulo, SP, Brasil, 2013)
Formou-se na Escola Profissional Masculina do Brás, complementando sua formação nos anos 1940 com aulas e contatos com Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo. É um dos principais nomes da gravura moderna nacional. Atuou como ilustrador de jornais antes de consolidar uma proeminente carreira marcada por temas do imaginário medieval e renascentista, povoado por cavaleiros, sereias, harpias e seres híbridos. Seu estilo é definido por linhas sinuosas, contrastes dramáticos de luz e sombra e uma forte carga narrativa que confere expressão humana às figuras fantásticas. Alia rigor técnico à invenção formal, criando um universo gráfico singular de lirismo sombrio e intensidade poética. Foi celebrado em retrospectivas recentes como 100 anos de Marcello Grassmann, Gabinete de Artes Visuais da Unicamp (2025), e O Gabinete de Marcelo Grassmann, Museu Lasar Segall, São Paulo (2025). Seu legado é preservado pelo Núcleo Marcelo Grassmann, que promove o Prêmio Marcello Grassmann Artes Gráficas, um dos principais incentivadores de projetos inéditos no campo da gravura em âmbito nacional.
Milton Dacosta
(Niterói, RJ, Brasil, 1915 – Rio de Janeiro, RJ, 1988)
Frequenta por um curto período de tempo a Escola Nacional de Belas Artes e, negando o academicismo, participou do Núcleo Bernardelli, grupo independente de jovens artistas que buscava alternativas para o ensino e a prática da arte no Brasil. Inicialmente figurativo, inspirou-se na Escola de Paris, trabalhando paisagens, retratos e naturezas-mortas em pinceladas estruturais e moduladas. Progressivamente, sua pintura assumiu caráter mais geométrico e construtivo, com figuras sintetizadas por planos cromáticos e formas simplificadas e estruturais. Na década de 1950, chegou ao abstracionismo, marcado por composições rigorosas, grades geométricas e contrastes cromáticos densos, em diálogo com Mondrian e Morandi. Foi casado por mais de três décadas com a artista Maria Leontina, interlocutora fundamental em sua produção. Sua obra integra acervos de museus como o MAM São Paulo, MAM Rio, Pinacoteca de São Paulo e MAC USP.
Mick Carnicelli
(Salermo, Itália, 1893 – São Paulo, SP, Brasil, 1967)
Chegou ao Brasil ainda criança, formou-se no curso comercial do Mackenzie e, em 1909, retornou à Itália, estudando pintura com Ettore Tito na Academia de Belas Artes de Veneza. Estabelecido em São Paulo a partir dos anos 1920, fez da cidade o principal eixo de sua obra, registrando suas transformações em atmosferas de solidão e estranhamento. Suas paisagens, muitas vezes concebidas a partir da janela de seu ateliê, revelam planos densos, volumes sólidos e matizes cromáticas sóbrias, articulando dramaticidade e rigor formal modernista. Produziu também retratos e naturezas-mortas, marcados por enquadramentos descentralizados, fortes contrastes de cor e atmosfera introspectiva. Sua grande retrospectiva, Mick Carnicelli: São Paulo, paisagem da alma, foi organizada pelo MAM São Paulo em 2004, acompanhada pela publicação do catálogo mais abrangente dedicado ao artista.
Odilla Mestriner
(Ribeirão Preto, SP, Brasil, 1928 – 2009)
Formou-se na Escola Municipal de Belas Artes de sua cidade, sob orientação de Domenico Lazzarini. Teve uma produção marcada pelo desenho, pela pintura e pela gravura. Realizou trabalhos figurativos de forte influência modernista, resultando em composições geométricas, baseadas principalmente em simetria e repetição modular. Seus principais temas derivam do cotidiano e da paisagem urbana, como casas, ruas e figuras humanas representadas em construções formais rígidas, dialogando com soluções formais arquitetônicas e abstratas. Seu estilo combina cores vibrantes, linhas incisivas e formas curvilíneas que, justapostas às ortogonais, instauram tensões entre organicidade e racionalidade construtiva, reforçando o caráter plástico, expressivo e subjetivo da obra. Seu legado é preservado pelo Museu Digital Odilla Mestriner, criado por sua família, e celebrado pela Prefeitura de Ribeirão Preto, que realiza exposições e homenagens periódicas em sua memória.
Samson Flexor
(Soroca, Moldávia, 1907 – São Paulo, SP, Brasil, 1971)
Com formação acadêmica sólida na Bélgica e na França, destacou-se como um dos precursores do abstracionismo no Brasil. Iniciou sua carreira com pinturas figurativas de linguagem cubista, em que formas decompostas e campos de cor delimitados estruturam composições dramáticas, como nas séries sobre a Paixão de Cristo. Radicado em São Paulo a partir de 1948, transitou para a abstração geométrica, marcada por rigor construtivo, dinamismo de planos e tensões cromáticas, e, mais tarde, para a abstração lírica de formas orgânicas, em que cor, ritmo e gesto predominam. Em São Paulo, fundou em 1951 o Atelier-Abstração, espaço independente dedicado à pesquisa e ao ensino da arte abstrata geométrica, que formou uma geração de artistas. Teve longa relação com o MAM São Paulo, onde participou da mostra inaugural Do figurativismo ao Abstracionismo (1949) e de diversas coletivas e individuais, culminando na grande retrospectiva Samson Flexor: além do moderno (2022).
Sérgio Milliet
(São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966)
Cursou Ciências Econômicas e Sociais na Universidade de Berna, Suíça, ocasião em que teve contato com as vanguardas europeias do início do século XX. Um dos protagonistas da primeira fase da história do MAM São Paulo, e além de escritor e crítico, foi também um pintor relevante. Participante ativo da Semana de Arte Moderna de 1922, Milliet foi um dos expoentes do modernismo brasileiro. A sua relação com o MAM se inicia no momento de gênese desse museu, do qual foi um dos mais ativos idealizadores e organizadores. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da ABCA (Associação Brasileira dos Críticos de Arte). Foi o segundo diretor artístico do MAM, entre 1952 e 1957, quando realizou a primeira retrospectiva de Tarsila do Amaral, além de ter exercido o papel de diretor artístico da Bienal de São Paulo entre 1953 e 1958, sendo responsável pela 2ª, 3ª e 4ª edições. Alguns anos após seu falecimento em 1966, o MAM organizou uma exposição de suas pinturas, prestando grandes homenagens à trajetória e vida de Sérgio Milliet.
Sonia Ebling
(Taquara, RS, Brasil, 1918 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2006)
Formou-se em pintura e escultura na Escola de Belas Artes do Rio Grande do Sul e na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, entre 1944 e 1951. Posteriormente, aperfeiçoou-se em Paris com o escultor Ossip Zadkine. Destacou-se por esculturas figurativas em bronze, de formas robustas e curvas contínuas, que exploram a plasticidade da figura humana em volumes densos e superfícies polidas. Sua linguagem escultórica valoriza a síntese formal, a expressividade dos gestos e o equilíbrio entre monumentalidade e delicadeza, como revelam figuras reclinadas, personagens interligados entre si e composições que integram corpo e espaço. Participou da 1ª (1951), 3ª (1955) e 7ª Bienal de São Paulo (1963), além do 6º Panorama da Arte Brasileira (1974).
Thomaz Farkas
(Budapeste, Hungria, 1924 – São Paulo, SP, Brasil, 2011)
Formou-se engenheiro na Escola Politécnica da USP e obteve doutorado na ECA-USP, onde também lecionou fotografia e cinema. Um dos maiores nomes da fotografia moderna no Brasil, iniciou-se na linguagem de forma amadora e se profissionalizou no Foto Cine Clube Bandeirante, período em que registrou o crescimento urbano de São Paulo a partir de ângulos geométricos e construtivos, explorando luz, sombra e planos arquitetônicos. Uma de suas séries mais icônicas retrata a construção de Brasília, na qual capturou o canteiro monumental em diálogo direto com as formas de Oscar Niemeyer. Nas décadas de 1960 e 1970, liderou a Caravana Farkas, projeto coletivo que percorreu o país produzindo filmes em 16mm sobre comunidades distantes dos grandes centros, retratando práticas culturais e realidades nacionais pouco visibilizadas. Nos últimos anos, foi tema de mostras individuais como Thomaz Farkas: todo mundo, Instituto Moreira Salles (2024) e Thomaz Farkas – DF, Museu da Imagem e do Som, São Paulo (2015).
serviço
Exposição:
Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade
Local:
Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP)
Curadoria:
Cauê Alves e Pedro Nery
Período expositivo:
4 de outubro a 7 de dezembro de 2025 Entrada: gratuita
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Aqui—lá: MAM São Paulo encontra Instituto Tomie Ohtake
Em muitos momentos da história, a arte moderna brasileira foi atravessada por relações diretas com o exterior, em contextos decisivos para o seu reconhecimento e consolidação nacional. Basta retomarmos as exposições que marcaram seu suposto início: a mostra, em 1914, do lituano-brasileiro Lasar Segall, que fundou o grupo secessionista de Dresden, na Alemanha; a exposição de Anita Malfatti, em 1917, após anos de estudos e treinamento em Berlim e Nova York; e a Semana de Arte Moderna de 1922, que incluiu imigrantes como o suíço-brasileiro John Graz e os ítalo-brasileiros Victor Brecheret e Zina Aita. E devemos considerar, também, a intensa articulação e interação entre os mais modernos centros urbanos da Europa e dos Estados Unidos e os artistas, críticos e demais agentes do modernismo brasileiro, que deram origem a instituições como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) e a movimentos artísticos, como o Manifesto Antropófago e o construtivismo.
Na década de 1940, após o fim da Segunda Guerra Mundial, Ciccillo Matarazzo, fundador do MAM São Paulo, formou uma expressiva coleção com vários dos maiores nomes das vanguardas modernistas, através de viagens, contatos e ampla circulação, tanto na Europa quanto na América do Norte. Para a fundação do museu, Matarazzo – sobrinho e herdeiro de um imigrante italiano, magnata industrial de São Paulo – contou com a colaboração direta de Nelson Rockefeller, que, como presidente do Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, firmou acordos entre as duas instituições e doou, em 1946, quatorze obras a Matarazzo, como gesto embrionário para a criação de um museu de arte moderna no Brasil. O MAM São Paulo foi fundado dois anos depois, com essa doação incorporada àquela primeira coleção, que testemunhou e reuniu grandes obras de um período que ainda repercute na história da arte moderna brasileira. As primeiras seis edições da Bienal de São Paulo, realizadas pelo MAM, não apenas possibilitaram, no Brasil, a presença de importantes nomes da arte moderna internacional – como Pablo Picasso, Wassily Kandinsky e Alexander Calder –, como também promoveram o encontro do público local com essas produções crescentemente globais, que incluíam, ainda, as representações nacionais que ali se inseriam.
A partir desses encontros, ao longo dos anos 1950 e 1960, foi cultivado aqui um ambiente artístico de grande efervescência, que, assim como nas décadas de 1920, 30 e 40, colocou a produção local em relação a questões do exterior do país, mas em uma dinâmica de mútua relevância global. Diferentemente daquelas décadas iniciais – quando artistas e críticos buscavam encontrar formas e imagens próprias da identidade brasileira, afirmando-a como única –, os encontros instaurados pelas Bienais deslocaram essa preocupação para uma renovação da produção nacional atenta às últimas realizações da arte internacional, sem a pretensão de se afirmar como diferente, mas, sim, de integrar o palco global de circulação artística, que se consolidou definitivamente nas últimas décadas do século 20.
