A imagem é uma fotografia em preto e branco com um estilo abstrato e geométrico, parte da série "Fotoformas" de Geraldo de Barros. Ela apresenta uma composição dominada por linhas escuras e claras, criando um padrão intrincado que lembra uma estrutura arquitetônica ou uma grade. A maior parte da imagem é preenchida por um fundo branco brilhante, que sugere um céu ou uma área de iluminação intensa. Sobre este fundo, há uma complexa rede de linhas pretas, que representam a estrutura. As linhas pretas se organizam em várias direções: Linhas Horizontais: Existem várias linhas horizontais paralelas, criando faixas ou níveis na composição. Algumas dessas linhas parecem mais grossas e contínuas, enquanto outras são mais finas. Linhas Verticais: Inúmeras linhas verticais finas cortam as horizontais, formando uma grade de retângulos ou quadrados, como se fosse uma janela, um teto de vidro ou uma ponte vista de baixo. Formas Diagonais e Irregulares: No canto inferior esquerdo e se estendendo para o centro da imagem, há um conjunto de formas pretas mais grossas e irregulares, com contornos orgânicos e curvos. Elas se cruzam e se conectam, criando a impressão de suportes, vigas ou elementos estruturais mais robustos que se destacam da grade mais fina. Estas formas maiores têm uma qualidade quase escultural, contrastando com a rigidez das linhas retas. A composição brinca com o espaço positivo (as formas pretas) e o espaço negativo (o fundo branco), e a imagem transmite uma sensação de profundidade e perspectiva, como se estivéssemos olhando através de uma estrutura complexa contra uma luz intensa. É uma fotografia que explora a geometria e a abstração através da arquitetura.

Fotografia e vanguarda do MAM São Paulo

04 out 25 – 07 dez 25
em cartaz
em cartaz
sobre

A fotografia – em especial as experiências fotográficas modernas – está bem representada na coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Artistas como Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), Geraldo de Barros (1923-1998) e Thomaz Farkas (1924-2011), entre os anos 1940 e 1950, momento da institucionalização da arte moderna no Brasil, são centrais na renovação da linguagem fotográfica.

A discussão sobre figuração e abstração que dominava a arte do período se manifesta no trabalho de Geraldo de Barros, em especial na série Fotoforma, da década de 1950, em que ele utiliza técnicas de solarização, manipulação e sobreposição de fotogramas. Sua obra se aproxima das vanguardas construtivas, do cubismo e do abstracionismo.

O olhar de Thomaz Farkas enquadra o espaço urbano a partir de formas geométricas e com ângulos até então não usuais. Sua fotografia aponta para a quebra dos padrões tradicionais de composição ao eleger como tema o cotidiano de grandes centros urbanos como São Paulo, criando imagens que se situam entre o documental e o geométrico extraído da própria referência urbana brasileira.

Já Alberto da Veiga Guignard, em vez de se aproximar da arte construtiva geométrica, olha para as tendências surrealistas, trazendo discussões sobre o real e o imaginário, o consciente e o inconsciente, a partir de fotomontagens que se abrem para um universo místico e distante do racionalismo. Mais que mero registro, as experiências fotográficas modernas são um modo de imaginar e inventar outras maneiras de se relacionar com o mundo.

Você pode continuar sua visita na Biblioteca Mário de Andrade. O MAM São Paulo, em parceria com a BMA, realiza a mostra Do livro ao museu, na sala Tula Pilar Ferreira. A mostra aborda o processo de sedimentação da arte moderna no Brasil, tanto a partir de livros e edições de artistas quanto de pinturas, gravuras e esculturas que revelam o debate entre figuração e abstração na metade do século 20.

Cauê Alves e Pedro Nery
Museu de Arte Moderna de São Paulo


mídias assistivas
Alberto da Veiga Guignard – Sem Título (1949)

Fotografia e vanguarda do MAM São Paulo
curadoria
Cauê Alves

É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).

Pedro Nery

É museólogo e curador. Formado em História e mestre em Museologia pela Universidade de São Paulo, atuou como pesquisador e curador da Pinacoteca de São Paulo (2011-2019), onde organizou as retrospectivas Rosana Paulino: Costura da Memória (2018-2019) e Marepe: Estranhamente Comum (2019). Atualmente é museólogo do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) e colabora na implantação do Centro de Documentação e Memória do museu.

serviço
Exposição:
Local:
Curadoria:
Período expositivo:
Entrada:
A imagem apresenta uma obra de arte abstrata e colorida, dividida em duas seções verticais, como se fossem duas páginas de um livro ou um díptico.

Seção da Esquerda:
Predomina um fundo rosa claro, que ocupa a maior parte da área. Sobre esse fundo, há uma grande forma abstrata e irregular em preto, que se estende verticalmente quase por toda a altura da seção. Esta forma preta tem contornos ondulados e orgânicos, lembrando uma silhueta ou um recorte abstrato. À direita da forma preta, e se conectando a ela em alguns pontos, há uma forma menor, também abstrata e orgânica, em um tom de rosa mais escuro (fúcsia ou magenta). Esta forma rosa mais escura se estende da parte inferior para o meio da seção, complementando a composição.

Seção da Direita:
Esta seção é dominada por um grande retângulo em um vibrante tom de magenta ou fúcsia. Este retângulo está emoldurado por uma borda vertical verde-esmeralda à esquerda e, discretamente, por uma borda branca nas outras extremidades. No centro do retângulo magenta, há outro retângulo menor em um tom de azul-cobalto intenso. Este retângulo azul, por sua vez, é emoldurado por uma linha fina e brilhante em amarelo-limão. Dentro do retângulo azul, há uma forma abstrata em branco, com contornos suaves e curvos, que lembra vagamente uma figura humana ou uma silhueta orgânica.

As duas seções estão lado a lado, com uma pequena separação no meio, e são caracterizadas por cores planas e formas recortadas, reminiscentes do estilo "cut-out" de Henri Matisse. A composição é ousada, com contrastes fortes de cores e uma sensação de movimento e equilíbrio através das formas abstratas.

Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade

04 out 25 – 07 dez 25
em cartaz
em cartaz
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A mostra Do livro ao museu é composta, em sua maioria, por obras das décadas de 1940 e 1950, período de sedimentação da arte moderna e de espaços dedicados a ela, além de uma seleção criteriosa de livros adquiridos a fim de representar a produção moderna na coleção da Biblioteca Mário de Andrade nesse período. Obras raras e importantes, como Jazz, de Henri Matisse, ou Cirque, de Fernand Léger, são exemplares de grande relevância que colocaram artistas e pesquisadores brasileiros em contato com a produção modernista europeia.

A colaboração entre o MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade evidencia a produção nacional de álbuns e livros, e o início da produção gráfica artística, com edições de artista feitas quase inteiramente à mão, como a de Milton Dacosta, com guaches, ou Fantoches da meia-noite, de Di Cavalcanti, que combina impressões com aquarelas. A exposição chega até a criação dos primeiros livros produzidos com tiragem limitada e impressões de alta qualidade da coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos, conduzida pelo colecionador de arte Raymundo Castro Maya a partir de 1943.

A mostra abarca ainda obras da coleção do MAM São Paulo que remetem às tensões da produção moderna brasileira, que naquele período entra numa intensa disputa entre abstração e figuração, discussão presente na mostra inaugural do museu, Do figurativismo ao abstracionismo, em 1949. Sérgio Milliet, homenageado com seu autorretrato na mostra, sempre se posicionou a favor da experimentação livre da linguagem artística moderna, sem tomar um partido claro, o que deu margem a mal-entendidos. Do livro ao museu aborda também a emergência da vanguarda concretista na década de 1950, em oposição ao abstracionismo informal, observando os vários sentidos e direções que a arte moderna tomou no Brasil nesse período.

Embora a biblioteca e o museu tenham funções diferentes, historicamente nasceram juntos, compartilhando a missão de preservar, organizar e mediar conhecimentos. Ambos são mais que guardiões do patrimônio material e imaterial; são espaços de encontro e aprendizado, estimulando a pesquisa, a reflexão e a imaginação. Do livro ao museu integra as comemorações dos cem anos da Biblioteca Mário de Andrade, lembrando as origens em comum de ambas as instituições e abrindo caminhos para colaborações e parcerias futuras.

Cauê Alves e Pedro Nery
Museu de Arte Moderna de São Paulo

Você pode continuar sua visita na Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade. O MAM São Paulo realiza a mostra Experiências fotográficas modernas do MAM São Paulo.

Veja como chegar



mídias assistivas
Descrição do espaço
Do Livro ao Museu – Texto Adaptado
Lothar Charoux – Composição
Sérgio Milliet – Auto Retrato
Alberto da Veiga Guignard – Sem Título (1949)
Fernand Léger – Cirque
Henri Matisse – Jazz
Abstração Informal
Abstração Geométrica
Sérgio Milliet
Jazz
Bestiarios
Cem Bibliofilos
Urbano e a Imagem Moderna
Di Cavalcanti e Portinari
Fernand Léger

Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade (Libras)
curadoria
Cauê Alves

É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).

