38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus

38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus

05 out 24 – 26 jan 25
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Intitulado Mil graus, o 38º Panorama da Arte Brasileira elabora criticamente a realidade atual do país sob a noção de calor-limite — uma temperatura em que tudo derrete, desmancha e se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira, estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética. Ao reunir artistas e outros agentes que abordam questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais, a exposição serve também como um ativador da memória e do debate público. Como conjunto, as obras driblam os limites da linguagem e seus sentidos preestabelecidos, revelando signos universais por meio de gestos e sotaques regionais. A ideia de uma temperatura oposta ao zero absoluto — ou seja, um quente absoluto — aponta os interesses deste Panorama por experiências radicais, condições extremas — climáticas ou metafísicas —, e estados transitórios — da matéria e da alma — que nos põem diante da transmutação como destino inevitável.


A série Panorama da Arte Brasileira, iniciada em 1969, é um marco na história das exposições. O primeiro Panorama da Arte Brasileira coincide com a instalação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em sua sede, na marquise do Parque Ibirapuera. Com o começo da reforma da marquise, em 2024, o MAM saiu temporariamente de sua sede e deve retornar no início de 2025. O calendário e todas as atividades do MAM foram mantidos graças ao apoio e acolhimento de instituições parceiras que possuem laços históricos com o museu, como a Fundação Bienal de São Paulo, que recebeu parte de sua equipe, e o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) que, além de ceder espaço para os colaboradores, abriga o 38º Panorama da Arte Brasileira.

Desenvolvido pelos curadores Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala, o projeto do 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus parte de uma expressão coloquial que possui múltiplos significados, mas sempre com o sentido de elevada intensidade. A mostra aponta para condições marcadas pelo calor, pelo derretimento e por mudanças drásticas em qualquer matéria existente. Na presente edição, o mundo contemporâneo é observado a partir de condições extremas, tanto no sentido de questões históricas e sociopolíticas, como em relação a discussões ecológicas e tecnológicas.

O MAM tem estabelecido parcerias com as instituições do eixo cultural do Parque Ibirapuera. Realizar o 38º Panorama da Arte Brasileira no MAC USP, além de uma aproximação histórica entre as duas instituições, é um momento de integração e soma de esforços em benefício da arte e seus públicos. O MAM agradece a receptividade do MAC USP.

Elizabeth Machado
Presidente da Diretoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo

Cauê Alves
Curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo


É com grande satisfação que o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) abre suas portas ao 38º Panorama da Arte Brasileira, realizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

O MAC USP é um museu público criado em 1963 e, desde então, vem se dedicando à preservação, extroversão e atualização de um riquíssimo acervo de obras de arte do Brasil e do exterior. Como museu universitário, as atividades de ensino, pesquisa e extensão ancoram uma intervenção crítica e formativa atenta aos debates da arte moderna e contemporânea. Como tal, não poderíamos nos furtar a acolher em nossa sede essa instituição parceira em tantas iniciativas museológicas e curatoriais. Nas últimas décadas, o Panorama tornou-se um espaço fundamental de reconhecimento e problematização das tendências atuais da arte no Brasil. Contribuir para a manutenção de sua periodicidade, neste momento de reformas na sede do MAM, na marquise do Ibirapuera, é para nós, também, uma oportunidade de diálogo com as propostas e produções reunidas nesta edição da mostra, no 3º andar do prédio, além de algumas obras e intervenções no térreo.

Aproveitamos para convidar o público a visitar, também, as exposições do MAC USP atualmente em cartaz: Tempos Fraturados (6º e 7º andares); Circumambulatio: Anna Bella Geiger e Sacilotto Contemporâneo: cor, movimento, partilha (5º andar); Experimentações Gráficas: Doação Coleção Ivani e Jorge Yunes e Galeria de pesquisa: aspectos da coleção da Terra Foundation for American Art (4º andar) e Acervo Aberto (no anexo).