No campo da arte contemporânea e da crítica cultural, a tensão entre o “aqui” e o “lá” remete à migração, ao deslocamento, e à dificuldade de estar em dois lugares ao mesmo tempo – fisicamente em um país e culturalmente em outro. Parte dos artistas que integram a exposição que registramos aqui viveu ou vive essa contradição. Mais do que isso, muitos participam de uma identidade híbrida, que engloba tradições culturais distintas, de outros territórios físicos e simbólicos. As obras presentes na mostra, em sua maioria produzidas no final do século 20, evocam espaços que surgem a partir de uma série de trocas e contatos, menos devido a migrações e deslocamentos forçados, e mais por causa de viagens, residências artísticas e deslocamentos espontâneos.
Se, até a década de 1950, artistas brasileiros iam para a Europa ou os Estados Unidos em busca de atualização estética e novas referências, outros chegavam no Brasil fugindo de guerras. Na segunda metade do século 20, os deslocamentos para o exterior se deram de modo mais igualitário, a partir de uma compreensão do mundo mais descentralizada, quando a arte brasileira já tinha se constituído de modo mais independente e olhava menos para fora. Isso não significa que a categoria de arte latino-americana deixou de ser vista como inferior nos grandes mercados globais; mas, ao menos dos anos 1990 para cá, a produção artística contemporânea, ao mesmo tempo que reconhece seu enraizamento, seus vínculos territoriais e culturais, não é produzida de modo isolado. Ou seja, é possível estar aqui e lá – participar da cena artística internacional sem ignorar fatores históricos e geográficos nacionais e sem se submeter ao mundo hegemônico.
Referências a artistas e culturas de outras nações ou grupos aparecem no interior de obras contemporâneas, mas isso não enfraquece o lugar de fala e a afirmação de identidades locais, como nas obras de Emmanuel Nassar e Lourival Cuquinha, que marcam, de modos diferentes, presenças expressivas na exposição. Enquanto Nassar aborda a singularidade das bandeiras das cidades de seu estado natal – instalando-as sobre as paredes do espaço expositivo como manifesto de identidades que, apesar de brasileiras, podem ser desconhecidas para o público paulista –, Cuquinha apresenta retratos de vendedores ambulantes de São Paulo que compartilham um dado comum em suas vidas: são imigrantes, falam outras línguas, e sua condição informal aponta para o fator negativo primordial de qualquer migração – a impossibilidade de permanecer onde naturalmente se pertence.
Não é por acaso que essas duas obras orientam os núcleos da exposição: elas constituem uma espécie de pano de fundo para os espaços expositivos. Se, na primeira sala, a instalação de Cuquinha envolve trabalhos em que estão incorporadas reflexões sobre imigração, diáspora, deslocamentos físicos e simbólicos, para dentro ou para fora, na segunda sala, a obra de Nassar circunda outras que se relacionam com a afirmação de identidades e a tensão entre corpos.
O que é perceptível na exposição e na coleção do MAM é que a pluralidade tem sido valorizada na arte, assim como as diferenças e os entre-lugares, o que faz com que muitas obras resistam à diluição ao integrarem o circuito nacional e internacional. O “aqui-lá” trata também da relação entre o eu e o outro, ou seja, da alteridade. Um eu só existe em relação a um outro, e esse outro não pode ser a negação do eu, mas ao contrário, é o que permite que o eu seja constituído, é quem lhe dá sentido por vias relacionais. Em vez de uma identidade fixa e essencialista, o eu é, acima de tudo, uma relação, um encontro com o outro que jamais poderia ser reduzido a um mero objeto.
A noção de alteridade exige uma constante transformação das ideias que fazemos de nós mesmos, já que é no contato com o outro, na convivência com outras culturas, que nossas identidades se constituem. Isso quer dizer que, inevitavelmente, há uma cumplicidade entre o eu e o outro na medida em que a alteridade invade as fronteiras do eu, do corpo e do espaço que habitamos. Para os outros, o meu eu também é outro; meu sotaque, que para mim soa natural, é compreendido pelo outro como uma característica regional ou nacional que não é a dele. A arte contemporânea produzida no Brasil nas últimas décadas talvez tenha um sotaque que não é evidente, ou, melhor, uma multiplicidade de sotaques que a faz rica e permite dialogar com outros de igual para igual. Os artistas presentes na mostra participam de uma rede em constante movimento, que se constrói justamente a partir do estar aqui com os ecos do lá, e vice-versa.
As obras de Aqui-lá podem ser compreendidas como o ponto de encontro, o cruzamento, na medida em que a arte torna possível a intersubjetividade. A arte é o campo onde se dão as interseções do eu com o outro, lugar das relações entre aqui e lá. Afinal, o movimento e o deslocamento são parte da história humana. No entanto, nos últimos tempos, com os avanços da extrema-direita no mundo, as dificuldades de deslocamento físico aumentaram devido às políticas anti-imigração, sancionadas principalmente pelos países hegemônicos. Tudo se passa como se o distanciamento físico fosse a norma, numa era em que videochamadas e redes sociais nos vendem uma ideia de proximidade e encurtamento de distâncias que não se realiza completamente.
Cauê Alves e Gabriela Gotoda
Acessibilidade
Disponibilização de catálogos em versão digital que pode ser processada por sistemas de leitura e ampliação de tela (clique aqui para acessar as publicações);
Recursos de audioguia com audiodescrição e videoguia em Libras com legendas em português nas exposições;
Ferramenta de Libras digital;
Utilização de legendas descritivas e texto alternativo nas postagens nas redes sociais, com a hashtag #DescriçãoDoVideo e hashtag #PraTodoMundoVer;
Disponibilização de materiais táteis e multissensoriais das obras do acervo
Além das medidas acima, é possível agendar com o Educativo visitas mediadas gratuitas com educadores para público surdo, com deficiência visual, com deficiência física, intelectual e usuários de equipamentos de saúde mental e emsituação de vulnerabilidade social e horários alternativos planejados para atendimento de público dentro do Transtorno do Espectro Autista de acordo com as características distintas de cada sujeito pensadas em relação a: socialização, sensorialidade, comunicabilidade e autonomia. solicitar pelo e-mail educativo@mam.org.br.
Intérprete de libras e audiodescrição ao vivo nas atividades quando solicitado com até 48h de antecedência solicitar pelo e-mail educativo@mam.org.br.
Em certas atividades, poderão ser oferecidas medidas adicionais de acessibilidade, que estarão indicadas nos materiais de divulgação.
mídias assistivas
Dzi Croquettes
Lourival Cuquinha
Emanuel Nassar
Aqui—lá: MAM São Paulo encontra Instituto Tomie Ohtake (Libras – Texto Curatorial)
curadoria
Ana Roman
Ana Roman vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Mestre em Geografia pela FFLCH-USP, pós-graduada em Estudos Brasileiros pela FESP-SP e doutoranda pela FAU-USP, atuou como curadora, assistente de curadoria e pesquisadora em diversas exposições em importantes instituições culturais brasileiras, incluindo Rever Augusto de Campos (2016), Entre Construção e Apropriação: Antonio Dias, Geraldo de Barros e Rubens Gerchman nos Anos 1960 (2018), A Noite – Mariana Castillo Deball (2022), Ensaios para o Museu das Origens (2023) e Corpo-casa: diálogos entre Carolee Schneemann, Diego Bianchi e Márcia Falcão (2024), entre outras. Foi curadora assistente da 34ª Bienal de São Paulo (2021), membro do Comitê de Indicação do Prêmio PIPA em 2022 e 2024 e curadora do Pivô entre 2022 e 2023. Atualmente, é coordenadora de conteúdo do grupo de pesquisa Academia de Curadoria, colaboradora regular da plataforma Piscina e superintendente artística do Instituto Tomie Ohtake.
Cauê Alves
É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Gabriela Gotoda
(São Paulo, 1998)
Gabriela Gotoda é pesquisadora e curadora de artes visuais. Bacharel em Arte: História, Crítica e Curadoria pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, publicou textos biográficos sobre Edgar Degas (MASP, 2021), John Graz (Pinacoteca de São Paulo, 2021) e Ozias (Danielian, 2024) e atua com curadoria e processos editoriais em instituições de arte e galerias em São Paulo desde 2019. Integra a equipe curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2022, onde é responsável pelo acompanhamento curatorial das publicações do museu e da curadoria das exposições “Lina Bo Bardi e o MAM no Parque” (2023), “Clube de colecionadores MAM São Paulo: Técnicas de diversão na arte contemporânea” (2024), e “MAM São Paulo: Encontros entre o moderno e o contemporâneo” (2025)
Paulo Miyada
Curador e pesquisador de arte contemporânea, dedica-se a projetos que contribuam tanto com visadas mais amplas e precisas da história da arte quanto com a reflexão crítica e desejante do tempo presente. Comprometido com o diálogo com artistas, preza igualmente pelo amadurecimento das instituições como instâncias de relevância pública e social, assim como pelo acolhimento dos públicos como sujeitos sensíveis e pensantes com interesses que transbordam o juízo de valor. Com graduação e mestrado pela FAU-USP, atua hoje como diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake e curador adjunto do Centre Pompidou. Foi curador adjunto da 34ª Bienal de São Paulo (2020-21) e assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010), além de ter organizado o livro “Bienal de São Paulo desde 1951” (2022). Entre suas curadorias, destacam-se “AI-5 50 anos – Ainda não terminou de acabar” (2018); “Anna Maria Maiolino – PSSSIIIUUU…” (2022); “Ensaios para o Museu das Origens” (2023); “Mira Schendel – Esperar que a palavra se forme” (2024) e “Sonia Gomes – Barroco, mesmo” (2025). Suas publicações foram indicadas diversas vezes para o prêmio Jabuti, incluindo a premiação na categoria Livro de Arte em 2020. Atualmente organiza a mostra “A TERRA O FOGO A ÁGUA E OS VENTOS – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant”.
artistas
Anna Bella Geiger
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1933)
Anna Bella Geiger nasceu no Rio de Janeiro, RJ, Brasil (1933). Formada em Língua e Literatura Anglo-Germânicas pela UFRJ. Sua obra articula suportes como colagem, gravura, instalação e vídeo. A artista foi uma das pioneiras da abstração no Brasil e, a partir dos anos 1970, passou a desenvolver uma produção marcada pelo uso de mapas, diagramas e imagens para investigar como discursos geográficos constroem identidades, territórios, centros e margens, revelando relações de poder e dominação cultural. Destacam-se suas exposições panorâmicas recentes Aqui é o centro, no MAM-Rio (2019), e Brasil nativo/Brasil alienígena, no MASP (2020). Participou de coletivas como Verboamérica, no MALBA, Argentina (2017), a 16ª Bienal de Istambul, na Turquia (2019), e Pop Brasil, na Pinacoteca de São Paulo (2025).
