Arte indígena contemporânea é uma ideia para adiar o fim do mundo? Conversa de apresentação da exposição Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea, com Ailton Krenak, Jaider Esbell, Paula Berbert e Pedro Cesarino.
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com interpretação em Libras
Ailton Krenak é ativista, escritor e jornalista. Vive na aldeia Krenak às margens do Rio Doce, em Minas Gerais, e é um dos mais destacados líderes indígenas do país. Organizou a Aliança dos Povos da Floresta e ajudou na criação da União das Nações Indígenas (UNI), tendo papel fundamental nas lutas em defesa dos direitos indígenas nos anos 1970 e 1980. Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é autor de “Ideias para adiar o fim do mundo” e outras obras. É artista convidado da exposição Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea.
Jaider Esbell, do povo Macuxi, é artista multimídia e curador independente. A cosmovisão de seu povo, as narrativas míticas e a vida cotidiana nas Amazônias compõem a poética de seu trabalho, que se desdobra em desenhos, pinturas, vídeos, performances e textos. Definindo suas proposições artísticas como artivismo, as pesquisas de Esbell combinam discussões interseccionais entre arte, ancestralidade, espiritualidade, história, memória, política e ecologia. Tem destaque, suas elaborações sobre o txaísmo – modo de tecer relações de afinidades afetivas nos circuitos interculturais das artes pautadas pelo protagonismo indígena. No campo da crítica decolonial, sua trajetória e pesquisa prática evidenciam o que em geral se experimenta estritamente no plano do discurso. Realiza práticas de arte-educação em comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e urbanas periféricas, atuando especialmente em articulações junto a artistas indígenas da região circumroraimense, a partir de sua galeria de arte indígena contemporânea na cidade de Boa Vista – RR. Desde 2010 suas pinturas e desenhos circulam por exposições individuais e coletivas em várias cidades do Brasil e em países como Bélgica, EUA, França, Inglaterra e Itália. Em 2016 ganhou o Prêmio Pipa, categoria online, e em 2019 participou da mostra Vaivém no CCBB. Entre 2020 e 2021 participou ainda da exposição Vêxoa: nós sabemos, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. É artista convidado da 34ª Bienal de São Paulo e curador do projeto Moquém_Surarî, mostra de arte indígena contemporânea que estará em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo no segundo semestre de 2021.
Paula Berbert é antropóloga, assistente de curadoria e produtora. É doutoranda no Programa de Pós-graduação em Antropologia da USP, onde realiza pesquisa sobre arte indígena contemporânea. Atua nos campos da curadoria e mediação intercultural, articulando iniciativas de artistas e cineastas indígenas aos sistemas ocidentais de arte e cinema. Tem experiência em comunidades pedagógicas formais e não-formais, especialmente nos temas da arte-educação e artivismo, dos direitos humanos e socioambientais, questões indígenas, feministas e decoloniais. É graduada em Ciências Sociais (2009, Universidade Estadual de Campinas), mestre em Antropologia (2017, Universidade Federal de Minas Gerais), e especialista em Estudos e Práticas Curatoriais (2019, Fundação Armando Álvares Penteado). Atualmente é assistente curatorial de Jaider Esbell na exposição Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, e pesquisadora dos projetos que Esbell, Daiara Tukano, Gustavo Caboco e Sueli Maxakali apresentarão na 34ª Bienal de São Paulo.
Pedro de Niemeyer Cesarino é professor do Departamento de Antropologia da FFLCH/USP e doutor em antropologia social pelo Museu Nacional da UFRJ. Especialista em etnologia indígena e nas relações entre antropologia, arte e literatura, publicou diversos artigos e livros, entre os quais “Oniska – poética do xamanismo na Amazônia” (Ed. Perspectiva, 2011, Prêmio Jabuti de Ciências Humanas 2012), “Quando a Terra deixou de falar – cantos da mitologia marubo” (Ed. 34, 2013) e “Políticas culturais e povos indígenas”, com Manuela Carneiro da Cunha (Ed. Cultura Acadêmica, 2014, Prêmio Jabuti de Ciências Humanas 2015). Como autor de ficção, publicou também o romance “Rio Acima” (Companhia das Letras, 2016, semifinalista do Prêmio Oceanos 2017). É consultor da exposição Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea.
Essa atividade faz parte do Programa de Visitação, com patrocínio Pinheiro Neto Advogados.
Legenda: Sueli Maxakali, Tartaruga, série Yãmiy/homem-espírito (detalhe), 2009. Fotografia sobre papel algodão, 26,7 x 40 cm. Acervo da artista