Boa visita!

José Tavares Correia de Lira
Diretor do MAC USP

Esther Império Hamburger
Vice-Diretora do MAC USP


 
patrocínio 
parceria institucional 
realização 
curadoria
Germano Dushá
(Serra dos Carajás (PA), 1989 )
Thiago de Paula Souza
(Taboão da Serra (SP), 1985 )
Ariana Nuala
(Recife (PE), 1993 )
artistas
Adriano Amaral
(Ribeirão Preto (SP), 1982)
Advânio Lessa
(Ouro Preto (MG), 1981)
Ana Clara Tito
(Rio de Janeiro (RJ), 1993)
Antonio Tarsis
(Salvador (BA), 1995)
Davi Pontes
(Rio de janeiro (RJ), 1990)
Dona Romana
(Natividade (TO), 1941)
Frederico Filippi
(São Carlos (SP), 1983)
Gabriel Massan
(Nova Iguaçu (RJ), 1996)
Ivan Campos
(Rio Branco (AC), 1960)
Jayme Fygura
(Cruz das Almas (BA), 1951 - Salvador (BA), 2023)
Jonas Van & Juno B
(Jonas Van - Fortaleza (CE), 1989 | Juno B. - Fortaleza (CE), 1982)
José Adário dos Santos
(Salvador (BA), 1947)
Joseca Mokahesi Yanomami
(Terra Indígena Yanomami, Amazônia brasileira, 1971)
Labô Young
(Belém (PA))
Rafaela Kennedy
(Manaus (AM), 1994)
Lais Amaral
(São Gonçalo (RJ), 1993)
Lucas Arruda
(São Paulo (SP), 1983)
Marcus Deusdedit
(Belo Horizonte (MG), 1997)
Maria Lira Marques
(Araçuaí (MG), 1945)
Marina Woisky
(São Paulo (SP), 1996)
Marlene Almeida
(Bananeiras (PB), 1942)
Melissa de Oliveira
(Morro do Dendê (RJ), 2000)
Mestre Nado
(Olinda (PE), 1945)
MEXA
(São Paulo (SP), 2015)
Noara Quintana
(Florianópolis (SC), 1986)
Paulo Nimer Pjota
(São José do Rio Preto (SP), 1988)
Paulo Pires de Oliveira
(Poxoréo (MT), 1972)
Rafael RG
(Guarulhos (SP), 1986)
Rebeca Carapiá
(Salvador (BA), 1988)
Rop Cateh – Alma pintada em Terra de Encantaria dos Akroá Gamella
(Território Indígena Taquaritiua (MA))
Sallisa Rosa
(Goiânia (GO),1986)
Solange Pessoa
(Ferros (MG), 1961)
Tropa do Guriloko
(Rio de Janeiro (RJ), 2023)
Zahỳ
(Reserva indígena Cana Brava ( MA), 1989)
Zimar
(Matinha (MA), 1959)
entrevista

entrevista realizada pela equipe de Comunicação do MAM São Paulo com os curadores do 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus acerca da lista de artistas da exposição.

Comunicação MAM: Como se deu o processo de seleção de artistas?

Curadoria 38º Panorama: Apesar de longo, o processo de seleção não foi muito complicado, provavelmente devido às nossas afinidades e ao entendimento coletivo que temos sobre o projeto. Quando a exposição abrir em outubro, terão passado dois anos desde a ideia embrionária e as primeiras conversas ao projeto final. Uma parte da lista é formada por artistas ou coletivos que já havíamos trabalhado antes ou tínhamos interesse em desenvolver algum projeto junto. Vários outros são frutos de uma pesquisa voltada especificamente para 1000°. No fim, são artistas que a gente pensa, mas também sente e intui, que carregam uma certa energia que tem tudo a ver com os fundamentos e a visão do projeto. São artistas cujas práticas representam e incorporam o senso de urgência que queremos abordar.
Um critério menos propriamente conceitual foi a decisão de focarmos em artistas em vida, atuantes, privilegiando pessoas que não participaram da Bienal de São Paulo ou não estiveram em edições anteriores do Panorama.