Carla Zaccagnini
(Buenos Aires, Argentina, 1973)
Carla Zaccagnini nasceu em Buenos Aires, Argentina (1973). Atua como artista visual, curadora e escritora. Formou-se em Artes Plásticas pela FAAP (1995) e realizou um mestrado em Poéticas Visuais na ECA-USP (2004). Sua obra aborda temas como crítica institucional, deslocamento cultural, iconoclasia simbólica, linguagem e memória, com uso e recontextualização de arquivos, documentos e narrativas históricas. Trabalha com desenho, instalação, texto e vídeo. Realizou as individuais Reação em cadeia com efeito variável no MUSAC, León, Espanha (2010), e Elementos de beleza: um jogo de chá nunca é apenas um jogo de chá, no MASP (2019). Participou da 28ª e 34ª Bienal de São Paulo — nesta última como curadora convidada.
Emmanuel Nassar
(Capanema (PA), 1949 – )
Emmanuel Nassar nasceu em Capanema, PA, Brasil (1949). Graduado em Arquitetura pela UFPA (1974), formação que, segundo o artista, se desdobrou em um forte senso de espacialidade pictórica para seu trabalho. A partir do repertório visual paraense, rearticula símbolos como bandeiras, mapas e logomarcas populares, tensionando com humor e crítica os limites entre a arte erudita e a cultura de massa. Suas obras combinam cores vibrantes, estruturas geométricas e materiais do cotidiano em suportes como escultura, instalação e pintura. Destacam-se suas mostras individuais EN: 81–18 na Estação Pinacoteca (2018) e Lataria espacial no MAM São Paulo (2024). Representou o Brasil na 45ª Bienal de Veneza (1993), participou da 20ª e 24ª Bienal de São Paulo (1989, 1998) e de diversas edições do Panorama da Arte Brasileira (1980,1989,1993).
Hudinilson Júnior
(São Paulo, SP, Brasil, 1957 – 2013)
Hudinilson Júnior nasceu e faleceu em São Paulo, SP, Brasil (1957–2013). Formado em Artes Plásticas pela FAAP (1977), foi pioneiro no uso da xerox como suporte artístico no Brasil. Seu trabalho, profundamente marcado por essa técnica, articula temas como autorrepresentação, homoerotismo e crítica institucional. Fundou o coletivo 3NÓS3 (1979-1982), que é conhecido por suas ações transgressoras no espaço público durante a ditadura militar. Atuou na Pinacoteca de São Paulo como arte-educador e curador, além de coordenar o Centro de Xerografia (1975–1981). Na mesma instituição, teve sua grande exposição retrospectiva e panorâmica Explícito (2020). Também participou da 16ª e 18ª Bienais de São Paulo (1981, 1985), da 3ª Bienal do Mercosul (2001), e dos Panoramas da Arte Brasileira (1980, 1984).
Ivens Machado
(Florianópolis, SC, Brasil, 1942 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2015)
Ivens Machado nasceu em Florianópolis, SC, Brasil (1942), e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, Brasil (2015). Iniciou sua trajetória com obras em papel e vídeos experimentais nos anos 1970, marcados por temas como sexualidade, violência e poder. A partir da década seguinte, voltou-se à escultura e à instalação. Passou a utilizar materiais da construção civil como concreto, cacos de vidro e vergalhões para criar formas brutas e ambíguas, inspiradas na arquitetura vernacular brasileira e nas tensões do corpo humano, desde a agressividade até o erotismo. Destacam-se suas retrospectivas Ivens Machado, no Musée d’Art Contemporain de Nîmes, França (2025), e Ivens Machado, no Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil. Também participou das 12ª, 13ª, 16ª e 22ª Bienais de São Paulo (1973, 1975, 1981, 1994).
Foto: Rodrigo Trevisan/Divulgação
Judith Lauand
(Pontal, SP, Brasil, 1922 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)
Judith Lauand nasceu em Pontal, SP, Brasil (1922) e faleceu em São Paulo, SP, Brasil (2022). Formada pela prestigiada Escola de Belas Artes de Araraquara (1950), foi a única mulher a integrar o Grupo Ruptura, ponto de partida do concretismo no Brasil. Sua produção combinou rigor geométrico, contrastes cromáticos e precisão formal em suportes como pintura, colagem, gravura e bordado. A partir dos anos 1960, incorporou palavras e materiais como tachinhas, clips e alfinetes às telas, e passou a abordar temas como liberdade sexual e repressão política. Dentre suas exposições, destaca-se sua grande retrospectiva Desvio Concreto, organizada pelo MASP (2022), e a participação em mostras coletivas como o 1º Panorama da Arte Brasileira, em 1969, e diversas edições da Bienal de São Paulo entre os anos de 1950 e 1960.
León Ferrari
(Buenos Aires, Argentina, 1920 – 2013)
León Ferrari nasceu e faleceu em Buenos Aires, Argentina (1920-2013). Formou-se engenheiro elétrico pela Universidade de Buenos Aires (1947). Sua produção é centrada na crítica incisiva ao imperialismo ocidental, à Igreja Católica e aos regimes autoritários, especialmente à ditadura militar argentina. Exilou-se no Brasil em 1976, após o desaparecimento de seu filho, quando produziu intensamente sobre o abuso de poder do Estado por meio de suportes como arte postal, colagem, escultura, heliografias e pintura. Entre exposições individuais recentes destacam-se Nós não sabíamos, na Pinacoteca de São Paulo (2020), e Entre ditaduras, no MASP (2021). Teve seu trabalho justaposto ao de Mira Schendel na exposição Tangled Alphabets no MoMA, Nova York (2009), com itinerância na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre (2010). Venceu o Leão de Ouro na Bienal de Veneza (2007).
Foto: ARTE!Brasileiros
Lívio Abramo
(Araraquara, SP, Brasil, 1903 – Assunção, Paraguai, 1992)
Lívio Abramo nasceu em Araraquara, SP, Brasil (1903) e faleceu em Assunção, Paraguai (1992). Estudou desenho com o pintor Enrico Vio, e iniciou-se na gravura em 1926, tornando-se um dos principais nomes da xilogravura moderna no Brasil. Sindicalista e militante de esquerda, incorporou à sua obra uma forte temática social e política. Em 1962, radicou-se no Paraguai como membro da Missão Cultural Brasil–Paraguai, onde fundou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico, promovendo a preservação da memória paraguaia e o desenvolvimento da arte gráfica local. Teve retrospectivas como Lívio: mestre da gravura brasileira, no Instituto Tomie Ohtake (2007), e Gravado, no Museu Paranaense (2019), além de participar de diversas edições da Bienal de São Paulo, entre as décadas de 1950 e 1990.
Foto: instituto Livio Abramo
Lothar Charoux
(Viena, Áustria, 1912 – São Paulo, SP, Brasil, 1987)
Radicado no Brasil desde 1928, estudou no Liceu de Artes e Ofícios, onde também lecionou desenho. Após uma fase inicial voltada a retratos e paisagens, passou a explorar questões abstratas e co-fundou, em 1952, o Grupo Ruptura, referência do concretismo no país. Sua produção é marcada por linhas, luz e ritmo visual, com destaque para suas experiências que unem profundidade óptica à estruturas geométricas. Fundou a Associação de Artes Visuais Novas Tendências (1963) e foi tema de retrospectivas no MAM São Paulo e MAM Rio (1974). Participou de diversas edições do Panorama da Arte Brasileira, entre a década de 1970 e 1980, e das primeiras novas edições da Bienal de São Paulo.
Lourival Cuquinha
(Recife, PE, Brasil, 1975)
Lourival Cuquinha nasceu em Recife, PE, Brasil (1978). Desenvolve uma prática crítica voltada à investigação das liberdades individuais e das estruturas de controle social, econômico e institucional. Sua obra atravessa suportes como ações participativas, instalação, intervenção urbana e performance, frequentemente tensionando as formas de relação e circulação na sociedade. Destacam-se suas exposições individuaisTerritórios e capitais: extinções, no MAM Rio (2014) e Transição de fase, na Funarte Minas Gerais (2018). Também participou de coletivas como À Nordeste, no Sesc 24 de Maio (2019), Histórias brasileiras, no MASP (2022), e o 31º e o 35º Panorama da Arte Brasileira (2011, 2017).
Lydia Okumura
(Oswaldo Cruz, SP, Brasil, 1948)
Lydia Okumura nasceu em Osvaldo Cruz, SP, Brasil (1948). Formada em Artes Plásticas pela FAAP (1973), radicou-se em Nova York no ano seguinte, onde estudou no Pratt Graphics Center e no Creative Artists Public Service Program. Desde os anos 1970, investiga a percepção espacial por meio da abstração geométrica e da materialidade, criando composições engenhosas com fios, tinta acrílica e materiais industriais que sugerem tridimensionalidade em diálogo com a arquitetura expositiva. Sua obra articula pintura, instalação e escultura com rigor conceitual e formal. Participou de diversas edições da Bienal de São Paulo ao longo da década de 1970, e integra coleções de instituições internacionais prestigiadas, como o MAM São Paulo, o MoMA e o Metropolitan Museum of Art, ambos em Nova York, Estados Unidos, e Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha
Madalena Schwartz
(Budapeste, Hungria, 1921 – São Paulo, SP, Brasil, 1993)
Madalena Schwartz nasceu em Budapeste, Hungria (1921), e faleceu em São Paulo, SP, Brasil (1993). Iniciou-se na fotografia aos 45 anos, no Foto Cine Clube Bandeirante, e destacou-se por seus retratos em preto e branco, nos quais explorou com sensibilidade e apuro técnico a expressividade dos rostos retratados. Atuou ativamente na cena cultural e queer de São Paulo nos anos 1970 por meio de seu estúdio improvisado no edifício Copan, onde fotografou artistas, intelectuais e figuras andróginas e transformistas, como o cantor Ney Matogrosso e o grupo de dança underground Dzi Croquettes. Destaca-se sua grande retrospectiva As metamorfoses (2021), organizada pelo Instituto Moreira Salles, São Paulo, e itnerada para o MALBA, na Argentina, e o Museo Nacional de Arte, na Bolívia.
Foto: Pedro Luis Szigeti
Maureen Bisilliat
(Englefield Green, Reino Unido, 1931)
Maureen Bisilliat nasceu em Englefield Green, Inglaterra (1931). Formou-se em pintura em Paris e Nova York antes de se radicar no Brasil, em 1957, onde construiu uma carreira como fotógrafa, cineasta e pesquisadora. Interessou-se em fotografar o interior do país, produzindo ensaios visuais a partir de autores literários como Euclides da Cunha, Guimarães Rosa e Mário de Andrade. Em suas inúmeras viagens pelo Brasil, registrou manifestações populares e o universo indígena com um olhar poético e narrativo. Dirigiu o documentário Xingu/Terra (1982) e foi responsável pela curadoria e formação do acervo de arte popular latino-americana do Pavilhão da Criatividade, no Memorial da América Latina. Dentre suas exposições individuais, destacam-se Presente do Futuro, no MIS, São Paulo (2023) e Agora ou nunca (2021), no Instituto Moreira Salles, São Paulo. Teve uma sala especial dedicada ao seu trabalho na 18ª Bienal de São Paulo (1985).