Pedro Nery

É museólogo e curador. Formado em História e mestre em Museologia pela Universidade de São Paulo, atuou como pesquisador e curador da Pinacoteca de São Paulo (2011-2019), onde organizou as retrospectivas Rosana Paulino: Costura da Memória (2018-2019) e Marepe: Estranhamente Comum (2019). Atualmente é museólogo do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) e colabora na implantação do Centro de Documentação e Memória do museu.

artistas
Arthur Luiz Piza
(São Paulo, SP, Brasil, 1928 – Paris, França, 2017)
Alberto da Veiga Guignard
(Nova Friburgo, RJ, Brasil, 1896 – Belo Horizonte, MG, Brasil, 1962)
Antonio Henrique Amaral
(São Paulo, SP, Brasil, 1935 – 2015)
Alexandre Wollner
(São Paulo, SP, Brasil, 1928 – 2018)
Candido Portinari
(Brodowski, SP, 1903 – Rio de Janeiro, RJ, 1962)
Carlos Prado
(São Paulo, SP, Brasil, 1908 – 1992)
Emiliano Di Cavalcanti
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1897 – 1976)
Frans Masereel
(Frans Masereel (Blankenberge, Bélgica, 1889 – Avignon, França, 1972))
Franz Weissmann
(Knittelfeld, Áustria, 1911 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2005)
Fayga Ostrower
(Lodz, Polônia, 1920 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2001)
Fernand Léger
(Argentan, França, 1881 – Gif-sur-Yvette, França, 1955)
Geraldo de Barros
(Chavantes, SP, Brasil, 1923 – São Paulo, SP, Brasil, 1998)
Hércules Barsotti
(São Paulo, SP, Brasil, 1914 – 2010)
Hélio Oiticica
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1937 – 1980)
Henri Matisse
(Cateau-Cambrésis, França, 1869 – Nice, França, 1954)
Iberê Camargo
(Restinga Seca, RS, 1914 – Porto Alegre, RS, Brasil, 1994)
Ivan Serpa
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1923 – 1973)
Jean Lurçat
(Bruyères, França, 1892 – Saint-Paul-de-Vence, França, 1966)
José Antônio da Silva
(Sales de Oliveira, SP, 1909 – São Paulo, SP, 1996)
José Pancetti
(Campinas, SP, 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 1958)
Lothar Charoux
(Viena, Áustria, 1912 – São Paulo, SP, Brasil, 1987)
Lygia Pape
(Nova Friburgo, RJ, Brasil, 1927 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2004)
Marc Chagall
(Vitebsk, Bielorrússia, 1887 – Saint-Paul-de-Vence, França, 1985)
Maria Martins
(Campanha, MG, Brasil, 1894 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1973)
Manuel Martins
(São Paulo, SP, 1911 – 1979)
Marcelo Grassmann
(São Simão, SP, Brasil – 1925 – São Paulo, SP, Brasil, 2013)
Milton Dacosta
(Niterói, RJ, Brasil, 1915 – Rio de Janeiro, RJ, 1988)
Mick Carnicelli
(Salermo, Itália, 1893 – São Paulo, SP, Brasil, 1967)
Odilla Mestriner
(Ribeirão Preto, SP, Brasil, 1928 – 2009)
Samson Flexor
(Soroca, Moldávia, 1907 – São Paulo, SP, Brasil, 1971)
Sérgio Milliet
(São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966)
Sonia Ebling
(Taquara, RS, Brasil, 1918 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2006)
Thomaz Farkas
(Budapeste, Hungria, 1924 – São Paulo, SP, Brasil, 2011)
serviço
Exposição:
Local:
Curadoria:
Período expositivo:
Descrição de imagem: A foto apresenta uma instalação artística. Os objetos presentes na imagem são de madeira, com exceção de um objeto oval branco. A obra mostra três objetos dentro de um espaço branco e estreito, entre eles: uma cadeira de escritório de imigração, simbolizando a transição e a espera. Além disso, um cadeiral de igreja católica do século 19, que evoca o papel da religião na exploração colonial. Também está presente a escultura "Cradle" ["Berço"] de Kiswanson, que aponta para o que está ausente. Esses elementos, flutuando fora de alcance, representam os limiares institucionais (igreja, escritório de imigração) que estruturam e tentam nomear vidas em transição como imigrações, exílios e colonizações. A obra desenvolve uma linguagem escultórica que se conecta à experiência do desterro do artista e à realidade global de diásporas e conflitos. Fim da descrição.
mídias assistivas
Tarik Kiswanson

Tarik Kiswanson: Limiar (Libras – Texto Curatorial)
imagens
curadoria
Cauê Alves

É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).

Paulo Miyada

Curador e pesquisador de arte contemporânea, dedica-se a projetos que contribuam tanto com visadas mais amplas e precisas da história da arte quanto com a reflexão crítica e desejante do tempo presente. Comprometido com o diálogo com artistas, preza igualmente pelo amadurecimento das instituições como instâncias de relevância pública e social, assim como pelo acolhimento dos públicos como sujeitos sensíveis e pensantes com interesses que transbordam o juízo de valor. Com graduação e mestrado pela FAU-USP, atua hoje como diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake e curador adjunto do Centre Pompidou. Foi curador adjunto da 34ª Bienal de São Paulo (2020-21) e assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010), além de ter organizado o livro “Bienal de São Paulo desde 1951” (2022). Entre suas curadorias, destacam-se “AI-5 50 anos – Ainda não terminou de acabar” (2018); “Anna Maria Maiolino – PSSSIIIUUU…” (2022); “Ensaios para o Museu das Origens” (2023); “Mira Schendel – Esperar que a palavra se forme” (2024) e “Sonia Gomes – Barroco, mesmo” (2025). Suas publicações foram indicadas diversas vezes para o prêmio Jabuti, incluindo a premiação na categoria Livro de Arte em 2020. Atualmente organiza a mostra “A TERRA O FOGO A ÁGUA E OS VENTOS – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant”.

artista
Tarik Kiswanson
(Halmstad, Suécia, 1986 – vive e trabalha em Paris, França)

Por mais de uma década, Tarik Kiswanson tem explorado noções de desenraizamento, metamorfose e memória por meio de sua prática artística interdisciplinar. Um legado de deslocamento e transformação permeia suas obras e é indispensável tanto para sua forma quanto para os modos de percepção que produzem. Embora preserve uma dimensão íntima e pessoal, seu trabalho dialoga com questões universais e com histórias sociais e coletivas de ruptura, perda e regeneração. O conjunto de sua obra pode ser compreendido como uma cosmologia de famílias conceituais interligadas, cada uma explorando variações de temas como refração, multiplicação, desintegração, levitação e polifonia por meio de uma linguagem própria.

Tarik Kiswanson descende de uma família palestina exilada de Jerusalém, primeiro para Trípoli e depois para Amã, antes de finalmente se estabelecer em Halmstad, Suécia, onde ele nasceu em 1986. Kiswanson passou dez anos em Londres, onde estudou arte, antes de se mudar para Paris, cidade onde vive e trabalha desde 2010. É mestre pela École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris (2014) e bacharel pela Central Saint Martins – University of the Arts London (2010).

Tarik Kiswanson recebeu o Prêmio Marcel Duchamp em 2023, no Centre Pompidou. Sua obra tem sido tema de diversas exposições individuais em instituições, mais recentemente no Museu de Arte Moderna de São Paulo (2025), Fundação Iberê Camargo (2025), Kunsthalle Portikus (2024), Oakville Galleries (2024), Bonniers Konsthall (2023), Salzburger Kunstverein (2023), Museo Tamayo (2023), M HKA – Museum of Contemporary Art Antwerp (2022) e Carré d’Art – Musée d’art contemporain (2021). Ele participou também de exposições coletivas e bienais em instituições como Centre Pompidou, Kunsthalle Münster, Bienal de Arte Contemporânea de Gotemburgo, Bienal de Lyon, Performa Biennial e Mudam.

serviço
Exposição:
Local:
Curadoria:
Período expositivo:
Endereço:
mídias assistivas
Dzi Croquettes
Lourival Cuquinha
Emanuel Nassar

Aqui—lá: MAM São Paulo encontra Instituto Tomie Ohtake (Libras – Texto Curatorial)
curadoria
Ana Roman

Ana Roman vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Mestre em Geografia pela FFLCH-USP, pós-graduada em Estudos Brasileiros pela FESP-SP e doutoranda pela FAU-USP, atuou como curadora, assistente de curadoria e pesquisadora em diversas exposições em importantes instituições culturais brasileiras, incluindo Rever Augusto de Campos (2016), Entre Construção e Apropriação: Antonio Dias, Geraldo de Barros e Rubens Gerchman nos Anos 1960 (2018), A Noite – Mariana Castillo Deball (2022), Ensaios para o Museu das Origens (2023) e Corpo-casa: diálogos entre Carolee Schneemann, Diego Bianchi e Márcia Falcão (2024), entre outras. Foi curadora assistente da 34ª Bienal de São Paulo (2021), membro do Comitê de Indicação do Prêmio PIPA em 2022 e 2024 e curadora do Pivô entre 2022 e 2023. Atualmente, é coordenadora de conteúdo do grupo de pesquisa Academia de Curadoria, colaboradora regular da plataforma Piscina e superintendente artística do Instituto Tomie Ohtake.

Cauê Alves

É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).