C.M: Como esse conjunto de artistas traça o que é o “Panorama da Arte Brasileira” atual?

C.P: Assim como outras curadorias que vieram antes de nós, sabemos que traçar um “Panorama da arte brasileira” é uma tarefa impossível já de partida. Seria muita pretensão imaginar que uma exposição de arte contemporânea, ainda mais diante dos limites de tempo, espaço, recursos, etc. e das balizas do próprio projeto (conceito, temas, etc), poderia dar conta da dimensão de um país continental, com profundas complexidades sociais e culturais, como o Brasil. Nosso projeto curatorial levou isso em consideração e aceitamos o fato de que nossas perspectivas nunca seriam capazes de cobrir a multiplicidade de práticas artísticas que emergem no país neste momento.

Tendo isso em mente, procuramos compor uma lista de artistas que fosse o mais plural e interseccional possível. Foi um exercício que buscou a constante expansão de perspectivas. O projeto será uma leitura provisória do que entendemos como retrato de um panorama cultural e da cena artística brasileira diante dos conceitos que elegemos para fundamentar o projeto. E claro, sabendo que quaisquer escolhas desse tipo sempre implicam em inúmeras ausências, e que existem muitos outros caminhos e abordagens possíveis para buscar isso.

Dito isso, em meio a toda essa pluralidade, será possível encontrar uma energia compartilhada, alguns nortes comuns e certas zonas de interesse: há vários artistas trabalhando com matéria orgânica bruta e elementos telúricos; que se relacionam direta ou indiretamente com a dimensão espiritual e as práticas esotéricas; há a presença do corpo e do erótico em uma relacao direta com os fluxos e riscos urbanos; e também uma visão ecológica ampliada e que compreende a interconectividade de tudo, e se coloca para muito além de falsas dicotomias como natureza e cultura, natural e artificial, orgânico e tecnológico.

C.M: O partido curatorial indica o desejo de trabalhar com artistas de diferentes gerações, mídias e naturalidades. Podem falar um pouco sobre o porque isso é caro ao projeto?

C.P: Está na gênese do projeto a vontade de propor um diálogo tão amplo e diverso quanto possível. Nossa lista é composta por artistas de todas as regiões e de 16 estados do Brasil, há um número expressivo de pessoas nascidas na década de 40, e depois há várias outras gerações, até chegar em outros nascidos no fim dos anos 1990 e até 2000. O mesmo pode se dizer da vontade de trabalhar com diferentes contextos, pesquisas e práticas. E, naturalmente, com diversas linguagens e modos de pensar e fazer arte. A ideia de certa urgência, de uma temperatura máxima, de situações extremas e da transformação como destino inescapável funciona então como uma base comum, sobre a qual gostaríamos de experimentar sob muitas perspectivas

C.M: E em relação a técnicas e processos artísticos, como se dá essa diversidade, do barro às novas tecnologias?

C.P: A diversidade de mídias e linguagens é um reflexo final dessa pluralidade que orientou a formulação do projeto. Nesse sentido, teremos artistas que trabalham com matérias orgânicas e mídias tradicionais, alguns com práticas espontâneas ligadas a conhecimentos tradicionais e outros mais vinculados a formações acadêmicas, até artistas que estão na franja das experimentações com novas mídias, tecnologias que são pouco convencionais ao circuito artístico, recursos e imagens digitais, equipamentos industriais e materiais artificiais.