Megumi Yuasa
(São Paulo, SP, Brasil, 1938)
Megumi Yuasa nasceu em São Paulo, SP, Brasil (1938), onde vive e trabalha. Escultor e ceramista autodidata, iniciou sua produção em 1964 e desenvolveu uma obra marcada pela experimentação material, texturas orgânicas e observação rigorosa da matéria. Filho de imigrantes japoneses, é profundamente influenciado pela estética do wabi-sabi, integrando metais, tintas e outros materiais às cerâmicas, em peças de superfícies rústicas, tonalidades terrosas e gestualidade controlada. Atua como professor desde 1979, construindo diversos espaços de formação, como o laboratório de cerâmica no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), em Porto Alegre. Participou da 13ª e da 14ª Bienal de São Paulo (1975, 1977), além de diversas mostras panorâmicas de cerâmica e arte nipo-brasileira. Suas obras integram os acervos do MAM São Paulo, MAC USP e Pinacoteca de São Paulo.
Nazareth Pacheco
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
Nazareth Pacheco nasceu em São Paulo, SP, Brasil (1961). Formou-se em Artes Plásticas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e iniciou sua trajetória nos anos 1980, trabalhando com escultura e tridimensionalidade. Sua obra reflete experiências autobiográficas e investiga a relação entre corpo, dor e padrões estéticos, por meio de materiais como borracha, aço, bisturi, miçangas e acrílico. Realizou exposições individuais como Objetos Sedutores, no SESC Santo Amaro (2012) e Gota a Gota, na Pinacoteca de São Paulo (2015). Participou de coletivas como a 20ª e 24ª Bienal de São Paulo (1989, 1998) e o Panorama da Arte Brasileira (1988, 1991, 1998, 1999).
Paulo Bruscky
(Recife, PE, Brasil, 1949)
Paulo Bruscky nasceu em Recife, PE, Brasil (1949). Cursou Comunicação Social na Unicap, formação que se desdobrou em uma prática artística voltada para a circulação de mensagens e os meios de reprodução e difusão da informação. É um dos principais nomes da arte conceitual e da arte postal no Brasil, com atuação em linguagens e suportes diversos, como fotografia, performance, poesia visual, vídeo e xerografia. Sua obra investiga os limites entre arte, linguagem e tecnologia, utilizando recursos como carimbos, fax, e filmes em Super-8 para explorar os vínculos entre corpo, máquina e discurso. Destacam-se suas individuais Art is our Last Hope, no Bronx Museum (2013), e Paulo Bruscky, no MAM São Paulo (2014). Também participou da 57ª Bienal de Veneza (2017), e de diversas edições da Bienal de São Paulo (1981,1989, 2004, 2010) e do Panorama da Arte Brasileira (1984, 2002, 2005).
Rafael França
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1957 – Chicago, EUA, 1991)
Rafael França nasceu em Porto Alegre, RS, Brasil (1957), e faleceu em Chicago, Estados Unidos (1991). Cursou Artes Plásticas na ECA-USP, onde iniciou experimentações com gravura e xerografia. Em 1982, transferiu-se para os EUA para cursar um mestrado em vídeo na School of the Art Institute of Chicago. Atuou em linguagens como videoarte, instalação e fotografia, com forte interesse na relação entre corpo, imagem, tempo e reprodução técnica. Trabalhou com narrativas atravessadas por questões subjetivas e políticas, como a homossexualidade e sua vivência com HIV. Foi cofundador do grupo 3NÓS3, voltado à intervenção no espaço urbano. Dentre suas exposições individuais, destacam-se Polígonos regulares, na Pinacoteca de São Paulo (2011), e Entre mídias, no MAC USP (2014). Participou também das coletivasUnited by AIDS, no Migros Museum, Zurique, Suíça (2019), e Histórias da sexualidade, no MASP (2018).
serviço
Exposição:
Aqui — lá: MAM São Paulo encontra Instituto Tomie Ohtake
Local:
Instituto Tomie Ohtake
Curadoria:
Ana Roman, Cauê Alves, Gabriela Gotoda e Paulo Miyada
MAM na Cinemateca: corpo e cidade em movimento vídeos da doação Chaia
A Cinemateca Brasileira e o MAM São Paulo compartilham uma história em comum. A Cinemateca surgiu em 1949 a partir da Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, que tinha como objetivo difundir o cinema como arte. A Filmoteca do MAM foi muito frequentada por intelectuais, cineastas e artistas visuais. Ela teve origem no Clube de Cinema de São Paulo, fundado em 1941 na USP e que teve entre seus criadores o crítico de arte Lourival Gomes Machado, que seria o diretor-artístico do MAM São Paulo entre 1949 e 1951. A Filmoteca do MAM, a partir de 1954, foi dirigida pelo crítico e historiador de cinema Paulo Emílio Sales Gomes, que criou o Clube de Cinema junto com Lourival Gomes Machado, que se tornaria o conservador-chefe e diretor da Cinemateca Brasileira a partir de 1956.
A mostra de vídeos MAM na Cinemateca: corpo e cidade em movimento parte da doação da coleção de Vera e Miguel Chaia para o museu em 2025 e foi concebida por Miguel Chaia em diálogo com a curadoria do MAM. A sessão está dividida em cinco partes: uma abertura, com o vídeo de Cinthia Marcelle, que aponta para o entrelaçamento e o encontro de diferentes que se complementam, seguida por três blocos: Retratos poéticos, em que o corpo dos artistas está em evidência; Paisagens políticas, em que a cidade e questões da vida em sociedade são os protagonistas; e Experiências de linguagem, em que a própria linguagem do vídeo é explorada de modo mais explícito. A sessão se encerra, com o filme de Cao Guimarães, Sin peso, em que toldos coloridos e vozes de comerciantes de rua se misturam como uma síntese do conjunto. A mostra apresenta um pequeno recorte de 16 vídeos dentre os 75 que integram a doação.
As obras da coleção Chaia recebidas pelo MAM inauguram um novo momento para o acervo do museu ao quase triplicar sua coleção de vídeos. MAM na Cinemateca é um modo não apenas de dar visibilidade ao vídeo como suporte da arte, mas também uma oportunidade de reflexão sobre essa produção contemporânea em um formato de exibição diferente da sala de exposições.
Cauê Alves curador
mídias assistivas
Programação
Texto dos curadores
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Vera Chaia e Miguel Chaia
Vera Chaia e Miguel Chaia fizeram mestrado e doutorado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo – USP. Ambos são professores da Faculdade e da Pós Graduação em Ciências Sociais da PUC-SP e autores de artigos e livros. Ele leciona também no curso de Arte: História, Crítica e Curadoria na mesma universidade e participa de vários conselhos de relevantes instituições de arte em São Paulo. São pesquisadores do Núcleo de Estudos em Arte,Mídia e Política – NEAMP.
artistas
Berna Reale
(Belém, Pará, 1965)
Berna Reale nasceu em Belém, Pará, Brasil (1965). Licenciada em artes pela Universidade Federal do Pará (UFPA), a artista que também é perita criminal aborda a violência tanto material quanto simbólica em seus trabalhos. Berna Reale, em diversas de suas ações, performáticas ou audiovisuais, utiliza-se de seu próprio corpo para colocar em choque o imaginário social sobre ações perversas, de tormento, constrangimento, etc. Entre suas exposições, destacamos a individual Berna Reale: Singing in the Rain, no Utah Museum of Contemporary Art (UMoCA), Salt Lake City, EUA (2016); sua presença no 34° Panorama da Arte Brasileira, MAM São Paulo (2015); na 56ª Bienal de Veneza, Itália (2015); e na 3ª Beijing Photo Biennial [Bienal de Fotos de Pequim], China (2018).
Cinthia Marcelle
(Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1974)
Cinthia Marcelle nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil (1974). Formada em Belas Artes pela UFMG (1999), a artista é reconhecida principalmente pelas instalações e obras audiovisuais, que se atentam ao poder de transformação advindo da organização e da desorganização das coisas. Cinthia Marcelle questiona em suas obras a lógica, os sistemas de conceitos e convenções que orientam o mundo político, da cultura e da sociedade, que por vezes são naturalizados. Entre suas exposições, destacamos a individual Project 105: Cinthia Marcelle, no MoMA PS1, Nova York, EUA (2016); a ocupação do Pavilhão do Brasil na 57ª Bienal de Veneza, Itália, com a instalação Chão de Caça (2017); e Cinthia Marcelle: por via das dúvidas, no MASP, São Paulo (2022).
Carmela Gross
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1946)
Carmela Gross nasceu em São Paulo, São Paulo, Brasil (1946). Formada em Artes pela FAAP (1969), a artista desenvolve suas obras buscando esgarçar os limites entre o fazer artístico e o simbólico. Carmela Gross, por vezes, se vale da repetição, do acúmulo, para desnortear sentidos unívocos, suas produções enunciam criticamente aspectos sociais, políticos ou o próprio fazer artístico. Entre suas exposições, destacamos as individuais Corpo de Ideias, Pinacoteca de São Paulo (2010); Carmela Gross – Arte à mão armada, Chácara Lane, São Paulo (2016); Quase Circo, Sesc Pompéia, São Paulo (2024); e suas oito participações na Bienal de São Paulo (1967, 1969, 1981, 1983, 1989, 1998, 2002 e 2021).
Cao Guimarães
(Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1965)
Cao Guimarães nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil (1965). O artista plástico e cineasta trabalha com fotografia e transita entre a película e o vídeo para criar suas peças audiovisuais. Suas obras documentam situações e objetos comuns, que se movem ou são captados enfatizando o instante, mas que são ressignificados a partir da exploração, duração, foco e do movimento autônomo de pessoas ou coisas. Entre suas exposições, destacamos as individuais Ver é uma fábula. Mostra Cao Guimarães, Itaú Cultural, São Paulo (2013); Espera, no Instituto Moreira Salles (IMS-Paulista), São Paulo (2018); Cao Guimarães – Ciclo de filmes, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), Lisboa, Portugal (2020); e sua presença em três edições do Panorama da Arte Brasileira, MAM São Paulo (2001, 2011 e 2015); e em duas edições da Bienal de São Paulo (2002 e 2006).
Giselle Beiguelman
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1962)
Giselle Beiguelman nasceu em São Paulo, São Paulo, Brasil (1962). Formada em história na USP (1984), a artista utiliza a relação entre literatura, imagem, som, instalação e novas tecnologias para abordar o hibridismo entre o real e o virtual. Giselle Beiguelman tem como temas de seu trabalho as transformações da memória social, o ativismo no meio urbano, e a articulação de discursos e linguagens de ciberespaços. Entre suas exposições, destacamos a individual Venenosas, Nocivas e Suspeitas, no Centro Cultural FIESP, São Paulo (2025); sua participação na 25ª Bienal de São Paulo (2002); Brazilian Visual Poetry [Poética visual brasileira], Mexic-Arte Museum, Austin, EUA (2002); e seu trabalho Meio Monumento que integrou o 37° Panorama da Arte Brasileira, MAM São Paulo (2022).