Gabriela Gotoda
(São Paulo, 1998)

Gabriela Gotoda é pesquisadora e curadora de artes visuais. Bacharel em Arte: História, Crítica e Curadoria pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, publicou textos biográficos sobre Edgar Degas (MASP, 2021), John Graz (Pinacoteca de São Paulo, 2021) e Ozias (Danielian, 2024) e atua com curadoria e processos editoriais em instituições de arte e galerias em São Paulo desde 2019. Integra a equipe curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2022, onde é responsável pelo acompanhamento curatorial das publicações do museu e da curadoria das exposições “Lina Bo Bardi e o MAM no Parque” (2023), “Clube de colecionadores MAM São Paulo: Técnicas de diversão na arte contemporânea” (2024), e “MAM São Paulo: Encontros entre o moderno e o contemporâneo” (2025)

Paulo Miyada

Curador e pesquisador de arte contemporânea, dedica-se a projetos que contribuam tanto com visadas mais amplas e precisas da história da arte quanto com a reflexão crítica e desejante do tempo presente. Comprometido com o diálogo com artistas, preza igualmente pelo amadurecimento das instituições como instâncias de relevância pública e social, assim como pelo acolhimento dos públicos como sujeitos sensíveis e pensantes com interesses que transbordam o juízo de valor. Com graduação e mestrado pela FAU-USP, atua hoje como diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake e curador adjunto do Centre Pompidou. Foi curador adjunto da 34ª Bienal de São Paulo (2020-21) e assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010), além de ter organizado o livro “Bienal de São Paulo desde 1951” (2022). Entre suas curadorias, destacam-se “AI-5 50 anos – Ainda não terminou de acabar” (2018); “Anna Maria Maiolino – PSSSIIIUUU…” (2022); “Ensaios para o Museu das Origens” (2023); “Mira Schendel – Esperar que a palavra se forme” (2024) e “Sonia Gomes – Barroco, mesmo” (2025). Suas publicações foram indicadas diversas vezes para o prêmio Jabuti, incluindo a premiação na categoria Livro de Arte em 2020. Atualmente organiza a mostra “A TERRA O FOGO A ÁGUA E OS VENTOS – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant”.

artistas
Anna Bella Geiger
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1933)
Carla Zaccagnini
(Buenos Aires, Argentina, 1973)
Emmanuel Nassar
(Capanema (PA), 1949 – )
Hudinilson Júnior
(São Paulo, SP, Brasil, 1957 – 2013)
Ivens Machado
(Florianópolis, SC, Brasil, 1942 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2015)
Judith Lauand
(Pontal, SP, Brasil, 1922 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)
León Ferrari
(Buenos Aires, Argentina, 1920 – 2013)
Lívio Abramo
(Araraquara, SP, Brasil, 1903 – Assunção, Paraguai, 1992)
Lothar Charoux
(Viena, Áustria, 1912 – São Paulo, SP, Brasil, 1987)
Lourival Cuquinha
(Recife, PE, Brasil, 1975)
Lydia Okumura
(Oswaldo Cruz, SP, Brasil, 1948)
Madalena Schwartz
(Budapeste, Hungria, 1921 – São Paulo, SP, Brasil, 1993)
Maureen Bisilliat
(Englefield Green, Reino Unido, 1931)
Megumi Yuasa
(São Paulo, SP, Brasil, 1938)
Nazareth Pacheco
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
Paulo Bruscky
(Recife, PE, Brasil, 1949)
Rafael França
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1957 – Chicago, EUA, 1991)
serviço
Exposição:
Local:
Curadoria:
Período expositivo:
Endereço:
mídias assistivas

Programação

Texto dos curadores
curadoria
Cauê Alves

É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).

Vera Chaia e Miguel Chaia

Vera Chaia e Miguel Chaia fizeram mestrado e doutorado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo – USP. Ambos são professores da Faculdade e da Pós Graduação em Ciências Sociais da PUC-SP e autores de artigos e livros. Ele leciona também no curso de Arte: História, Crítica e Curadoria na mesma universidade e participa de vários conselhos de relevantes instituições de arte em São Paulo. São pesquisadores do Núcleo de Estudos em Arte,Mídia e Política – NEAMP.

artistas
Berna Reale
(Belém, Pará, 1965)
Cinthia Marcelle
(Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1974)
Carmela Gross
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1946)
Cao Guimarães
(Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1965)
Giselle Beiguelman
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1962)
Guilherme Peters
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1987)
Lia Chaia
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1978)
Lucas Bambozzi
(Matão, São Paulo, Brasil, 1965)
Marcelo Cidade
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1979)
Nicole Kouts
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1997)
Rafaela Kennedy
(Manaus, Amazonas, Brasil, 1994)
Rodrigo Cass
(São Paulo, São Paulo, Brasil, 1983)
Sansa Rope
(São Paulo – 1993)
Sara Ramo
(Madri, Espanha,1975)
Tiago Rivaldo
(Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1976)
imagens
serviço
MAM na Cinemateca: corpo e cidade em movimento
vídeos da doação Chaia 
Sessão acessível:
Período expositivo:
Curadoria:
realização
Endereço:
mídias assistivas
01. Carmela Gross – Arte a mão armada
02. Lenora de Barros – Em forma de família
03. Barbara Wagner – Sem título, da série Brasília Teimosa
04. Rosângela Rennó – Corpos extranhos
05. Laura Vinci – Branco
06. Cao Guimarães – Histórias do não ver
07. José Patrício – Pindorama
08. Marcelo Moscheta – Análogos
09. Ernesto Neto – Noite e dia
10. Em cartaz (Volta ao mundo e Confronto)
imagens
artistas
Aldo Bonadei
(São Paulo, SP, Brasil, 1906 – São Paulo, SP, Brasil, 1974)
Alair Gomes
(Valença, RJ, Brasil, 1921 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1992)
Alfredo Volpi
(Lucca, Itália, 1896 – São Paulo, SP, Brasil, 1988)
Anita Malfatti
(São Paulo, SP, Brasil, 1889 – 1964)
Bárbara Wagner
(Brasília, DF, Brasil, 1980)
Boris Kossoy
(São Paulo, SP, Brasil, 1941)
Brígida Baltar
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1959 – 2022)
Caetano de Almeida
(Campinas, SP, Brasil, 1964)
Cao Guimarães
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1965)
Carlos Vergara
(Santa Maria, RS, Brasil, 1941)
Clóvis Graciano
(Araras, SP, Brasil, 1907 – São Paulo, SP, Brasil, 1988)
Davi de Jesus do Nascimento
(Pirapora, MG, 1997 – vive em Pirapora)
Denis Moreira
(São Paulo, SP, Brasil, 1986)
Efrain Almeida
(Boa Viagem, CE, Brasil, 1964 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2024)
Elida Tessler
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1961)
Emidio de Souza
(Itanhaém, SP, Brasil, 1868 – Santos, SP, Brasil, 1949)
Emiliano Di Cavalcanti
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1897 – 1976)
Ernesto Neto
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1964)
Espaço Coringa
(São Paulo, SP, Brasil, 1998)
Fabrício Lopez
(Santos, SP, Brasil, 1977)
Farnese de Andrade
(Araguari, MG, Brasil, 1926 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1996)
Fernando Lindote
(Santana do Livramento, RS, Brasil, 1960)
Rebolo
(São Paulo, SP, Brasil, 1902 – 1980)
Iberê Camargo
(Restinga Seca, RS, Brasil, 1914 – Porto Alegre, RS, Brasil, 1994)
Iole de Freitas
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1945)
Jac Leirner
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
Jonathas de Andrade
(Maceió, AL, Brasil, 1982)
José Antônio da Silva
(Sales de Oliveira, SP, 1909 – São Paulo, SP, 1996)
José Damasceno
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1968)
José Pancetti
(Campinas, SP, 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 1958)
José Patrício
(Recife, PE, Brasil, 1960)
José Spaniol
(São Luiz Gonzaga, RS, Brasil, 1960)
Klaus Mitteldorf
(São Paulo, SP, Brasil, 1953)
Laura Vinci
(São Paulo, SP, Brasil, 1962)
Lenora de Barros
Leticia Ramos
Luiz Paulo Baravelli
(São Paulo, SP, Brasil, 1942)
Mabe Bethônico
(Belo Horizonte (MG), 1966 – Vive entre Genebra e Belo Horizonte)
Marcelo Moscheta
(São José do Rio Preto, SP, Brasil, 1976)
Marco Paulo Rolla
(São Domingos do Prata, MG, 1967)
Marilá Dardot
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1973)
Marcia Xavier
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1967)
Thiago Rocha Pitta
(Tiradentes, MG, Brasil, 1980)
Milton Marques
(Brasília, DF, Brasil, 1971)
Mira Schendel
(Zurique, Suíça, 1919 – São Paulo, SP, Brasil, 1988)
Mário Zanini
(São Paulo, SP, Brasil, 1907 – 1971)
Nazareth Pacheco
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
Nelson Leirner
(São Paulo, SP, Brasil, 1932 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2020)
Nicolás Robbio
(Buenos Aires, Argentina, 1975)
No Martins
(São Paulo, SP, 1987 – vive em São Paulo)
Paulo Monteiro
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
Rafael Assef
(São Paulo, SP, Brasil, 1970)
Ricardo Basbaum
(São Paulo, SP, Brasil, 1961)
Rivane Neuenschwander
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1967)
Roberto Bethônico
(Itabira, MG, Brasil, 1964)
Rochelle Costi
(Caxias do Sul, RS, Brasil, 1961 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)
Rodrigo Braga
(Manaus, AM, Brasil, 1973)
Romy Pocztaruk
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1983)
Rosana Paulino
(São Paulo, SP, Brasil, 1968)
Rosângela Rennó
(Belo Horizonte, MG, Brasil, 1962)
Santídio Pereira
(Isaías Coelho (PI), 1996)
Sérgio Adriano H
(Joinville, SC, Brasil, 1975)
Sérgio Milliet
(São Paulo, SP, 1898 – São Paulo, SP, 1966)
Sidney Amaral
(São Paulo, SP, 1973 – idem, 2017)
Tadáskía
(Rio de Janeiro, RJ, 1993 – vive entre o Rio de Janeiro e São Paulo, SP)
Tatiana Blass
(São Paulo, SP, Brasil, 1979)
Tunga
(Palmares, PE, 1952 – Rio de Janeiro, RJ, 2016)
Vera Chaves Barcellos
(Porto Alegre, RS, Brasil, 1938)
Vicente de Mello
(São Paulo, SP, Brasil, 1967)
Walter Carvalho
(João Pessoa, PB, Brasil, 1947)
Xadalu Tupã Jekupé
(Alegrete, RS, 1985 – vive em Porto Alegre, RS)
Yuri Firmeza
(São Paulo, SP, Brasil, 1982)
serviço
MAM São Paulo na Pinacoteca do Ceará: figura e paisagem, palavra e imagem
Período expositivo:
Curadoria:
realização
Endereço:
Entrada gratuita de quarta a domingo