O projeto curatorial respeita e chama para um diálogo quente — de forma não condescendente — as matrizes de pensamento e modos de fazer centenários ao passo que traz experimentações com novas tecnologias, cenários urbanos e elaborações de futuros. A ideia é estabelecer certa coesão energética a partir do encontro entre diferenças, flexionando noções enrijecidas sobre o espaço e o tempo, e experimentando como as coisas podem se conectar e coexistir por vias não lineares. Nos interessa refletir se — e como — artistas de contextos tão díspares, com práticas tão distintas, podem se aproximar de uma mesma vibração energética. E não para termos uma visão totalizante e acachapante das coisas, pelo contrário: para entendermos a igualdade na diferença, e os muitos, e sempre renovados, modos de elaborar a realidade, exercitar a imaginação, fazer arte, viver junto, etc.

C.M: Dona Romana é mais conhecida como líder espiritual e não como artista. Como vocês entendem isso e qual a importância de sua figura neste Panorama?

C.P: A dimensão espiritual, não apenas em seu sentido religioso, mas também como uma maneira de entender as relações entre os diferentes seres que habitam nosso mundo, é um dos eixos fundamentais do projeto, e temos um interesse por refletir sobre o entrelaçamento entre práticas esotéricas e o fazer artístico. Há artistas que lidam com isso de modo mais indireto, nos quais enxergamos essa dimensão ainda que seja de maneira velada, e outros que de fato são sacerdotes ou exercem uma função propriamente espiritual.

Dona Romana de Natividade, ou Mãe Romana como também é chamada, não se enxerga como artista. É uma pessoa que recebeu uma missão espiritual e cuja prática envolve criações em escultura, desenho e pintura. É natural que haja um interesse estético pela qualidade de sua obra, que não apenas carrega uma profunda carga vital dada a sua natureza mística e religiosa, mas que tem um grande poder formal e visual. No entanto, suas obras nem mesmo podem deixar o lugar onde estão, devido a ancoragem espiritual. Ainda assim, decidimos insistir em sua participação, mesmo que por via de uma documentação visual ou escrita. Ela tem sido uma figura central no desenvolvimento do projeto, então sua participação é uma reverência e um modo de trazer a força única de sua criação como fundamento da exposição

C.M: Além de Dona Romana, também temos outros nomes que carregam uma certa aura de “mestre”, como Mestre Zimar, Maria Lira Marques, José Adário dos Santos e Mestre Nado. Fale um pouco da presença deles neste conjunto.

C.P: São figuras de grande estatura, com trabalhos profundos, que há muitas décadas se dedicam a suas obras. Naturalmente, são pessoas que orientam nosso pensamento e fundamentaram a formulação do projeto. Esses artistas são mesmo pilares de força, que embasam o projeto pela carga vital de suas obras e toda áurea que as envolve. Ao mesmo tempo, suas presenças em um Panorama é uma oportunidade de criar diálogos complexos com gente mais jovem e práticas muito distintas, o que naturalmente reafirma a importância de suas obras, já que ao lado de práticas emergentes suas obras resplandecem frescor e se mostram irrefutavelmente atuais. Há um processo que nos interessa também, que é o de tensionar categorias da arte que fixam esses artistas em um único ponto. Muitos deles acabam no limite do que outro dia se convencionou chamar de ‘arte popular’, que é também uma ficção e nomenclatura que não nos interessa e recusamos. Importa-nos estar atentos às diferenças,  nos interessa combater leituras atávicas de modo que cada trabalho artístico tenha seu campo de força dentro do mesmo magnetismo, sem necessariamente serem posicionadas em uma determinada categoria por conta de marcadores raciais e de classe.

C.M: A artista Gê Viana participou do 36º Panorama e agora volta em um projeto colaborativo com Thiago Martins de Melo e Território/Povo/Comunidade Akroá Gamella. Conte um pouco sobre a diferença entre os trabalhos que ela exibiu em 2019 e o trabalho que será feito agora, e por que trazer ela novamente ao Panorama.