Guilherme Peters
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1987)
Guilherme Peters nasceu em São Paulo, São Paulo, Brasil (1987). Formado em Bacharel em Artes Plásticas pela FAAP (2010), o artista torna visível em seus trabalhos a energia e o esforço despendidos para a realização das formas, seja através de onda sonora, correntes elétricas ou seu próprio fôlego. Entre suas exposições, destacamos a individual Palácio da Eternidade e a Valsa dos Esquecidos, no Palácio das Artes, Belo Horizonte, Minas Gerais (2011); Inimigo invisível, Fábrica Braço de Prata, Lisboa, Portugal (2022); e as coletivas 8ª Bienal do MERCOSUL – Ensaios de Geopoéticas, Porto Alegre, Rio Grande do Sul (2011); Artifice and Fiction [Artifício e ficção], no Institute of Contemporary Art of Singapore (2019).
Lia Chaia
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1978)
Lia Chaia nasceu em São Paulo, São Paulo, Brasil (1978). Formada em artes plásticas pela FAAP (2003), em paralelo também estudou dança e clown. A artista dilui as divisões entre suportes e linguagens para abordar temas sobre as percepções e vivências do cotidiano, e a tensão entre corpo, natureza e espaço urbano. Lia Chaia utiliza a participação do público como elemento central de sua produção, que muitas vezes se destacam pelo senso lúdico e a sagacidade. Entre suas exposições, marca-se as individuais Lia Chaia, no Centre de Creation Bazouges la Perouse, Bretanha, França (2005); É como dançar sobre a arquitetura, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2017); e sua participação através do coletivo SHEDEVIL, na 4ª edição da BIENALSUR Cuando la casa se queima [Quando a casa queima], Rosário, Argentina (2023).
Lucas Bambozzi
(Matão, São Paulo, Brasil, 1965)
Lucas Bambozzi nasceu em Matão, São Paulo, Brasil (1965). Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (1994), o artista multimídia destaca-se pelos trabalhos interativos. Lucas Bambozzi explora novos formatos de tecnologia, mídias independentes e utiliza o audiovisual para representar relações sensoriais através de imagens distorcidas e granuladas. Entre suas exposições, ressaltamos a individual O Espaço Entre Nós e os Outros,no Laboratório Arte Alameda, Cidade do México, México (2011); sua presença na 7ª Bienal de Havana, Cuba (2000); e na 1ª edição da BIENALSUR Pueblos en resistencia [Povos em resistência], Caracas, Venezuela (2017).
Marcelo Cidade
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1979)
Marcelo Cidade nasceu em São Paulo, São Paulo, Brasil (1979). Formado em Artes pela FAAP (1998), o artista utiliza escultura, instalação e intervenções públicas para abordar temas relacionados à cidade, arquitetura e dinâmicas sociais das ruas. Marcelo Cidade utiliza como matéria-prima de suas obras objetos cotidianos presentes nas cidades, como barricadas de concreto, cercas e correntes. Entre suas exposições, destacamos as individuais Espaço-entre, na La Casa Encendida, Madri, Espanha (2008); Normas, padrões e sistemas, na Galeria Motte et Rouart, Paris, França (2009); sua presença na 27ª Bienal de São Paulo, São Paulo (2006); e a coletiva Do Disturb [Perturbar], no Palais de Tokyo, Paris, França (2018).
Nicole Kouts
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1997)
Nicole Kouts nasceu em São Paulo, São Paulo, Brasil (1997). Formada em Artes Visuais pela Universidade Belas Artes (2018), a artista mescla técnicas analógicas e digitais de vídeo, fotografia, com performance, instalação, desenho e net art. Nicole Kouts intersecciona imagem, tempo e memória, tendo como base imagens relacionadas à sua experiência pessoal, familiar e geracional. Entre suas exposições, destacamos as individuais Enigmas, no Kunsthal NORD, Aalborg, Dinamarca (2023); Palavra Olho, na Phoenix Athens Gallery, Atenas, Grécia (2024); as coletivas Réseaux-mondes, Centre Pompidou, Paris, França (2022); e sua participação na 3ª Bienal de Paxos, Paxos, Grécia (2024).
Rafaela Kennedy
(Manaus, Amazonas, Brasil, 1994)
Rafaella Kennedy nasceu em Manaus, Amazonas, Brasil (1994). A artista visual trabalha com fotografia, moda e performance e utiliza essas linguagens para abordar a relação entre corpo e imagem. Rafaella Kennedy propõe em seus trabalhos novos imaginários para as populações originárias e negras que desafiam e tencionam o apagamento sofrido por esses grupos. Entre suas exposições, destacamos suas participações nas coletivas Invenção dos Reinos, Oficina Francisco Brennand, Recife, Pernambuco (2023); e 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus, MAM São Paulo (2024). Suas obras também integram coleções de importantes museus, como MAM São Paulo, Museu Afro Brasil, São Paulo e Fundación Casa Wabi, Puerto Escondido, México.
Rodrigo Cass
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1983)
Rodrigo Cass nasceu em São Paulo (1983), vive e trabalha em São Paulo. Entre (2000-2008) foi religioso Carmelita da Ordem do Carmo. Em 2006 concluiu o Bacharelado em Artes Plásticas na Faculdade Santa Marcelina em São Paulo e estudou dois anos (2007-2008) de Filosofia e Teologia na Faculdade Jesuíta em Belo Horizonte. Em (2010-2011) foi selecionado para o programa Bolsa Pampulha e participou do Arte Pará no Museu Histórico do Estado do Pará. Participou do PIESP (2011-2012), Programa Independente da Escola São Paulo.
Sansa Rope
(São Paulo – 1993)
Sansa Rope nasceu em São Paulo, é artista, performer, e educadora. Pesquisa sobre shibari desde 2016, e seu trabalho perpassa sobre questões de gênero, sexualidade, e a posição da mulher na sociedade.
Atualmente leciona shibari e organiza eventos voltados para a prática, com o intuito de provocar o espectador para uma narrativa onde é possível explorar uma visão que ultrapassa fronteiras físicas
Sara Ramo
(Madri, Espanha,1975)
Sara Ramo nasceu em Madri, Espanha (1975). Formada em Artes Visuais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a artista ressignifica objetos do cotidiano ao colocá-los em lugares inusitados e transformá-los em instalações, esculturas ou assemblages para abordar novas formas de ver e lidar com a realidade e a relação entre o visível e o invisível. Entre suas exposições, destacamos a individual lindaviejalocabruja [lindavelhaloucabruxa], no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha (2019); suas participações em dois Panoramas da Arte Brasileira, MAM São Paulo (2003 e 2011); e em duas edições da Bienal de São Paulo (2010 e 2019).
Tiago Rivaldo
(Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1976)
Tiago Rivaldo nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (1976). O artista aborda a relação entre identidade e território, pessoa e lugar, retrato e paisagem, por meio de intervenções urbanas, performances e recursos audiovisuais.Tiago Rivaldo realiza sua produção através da identificação com o exterior, em que ele busca se desconhecer e criar personagens de si mesmo. Entre suas exposições, destacamos sua participação como integrante do coletivo Clube da Lata no 27º Panorama da Arte Brasileira com as obras Sem título e O lado de dentro de um outdoor, MAM São Paulo (2001); a coletiva 4º Abre-alas, a Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2008); sua presença no 29° Salão Arte Pará (2010); e 9ª Bienal do MERCOSUL, Porto Alegre (2013).
imagens
Berna Reale, Americano (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão
Cao Guimarães, Sin Peso (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão
Cinthia Marcelle, Cruzada (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão
Guilherme Peters e Sansa Rope, Etrom uo Aicnêdnepedni (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão
Lucas Bambozzi, Love stories (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão.
Nicole Kouts, Monólogo (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão.
Berna Reale, Americano (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão
Cao Guimarães, Sin Peso (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão
Cinthia Marcelle, Cruzada (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão
Guilherme Peters e Sansa Rope, Etrom uo Aicnêdnepedni (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão
Lucas Bambozzi, Love stories (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão.
Nicole Kouts, Monólogo (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still: Marina Paixão.
serviço
MAM na Cinemateca: corpo e cidade em movimento
vídeos da doação Chaia
Sessão acessível:
das 17h às 18:30
Período expositivo:
16 de julho de 2025, das 19h às 21h30
Curadoria:
Cauê Alves e Miguel Chaia
realização
MAM São Paulo e Cinemateca Brasileira
Endereço:
Cinemateca Brasileira (Largo Sen. Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino)
O Jardim de Esculturas do MAM é um marco do Parque Ibirapuera, um local emblemático de lazer e convivência na cidade de São Paulo. Como uma zona de transição entre o MAM e o seu hábitat urbano, o jardim transborda as fronteiras do espaço museológico convencional e, sem obstruir a passagem daqueles que por ali caminham, proporciona ao público uma fruição do espaço compartilhado através da arte. Oficialmente inaugurado em 1993, a história do Jardim do MAM acompanha o próprio desenvolvimento do museu e de sua presença no Parque Ibirapuera. Documentos apontam que, pouco após a inauguração da sede do MAM no parque, em 1969, o museu logo se preocupou com o cuidado das obras esparsamente presentes ali e se empenhou na constituição de um “Jardim de Esculturas” com obras de sua própria coleção. Com a reforma na década de 1980, que instaurou no museu sua característica fachada de vidro e transformou sua relação com o parque e a cidade, a ocupação do Jardim foi intensificada. A organização curatorial consolidou-se em 1993, quando as obras foram reposicionadas, e o espaço entre a Oca, o pavilhão da Bienal e o MAM recebeu um paisagismo assinado pelo escritório de Roberto Burle Marx, em parceria com Haruyoshi Ono.
Roberto Burle Marx (1909-1994) foi um dos grandes nomes do modernismo brasileiro, com uma obra que, através de diversos suportes, contribuiu para os campos do paisagismo, do urbanismo e da ecologia. Suas contribuições foram essenciais para consolidar os jardins como formas de expressão artística capazes de ressignificar espaços de circulação e, especialmente, de importância pública. Entre 1992 e 1993, Burle Marx realizou um projeto paisagístico para o Parque Ibirapuera que contemplou, com destaque, a área externa do MAM e as obras de sua coleção ali expostas. O Jardim de Esculturas já havia integrado duas versões anteriores do projeto de Burle Marx para o Parque, em 1953 e 1974, mas apenas na década de 1990 foi realizado integralmente. Idealizado pelo autor como “um espaço para estimular, na comunidade, a prática da convivência artística”, o paisagismo no Jardim do MAM introduziu novas espécies vegetais – agrupadas de modo a realçar seus traços comuns e, ao mesmo tempo, explorar suas diferentes texturas e cores – e instaurou os caminhos trilhados por britas, pedriscos e gramados, que conduzem o visitante até as obras.