artistas
Hisao Ohara
(Karafuto, Japão, 1931 – Mirandópolis, SP, Brasil, 1989)

 

 

Felícia Leirner
(Varsóvia, Polônia, 1904 – Campos do Jordão, SP, Brasil, 1996)

Foi uma escultora polonesa naturalizada brasileira. Chegou ao Brasil em 1927 e iniciou sua carreira artística aos 44 anos. Com obras marcadas pela síntese formal e expressão lírica, integrou a geração modernista brasileira.

 

Marepe
(Santo Antônio de Jesus, BA, Brasil, 1970)

é artista visual conhecido por obras que misturam escultura, instalação e performance com objetos do cotidiano nordestino. Sua produção explora temas como deslocamento, identidade e desigualdade social, com humor e lirismo.

Foto: Zanone Fraissat | Folhapress

Regina Silveira
(Porto Alegre, RS, 1939 – Vive e trabalha em São Paulo, SP)

É graduada em Artes Plásticas pelo Instituto de Artes da UFRGS (1959), além de ter um mestrado (1980) e Ph.D. (1984) na Escola de Comunicação e Artes da USP – Universidade de São Paulo. A artista participou de várias bienais, como Bienal de São Paulo (1981, 1983, 1998, 2021); Bienal Internacional de Curitiba (2013, 2015); Bienal do Mercosul (2001, 2011), em Porto Alegre e Bienal de La Habana, em Cuba (1986, 1998 e 2015). Algumas de suas exposições coletivas mais recentes são Walking through Walls (Martin Gropius Bau, Alemanha, 2019) e Radical Women: Latin American Art, 1960-1985 (Hammer Museum, EUA, 2017). As últimas exposições individuais de Regina são: Limiares (Paço das Artes, Brasil, 2020); Up There (Farol Santander, Brasil, 2019); EXIT (MuBE, Brasil, 2018); Unrealized / NãoFeito (Alexander Gray Associates, EUA, 2019); Todas As Escadas (Instituto Figueiredo Ferraz, Brasil, 2018), e Crash (Museu Oscar Niemeyer, Brasil, 2015). Entre outros, recebeu os prêmios Prêmio MASP (2013), Prêmio APCA pela trajetória (2011) e Prêmio Fundação Bunge (2009). A artista também recebeu bolsas da Fundação John Simon Guggenheim (1990), Fundação Pollock-Krasner (1993) e Fundação Fulbright (1994).

Ivens Machado
(Florianópolis, SC, Brasil, 1942 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2015)

Ivens Machado nasceu em Florianópolis, SC, Brasil (1942), e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, Brasil (2015). Iniciou sua trajetória com obras em papel e vídeos experimentais nos anos 1970, marcados por temas como sexualidade, violência e poder. A partir da década seguinte, voltou-se à escultura e à instalação. Passou a utilizar materiais da construção civil como concreto, cacos de vidro e vergalhões para criar formas brutas e ambíguas, inspiradas na arquitetura vernacular brasileira e nas tensões do corpo humano, desde a agressividade até o erotismo. Destacam-se suas retrospectivas Ivens Machado, no Musée d’Art Contemporain de Nîmes, França (2025), e Ivens Machado, no Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil. Também participou das 12ª, 13ª, 16ª e 22ª Bienais de São Paulo (1973, 1975, 1981, 1994). 

Foto: Rodrigo Trevisan/Divulgação

Bruno Giorgi
(Mococa, SP, Brasil, 1905 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1993)

foi um escultor brasileiro de origem italiana, destacado no modernismo brasileiro. Filho de imigrantes italianos, mudou-se para Roma com a família em 1911. Na década de 1920, envolveu-se com movimentos antifascistas, sendo preso e condenado a sete anos de prisão. Após cumprir quatro anos, foi extraditado para o Brasil por intervenção diplomática. Em 1937, estudou na Académie de la Grande Chaumière e na Académie Ranson em Paris, onde foi aluno de Aristide Maillol e conviveu com Henry Moore e Marino Marini. De volta ao Brasil em 1939, integrou-se ao movimento modernista, colaborando com artistas como Vitor Brecheret e Mário de Andrade. Em 1943, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde atuou como professor e mentor de jovens artistas. Sua obra é marcada por formas geométricas e abstração, utilizando materiais como bronze e mármore.

Ottone Zorlini
(Treviso, Itália, 1891 – São Paulo, SP, Brasil, 1967)

Foi um pintor, escultor, desenhista e ceramista ítalo-brasileiro. Natural de família humilde, iniciou sua trajetória profissional aos 13 anos, trabalhando em uma fábrica de cerâmica. Mudou-se para Veneza, onde cursou a Academia de Belas-Artes e frequentou os ateliês dos escultores Umberto Feltrin e Guido Cacciapuoti. Em 1927, imigrou para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Aqui, destacou-se na produção de monumentos públicos, como o Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico, na represa de Guarapiranga. Além disso, participou ativamente da vida artística paulistana, integrando-se ao grupo de pintores que frequentavam as sessões de modelo vivo, como Alfredo Volpi, Mário Zanini e Penacchi. Zorlini também foi responsável por diversos túmulos e bustos em cemitérios de São Paulo. Faleceu em 1967, deixando um legado significativo nas artes visuais brasileiras

Mário Agostinelli
(Arequipa, Peru, 1915 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2000)

foi um pintor e escultor peruano radicado no Brasil. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes com Daniel Hernandez. Chegou ao Brasil em 1945, realizando sua primeira exposição no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Após residir na França e nos Estados Unidos, fixou-se definitivamente no Brasil em 1969, adquirindo a cidadania brasileira. Sua obra transita entre o expressionismo e o abstrato, com destaque para esculturas em bronze de figuras humanas e animais.

Nicolas Vlavianos
(Atenas, Grécia, 1929 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)

Foi um escultor e desenhista grego radicado no Brasil desde 1959. Formado pela École Supérieure des Beaux-Arts e pelo Instituto de Urbanismo da Universidade de Paris, iniciou sua carreira com influências do construtivismo e da arte cinética. Suas esculturas, geralmente em metal, exploram o movimento, o espaço e o equilíbrio.

Foto: Mastrangelo Reino/Folhapress

Luiz 83
(São Paulo, SP, 1983 – vive em São Paulo)

Luiz 83 é o nome artístico de Luiz dos Santos Menezes. Autodidata, sua formação decorre da experiência adquirida nas ruas da cidade como “pixador”, atividade que ofereceu o princípio de um vocabulário plástico que vem sendo refinado a partir de pesquisas que o artista desenvolve com considerável grau de inventividade em meios mais convencionais como o desenho, a pintura e a escultura. Sua experiência profissional como montador de exposições de arte também lhe oferece a oportunidade de permanecer em íntimo contato com obras de caráter clássico e contemporâneo, oportunidade que resulta em conhecimento sensivelmente assimilado. Em suas obras é possível perceber um concretismo de tipo bastante peculiar e sem dúvida sofisticada nas soluções formais e nos arranjos conceituais e de natureza POP qualidade também percebida através de um cromatismo que em geral privilegia cores brilhantes de luminosidade intensa. O artista também tem se dedicado a performances onde coloca em questão o lugar social do negro e tematiza a relação do corpo com seu fazer artístico e interações com a cidade. O artista participou de várias mostras individuais e coletivas entre quais se destacam a individual “Z” na galeria Tato e as coletivas “Tendências da Street Art” no Museu Brasileiro de Escultura e “Pretatitude: insurgências, emergências e afirmações na arte contemporânea afro-brasileira” nos SESC Ribeirão Preto, São Carlos, Vila Mariana e Santos”.

