37° Panorama da Arte Brasileira – Sob as cinzas, brasa

37° Panorama da Arte Brasileira – Sob as cinzas, brasa

19 abr 23 – 17 set 23
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De 20 de abril a 17 de setembro de 2023, a 37ª edição do Panorama de Arte Brasileira: Sob as cinzas, brasa será exibido no Sesc Sorocaba. Com correalização do MAM São Paulo e Sesc São Paulo, a itinerância leva ao interior do estado obras dos 26 artistas, com instalações, pinturas, esculturas e vídeos que conduzem discussões sobre o legado e os símbolos da colonização, o cenário de destruição contínua, a memória diante de efemérides de relevância nacional, e as possibilidades de se imaginar narrativas individuais e coletivas na arte contemporânea brasileira.

O 37º Panorama da Arte Brasileira do MAM São Paulo aconteceu numa data emblemática, o bicentenário do que se convencionou chamar de Independência do Brasil e o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Esses dois acontecimentos, que se entrecruzam ao longo da história do Brasil, deixaram legados e uma série de questões que reverberam até hoje na sociedade brasileira. A partir da produção artística contemporânea, seria possível decantar os vínculos do Brasil com sua herança colonial levando em conta as dimensões históricas, políticas e estéticas da Independência do Brasil e do modernismo.

Diversos artistas que produzem desde o final do século XX e início do XXI problematizam em suas obras, a partir de perspectivas contemporâneas e de suas próprias origens e referências, discussões que perpassam a história brasileira desde o período colonial até o presente. Essas obras pulsam como brasa sob as cinzas de uma terra devastada, que começou a ser destruída com a colonização portuguesa, com o extermínio e a exploração dos povos indígenas e a escravização de mulheres e homens arrancados da África.

Entre as intenções do Panorama 2022 está a de contribuir para a desconstrução de certos olhares e paradigmas naturalizados, assim como do legado colonial do Brasil. Avessa à noção moderna de progresso, a curadoria desta edição enfatiza as ruínas e as barbaridades de um país que sequer conseguiu cumprir as promessas básicas de uma sociedade economicamente moderna e integrada.

A partir de uma teia curatorial com trabalhos de artistas de diferentes gerações, regiões e identidades étnico-raciais e de gênero, o 37º Panorama valoriza a dimensão pedagógica da arte, construída em parceria com o Educativo do MAM. A forma não se opõe à vida social e política, a própria arte possui papel formador e pode prospectar rupturas e estimular debates e reflexões em diversos públicos.

A experiência com a arte pode retomar nossa capacidade de projetar o futuro, de imaginar utopias, já que estamos no meio da catástrofe tentando apagar incêndios – e incendiando símbolos coloniais. Para algumas sociedades arcaicas, o futuro está justamente no passado, na relação com os ancestrais, ou seja, distante da visão vanguardista moderna de estar à frente do próprio tempo. Enquanto as brasas queimam sob as cinzas, diversos artistas recontam histórias, propõem diálogos a partir de suas próprias vivências, de suas origens, repertórios, da terra, do barro, da borracha, do desenho, de objetos cotidianos, da tinta e da tela, do vídeo, de narrativas, de histórias, da arte, de mapas, de bandeiras, de monumentos e de corpos.

A brasa que se esconde sob as cinzas, sob a terra arrasada, sob as ruínas desse projeto de país, ainda arde. Assim como ainda persiste a lógica colonial e o pensamento retrógrado, também há resistência e ação. Isso quer dizer que se a brasa ainda está consumindo o que resta, o que não foi queimado, ela também pulsa como força transformadora. E as cinzas, como se sabe, podem ser usadas como adubo para a arte e para tudo o que ainda irá florescer nessa terra.

Cauê Alves
Claudinei Roberto da Silva
Cristiana Tejo
Vanessa Davidson

Artistas participantes:
Ana Mazzei, André Ricardo, Bel Falleiros, Camila Sposati, davi de jesus do nascimento, Celeida Tostes, Éder Oliveira, Eneida Sanches e Tracy Collins (LAZYGOATWORKS), Erica Ferrari, Giselle Beiguelman, Gustavo Torrezan, Glauco Rodrigues, Jaime Lauriano, Lais Myrrha, Laryssa Machada, Lidia Lisbôa, Luiz 83, Maria Laet, Marina Camargo, Marcelo D’Salete, No Martins, Ricardo Lucena, RodriguezRemor, Sidney Amaral, Tadáskia e Xadalu Tupã Jekupé.



pronac 204382 
parceria 
correalização 
realização 
artistas
Ana Mazzei
(São Paulo, SP, 1980 - vive em São Paulo)
André Ricardo
(São Paulo, SP, 1985 - vive em São Paulo)
Bel Falleiros
(São Paulo, SP, 1983 - vive em Nova York, Estados Unidos)
Camila Sposati
(São Paulo, SP, 1972 - vive em Viena, Áustria)
Davi de Jesus do Nascimento
(Pirapora, MG, 1997 - vive em Pirapora)
Celeida Tostes
(Rio de Janeiro, RJ, 1929 - idem, 1995)
Éder Oliveira
(Timboteua, PA, 1983 - vive em Belém)
Eneida Sanches
(Salvador, BA, 1962 - vive em São Paulo, SP)
Tracy Collins
(Nova York, EUA, 1963 - vive em Nova York)
Erica Ferrari
(São Paulo, SP, 1981 - vive em São Paulo)
Giselle Beiguelman
(São Paulo, SP, 1962 - vive em São Paulo)
Gustavo Torrezan
(Piracicaba, SP, 1984 - vive em Piracicaba, SP, e São Paulo, SP)
Glauco Rodrigues
(Bagé, RS, 1929 - Rio de Janeiro, RJ, 2004)
Jaime Lauriano
(São Paulo, SP, 1985 - vive entre São Paulo e Porto, Portugal)
Lais Myrrha
(Belo Horizonte, MG, 1974 - vive em São Paulo, SP)
Laryssa Machada
(Porto Alegre, RS, 1993 - vive em Salvador, BA)
Lidia Lisbôa
(Guaíra, PR, 1970 - vive em São Paulo)
Luiz 83
(São Paulo, SP, 1983 - vive em São Paulo)
Maria Laet
(Rio de Janeiro, RJ, 1982 - vive no Rio de Janeiro)
Marina Camargo
(Maceió, AL, 1980 - vive em Berlim)
Marcelo D’Salete
(São Paulo, SP, 1979 - vive em São Paulo)
No Martins
(São Paulo, SP, 1987 - vive em São Paulo)
Sérgio Lucena
(João Pessoa, PB, 1963 - vive em São Paulo)
RODRIGUEZREMOR
(São Paulo, SP, 1977 / Estação, RS, 1987 - vivem em Igatu, BA)
Sidney Amaral
(São Paulo, SP, 1973 - idem, 2017)
Tadáskía
(Rio de Janeiro, RJ, 19933 - vive entre o Rio de Janeiro e São Paulo, SP)
Xadalu Tupã Jekupé
(Alegrete, RS, 1985 - vive em Porto Alegre, RS)
serviço

37° Panorama da Arte Brasileira – Sob as cinzas, brasa (itinerância)

SESC Sorocaba

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