Neste momento em que o MAM está fora de sua sede em razão da reforma da marquise do Parque Ibirapuera, propomos uma espécie de reencenação do Jardim do MAM no Sesc Vila Mariana, mas sem pretensões de reconstituir, literalmente, seus elementos vegetais ou apresentar as mesmas obras que compõem o espaço original. Influenciados pela volumosa produção de Burle Marx, em especial os desenhos e pinturas realizados no processo de concepção de muitos dos seus projetos paisagísticos, elaboramos uma expografia cuja arquitetura se baseia nas espacialidades, cores, formas e linhas de dois importantes projetos: o Jardim de Esculturas do MAM, no Parque Ibirapuera, e o jardim do Palácio Gustavo Capanema, antiga sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro. Do primeiro, vieram as espécies de “ilhas” que agrupam as obras da exposição e as variações topográficas do terreno do Jardim do MAM, refletidas nas diferentes alturas que configuram essas “ilhas”. As cores e os desenhos das bases foram inspirados por uma pintura de Burle Marx realizada como estudo para o jardim do Palácio Gustavo Capanema, em 1938, que projeta uma área delimitada por contornos sinuosos e representa diferentes espécies vegetais com uma variedade de manchas coloridas, igualmente sinuosas.
A exposição no Sesc Vila Mariana inclui obras que integram, ou já integraram, o conjunto em exposição no Jardim de Esculturas do Parque Ibirapuera e obras da coleção do MAM que se relacionam, por diferentes vias, com a natureza, o corpo, a cidade, a materialidade, e com linguagens que expressam algumas das tensões inescapáveis à sociedade. De modo similar às ativações realizadas rotineiramente pelo MAM Educativo no Jardim de Esculturas, os educadores do museu realizarão ações no período da exposição que colocarão em evidência várias formas de se relacionar com o paisagismo de Burle Marx que reinterpretamos aqui.
Cauê Alves e Gabriela Gotoda curadores
Lugares que se visitam, atitudes que se combinam
As unidades do Sesc são repletas de opções de uso do tempo livre. Nelas, os públicos podem desfrutar de diversos ambientes e experiências, de formas combinadas e, não raro, casuais. Suas arquiteturas e atividades programáticas favorecem encontros inesperados, fomentando estados de surpresa diante daquilo que extrapola as intenções iniciais de frequentação por parte de cada pessoa ou grupo. Essa política ampliada de acesso inclui aproximações com outras instituições, como no caso da presente parceria com o Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo.
Originário do Parque Ibirapuera, o Jardim de Esculturas do MAM aporta no Sesc Vila Mariana, onde permanece por alguns meses. Joga-se, assim, com a sobreposição de marcos urbanos – quando, em termos metafóricos, um lugar visita o outro. Peças tridimensionais modernas e contemporâneas deixam temporariamente o entorno do museu e se espalham pela planta livre dessa unidade, chamando à apreciação mais ou menos passageira. A configuração expositiva que as reapresenta, aqui, é inspirada no paisagismo de Roberto Burle Marx, expoente do modernismo brasileiro.
Tal conjunto escultórico se espraia pelo caminho de quem eventualmente vai à comedoria, à clínica odontológica, à piscina, às salas de ginástica. Trata-se de um convite a descobertas em trânsito. Esse, aliás, é um dos trunfos do trabalho educativo do Sesc, na modalidade informal, com a fruição estética sendo articulada com os movimentos da vida. A proposta explora, dessa maneira, os deslocamentos em suas distintas acepções, fazendo da transferência momentânea do “jardim escultórico” mais uma oportunidade de combinação entre as atitudes distraída e contemplativa.
Luiz Deoclecio Massaro Galina Diretor do Sesc São Paulo
Disponibilização de catálogos em versão digital que pode ser processada por sistemas de leitura e ampliação de tela (clique aqui para acessar as publicações); recursos de audioguia com audiodescrição e videoguia em Libras com legendas em português nas exposições;
ferramenta de Libras digital por meio da tecnologia Hand Talk e ferramenta de controle de fonte e cor para pessoas com baixa visão na visita ao site;
utilização de legendas descritivas e texto alternativo nas postagens nas redes sociais, com a hashtag #DescriçãoDoVideo e hashtag #PraTodoMundoVer;
Disponibilização de materiais táteis e multissensoriais das obras do acervo
Além das medidas acima, é possível agendar com o Educativo visitas mediadas gratuitas com educadores para público surdo, com deficiência visual, com deficiência física, intelectual e usuários de equipamentos de saúde mental e em situação de vulnerabilidade social e horários alternativos planejados para atendimento de público dentro do Transtorno do Espectro Autista de acordo com as características distintas de cada sujeito pensadas em relação a: socialização, sensorialidade, comunicabilidade e autonomia. solicitar pelo e-mail educativo@mam.org.br
Intérprete de libras e Audiodescrição ao vivo nas atividades quando solicitado com até 48h de antecedência solicitar pelo e-maileducativo@mam.org.br
Em certas atividades, poderão ser oferecidas medidas adicionais de acessibilidade, que estarão indicadas nos materiais de divulgação.
Mantenedores do MAM São Paulo
realização
artistas
Hisao Ohara
(Karafuto, Japão, 1931 – Mirandópolis, SP, Brasil, 1989)
Felícia Leirner
(Varsóvia, Polônia, 1904 – Campos do Jordão, SP, Brasil, 1996)
Foi uma escultora polonesa naturalizada brasileira. Chegou ao Brasil em 1927 e iniciou sua carreira artística aos 44 anos. Com obras marcadas pela síntese formal e expressão lírica, integrou a geração modernista brasileira.
Marepe
(Santo Antônio de Jesus, BA, Brasil, 1970)
é artista visual conhecido por obras que misturam escultura, instalação e performance com objetos do cotidiano nordestino. Sua produção explora temas como deslocamento, identidade e desigualdade social, com humor e lirismo.
Foto: Zanone Fraissat | Folhapress
Regina Silveira
(Porto Alegre, RS, 1939 – Vive e trabalha em São Paulo, SP)
É graduada em Artes Plásticas pelo Instituto de Artes da UFRGS (1959), além de ter um mestrado (1980) e Ph.D. (1984) na Escola de Comunicação e Artes da USP – Universidade de São Paulo. A artista participou de várias bienais, como Bienal de São Paulo (1981, 1983, 1998, 2021); Bienal Internacional de Curitiba (2013, 2015); Bienal do Mercosul (2001, 2011), em Porto Alegre e Bienal de La Habana, em Cuba (1986, 1998 e 2015). Algumas de suas exposições coletivas mais recentes são Walking through Walls (Martin Gropius Bau, Alemanha, 2019) e Radical Women: Latin American Art, 1960-1985 (Hammer Museum, EUA, 2017). As últimas exposições individuais de Regina são: Limiares (Paço das Artes, Brasil, 2020); Up There (Farol Santander, Brasil, 2019); EXIT (MuBE, Brasil, 2018); Unrealized / NãoFeito (Alexander Gray Associates, EUA, 2019); Todas As Escadas (Instituto Figueiredo Ferraz, Brasil, 2018), e Crash (Museu Oscar Niemeyer, Brasil, 2015). Entre outros, recebeu os prêmios Prêmio MASP (2013), Prêmio APCA pela trajetória (2011) e Prêmio Fundação Bunge (2009). A artista também recebeu bolsas da Fundação John Simon Guggenheim (1990), Fundação Pollock-Krasner (1993) e Fundação Fulbright (1994).
Ivens Machado
(Florianópolis, SC, Brasil, 1942 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2015)
Ivens Machado nasceu em Florianópolis, SC, Brasil (1942), e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, Brasil (2015). Iniciou sua trajetória com obras em papel e vídeos experimentais nos anos 1970, marcados por temas como sexualidade, violência e poder. A partir da década seguinte, voltou-se à escultura e à instalação. Passou a utilizar materiais da construção civil como concreto, cacos de vidro e vergalhões para criar formas brutas e ambíguas, inspiradas na arquitetura vernacular brasileira e nas tensões do corpo humano, desde a agressividade até o erotismo. Destacam-se suas retrospectivas Ivens Machado, no Musée d’Art Contemporain de Nîmes, França (2025), e Ivens Machado, no Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil. Também participou das 12ª, 13ª, 16ª e 22ª Bienais de São Paulo (1973, 1975, 1981, 1994).
Foto: Rodrigo Trevisan/Divulgação
Bruno Giorgi
(Mococa, SP, Brasil, 1905 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1993)
foi um escultor brasileiro de origem italiana, destacado no modernismo brasileiro. Filho de imigrantes italianos, mudou-se para Roma com a família em 1911. Na década de 1920, envolveu-se com movimentos antifascistas, sendo preso e condenado a sete anos de prisão. Após cumprir quatro anos, foi extraditado para o Brasil por intervenção diplomática. Em 1937, estudou na Académie de la Grande Chaumière e na Académie Ranson em Paris, onde foi aluno de Aristide Maillol e conviveu com Henry Moore e Marino Marini. De volta ao Brasil em 1939, integrou-se ao movimento modernista, colaborando com artistas como Vitor Brecheret e Mário de Andrade. Em 1943, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde atuou como professor e mentor de jovens artistas. Sua obra é marcada por formas geométricas e abstração, utilizando materiais como bronze e mármore.
Ottone Zorlini
(Treviso, Itália, 1891 – São Paulo, SP, Brasil, 1967)
Foi um pintor, escultor, desenhista e ceramista ítalo-brasileiro. Natural de família humilde, iniciou sua trajetória profissional aos 13 anos, trabalhando em uma fábrica de cerâmica. Mudou-se para Veneza, onde cursou a Academia de Belas-Artes e frequentou os ateliês dos escultores Umberto Feltrin e Guido Cacciapuoti. Em 1927, imigrou para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Aqui, destacou-se na produção de monumentos públicos, como o Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico, na represa de Guarapiranga. Além disso, participou ativamente da vida artística paulistana, integrando-se ao grupo de pintores que frequentavam as sessões de modelo vivo, como Alfredo Volpi, Mário Zanini e Penacchi. Zorlini também foi responsável por diversos túmulos e bustos em cemitérios de São Paulo. Faleceu em 1967, deixando um legado significativo nas artes visuais brasileiras
Mário Agostinelli
(Arequipa, Peru, 1915 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2000)
foi um pintor e escultor peruano radicado no Brasil. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes com Daniel Hernandez. Chegou ao Brasil em 1945, realizando sua primeira exposição no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Após residir na França e nos Estados Unidos, fixou-se definitivamente no Brasil em 1969, adquirindo a cidadania brasileira. Sua obra transita entre o expressionismo e o abstrato, com destaque para esculturas em bronze de figuras humanas e animais.
Nicolas Vlavianos
(Atenas, Grécia, 1929 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)
Foi um escultor e desenhista grego radicado no Brasil desde 1959. Formado pela École Supérieure des Beaux-Arts e pelo Instituto de Urbanismo da Universidade de Paris, iniciou sua carreira com influências do construtivismo e da arte cinética. Suas esculturas, geralmente em metal, exploram o movimento, o espaço e o equilíbrio.