Amilcar de Castro
(Paraisópolis, MG, Brasil, 1920 – Belo Horizonte, MG, Brasil, 2002)

foi um escultor, desenhista, gravador, diagramador e professor brasileiro, reconhecido como um dos principais nomes do neoconcretismo no Brasil. Sua obra escultórica é marcada pelo uso de chapas de ferro cortadas e dobradas em uma única operação, explorando a relação entre forma, espaço e matéria.

Mari Yoshimoto
(Santa Rosa de Viterbo, SP, Brasil, 1931 – São Paulo, SP, Brasil, 1992)

Foi uma artista plástica, escultora, joalheira e figurinista brasileira de ascendência japonesa. Sua formação artística foi ampla e interdisciplinar: estudou pintura com Massao Okinaka (1955–1957), arquitetura contemporânea no Instituto Goethe, história da arte, etnologia e arqueologia no MASP, estética com Anatol Rosenfeld, teatro com Zé Celso e comunicação visual com Flávio Império.

Emanoel Araujo
( Santo Amaro, BA, Brasil, 1940 – São Paulo, SP, Brasil, 2022)

foi um artista visual, curador e museólogo brasileiro, reconhecido por sua contribuição à valorização da cultura afro-brasileira.

Nascido em uma família de ourives, iniciou sua formação artística na juventude, trabalhando com marcenaria e tipografia. Estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, destacando-se em gravura e escultura. Em 1972, recebeu a medalha de ouro na 3ª Bienal Internacional de Arte Gráfica de Florença.

Foto: Museu Afro Brasil/Divulgação

Rubens Mano
(São Paulo, SP, Brasil, 1960)

é um artista visual brasileiro cuja obra investiga a relação entre espaço, imagem e paisagem urbana. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Santos em 1984, aprofundou seus estudos em fotografia e concluiu mestrado em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP em 2003.

Marcia Pastore
(São Paulo, SP, 1964)

É uma artista visual brasileira cuja obra transita entre escultura, instalação e arquitetura. Desde o final dos anos 1980, desenvolve uma pesquisa que investiga a relação entre corpo, espaço e matéria, utilizando materiais como ferro, gesso, borracha, vidro, cabos de aço e elementos arquitetônicos. Suas obras exploram forças físicas como tensão, peso e equilíbrio, criando estruturas que dialogam com o espaço expositivo e desafiam a percepção do espectador.

Eliane Prolik
(Curitiba, PR, Brasil, 1960)

É uma artista visual brasileira cuja obra transita entre escultura, instalação e objeto, explorando a relação entre forma, espaço e percepção. Graduada em Pintura e especializada em História da Arte do Século XX pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), aprofundou seus estudos na Itália com o artista Luciano Fabro, ligado à arte povera, na Accademia di Belle Arti di Brera, em Milão.

Desde o final dos anos 1980, Prolik desenvolve uma produção tridimensional marcada por estruturas geométricas que se desdobram no espaço, utilizando materiais como cobre, alumínio e aço. Suas obras frequentemente evocam objetos cotidianos, tensionando a percepção entre o familiar e o abstrato, o leve e o pesado, o estático e o dinâmico.

Haroldo Barroso
(Fortaleza, CE, Brasil, 1935 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1989)

Foi um escultor, arquiteto e paisagista brasileiro cuja obra se destaca pela integração entre arte, arquitetura e paisagem urbana. Formado em Arquitetura pela Universidade do Brasil em 1959, colaborou com Roberto Burle Marx entre 1954 e 1960, participando de projetos de jardins, painéis e murais escultóricos.

Sua produção escultórica, marcada por formas geométricas e materiais como madeira, metal e granito, está presente em espaços públicos como o Palácio do Planalto, em Brasília, e o Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Destaca-se também o “Monumento à Juventude”, instalado em 1974 próximo ao Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

curadoria
Cauê Alves

É mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-USP. Professor do Departamento de Artes da FAFICLA-PUC-SP, é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria (CNPq). Publicou diversos textos sobre arte, entre eles no catálogo Mira Schendel (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, 2013). Foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE, 2016-2020), curador assistente do Pavilhão Brasileiro na 56ª Bienal de Veneza (2015) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).

Gabriela Gotoda
(São Paulo, 1998)

Gabriela Gotoda é pesquisadora e curadora de artes visuais. Bacharel em Arte: História, Crítica e Curadoria pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, publicou textos biográficos sobre Edgar Degas (MASP, 2021), John Graz (Pinacoteca de São Paulo, 2021) e Ozias (Danielian, 2024) e atua com curadoria e processos editoriais em instituições de arte e galerias em São Paulo desde 2019. Integra a equipe curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2022, onde é responsável pelo acompanhamento curatorial das publicações do museu e da curadoria das exposições “Lina Bo Bardi e o MAM no Parque” (2023), “Clube de colecionadores MAM São Paulo: Técnicas de diversão na arte contemporânea” (2024), e “MAM São Paulo: Encontros entre o moderno e o contemporâneo” (2025)

imagens
mídias assistivas
Texto curatorial em linguagem simples – Jardim do MAM no SESC
Descrição espaço
Mario Agostinelli – Cavalo – 1971
Regina Silveira – Masterpieces In Absentia Calder – 1998
Ivens Machado – Sem título – 1985
Roberto Moriconi – Intervenção na árvore – 1974
Bruno Giorgi – Atleta em descanso – 1976
Alfredo Ceschiatti – Flora – 1957
Alfredo Ceschiatti – Tanagra – 1955
Amilcar de Castro – Ferro – 1971
Mari Yoshimoto – Escultura II – 1975
Nicolas Vlavianos – Pássaro – 1971
Emanoel Araújo – Estrutura vermelha – 1981
Rubens Mano – Sem título – 2000
Haroldo Barroso – Sem título – 1977
Marepe – O Telhado – 1998
Luiz 83 – Sem título – 2015
Márcia Pastore
Alfredo Ceschiatti – As irmãs
Hisao Ohara – Pedra torcida
Felícia Leirner – Escultura
Eliane Prolik – Aparador

Videoguia | 01. Introdução

Videoguia | 02. Jardim de esculturas do MAM

Videoguia | 03. O jardim de Burle Marx

Videoguia | 04. Reencenação do Jardim do MAM no Sesc Vila Mariana

Videoguia | 05. Artistas e obras

Videoguia | 06. A relação com a obra e o educativo
serviço
Exposição:
Local:
Curadoria:
Abertura:
Período expositivo:
Endereço:

Sensibilidades em transmutação

Entre o que se queima e o que renasce, diversos processos naturais se dão por meio do fogo e seu poder de transformação. Em uma conjuntura em ebulição — seja em termos das mudanças sociais que se sobrepõem, seja no sentido literal, que se apresenta com o aquecimento global —, sublinha-se o papel da arte enquanto prática dedicada a articular simbolicamente o real.

A 38ª edição do Panorama da Arte Brasileira: Mil Graus chega ao Sesc Campinas como brasa viva, reunindo produções que iluminam e elaboram sensibilidades, identidades e experiências provenientes de diversos contextos do país. Constituindo-se como reflexão crítica à realidade nacional, a mostra reúne artistas cujas práticas atravessam questões urgentes: do ecológico ao tecnológico, do político ao espiritual.

Como matéria em transmutação, essas produções amolecem limites da linguagem e ativam memórias coletivas contra hegemônicas, propondo não apenas reflexão, mas ação. A partir de uma compreensão do espaço expositivo como ambiente onde contrastes e conexões se fundem, as obras selecionadas operam como dispositivos de fissura — expõem rachaduras em lógicas cristalizadas e sugerem novos modos de habitar o mundo.

Com esta itinerância da mostra, inaugurada em 2024 no MAC USP e realizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Sesc busca ampliar o acesso às camadas simbólicas que compõem a exposição. Além da visitação, a programação inclui mediações educativas que aprofundam as instâncias de partilha entre artistas e públicos. Como os estados transitórios da matéria que o calor enseja, interessa à instituição constituir-se como espaço educativo em que processos subjetivos entre o que foi e o que está por vir se dão, revelando-se nas experiências criadoras próprias ao campo artístico.

Luiz Deoclecio Massaro Galina
Diretor do Sesc São Paulo


A série Panorama da Arte Brasileira é um marco na história das exposições. Iniciado em 1969, o Panorama do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) contribuiu com suas diversas mostras para a formação do acervo de arte contemporânea do museu.

Com curadoria de Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala, a presente edição, intitulada Mil graus, aborda o mundo contemporâneo a partir de condições extremas, tanto no sentido de questões históricas e sociopolíticas, como também em relação a discussões ecológicas e tecnológicas, promovendo iniciativas que estimulem a reflexão sobre arte na nossa sociedade.

Faz alguns anos que o MAM tem estabelecido parcerias com outras instituições culturais no estado de São Paulo. Realizar a itinerância do 38º Panorama da Arte Brasileira do MAM no Sesc Campinas é um novo momento de integração e soma de esforços em benefício da arte.