C.P: Nesse caso consideramos como participante o território ou a comunidade Akroá Gamella, que fica na baixada maranhense. A participação da comunidade, sob o nome de “Rop Cateh – Alma pintada em Terra de Encantaria dos Akroá Gamella, terá como colaboração trabalhos de Gê Viana e Thiago Martins de Melo, artistas que já participaram, respectivamente, de outro Panorama e da Bienal de São Paulo. São artistas que se conectam muito com a visão curatorial, e que  têm vivências pregressas com a comunidade Akroá Gamella. Em 2019, Gê focou seu trabalho na história do Capelobo, entidade maranhense meio gente, meio bicho, e criou imagens a partir de autorretratos que sugerem inverter uma lógica de dominação. Para esta edição que estamos construindo, ainda não sabemos como será, mas a ideia é que ela traga fundamentos da sua prática, que envolve pesquisas em arquivos e práticas relacionais. Compreendendo que o território tem uma memória documental a partir de registros, sejam eles mapas, escrituras ou imagens fotográficas, feitas por pessoas não-indígenas e que muitas vezes não condizem com a história que reflete a própria comunidade em seu resgate oral, gestual e também documental, criado com suas próprias ciências e diretrizes. Nesse ponto, tanto Gê quanto Thiago podem somar para somar na apresentação dos Gamella, que poderá envolver fotografias, desenhos, objetos, etc. bem como obras desses dois artistas conectadas às experiências e relações com a comunidade e o território.

C.M: Jayme Fygura é o único artista falecido na lista. Sua presença na exposição será uma espécie de homenagem? Qual o papel dele neste Panorama?

C.P: O caso do Jayme Fygura é a única exceção, pois o nome dele esteve presente desde o princípio do projeto. É alguém que acompanhamos há muito tempo e com quem já trabalhamos antes, e sua passagem se deu poucos meses antes da definição da lista, ou seja, no meio do nosso processo. Sendo assim, acreditamos que seria justo mantê-lo, como homenagem, mas sobretudo por ser um artista emblemático para o norte curatorial, fundamental ao nosso pensamento neste projeto, e cuja trajetória e obra se conectam profundamente com muitos dos assuntos que queremos tratar. E é um artista único, com uma obra poderosa, e que nem de longe teve em vida o reconhecimento devido.

C.M: Há artistas na lista que são pouco conhecidos no circuito das artes, como MEXA, Melissa de Oliveira e Zimar. Como vocês os conheceram e há quanto tempo os acompanham?

C.P: Na verdade são artistas que já circulam bastante por certos canais, apesar de não estarem no núcleo do sistema da arte contemporânea, por assim dizer. São artistas que acompanhamos há algum tempo, alguns são mais próximos, com os quais já trabalhamos algumas vezes, e outros que apareceram em nossa pesquisa e decidimos encarar os riscos de uma primeira colaboração. Acreditamos que trazer artistas ainda pouco presentes no sistema é parte fundamental de um Panorama, pois faz com que novas energias adentrem um debate maior, ao passo que oferece ao público, mesmo aquele habitual do sistema das artes, a oportunidade de conhecer novas práticas. 

C.M: Ao mesmo tempo, temos uma artista bastante celebrada, que é a Solange Pessoa. Fale um pouco sobre a inclusão dela neste Panorama.

C.P: A amplitude desse espectro — artistas que ainda tem pouca visibilidade no circuito, e nomes mais notórios e celebrados — revela a vontade do projeto de somar diferentes trajetórias. O caso da Solange Pessoa é bastante específico, pois trata-se de uma artista que participou de grandes mostras mundo afora, mas nunca teve a devida acolhida institucional aqui no Brasil, de modo que nunca participou de uma Bienal ou de um Panorama. Nesse sentido, para nós é uma tremenda oportunidade de incluí-la, tanto pela grandeza de sua obra, quanto pela conexão profunda com os fundamentos conceituais e formais do projeto, e pelas relações que o trabalho dela estabelece, por diferentes vias, com muitos dos outros artistas.