Foto: Mastrangelo Reino/Folhapress
Luiz 83
(São Paulo, SP, 1983 – vive em São Paulo)
Luiz 83 é o nome artístico de Luiz dos Santos Menezes. Autodidata, sua formação decorre da experiência adquirida nas ruas da cidade como “pixador”, atividade que ofereceu o princípio de um vocabulário plástico que vem sendo refinado a partir de pesquisas que o artista desenvolve com considerável grau de inventividade em meios mais convencionais como o desenho, a pintura e a escultura. Sua experiência profissional como montador de exposições de arte também lhe oferece a oportunidade de permanecer em íntimo contato com obras de caráter clássico e contemporâneo, oportunidade que resulta em conhecimento sensivelmente assimilado. Em suas obras é possível perceber um concretismo de tipo bastante peculiar e sem dúvida sofisticada nas soluções formais e nos arranjos conceituais e de natureza POP qualidade também percebida através de um cromatismo que em geral privilegia cores brilhantes de luminosidade intensa. O artista também tem se dedicado a performances onde coloca em questão o lugar social do negro e tematiza a relação do corpo com seu fazer artístico e interações com a cidade. O artista participou de várias mostras individuais e coletivas entre quais se destacam a individual “Z” na galeria Tato e as coletivas “Tendências da Street Art” no Museu Brasileiro de Escultura e “Pretatitude: insurgências, emergências e afirmações na arte contemporânea afro-brasileira” nos SESC Ribeirão Preto, São Carlos, Vila Mariana e Santos”.
Amilcar de Castro
(Paraisópolis, MG, Brasil, 1920 – Belo Horizonte, MG, Brasil, 2002)
foi um escultor, desenhista, gravador, diagramador e professor brasileiro, reconhecido como um dos principais nomes do neoconcretismo no Brasil. Sua obra escultórica é marcada pelo uso de chapas de ferro cortadas e dobradas em uma única operação, explorando a relação entre forma, espaço e matéria.
Mari Yoshimoto
(Santa Rosa de Viterbo, SP, Brasil, 1931 – São Paulo, SP, Brasil, 1992)
Foi uma artista plástica, escultora, joalheira e figurinista brasileira de ascendência japonesa. Sua formação artística foi ampla e interdisciplinar: estudou pintura com Massao Okinaka (1955–1957), arquitetura contemporânea no Instituto Goethe, história da arte, etnologia e arqueologia no MASP, estética com Anatol Rosenfeld, teatro com Zé Celso e comunicação visual com Flávio Império.
Emanoel Araujo
( Santo Amaro, BA, Brasil, 1940 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)
foi um artista visual, curador e museólogo brasileiro, reconhecido por sua contribuição à valorização da cultura afro-brasileira.
Nascido em uma família de ourives, iniciou sua formação artística na juventude, trabalhando com marcenaria e tipografia. Estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, destacando-se em gravura e escultura. Em 1972, recebeu a medalha de ouro na 3ª Bienal Internacional de Arte Gráfica de Florença.
Foto: Museu Afro Brasil/Divulgação
Rubens Mano
(São Paulo, SP, Brasil, 1960)
é um artista visual brasileiro cuja obra investiga a relação entre espaço, imagem e paisagem urbana. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Santos em 1984, aprofundou seus estudos em fotografia e concluiu mestrado em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP em 2003.
Marcia Pastore
(São Paulo, SP, 1964)
É uma artista visual brasileira cuja obra transita entre escultura, instalação e arquitetura. Desde o final dos anos 1980, desenvolve uma pesquisa que investiga a relação entre corpo, espaço e matéria, utilizando materiais como ferro, gesso, borracha, vidro, cabos de aço e elementos arquitetônicos. Suas obras exploram forças físicas como tensão, peso e equilíbrio, criando estruturas que dialogam com o espaço expositivo e desafiam a percepção do espectador.
Eliane Prolik
(Curitiba, PR, Brasil, 1960)
É uma artista visual brasileira cuja obra transita entre escultura, instalação e objeto, explorando a relação entre forma, espaço e percepção. Graduada em Pintura e especializada em História da Arte do Século XX pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), aprofundou seus estudos na Itália com o artista Luciano Fabro, ligado à arte povera, na Accademia di Belle Arti di Brera, em Milão.
Desde o final dos anos 1980, Prolik desenvolve uma produção tridimensional marcada por estruturas geométricas que se desdobram no espaço, utilizando materiais como cobre, alumínio e aço. Suas obras frequentemente evocam objetos cotidianos, tensionando a percepção entre o familiar e o abstrato, o leve e o pesado, o estático e o dinâmico.
Haroldo Barroso
(Fortaleza, CE, Brasil, 1935 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1989)
Foi um escultor, arquiteto e paisagista brasileiro cuja obra se destaca pela integração entre arte, arquitetura e paisagem urbana. Formado em Arquitetura pela Universidade do Brasil em 1959, colaborou com Roberto Burle Marx entre 1954 e 1960, participando de projetos de jardins, painéis e murais escultóricos.
Sua produção escultórica, marcada por formas geométricas e materiais como madeira, metal e granito, está presente em espaços públicos como o Palácio do Planalto, em Brasília, e o Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Destaca-se também o “Monumento à Juventude”, instalado em 1974 próximo ao Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
curadoria
Cauê Alves
É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).
Gabriela Gotoda
(São Paulo, 1998)
Gabriela Gotoda é pesquisadora e curadora de artes visuais. Bacharel em Arte: História, Crítica e Curadoria pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, publicou textos biográficos sobre Edgar Degas (MASP, 2021), John Graz (Pinacoteca de São Paulo, 2021) e Ozias (Danielian, 2024) e atua com curadoria e processos editoriais em instituições de arte e galerias em São Paulo desde 2019. Integra a equipe curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2022, onde é responsável pelo acompanhamento curatorial das publicações do museu e da curadoria das exposições “Lina Bo Bardi e o MAM no Parque” (2023), “Clube de colecionadores MAM São Paulo: Técnicas de diversão na arte contemporânea” (2024), e “MAM São Paulo: Encontros entre o moderno e o contemporâneo” (2025)
imagens
Amilcar de Castro, Sem título, 1971. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Haroldo Barroso, Sem título, 1977. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Hisao Ohara, Pedra Torcida, 1985. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Marepe, O telhado, 1998. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Marcelo Arruda
Luiz 83, Sem título, 2025. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Renato Parada
Amilcar de Castro, Sem título, 1971. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Haroldo Barroso, Sem título, 1977. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Hisao Ohara, Pedra Torcida, 1985. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Romulo Fialdini
Marepe, O telhado, 1998. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Marcelo Arruda
Luiz 83, Sem título, 2025. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto: Renato Parada
mídias assistivas
Texto curatorial em linguagem simples – Jardim do MAM no SESC
Descrição espaço
Mario Agostinelli – Cavalo – 1971
Regina Silveira – Masterpieces In Absentia Calder – 1998
Ivens Machado – Sem título – 1985
Roberto Moriconi – Intervenção na árvore – 1974
Bruno Giorgi – Atleta em descanso – 1976
Alfredo Ceschiatti – Flora – 1957
Alfredo Ceschiatti – Tanagra – 1955
Amilcar de Castro – Ferro – 1971
Mari Yoshimoto – Escultura II – 1975
Nicolas Vlavianos – Pássaro – 1971
Emanoel Araújo – Estrutura vermelha – 1981
Rubens Mano – Sem título – 2000
Haroldo Barroso – Sem título – 1977
Marepe – O Telhado – 1998
Luiz 83 – Sem título – 2015
Márcia Pastore
Alfredo Ceschiatti – As irmãs
Hisao Ohara – Pedra torcida
Felícia Leirner – Escultura
Eliane Prolik – Aparador
Videoguia | 01. Introdução
Videoguia | 02. Jardim de esculturas do MAM
Videoguia | 03. O jardim de Burle Marx
Videoguia | 04. Reencenação do Jardim do MAM no Sesc Vila Mariana
Videoguia | 05. Artistas e obras
Videoguia | 06. A relação com a obra e o educativo
serviço
Exposição:
Jardim do MAM no Sesc
Local:
Sesc Vila Mariana
Curadoria:
Cauê Alves e Gabriela Gotoda
Abertura:
14 de maio, quarta-feira, às 19h
Período expositivo:
15 de maio a 31 de agosto de 2025
Endereço:
R. Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo – SP
Entrada gratuita
Sensibilidades em transmutação
Entre o que se queima e o que renasce, diversos processos naturais se dão por meio do fogo e seu poder de transformação. Em uma conjuntura em ebulição — seja em termos das mudanças sociais que se sobrepõem, seja no sentido literal, que se apresenta com o aquecimento global —, sublinha-se o papel da arte enquanto prática dedicada a articular simbolicamente o real.
A 38ª edição do Panorama da Arte Brasileira: Mil Graus chega ao Sesc Campinas como brasa viva, reunindo produções que iluminam e elaboram sensibilidades, identidades e experiências provenientes de diversos contextos do país. Constituindo-se como reflexão crítica à realidade nacional, a mostra reúne artistas cujas práticas atravessam questões urgentes: do ecológico ao tecnológico, do político ao espiritual.
Como matéria em transmutação, essas produções amolecem limites da linguagem e ativam memórias coletivas contra hegemônicas, propondo não apenas reflexão, mas ação. A partir de uma compreensão do espaço expositivo como ambiente onde contrastes e conexões se fundem, as obras selecionadas operam como dispositivos de fissura — expõem rachaduras em lógicas cristalizadas e sugerem novos modos de habitar o mundo.
Com esta itinerância da mostra, inaugurada em 2024 no MAC USP e realizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Sesc busca ampliar o acesso às camadas simbólicas que compõem a exposição. Além da visitação, a programação inclui mediações educativas que aprofundam as instâncias de partilha entre artistas e públicos. Como os estados transitórios da matéria que o calor enseja, interessa à instituição constituir-se como espaço educativo em que processos subjetivos entre o que foi e o que está por vir se dão, revelando-se nas experiências criadoras próprias ao campo artístico.
Luiz Deoclecio Massaro Galina Diretor do Sesc São Paulo
A série Panorama da Arte Brasileira é um marco na história das exposições. Iniciado em 1969, o Panorama do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) contribuiu com suas diversas mostras para a formação do acervo de arte contemporânea do museu.
Com curadoria de Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala, a presente edição, intitulada Mil graus, aborda o mundo contemporâneo a partir de condições extremas, tanto no sentido de questões históricas e sociopolíticas, como também em relação a discussões ecológicas e tecnológicas, promovendo iniciativas que estimulem a reflexão sobre arte na nossa sociedade.
Faz alguns anos que o MAM tem estabelecido parcerias com outras instituições culturais no estado de São Paulo. Realizar a itinerância do 38º Panorama da Arte Brasileira do MAM no Sesc Campinas é um novo momento de integração e soma de esforços em benefício da arte.
Elizabeth Machado Presidente da Diretoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo
Cauê Alves Curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo
Intitulado Mil graus, o 38º Panorama da Arte Brasileira elabora criticamente a realidade atual do país sob a noção de calor-limite — uma temperatura em que tudo se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira, estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética. Ao reunir artistas e outros agentes que abordam questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais, a exposição serve também como um ativador da memória e do debate público. Como conjunto, as obras driblam os limites da linguagem e seus sentidos preestabelecidos, revelando signos universais por meio de gestos e sotaques regionais. A ideia de uma temperatura oposta ao zero absoluto — ou seja, um quente absoluto — aponta os interesses deste Panorama por experiências radicais, condições extremas, sejam elas climáticas ou metafísicas, e estados transitórios da matéria e da alma que nos põem diante da transmutação como destino inevitável.