Elizabeth Machado
Presidente da Diretoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo

Cauê Alves
Curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo


Intitulado Mil graus, o 38º Panorama da Arte Brasileira elabora criticamente a realidade atual do país sob a noção de calor-limite — uma temperatura em que tudo se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira, estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética. Ao reunir artistas e outros agentes que abordam questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais, a exposição serve também como um ativador da memória e do debate público. Como conjunto, as obras driblam os limites da linguagem e seus sentidos preestabelecidos, revelando signos universais por meio de gestos e sotaques regionais. A ideia de uma temperatura oposta ao zero absoluto — ou seja, um quente absoluto — aponta os interesses deste Panorama por experiências radicais, condições extremas, sejam elas climáticas ou metafísicas, e estados transitórios da matéria e da alma que nos põem diante da transmutação como destino inevitável.

Ao longo do processo de pesquisa que fundamentou a exposição, cinco linhas conceituais emergiram para aterrar o pensamento curatorial. Como bússolas que orientam questões fundamentais do projeto, os eixos ajudaram na criação do recorte da cena contemporânea brasileira que está registrada neste Panorama. No entanto, não foram usados para segmentar a mostra e nem se aplicam como categorias ou agrupadores. São fios condutores que instigam reflexões e leituras e traçam possíveis relações entre os trabalhos a partir dessas perspectivas.

Ecologia geral

Noções ecológicas e práticas ambientais ampliadas que se orientam por uma visão de interconectividade total. Ao rejeitar dogmas antropocêntricos e dicotômicos que separam a cultura da natureza orgânica, esses movimentos abraçam a pluralidade das formas de vida e seus jogos biológicos. Sob um crescente senso de urgência, essas correntes de pensamento propõem outras concepções sobre a condição humana e traçam novos caminhos para atuarmos e nos relacionarmos com o planeta e seus muitos agentes.

Territórios originários

Narrativas e vivências de povos originários, quilombolas e de outros modos de vida fora da matriz uniformizante do capital, capazes de refletir visões alternativas sobre a invenção e a atual conjuntura do Brasil. Nesse sentido, invocam energias ancestrais, mitologias configurantes e consciências expandidas para trazer à tona invenções estéticas, tecnologias socioambientais e articulações transpolíticas. Seja na luta pela demarcação de terras ou em estratégias diversas para fortalecer comunidades autônomas, o que está em jogo é a multiplicação das possibilidades vitais diante do agouro de um futuro incerto.

Chumbo tropical

Leituras críticas que subvertem imaginários e representações do Brasil, pondo em xeque aspectos centrais da identidade nacional. Nesse sentido, contrastam — ou equacionam — os fetiches ligados à ideia de paraíso dos trópicos ao peso dos séculos de colonização escravocrata e extrativista, do colosso modernista, do ímpeto conservador e autoritário — e sua inevitável militarização —, e da eterna promessa de decolagem da economia. Essas propostas confrontam premissas funestas e incendeiam prisões históricas para desnaturalizar a devastação ambiental, a especulação financeira e a opressão racial.

Corpo-aparelhagem

Intervenções experimentais e reflexões sobre a contínua transmutação corpórea dos seres e das coisas, com seus hibridismos e suas inter-relações. Este eixo abrange a cultura de reprodução técnica, do sample e da apropriação; as relações entre tecnologia de ponta e gambiarra engenhosa; os efeitos da alta conectividade à internet; e as noções de biohacking e modificações corporais sob um imaginário ciborgue, transhumano e pós-humano. Imagens e sonoridades são remixadas, distorcidas e, por vezes, desmanchadas, como modo de encarar frontalmente as consequências radicais de um mundo em transformação vertiginosa.

Transes e travessias

Conhecimentos transcendentais, práticas espirituais e experiências extáticas que canalizam os mistérios vitais. São rituais, instrumentos e espaços que conjuram alentos para alimentar a alma e pulsões para animar o corpo, alcançando proteções, fundamentando resistências e reelaborando condições opressivas e traumas confinantes. São embarcações que navegam por encruzilhadas e atravessamentos, indo além das fronteiras da matéria e das percepções terrenas para conectar com o etéreo e coexistir com o desconhecido.


 
Mantenedores do MAM São Paulo 
realização 

A coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo, com mais de 77 anos de história, é marcada por transformações e reformulações que refletem sua importância para a arte moderna e contemporânea no Brasil. Desde a segunda metade da década de 1960, o acervo do MAM vem sendo renovado e ampliado. Contando com doações significativas de colecionadores, críticos e outros incentivadores da arte, assim como dos próprios artistas, o MAM reúne hoje mais de 5 mil obras. Grande parte delas, porém, corresponde à chamada “arte contemporânea”, que se refere, de modo geral, à produção dos artistas nos últimos 60 anos. Esse contingente supera em quantidade e volume as obras de “arte moderna”, aquelas usualmente vinculadas às vanguardas modernistas da primeira metade do século XX. 

Diante do encontro entre arte moderna e contemporânea no acervo do MAM, podemos refletir sobre o debate recorrente em torno das definições de “modernidade” e “contemporaneidade” e os modos como estas se relacionam com as produções artísticas. Afinal, as narrativas históricas que pontuam a arte moderna e a arte contemporânea numa linha do tempo nem sempre dão conta de determinar a sua separação, à medida que partidos estéticos e assuntos convergem e se misturam, inclusive em inúmeras obras pertencentes à coleção do MAM. 

Se o início da arte moderna se deu com as vanguardas europeias na virada entre os séculos XIX e XX, a produção dos modernistas brasileiros se estendeu pela maior parte desse último século, colocando-a, assim, em um ritmo próprio de elaboração e superação. De fato, o início da produção contemporânea no Brasil pode ser compreendido a partir do desdobramento de uma das últimas vanguardas modernistas, o construtivismo, nas vertentes concretista e neoconcretista e seu diálogo com vanguardas distópicas como a pop art.

A arte moderna nasce como uma ruptura com o passado e com a arte acadêmica. Já a arte contemporânea representa, para muitos, uma quebra em relação aos preceitos modernos, como o formalismo e a especificidade técnica dos suportes, introduzindo novas linguagens e mídias. A noção de vanguarda, típica da arte moderna, que sonhou em revolucionar o mundo e representou uma promessa de liberdade, tende a se perder no momento contemporâneo. Na arte mais recente, a ideia romântica de um mundo melhor perde espaço, assim como a crença na razão e no cientificismo, dando lugar para reflexões sobre a insustentabilidade dos nossos modos de vida e para microutopias almejadas individualmente. 

Obras de diferentes períodos da história da arte brasileira recente estão reunidas em seis núcleos na exposição: “Natureza: fim da representação”, “Ambiente urbano: habitat da modernidade”, “Corpos: políticas da relação”, “Formas de construir e romper”, “Fragmentos, gestos e abstrações”, e “Mídias: tradições atualizadas”. Esses núcleos temáticos aproximam produções de tempos e contextos distintos para demonstrar que a recorrência de questões da modernidade na contemporaneidade é um dado próprio do tempo vivido e muitas vezes em períodos sobrepostos. No interior dos núcleos, trabalhos produzidos por artistas em atividade dialogam com obras vinculadas às vanguardas modernistas. Seja através de qualidades visuais, ou de procedimentos técnicos e conceituais, essas obras prolongam até os dias atuais questões inicialmente desveladas pela modernidade industrial, que continuam sendo desdobradas pelos esforços desenvolvimentistas e pelo avanço tecnológico. A percepção de continuidade nessas formas de pensar e revelar a realidade é justamente a ferramenta crítica que a sociedade necessita para lidar com os desafios distópicos que se apresentam a todo o mundo.

O acervo atual do MAM nos coloca, assim, questões que esbarram em problemáticas culturais, sociais e históricas: Qual é a relação entre as ideias de “moderno” e “contemporâneo”? Em que diferem e o que as aproxima? E como isso implica nas nossas formas de produzir cultura e narrar a história? Trata-se apenas de uma distinção de períodos ou estilos? Certamente há diferenças históricas e teóricas que merecem ampla discussão, mas, afinal, é possível traçar com precisão a fronteira visual e temporal entre a arte moderna e a arte contemporânea? De que modo isso se relaciona com a percepção do tempo histórico, e do tempo vivido? A exposição aponta para essas questões, não para respondê-las definitivamente, mas sim para contribuir com outras formas de abordagem, oferecendo ao público autonomia para se surpreender com as reflexões despertadas pela arte, seja de qual tempo ela for.

curadores
Cauê Alves
Gabriela Gotoda

legenda: Leda Catunda, MAM, 1998. Foto: Romulo Fialdini



mantenedores 
platina 
realização 

A trajetória de Claudia Andujar (Suíça, 1931), que fugiu da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial, revela o modo como conflitos políticos interferem na vida de diversos povos. A artista chegou ao Brasil em 1955, país em que vive até hoje e onde se naturalizou em 1976. Sua vida é marcada pela luta por demarcação de terras Yanomami e por uma série de ensaios fotográficos dedicados aos povos indígenas no Brasil. Claudia Andujar se identifica com a vulnerabilidade do povo Yanomami e nos ensina que o outro é aquele que nos ajuda a entender quem somos.