C.M: O trabalho de artistas como Jonas Van & Juno B. e Gabriel Massan tem algo de futurista. Fale um pouco sobre esse aspecto no Panorama. 

C.P: Há um aspecto importante no nosso projeto que é a vontade de elaborar um recorte do imaginário social do Brasil no século XXI: um país que está intensamente online, imerso numa cultura cibernética, cuja invenção digital se formula de modo vibrante nas redes e também nas ruas, na arte, na moda, na música, etc. Desde o começo sabíamos que queríamos trabalhar com artistas que criam imaginários por meio do uso de novas tecnologias e modos de produção de imagens. Isso significa também que queremos olhar para a  quem está produzindo e puxando os limites de uma discussão que nunca se encerra: a relação entre arte e tecnologia, especialmente se oferecerem também perspectivas que ampliam os parâmetros estabelecidos pelo Norte Global. Se as ideias sobre o futuro perpassam a transformação entre saberes, e muitas vezes estão ligadas a uma temporalidade mais turva e curva do que estamos condicionados a perceber, podemos também considerar que as obras de artistas como Zimar ou Advânio Lessa, ou mesmo o projeto da Comunidade Akroá Gamella também traçam perspectivas de possíveis futuros.

sobre a ampliação da equipe de curadoria

C.M: Como se deu a entrada de Ariana Nuala no time curatorial deste Panorama e qual será sua contribuição? 

C.P: A Ariana Nuala é alguém com quem já havíamos trabalhado individualmente e que estávamos em diálogo há um tempo. Ao mesmo tempo que ela tem uma formação ligada a organizações independentes, também acumula experiências institucionais, e nos últimos anos também tem tido um trânsito por diferentes regiões do Brasil, e sabemos que ela acompanha de perto muitos artistas e movimentos que nos interessam. Em algum momento achamos que ter um terceiro olhar de alguém que confiamos e que poderia somar com outras experiências e perspectivas seria importante, e o nome dela foi o primeiro que nos acometeu. Se mostrou uma escolha feliz, pois sentimos que chegamos num bom equilíbrio entre nossas visões e vontades. Sua contribuição tem sido de máxima importância e, a grosso modo, influenciará em todos os aspectos do projeto, já que ela trabalhou ativamente para a definição da maior parte da lista de artistas, e agora nos apoiará no acompanhamento dos processos de criação das obras, no pensamento expográfico, na elaboração dos textos, na organização editorial das publicações, e nos demais desdobramentos da exposição.

podcast

O MAM apresenta seu primeiro podcast original: a série em áudio “Mil graus”.

O podcast foi batizado com o mesmo título da exposição, Mil graus, e traz a ideia de um calor-limite, conceito proposto pela curadoria do 38º Panorama para aludir à uma temperatura em que tudo derrete, desmancha e se transforma.

A série é uma forma de aprofundar e ampliar discussões essenciais da exposição. Ao longo de seis episódios, os ouvintes podem conhecer mais sobre o 38º Panorama do MAM, bem como histórias e curiosidades sobre alguns dos coletivos e artistas que participam da exposição.

O podcast Mil graus está disponível nos principais tocadores: Spotify, Deezer, Apple Podcast e YouTube.

Ficha técnica:
Mil graus é um podcast original do Museu de Arte Moderna de São Paulo, com patrocínio do Nubank e da EMS através da Lei federal de incentivo à cultura, Ministério da Cultura, Governo Federal, Brasil União e Reconstrução
Direção e produção executiva: Trovão Mídia
Concepção: Ane Tavares, Ariana Nuala, Germano Dushá e Thiago de Paula Souza
Apresentação: Adriana Couto
Pesquisa e roteiro: Flavia Martin
Edição, mixagem e montagem de som: Pedro Vituri
Trilha sonora original: José Hesse
Identidade visual: Raul Luna
Design: Paulo Macedo

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