Ao longo do processo de pesquisa que fundamentou a exposição, cinco linhas conceituais emergiram para aterrar o pensamento curatorial. Como bússolas que orientam questões fundamentais do projeto, os eixos ajudaram na criação do recorte da cena contemporânea brasileira que está registrada neste Panorama. No entanto, não foram usados para segmentar a mostra e nem se aplicam como categorias ou agrupadores. São fios condutores que instigam reflexões e leituras e traçam possíveis relações entre os trabalhos a partir dessas perspectivas.
Ecologia geral
Noções ecológicas e práticas ambientais ampliadas que se orientam por uma visão de interconectividade total. Ao rejeitar dogmas antropocêntricos e dicotômicos que separam a cultura da natureza orgânica, esses movimentos abraçam a pluralidade das formas de vida e seus jogos biológicos. Sob um crescente senso de urgência, essas correntes de pensamento propõem outras concepções sobre a condição humana e traçam novos caminhos para atuarmos e nos relacionarmos com o planeta e seus muitos agentes.
Territórios originários
Narrativas e vivências de povos originários, quilombolas e de outros modos de vida fora da matriz uniformizante do capital, capazes de refletir visões alternativas sobre a invenção e a atual conjuntura do Brasil. Nesse sentido, invocam energias ancestrais, mitologias configurantes e consciências expandidas para trazer à tona invenções estéticas, tecnologias socioambientais e articulações transpolíticas. Seja na luta pela demarcação de terras ou em estratégias diversas para fortalecer comunidades autônomas, o que está em jogo é a multiplicação das possibilidades vitais diante do agouro de um futuro incerto.
Chumbo tropical
Leituras críticas que subvertem imaginários e representações do Brasil, pondo em xeque aspectos centrais da identidade nacional. Nesse sentido, contrastam — ou equacionam — os fetiches ligados à ideia de paraíso dos trópicos ao peso dos séculos de colonização escravocrata e extrativista, do colosso modernista, do ímpeto conservador e autoritário — e sua inevitável militarização —, e da eterna promessa de decolagem da economia. Essas propostas confrontam premissas funestas e incendeiam prisões históricas para desnaturalizar a devastação ambiental, a especulação financeira e a opressão racial.
Corpo-aparelhagem
Intervenções experimentais e reflexões sobre a contínua transmutação corpórea dos seres e das coisas, com seus hibridismos e suas inter-relações. Este eixo abrange a cultura de reprodução técnica, do sample e da apropriação; as relações entre tecnologia de ponta e gambiarra engenhosa; os efeitos da alta conectividade à internet; e as noções de biohacking e modificações corporais sob um imaginário ciborgue, transhumano e pós-humano. Imagens e sonoridades são remixadas, distorcidas e, por vezes, desmanchadas, como modo de encarar frontalmente as consequências radicais de um mundo em transformação vertiginosa.
Transes e travessias
Conhecimentos transcendentais, práticas espirituais e experiências extáticas que canalizam os mistérios vitais. São rituais, instrumentos e espaços que conjuram alentos para alimentar a alma e pulsões para animar o corpo, alcançando proteções, fundamentando resistências e reelaborando condições opressivas e traumas confinantes. São embarcações que navegam por encruzilhadas e atravessamentos, indo além das fronteiras da matéria e das percepções terrenas para conectar com o etéreo e coexistir com o desconhecido.
Mantenedores do MAM São Paulo
realização
A coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo, com mais de 77 anos de história, é marcada por transformações e reformulações que refletem sua importância para a arte moderna e contemporânea no Brasil. Desde a segunda metade da década de 1960, o acervo do MAM vem sendo renovado e ampliado. Contando com doações significativas de colecionadores, críticos e outros incentivadores da arte, assim como dos próprios artistas, o MAM reúne hoje mais de 5 mil obras. Grande parte delas, porém, corresponde à chamada “arte contemporânea”, que se refere, de modo geral, à produção dos artistas nos últimos 60 anos. Esse contingente supera em quantidade e volume as obras de “arte moderna”, aquelas usualmente vinculadas às vanguardas modernistas da primeira metade do século XX.
Diante do encontro entre arte moderna e contemporânea no acervo do MAM, podemos refletir sobre o debate recorrente em torno das definições de “modernidade” e “contemporaneidade” e os modos como estas se relacionam com as produções artísticas. Afinal, as narrativas históricas que pontuam a arte moderna e a arte contemporânea numa linha do tempo nem sempre dão conta de determinar a sua separação, à medida que partidos estéticos e assuntos convergem e se misturam, inclusive em inúmeras obras pertencentes à coleção do MAM.
Se o início da arte moderna se deu com as vanguardas europeias na virada entre os séculos XIX e XX, a produção dos modernistas brasileiros se estendeu pela maior parte desse último século, colocando-a, assim, em um ritmo próprio de elaboração e superação. De fato, o início da produção contemporânea no Brasil pode ser compreendido a partir do desdobramento de uma das últimas vanguardas modernistas, o construtivismo, nas vertentes concretista e neoconcretista e seu diálogo com vanguardas distópicas como a pop art.
A arte moderna nasce como uma ruptura com o passado e com a arte acadêmica. Já a arte contemporânea representa, para muitos, uma quebra em relação aos preceitos modernos, como o formalismo e a especificidade técnica dos suportes, introduzindo novas linguagens e mídias. A noção de vanguarda, típica da arte moderna, que sonhou em revolucionar o mundo e representou uma promessa de liberdade, tende a se perder no momento contemporâneo. Na arte mais recente, a ideia romântica de um mundo melhor perde espaço, assim como a crença na razão e no cientificismo, dando lugar para reflexões sobre a insustentabilidade dos nossos modos de vida e para microutopias almejadas individualmente.
Obras de diferentes períodos da história da arte brasileira recente estão reunidas em seis núcleos na exposição: “Natureza: fim da representação”, “Ambiente urbano: habitat da modernidade”, “Corpos: políticas da relação”, “Formas de construir e romper”, “Fragmentos, gestos e abstrações”, e “Mídias: tradições atualizadas”. Esses núcleos temáticos aproximam produções de tempos e contextos distintos para demonstrar que a recorrência de questões da modernidade na contemporaneidade é um dado próprio do tempo vivido e muitas vezes em períodos sobrepostos. No interior dos núcleos, trabalhos produzidos por artistas em atividade dialogam com obras vinculadas às vanguardas modernistas. Seja através de qualidades visuais, ou de procedimentos técnicos e conceituais, essas obras prolongam até os dias atuais questões inicialmente desveladas pela modernidade industrial, que continuam sendo desdobradas pelos esforços desenvolvimentistas e pelo avanço tecnológico. A percepção de continuidade nessas formas de pensar e revelar a realidade é justamente a ferramenta crítica que a sociedade necessita para lidar com os desafios distópicos que se apresentam a todo o mundo.
O acervo atual do MAM nos coloca, assim, questões que esbarram em problemáticas culturais, sociais e históricas: Qual é a relação entre as ideias de “moderno” e “contemporâneo”? Em que diferem e o que as aproxima? E como isso implica nas nossas formas de produzir cultura e narrar a história? Trata-se apenas de uma distinção de períodos ou estilos? Certamente há diferenças históricas e teóricas que merecem ampla discussão, mas, afinal, é possível traçar com precisão a fronteira visual e temporal entre a arte moderna e a arte contemporânea? De que modo isso se relaciona com a percepção do tempo histórico, e do tempo vivido? A exposição aponta para essas questões, não para respondê-las definitivamente, mas sim para contribuir com outras formas de abordagem, oferecendo ao público autonomia para se surpreender com as reflexões despertadas pela arte, seja de qual tempo ela for.
Intitulado Mil graus, o 38º Panorama da Arte Brasileira elabora criticamente a realidade atual do país sob a noção de calor-limite — uma temperatura em que tudo derrete, desmancha e se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira, estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética. Ao reunir artistas e outros agentes que abordam questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais, a exposição serve também como um ativador da memória e do debate público. Como conjunto, as obras driblam os limites da linguagem e seus sentidos preestabelecidos, revelando signos universais por meio de gestos e sotaques regionais. A ideia de uma temperatura oposta ao zero absoluto — ou seja, um quente absoluto — aponta os interesses deste Panorama por experiências radicais, condições extremas — climáticas ou metafísicas —, e estados transitórios — da matéria e da alma — que nos põem diante da transmutação como destino inevitável.
A série Panorama da Arte Brasileira, iniciada em 1969, é um marco na história das exposições. O primeiro Panorama da Arte Brasileira coincide com a instalação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em sua sede, na marquise do Parque Ibirapuera. Com o começo da reforma da marquise, em 2024, o MAM saiu temporariamente de sua sede e deve retornar no início de 2025. O calendário e todas as atividades do MAM foram mantidos graças ao apoio e acolhimento de instituições parceiras que possuem laços históricos com o museu, como a Fundação Bienal de São Paulo, que recebeu parte de sua equipe, e o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) que, além de ceder espaço para os colaboradores, abriga o 38º Panorama da Arte Brasileira.
Desenvolvido pelos curadores Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala, o projeto do 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus parte de uma expressão coloquial que possui múltiplos significados, mas sempre com o sentido de elevada intensidade. A mostra aponta para condições marcadas pelo calor, pelo derretimento e por mudanças drásticas em qualquer matéria existente. Na presente edição, o mundo contemporâneo é observado a partir de condições extremas, tanto no sentido de questões históricas e sociopolíticas, como em relação a discussões ecológicas e tecnológicas.
O MAM tem estabelecido parcerias com as instituições do eixo cultural do Parque Ibirapuera. Realizar o 38º Panorama da Arte Brasileira no MAC USP, além de uma aproximação histórica entre as duas instituições, é um momento de integração e soma de esforços em benefício da arte e seus públicos. O MAM agradece a receptividade do MAC USP.
Elizabeth Machado Presidente da Diretoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo
Cauê Alves Curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo
É com grande satisfação que o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) abre suas portas ao 38º Panorama da Arte Brasileira, realizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).
O MAC USP é um museu público criado em 1963 e, desde então, vem se dedicando à preservação, extroversão e atualização de um riquíssimo acervo de obras de arte do Brasil e do exterior. Como museu universitário, as atividades de ensino, pesquisa e extensão ancoram uma intervenção crítica e formativa atenta aos debates da arte moderna e contemporânea. Como tal, não poderíamos nos furtar a acolher em nossa sede essa instituição parceira em tantas iniciativas museológicas e curatoriais. Nas últimas décadas, o Panorama tornou-se um espaço fundamental de reconhecimento e problematização das tendências atuais da arte no Brasil. Contribuir para a manutenção de sua periodicidade, neste momento de reformas na sede do MAM, na marquise do Ibirapuera, é para nós, também, uma oportunidade de diálogo com as propostas e produções reunidas nesta edição da mostra, no 3º andar do prédio, além de algumas obras e intervenções no térreo.
Aproveitamos para convidar o público a visitar, também, as exposições do MAC USP atualmente em cartaz: Tempos Fraturados (6º e 7º andares); Circumambulatio: Anna Bella Geiger e Sacilotto Contemporâneo: cor, movimento, partilha (5º andar); Experimentações Gráficas: Doação Coleção Ivani e Jorge Yunes e Galeria de pesquisa: aspectos da coleção da Terra Foundation for American Art (4º andar) e Acervo Aberto (no anexo).