A série Sonhos Yanomami, de 2002, foi elaborada a partir de seu acervo de imagens, da sobreposição de cromos e negativos realizados desde 1971, ocasião de sua primeira viagem para a bacia do rio Catrimani, em Roraima, território Yanomami homologado pelo governo brasileiro apenas em 1992. Trata-se de uma obra do período maduro da artista, que já possuía grande intimidade com a cultura do povo que a acolheu.

As imagens revelam algo dos rituais dos líderes espirituais Yanomami e a importância do sonho em sua cosmologia. Os xamãs, diferente dos demais, se deslocam durante o sonho na companhia dos espíritos, dos xapiri, que podem trazer conhecimento, cura e proteção para a comunidade. O sonho, longe de ser um fato banal que é esquecido depois de despertarem, é uma conexão profunda com os espíritos, que viajam para além do céu, da terra e do mundo subterrâneo, e voltam com ensinamentos sobre o que viram.

O trabalho de Claudia Andujar se comunica com a cosmologia Yanomami e sua sabedoria ancestral por meio de imagens. Corujas, garças, macacos e retratos de indígenas se mesclam com luzes, texturas de pedras e árvores, resultando em fotografias fantasmagóricas dos sonhos de um povo com uma cultura sofisticada.

No período em que foi revelado ao mundo mais um genocídio contra os Yanomami, cometido entre 2019 e 2022, devido ao incentivo ao garimpo ilegal e ao uso de armas, a mostra adquire um caráter simbólico para dar visibilidade aos valores indígenas. Essa também é uma história de aproximadamente 50 anos: os Yanomami vêm sendo dizimados ao menos desde 1973 com a construção da Rodovia Perimetral Norte (BR-210) e da abertura de dezenas de pistas de pouso de aeronaves.

A sobrevivência dos Yanomami, além de uma questão humanitária, assegura a proteção da floresta, a sustentabilidade ambiental e a vida no planeta. Os xamãs, os únicos que conseguem sonhar mais longe e ouvir as vozes dos espíritos da floresta, impedem a queda do céu, sustentado pelos xapiri, que mantêm o equilíbrio e a ordem do universo. O fim do mundo, o desabamento do céu, ocorrerá quando a floresta for exterminada e o último xamã morrer. O tempo para reverter a grande catástrofe está se esgotando.

Cauê Alves (curador-chefe do MAM São Paulo)


realização 
parceria 

Intitulado Mil graus, o 38º Panorama da Arte Brasileira elabora criticamente a realidade atual do país sob a noção de calor-limite — uma temperatura em que tudo derrete, desmancha e se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira, estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética. Ao reunir artistas e outros agentes que abordam questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais, a exposição serve também como um ativador da memória e do debate público. Como conjunto, as obras driblam os limites da linguagem e seus sentidos preestabelecidos, revelando signos universais por meio de gestos e sotaques regionais. A ideia de uma temperatura oposta ao zero absoluto — ou seja, um quente absoluto — aponta os interesses deste Panorama por experiências radicais, condições extremas — climáticas ou metafísicas —, e estados transitórios — da matéria e da alma — que nos põem diante da transmutação como destino inevitável.


A série Panorama da Arte Brasileira, iniciada em 1969, é um marco na história das exposições. O primeiro Panorama da Arte Brasileira coincide com a instalação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em sua sede, na marquise do Parque Ibirapuera. Com o começo da reforma da marquise, em 2024, o MAM saiu temporariamente de sua sede e deve retornar no início de 2025. O calendário e todas as atividades do MAM foram mantidos graças ao apoio e acolhimento de instituições parceiras que possuem laços históricos com o museu, como a Fundação Bienal de São Paulo, que recebeu parte de sua equipe, e o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) que, além de ceder espaço para os colaboradores, abriga o 38º Panorama da Arte Brasileira.

Desenvolvido pelos curadores Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala, o projeto do 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus parte de uma expressão coloquial que possui múltiplos significados, mas sempre com o sentido de elevada intensidade. A mostra aponta para condições marcadas pelo calor, pelo derretimento e por mudanças drásticas em qualquer matéria existente. Na presente edição, o mundo contemporâneo é observado a partir de condições extremas, tanto no sentido de questões históricas e sociopolíticas, como em relação a discussões ecológicas e tecnológicas.

O MAM tem estabelecido parcerias com as instituições do eixo cultural do Parque Ibirapuera. Realizar o 38º Panorama da Arte Brasileira no MAC USP, além de uma aproximação histórica entre as duas instituições, é um momento de integração e soma de esforços em benefício da arte e seus públicos. O MAM agradece a receptividade do MAC USP.

Elizabeth Machado
Presidente da Diretoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo

Cauê Alves
Curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo


É com grande satisfação que o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) abre suas portas ao 38º Panorama da Arte Brasileira, realizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

O MAC USP é um museu público criado em 1963 e, desde então, vem se dedicando à preservação, extroversão e atualização de um riquíssimo acervo de obras de arte do Brasil e do exterior. Como museu universitário, as atividades de ensino, pesquisa e extensão ancoram uma intervenção crítica e formativa atenta aos debates da arte moderna e contemporânea. Como tal, não poderíamos nos furtar a acolher em nossa sede essa instituição parceira em tantas iniciativas museológicas e curatoriais. Nas últimas décadas, o Panorama tornou-se um espaço fundamental de reconhecimento e problematização das tendências atuais da arte no Brasil. Contribuir para a manutenção de sua periodicidade, neste momento de reformas na sede do MAM, na marquise do Ibirapuera, é para nós, também, uma oportunidade de diálogo com as propostas e produções reunidas nesta edição da mostra, no 3º andar do prédio, além de algumas obras e intervenções no térreo.

Aproveitamos para convidar o público a visitar, também, as exposições do MAC USP atualmente em cartaz: Tempos Fraturados (6º e 7º andares); Circumambulatio: Anna Bella Geiger e Sacilotto Contemporâneo: cor, movimento, partilha (5º andar); Experimentações Gráficas: Doação Coleção Ivani e Jorge Yunes e Galeria de pesquisa: aspectos da coleção da Terra Foundation for American Art (4º andar) e Acervo Aberto (no anexo).

Boa visita!

José Tavares Correia de Lira
Diretor do MAC USP

Esther Império Hamburger
Vice-Diretora do MAC USP




 
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O Clube de Colecionadores do Museu de Arte Moderna de São Paulo foi fundado em 1986 com o objetivo de estimular a produção artística contemporânea, além de incentivar e democratizar o colecionismo de arte. Desde então, os formatos e as proposições das obras comissionadas para o Clube buscam dialogar com as mudanças próprias da arte e da modernidade, assim como incorporar reflexões sobre a reprodução técnica de imagens e a sua influência no olhar e na experiência do espectador.

Inicialmente dedicado apenas à gravura, o Clube de Colecionadores do MAM sempre teve como premissa incentivar os artistas convidados a ultrapassarem os limites tradicionais dessa linguagem e de suas diferentes técnicas de reprodução, contribuindo, assim, para discussões ainda atuais que questionam os estatutos definitivos da arte. Foi com esse mesmo espírito experimental que o MAM criou no ano 2000 um segundo Clube, focado somente em fotografia. O surgimento e a disseminação das técnicas fotográficas transformaram radicalmente as possibilidades de produção e reprodução de imagens. Para além dos fatores técnicos, a fotografia oferece novas formas de agência ao espectador, já que no processo de interpretação de uma imagem fotográfica coloca-se em jogo referências pessoais e associações coletivas que derivam das mais diversas realidades.

Com a crescente interdisciplinaridade da produção artística e a superação efetiva das fronteiras entre diferentes linguagens, esvaziou-se o sentido de existirem dois Clubes separados. Em 2022, portanto, o MAM São Paulo aliou essas iniciativas num único Clube de Colecionadores.

O conjunto de trabalhos apresentado aqui é composto majoritariamente por obras comissionadas para o Clube na última década. Sejam elas definidas como gravuras, fotografias, ou qualquer outra descrição técnica, essas obras se relacionam pelas maneiras através das quais buscam desviar, defletir, ou divergir das expectativas tradicionais sobre a arte e, em especial, a arte reprodutível.

Lançando mão de conceitos que colocam as linguagens artísticas num diálogo tenso, mas direto — como a reprodução e a repetição, o espelhamento e o corte, a matriz e o negativo, a impressão e a positivação, a pré-edição e a pós-edição, a superfície e o volume, o plano e o fundo, a luz e a sombra — essas obras sugerem que a diversão é uma característica própria da arte contemporânea. Seja no sentido de divertir-se diante de uma provocação criativa, de surpreender-se com as viradas de direção no interior de uma composição visual estática, ou de distrair-se com formas e cores que despertam diferentes sensações, as técnicas de diversão empregadas pela arte podem oferecer ao público certo alívio da responsabilidade de demarcar sentidos decisivos. Sobretudo num mundo onde as definições são cada vez mais imprecisas e dispensáveis.

Gabriela Gotoda
Curadoria MAM São Paulo


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O título da exposição, Realidades e Simulacros, explora a pluralidade que surge como resultado do uso do “s” ao final das palavras e a aparente oposição entre a realidade e a ficção. Durante muito tempo as pessoas acreditaram na existência de uma realidade única, objetiva. Mas o fato é que esta realidade não existe. Existem muitas realidades que se sobrepõem, se complementam, se anulam, se contradizem. Realidades e Simulacros são dimensões de uma mesma experiência.

Olhar para o mundo é como vestir uma lente de linguagem, fazendo com que as coisas apareçam conforme a visão de mundo da pessoa. Existem muitos condicionantes que regulam o alcance e o escopo dessas lentes: culturais, geográficos, políticos, biológicos, sociais, tecnológicos. Geralmente elas são invisíveis, mas a tecnologia contemporânea tem lhes emprestado concretude. Por meio de um avatar, navegando em um ambiente, sobrepondo uma existência digital ao mundo ao redor, é possível vestir as lentes de uma realidade alternativa à realidade percebida apenas por meio dos meus sentidos.

Realidades e Simulacros reúne dez artistas que criaram experiências digitais de diferentes perfis como forma de contribuir para este jogo de multiplicidades. Ver um outro mundo, uma outra cultura, uma outra geografia, uma outra política, uma outra biologia, uma outra sociedade, uma outra tecnologia. Ao explorar a realidade aumentada como uma possibilidade de interferência na paisagem do Ibirapuera, a exposição estimula essa dinâmica. O visitante é então convidado a perceber a realidade ao redor de outra maneira e sobrepor outras camadas de realidade à sua existência.

As obras criadas especialmente para a exposição permitem o contato com diferentes realidades e/ou simulacros. O simulacro também é uma realidade. Uma realidade lúdica. Uma realidade política. Uma realidade fantástica. Uma realidade contraditória. Uma realidade biológica. Uma realidade invisível. Uma realidade decolonial. Um mosaico de existências que se sobrepõe a um ambiente complexo e diverso. Uma experiência de camadas que tornam possíveis novas formas de ver e ouvir.

Cauê Alves
Marcus Bastos
curadores

 
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apoio 
parceria 
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De 20 de abril a 17 de setembro de 2023, a 37ª edição do Panorama de Arte Brasileira: Sob as cinzas, brasa será exibido no Sesc Sorocaba. Com correalização do MAM São Paulo e Sesc São Paulo, a itinerância leva ao interior do estado obras dos 26 artistas, com instalações, pinturas, esculturas e vídeos que conduzem discussões sobre o legado e os símbolos da colonização, o cenário de destruição contínua, a memória diante de efemérides de relevância nacional, e as possibilidades de se imaginar narrativas individuais e coletivas na arte contemporânea brasileira.

O 37º Panorama da Arte Brasileira do MAM São Paulo aconteceu numa data emblemática, o bicentenário do que se convencionou chamar de Independência do Brasil e o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Esses dois acontecimentos, que se entrecruzam ao longo da história do Brasil, deixaram legados e uma série de questões que reverberam até hoje na sociedade brasileira. A partir da produção artística contemporânea, seria possível decantar os vínculos do Brasil com sua herança colonial levando em conta as dimensões históricas, políticas e estéticas da Independência do Brasil e do modernismo.

Diversos artistas que produzem desde o final do século XX e início do XXI problematizam em suas obras, a partir de perspectivas contemporâneas e de suas próprias origens e referências, discussões que perpassam a história brasileira desde o período colonial até o presente. Essas obras pulsam como brasa sob as cinzas de uma terra devastada, que começou a ser destruída com a colonização portuguesa, com o extermínio e a exploração dos povos indígenas e a escravização de mulheres e homens arrancados da África.

Entre as intenções do Panorama 2022 está a de contribuir para a desconstrução de certos olhares e paradigmas naturalizados, assim como do legado colonial do Brasil. Avessa à noção moderna de progresso, a curadoria desta edição enfatiza as ruínas e as barbaridades de um país que sequer conseguiu cumprir as promessas básicas de uma sociedade economicamente moderna e integrada.

A partir de uma teia curatorial com trabalhos de artistas de diferentes gerações, regiões e identidades étnico-raciais e de gênero, o 37º Panorama valoriza a dimensão pedagógica da arte, construída em parceria com o Educativo do MAM. A forma não se opõe à vida social e política, a própria arte possui papel formador e pode prospectar rupturas e estimular debates e reflexões em diversos públicos.

A experiência com a arte pode retomar nossa capacidade de projetar o futuro, de imaginar utopias, já que estamos no meio da catástrofe tentando apagar incêndios – e incendiando símbolos coloniais. Para algumas sociedades arcaicas, o futuro está justamente no passado, na relação com os ancestrais, ou seja, distante da visão vanguardista moderna de estar à frente do próprio tempo. Enquanto as brasas queimam sob as cinzas, diversos artistas recontam histórias, propõem diálogos a partir de suas próprias vivências, de suas origens, repertórios, da terra, do barro, da borracha, do desenho, de objetos cotidianos, da tinta e da tela, do vídeo, de narrativas, de histórias, da arte, de mapas, de bandeiras, de monumentos e de corpos.

A brasa que se esconde sob as cinzas, sob a terra arrasada, sob as ruínas desse projeto de país, ainda arde. Assim como ainda persiste a lógica colonial e o pensamento retrógrado, também há resistência e ação. Isso quer dizer que se a brasa ainda está consumindo o que resta, o que não foi queimado, ela também pulsa como força transformadora. E as cinzas, como se sabe, podem ser usadas como adubo para a arte e para tudo o que ainda irá florescer nessa terra.

Cauê Alves
Claudinei Roberto da Silva
Cristiana Tejo
Vanessa Davidson

Artistas participantes:
Ana Mazzei, André Ricardo, Bel Falleiros, Camila Sposati, davi de jesus do nascimento, Celeida Tostes, Éder Oliveira, Eneida Sanches e Tracy Collins (LAZYGOATWORKS), Erica Ferrari, Giselle Beiguelman, Gustavo Torrezan, Glauco Rodrigues, Jaime Lauriano, Lais Myrrha, Laryssa Machada, Lidia Lisbôa, Luiz 83, Maria Laet, Marina Camargo, Marcelo D’Salete, No Martins, Ricardo Lucena, RodriguezRemor, Sidney Amaral, Tadáskia e Xadalu Tupã Jekupé.



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Você tem fome do que?

A alimentação é um problema mundial que afeta particularmente o Brasil. Por outro lado, o mercado de biocombustíveis compete por espaços com as plantações de comida. Como Brasil é uma potência agrícola, a disputa torna-se acirrada: nossa prioridade é alimentar o planeta ou substituir o petróleo por álcool e biodiesel?

Para refletir sobre o desafio agrícola contemporâneo, foram reunidos no parque do Ibirapuera nove criadores de jardins em torno ao tema da alimentação. Criaram-se espontaneamente duas interpretações sobre o assunto entre os participantes: alimentação do corpo ou do espírito. A questão foi enfrentada poeticamente, ampliando as possibilidades de reflexão sobre os desafios da alimentação mundial.

A parceria com o Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire possibilitou um intercâmbio com a França, país de longa experiência em jardinismo. Paisagistas europeus foram convidados para criar seis jardins, juntamente com três artistas brasileiros que executam suas primeiras obras de jardinagem.

Ao passear pelo festival, o público irá deparar-se com os diversos jardins que interromperam a paisagem horizontal do Ibirapuera. Assim, o visitante identifica a artificialidade do cultivo agrícola, pois cada jardim cria um mundo particular em meio ao amplo parque.

A alimentação depende do domínio da tecnologia e de seu uso transformador da natureza em artifício. Somos responsáveis pelo uso contemporâneo da Terra para alimentar a humanidade. Perceber responsabilidade exige a distinção entre cultivo e natureza.

Felipe Chaimovich
Curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo

O Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire

Criado em 1922, o festival é instalado à sombra do castelo de Chaumont-sur-Loire com o objetivo de evidenciar a riqueza e a diversidade da arte dos jardins de hoje e demonstrar a abundância de tendências nesse campo.

Nossos jardins efêmeros são renovados anualmente a partir de um tema, ensejando a realização de um concurso internacional. A escolha dos paisagistas, a criatividade e a diversidade das técnicas e das propostas apresentadas, assim como o entusiasmo exponencial do público pela natureza e pelos jardins, fazem de Chaumont um lugar de encontros especiais, um canteiro de talentos e de ideias novas.

Juntamente com o festival, o parque de paisagens, o vale de brumas, a senda dos ferros selvagens, a horta biológica e o jardim infantil propõem ao público jardins permantentes que, evoluindo ao longo das estações, valeram a Chaumont o título de “jardim notável”.

Desde 2008, o festival está inscrito em um Centro de Artes e Natureza que desenvolve um projeto de arte contemporânea que permite acolher anualmente no Domaine, desde então propriedade da Région Centre, vinte exposições e instalações de artistas vindos do mundo inteiro.

É uma grande honra para o Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire ser convidado do Museu de Arte Moderna de São Paulo. A melhor resposta a esse convite é levar ao Brasil grandes paisagistas franceses da atualidade. Luis Benech, Michel Racine & Béatrice Saurel, Christine & Michel Péna, Dimitri Kenakis & Maro Avraboum Erik Borja e Florence Mercier conceberam para o parque Ibirapuera, com muito entusiasmo e imaginação, jardins sobre o tema da alimentação, essencial para o mundo de hoje e de amanha.

Chantal Colleu-Dumond
Diretora do Domaine e do Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire